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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM


Manoel Neves

100 REDAÇÕES NOTA


NOTA 1000
100 0 NO ENEM

Belo Horizonte 
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2020
 

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ENEM-2014: PUBLICIDADE INFANTIL EM QUESTÃO NO BRASIL 8


JOSÉ QUERINO DE MACÊDO NETO   10
JUAN DA COSTA   11
MARIA EDUARDA DE AQUINO CORREA ILHA   12
MARIANA PEREIRA PIMENTA   13
NATHALIA
NA CAR DOZO 
THALIA CARDOZO 14
RAPHAEL LUAN CARVALHO DE SOUZA   15
ROSELY COSTA SOUSA   16
 ANTÔNIO
 ANTÔN IO IVAN ARAÚJ O 
I VAN ARAÚJO 17
DANDARA LUIZA DA COSTA   18
SEG AT 
GEOVANA LAZZARETTI SEGA 19
JULIANA NEVES SILVA DUTRA  
NEVE S SILVA 20
ENEM-2015: A PERSISTÊNCIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA
S O C I ED A D E B R A S I L EI R A 21
FÁBIO LOPES JÚNIOR   22
 ANA SANTANA MO IOLI  
S ANTANA MOIOLI 23
 AMANDA DELLA TOGNA TORRE
TORRESS  24
CECÍLIA MARIA LIMA   25
FUR TADO 
ISADORA FURT 26
LUANA NATÁLIA DE SENA   27
MA CEDO 
PAULA VITÓRIA MACEDO 28
RAPHAEL LUAN CARVALHO DE SOUZA   30
A LVES  
 VALÉRIA AL 31
 ANA BEATRIZ SIM ÕES  
B EATRIZ ÁLVARES SIMÕES 32
 AMANDA CARVALHO MAIA CASTR
CASTROO  33
KAIO NOBUYASHI KOGA   34
JOSÉ MIGUEL ZANETTI TRIGUEIROS   35
JÚLIA GUIMARÃES CUNHA   36
SOFIA DOLABELA CUNHA SAÚDE BELÉM  37
RICHARD WAGNER CAPUTO NEVES   38

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ENEM-2016: CAMINHOS PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO


BRASIL E CAMINHOS PARA COMBATER O RACISMO NO BRASIL 39
LARISSA FERREIRA   40
 VANESSA MENDES
M ENDES   41
HELÁRIO SILVA NETO  42
LARISSA CAVALCANTI  
CAVALCANTI 43
 VINÍCIUS
 VINÍC IUS DE LIM A  
D E LIMA  44
DESIRÉE ABBADE  45
SAMANTA FERREIRA   46
JÚLIA MITIE OYA   49
JOÃO VÍTOR PONTE  50
MARCELA ARAÚJO  51
IGOR GIOVANNETTI  52
 THAÍS OLIV EIRA  
OLIVEIRA  53
SOPHIA RODRIGUES  54
ENEM-2017: DESAFIOS PARA
PARA A FORMAÇÃO EDUCACIONAL DE SURDOS NO
B R A S IL 55
ISABELLA BARROS CASTELLO BRANCO  56
MARIA BEATRIZ NEVES  57
MARCUS VINÍCIUS MONTEIRO DE OLIVEIRA   59
 YASMIN LIMA ROC HA  
LIM A ROCHA  61
LARISSA FERNANDES SIL
SILVA
VA DE SOUZA   62
CA STRO NABOR  
 ALAN DE CASTRO 64
MATEUS
MA R OSI 
TEUS PEREIRA ROSI 65
 THAIS FONS
FONSECA
ECA LOPES
L OPES DE OLIVEIR A  
OL IVEIRA  66
BEATRIZ ALBINO SERVILHA   67
MARIA FERNANDA GURGEL  68
MARIA JULIANA COSTA   69
JÚLIA KÖCHLER  71
MO TA  
IZABELA DAL PAZZOLO MOT 72

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MARIANA CAMELIER MASCARENHAS  73


ÚRSULA HASP ARYK  
HA SPARYK  74
LORENA MAGALHÃES DE MACEDO  75
JOÃO PEDRO BELLUZO  76
SI LVA  
EDUARDA JUDITH JACOME SIL 77
ENEM-2018: A MANIPULAÇÃO DO USUÁRIO PELO CONTROLE DE DADOS NA
I N T ER N E T 78
LUCAS FELPI  79
CLARA DE JESUS  80
 THAIS SAEGE
SAEGERR  81
T UDE  
 VANESSA TUDE 82
JAMILLE BORGES  83
LÍVIA TAUMATURGO  84
SÍLVIA FERNANDA LIMA  
SÍLVIA 87
MARIA EDUARDA FIONDA   88
PEDRO ASSAD  89
 ANDRÉ BAHIA   90
ISABEL PETRENKO DÓRIA   91
RYLA LÍDICE VARELA DE MELO  92
IOHANA FREITAS DA SILVA   93
NATÁLIA CRISTINA PATRÍCIO DA SILVA   94
RAUL REZENDE  95
CAROLINA MENDES PEREIRA   96
DAVID KLINSMAN  97
FERNANDA CAROLINA SANTOS  98
FABRÍCIO VITORINO  99
ISABELLA CAMPOLINA   100
ÍVINA ARAÚJO  101
LAÍS MESQUITA   103
LAURA ELISA VIANA   104

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LETÍCIA SANT'ANNA   105


LUÍSA LEITE  106
MARIA FERNANDA BRANDÃO  107
MARIANA OLIVEIRA   108
MATTHEUS
MA CARDO SO 
TTHEUS CARDOSO 109
MELISSA FIUZA   110
NATÁLIA PATRÍCIO  111
 THIAGO
 THIAG O HENRIQU
HE NRIQUE
E RODRIGUE S 
ROD RIGUES 112
 VITÓRIA
 VITÓR AZ EVEDO  
IA AZEVEDO 113
 YURI FAQUINI   114
ENEM-201
ENEM-2019:
9: DEMOCRA
DEMOCRATIZAÇ
TIZAÇÃO
ÃO DO ACESSO AO CINEMA
CINEMA NO BRASIL
BRASIL 115
DANIEL GOMES  117
GABRIEL LOPES  118
 ANA CLARA
C LARA SOCH A  
SOCHA  120
 AUGUSTO
 AUGUST SC APINI  
O SCAPINI 121
EDUARDA DUARTE  122
LUCAS RIOS  123
LUÍSA MELLO  124
NAYRA ALVES  125
 VITÓRIA
 VITÓR IA OLIVEIR A  
OL IVEIRA  126

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

Caro Estudante,

Reuni, neste e-book, 100 redações que obtiveram nota 1000


na redação do Exame Nacional do Ensino Médio entre os anos de
2014 e 2018.
O objetivo do meu trabalho é ajudar você e servir de inspiração
para a construção de textos de excelência tanto para a redação do
ENEM quanto de outros vestibulares.
Os textos foram reunidos por ano de aplicação do Exame
Nacional do Ensino Médio.
Como, ao longo dos anos, os critérios de correção foram sendo
refinados, é possível ver que, para se adaptar ao que as
competências avaliadas na redação do ENEM pediam, os textos
acabaram tornando-se mais complexos a cada ano.
Destaco, entretanto, as redações de Raphael Luan Carvalho de
Souza, nota 1000 nas aplicações de 2014 e de 2015. Nelas, é
possível perceber uma estrutura textual muito acima da média.
Ainda que não tenham sido corrigidas pela Fundação Getúlio Vargas
 — responsável pela avaliação dos textos n
nos
os anos de 2018 e de 2019
 —, é possível ver uma brilhante execução do Projeto de Texto, além
de estruturas textuais de primeiríssima qualidade, resultantes da
aplicação do chamado texto em curto-circuito.
Espero que você goste do material, que o espalhe por todo o
Brasil e que muitas pessoas alcancem a tão sonhada nota 1000 no
ENEM-2020!
Grande abraço.

Manoel Neves
 @manoelnevesmn

OBSERVAÇÃO: Esse material foi compilado para ser distribuído gratuitamente. Em


hipótese alguma, poderá ser revendido. Caso queiram, professores, blogs, portais ou
cursos podem adotar esse e-book. Peço apenas que deem o crédito ao material.

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ENEM-2014: Publicidade infantil em


questão no Brasil 

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JOSÉ QUERINO DE MACÊDO NETO


Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da
linguagem,aa manipulação
produtos, exemplo da metáfora
de instrumentos
e das frases
a de
serviço
efeito,dacomo
propaganda
atrativo na
infantil
vendagem
produz
de
efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário
desnecessário..
Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de
conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público. Faz-se
preciso, no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de comércio: o
lucro é, sobretudo, ditador das regras morais e decisivo na escolha das técnicas
publicitárias. Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de
riquezas, os padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se
insere — nesse caso, possuir determinados produtos é chave de aceitação social,
principalmente entre crianças de cuja inocência se aproveita ao inferir importâncias na
aquisição.
Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes
setores nacionais de mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção à
criança utilizam-se do Estatuto da Criança e do Adolescente para defender os direitos
legítimos da não-ludibriação, detidos por indivíduos em processo de formação ética. Não
obstante, a regulamentação da propaganda tende a equilibrar os ganhos das empresas
com o crescente índice de consumo desenfreado.
Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o
senso crítico a partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as
necessidades individuais
individuais devem se sobrepor às vontades que se possuem, a fim de coibir
o abuso comercial e o superconsumo.

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JUAN DA COST
COSTA
A
Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e
técnico-científico
propaganda no Brasil
informacional,
- sobretudo as
emcrianças
relação ao
sãopúblico
inseridas
infantil.
de maneira
Com o advento
cada vez
do meio
mais
precoce ao consumismo imposto por uma economia capitalista globalizada - a qual
preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se
necessário, portanto, uma preparação específica voltada para esse jovem público, a fim
de tornar tal transição saudável e gerar futuros consumidor
consumidores es conscientes.
Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas
últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos "smartphones", videogames e
outros aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se
essencial a produção de um marketing voltado especialmente para esse consumidor
mirim - objetivando cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias
persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de programas e até mesmo canais
voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o
conceito
aborda o de
usoIndústria
dos meiosCultural (defendido
de comunicação depor filósofos
massa como
com fins Theodor Adorno)
propagandístico
propagandísticos.
s. - o qual
Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças
e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No
Brasil, vigoram os acordos isolados com o Poder Público - sem a existência de leis
específicas. Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do
Adolescente) emitiu resolução condenando a publicidade direcio
direcionada
nada ao público infantil,
provocando o repúdio de empresários e propagandistas - que não reconhecem
autoridade dessa instituição para atuar sobre o mercado. Diante desses posicionamentos
antagônicos, o debate persiste.
Com o intuito de melhor adequar os "consumidores do futuro" a essa realidade, e
não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações.
Isso pode ser obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas
(com atividades lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos,
internet), bem como a criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no
Brasil - fiscalizando empresas (prevenindo possíveis abusos) - além de orientação aos
pais para que melhor lidem com o impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças
conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima
geração estarão prontos para cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos
brasileiros (preocupados também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento
da nação.

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MARIA EDUARDA DE AQUINO CORREA ILHA


De acordo com o movimento romântico literário do século XIX, a criança era um
ser puro.daAsidealização
através tendências da
do infância.
RomantismoIndoinfluenciavam
de encontro aa temática poética
essa visão, brasileira
a sociedade
contemporânea, cada vez mais, erradica a pureza dos infantes através da influência
cultural consumista presente no cotidiano. Nesse contexto, é preciso admitir que a
alegação de uma sociedade conscientizada se tornou uma maneira hipócrita de esconder
os descaso em relação aos efeitos da publicidade infantil no país.
Em primeiro plano, deve-se notar que o contexto brasileiro contemporâneo é
baseado na lógica capitalista de busca por lucros e de incentivo ao consumo. Esse
comportamento ganancioso da iniciativa privada é incentivado pelos meios de
comunicação, que buscam influenciar as crianças de maneira apelativa no seu dia-a-dia.
Além disso, a ausência de leis nacionais acerca dos anúncios infantis acaba por
proporcionar um âmbito descontrolado e propício para o consumo. Desse modo, a má
atuação do governo em relação à publicidade infantil resulta em um domínio das
influências consumistas sobre a geração de infantes no Brasil.
Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais
formadores de consciência da população. O contexto brasileiro se caracteriza pela falta de
preocupação moral nas instituições de ensino, que focam sua atuação no conteúdo
escolar em vez de preparar a geração infantil com um método conscientizador e
engajado. Ademais, a família brasileira pouco se preocupa em controlar o fluxo de
informações consumistas disponíveis na televisão e internet. Nesse sentido, o desprepar
despreparoo
das crianças em relação ao consumo consciente e às suas responsabilidades as tornam
alvos fáceis para as aquisições necessárias impostas pelos anúncios publicitários.
Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidade infantil exige medidas
concretas, e não um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma postura ativa do
governo em relação à regulamentação da propaganda infantil, através da criação de leis
de combate aos comerciais apelativos para as crianças. Além disso, o Estado deve
estimular campanhas de alerta para o consumo moderado. Porém, uma transformação
completa deve passar pelo sistema educacional, que em conjunto com o âmbito familiar
pode realizar campanhas de conscientização por meio de aulas sobre ética e moral. Quem
sabe, dessa forma, a sociedade possa tornar a geração infantil uma consumidora
consciente do futuro, sem perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico.

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MARIANA PEREIRA PIMENTA


A publicidade vem sendo valorizada com a constante globalização, onde o
marketing seinfantil
publicidade apropria
vemem atingir destaque
ganhando diferentesnoparcelas populacionais.
cenário mundial, A questãosuas
sendo criticadas da
grandes demandas dirigidas à criança, persuadindo-as em favor do consumismo.
Com a crescente classe média do país, onde milhares de brasileiros são
favorecidos pelos créditos governamentais, o consumismo vem afetando toda essa
parcela populacional, deixando no passado a falta de eletrodomésticos e a participação
social favorecida as elites. Com participação das principais mídias, agrava o abuso do
imaginário infantil ao mesmo tempo em que favorece na distinção do benéfico e maléfico
ao padrão de vida individual.
É cabível que a anulação da publicidade infantil põe em xeque os ideais
democráticos, confrontando tanto as famílias como o mercado publicitário,
discriminando tal faixa etária ao mesmo tempo prejudicando o mercado consumidor,
fator que pode levar a uma crise interna e abdicar do desenvolvimento comercial de um
país subdesenvolvi
subdesenvolvido.
do.
Portanto, a busca da comercialização muitas vezes abrange seu favorecimento
através do imaginário infantil com os ideais seguidos por seus ídolos. Entretanto, é de
responsabilidade dos pais na conscientização do bom e/ou ruim, em conjunto com a
escolaridade infantil na abdicação do consumismo ao mesmo tempo em que o governo
estude medidas preventivas que busquem o controle da exploração publicitária sem que
atrapalhe o andar econômico do país.

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NATHALIA CARDOZO
Produtos e serviços são necessários a qualquer sociedade. Dentre eles, estão
serviços
entre de planos
outros de saúde,
elementos financiamento
presentes de moradias,
no âmbito social. A compra de roupas
publicidade e alimentos,
e a propaganda
exercem papel essencial na divulgação desses bens. No entanto, é preciso atenção por
parte dos consumidores para analisar e selecionar que tipos de propagandas são
fidedignas, e no caso de publicidade direcionada a crianças e adolescentes, essa medida
nem sempre é possível. 
Em um primeiro plano, é importante constatar que as crianças não possuem
capacidade de analisar os prós e contras da compra de um produto. Nesse sentido, os
elementos persuasivos da propaganda têm grande influência no pensamento dos
indivíduos da Primeira Idade, já que personagens infantis, brinquedos e músicas
conhecidas por eles estimulam uma ideia positiva sobre o produto ou serviço anunciado,
mas não uma análise do mesmo. Infere-se, assim, que a utilização desses recursos é
abusiva, uma vez que vale-se do fato de a criança ser facilmente induzida e do apego às
imagens de
persuadir caráter consumidor.
o possível infantil, considerando apenas o êxito do objetivo da propaganda:
Além disso, observa-se que as ações do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária (Conar) são importantes, porém insuficientes nesse
quesito. O Conar busca, entre outros aspectos, impedir a veiculação de propagandas
enganosas, porém respeita o uso da persuasão. Assim, ao longo dos anos, pode-se
perceber que o Conar não considera o apelo infantil abusivo e permitiu a transmissão de
propagandas destinadas ao público infantil, já que essas permanecem na mídia. Diante
desse raciocínio, é possível considerar a resolução do Conselho Nacional de Direitos da
Criança e do Adolescente (Conanda) válida e necessária para a contenção dos abusos
propagandísticos
propagandísti cos evidenciados
evidenciados..
Tendo em vista a realidade abusiva da propaganda infantil, é necessário que o
Conar e o Conanda trabalhem juntos para providenciar uma análise ainda mais criteriosa
dos anúncios publicitários dirigidos à primeira infância, a fim de verificar as técnicas de
indução utilizadas. Ademais, a família e o sistema educacional brasileiro devem
proporcionar às crianças uma educação relacionada a questões analíticas e
argumentativas para que, já na adolescência, possam distinguir de maneira cautelosa as
intenções dos órgãos publicitários e a validez das propagandas. Dessa forma, será
possível conter os abusos e estabelecer justiça nesse contexto.

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RAPHAEL LUAN CARVALHO DE SOUZA


Durante o século XX, o estímulo à produção industrial, por Getúlio Vargas, e o
incentivo à integração
possibilitaram nacional,
a popularização de Juscelino
dos meios Kubitschek,
de comunicação foram
no Brasil. Com fatores que
isso, cresceu
também a publicidade infantil, que busca introduzir nas crianças, desde cedo, o princípio
capitalista de consumo. No entanto, essa visão negativa pode ser significativamente
minimizada, desde que acompanhada de uma forte base educacional que auxilia as
crianças a discernir por meio do desenvolvime
desenvolvimento
nto de senso crítico próprio.
É indiscutível a presença de fatores prejudiciais nas propagandas dirigidas a essa
faixa etária. Segundo o conceito de felicidade, discutido na filosofia da antiguidade por
Aristóteles, a eudaimonia é alcançada com a união equilibrada entre razão e satisfação de
prazeres. Contudo, evidencia-se que, na infância, o indivíduo não possui ainda
discernimento racional suficiente, o que faz com que a criança, ao ter acesso a
publicidades, pense que o produto divulgado é extremamente necessário. Isso acarreta,
de forma negativa, a formação de jovens e adultos excessivamente consumista
consumistas.
s.
Entretanto, essa tendência pode ser revertida se somada à instrução adequada do
público-alvo do mercado publicitário infantil. Segundo a tábula rasa de John Locke,
nascemos como uma folha em branco, sem conhecimento, e o adquirimos por meio da
experiência. A partir desse pensamento, é possível entender que é função dos pais educar
as crianças, haja vista que estas são influenciadas pelo meio em que vivem. Com o apoio
da base familiar, somada à escolar, cria-se o senso crítico, que possibilita a gradativa
menor influência da linguagem publicitária. Desse modo, evidencia-se que o poder de
persuasão do mercado apelativo não é absoluto.
Por fim, entende-se que, embora a publicidade infantil seja preocupante, tal
efeito é reduzido com o desenvolvimento do senso crítico, seja na base familiar, seja na
escolar. A fim de atenuar o problema, o Estado deve implementar, no ensino de base,
projetos educacionais de análise de linguagens com o auxílio do Ministério da Educação
e Cultura e governos municipais, visando a evidenciar
evidenciar,, para a faixa etária infantil, a suma
relevância da consciência sobre reais necessidades de consumo. Dessa forma, a folha em
branco ao nascer poderá ser preenchida, formando cidadãos, de fato, conscientes.

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ROSELY COSTA SOUSA


A grande preocupação hoje, nas políticas públicas, é propiciar um melhor
atendimento
moral, integral eàcultural
social, político criança,enquanto
principalmente no que
sujeito ativo se refere ao
e participante dosdesenvolvimento
plenos direitos e
deveres na sociedade, conforme as normas declaradas no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Sabe-se que a educação, tanto nas escolas quanto no lar, lar, é a melhor opção para se
chegar a um objetivo promissor, além de promover o desenvolvimento integral da
criança, porém tal fato tem sofrido mudanças ultimamente decorrentes do avanço
tecnológico e de inovações ideológicas quanto à forma de aprimorar e preparar a criança,
desde o nascimento, para receber as informações que há no mundo exterior. exterior. Diante disso,
as escolas e os pais devem preocupar-se em desenvolver na criança, o seu lado
consumidor,, através de situações do dia a dia, auxiliando-a e orientando-a a se tornar um
consumidor
bom consumidor, sendo necessário e importante para se obter uma aprendizagem
significativaa da sua realidade.
significativ
Em relação à publicidade infantil, percebe-se que a tendência das empresas e
fabricantes de produtos infantis é aumentar seus negócios e divulgar seus produtos
infantis tendo como alvo, o universo infantil, o que isso, sobretudo, recai nas
responsabilidades
responsabilidades dos adultos que acabam cedendo-a a adquirir
adquirir,, de forma compulsiva, o
produto anunciado.
No Brasil, a publicidade infantil é comum, principalmente em datas
comemorativas tais como Dia das Crianças e Natal, porém defende e apoia a legislação
que controla e evita abusos do setor que realiza tal publicidade.
No entanto, espera-se que a publicidade infantil assuma um caráter educativo, apesar de
ser persuasivo, não afetando os direitos e os deveres da criança, dentro das normas
contidas na legislação do país. As escolas e, sobretudo os pais, devem orientar as crianças
a tornarem-se bons consumidores, realizando a escolha certa do produto, conscientes de
suas atitudes compulsivas.
consumidoras na sociedade em adquirir tal produto a fim de não tornarem-se

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 ANTÔNIO IVAN
IVAN ARAÚJO
A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por
considerável
crianças. aumento
No Brasil, no número
o debate sobre de vendas de produtos
a publicidade e serviçosuma
infantil representa direcionados às
questão que
envolve interesses diversos.
Nesse contexto, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de
campanhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem ser
prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e emocionais. 
Em primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao público mais jovem podem
influir nos hábitos alimentares, podendo alterar, consequentemente, o desenvolvimento
físico e a saúde das crianças. Os brindes que acompanham as refeições infantis ofertados
pelas grandes redes de lanchonetes, por exemplo, aumentam o consumo de alimentos
muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas crianças, interessadas nos prêmios. Esse
aumento da ingestão de alimentos pouco saudáveis pode acarretar o surgimento precoce
de doenças como a obesidade.
Em segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estímulo ao
consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinquedos e aparelhos eletrônicos
modifica os hábitos comportamentais de muitas crianças que, para conseguir
acompanhar as novas brincadeiras dos colegas, pedem presentes cada vez mais caros aos
pais. Quando esses não podem compra-los, as crianças podem ser vítimas de piadas
maldosas por parte dos outros, podendo também ser excluídas de determinados círculos
de amizade, o que prejudica o desenvolvimento
desenvolvimento emocional e psicológico dela.
Em decorrência disso, cabe ao Governo Federal e ao terceiro setor a tarefa de
reverter esse quadro. O terceiro setor – composto por associações que buscam se
organizar para conseguir melhorias na sociedade – deve conscientizar, por meio de
palestras e grupos de discussão, os pais e os familiares das crianças para que discutam
com elas a respeito do consumismo e dos males disso. Por fim, o Estado deve regular os
conteúdos veiculados nas campanhas publicitárias, para que essas não tentem convencer
pessoas que ainda não têm o senso crítico desenvolvido. Além disso, ele deve multar as
empresas publicitárias que não respeitarem suas determinações. Com esses atos, a
publicidade infantil deixará de ser tão prejudicial e as crianças brasileiras poderão crescer
e se desenvolver de forma mais saudável.

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DANDARA LUIZA DA COSTA


“O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças”. A frase
do
comsociólogo Gilberto
as questões Freyreà infância.
referentes deixa nítida a relação
Dessa forma,de cuidado
é válido que uma
analisar nação deve
a maneira comoter
o
excesso de publicidade infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento
dos pequenos e do Brasil.
É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infância muda o
foco das crianças do que realmente é necessário para sua faixa etária. Tal situação torna
essas crianças pequenos consumidores compulsivos de bens materiais, muitas vezes
desapropriados para determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial,
passada através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova disso são
os dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças preferirem se divertir
com os objetos divulgados nas propagandas, tornando notório que a relação entre ser
humano e consumo está “nascendo” desde a infância.
É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está atrelado ao tipo
que infância que está sendo construída na atualidade. Essa relação existe porque um país
precisa de futuros adultos conscientes, tanto no que se refere ao consumo, como às
questões políticas e sociais, pois a atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar
adultos alienados e somente preocupados em comprar. Assim,Assim, a ideia do líder Gandhi de
que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de
que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças
devem lidar da melhor forma com o consumismo.
Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia
de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil. É preciso que o
governo atue iminentemente nesse problema através da aplicação de multas nas
empresas de publicidade que ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos
anteriormente pelo Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas
crianças sejam estimuladas pelos pais e pelas escolas a terem um maior hábito de ler,
através de concessões fiscais às famílias mais carentes, em livrarias e papelarias, distando
um pouco do padrão consumista atual, a fim de que o Brasil garanta um futuro com
adultos mais conscientes. Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas
viver bem”.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

GEOVANA LAZZARETTI SEGAT


A propaganda é a principal arma das grandes empresas. Disseminada em todos
os meios
expor umdeproduto
comunicação, a ampla
e explicar visibilidadefunção.
sua respectiva publicitária atinge seu
No entanto, essaprincipal objetivo:é
mesma função
distorcida por anúncios apelativos, que transformam em sinônimos o prazer e a compra,
atingindo principalmente as crianças.
As habilidades publicitárias são poderosas. O uso de ídolos infantis, desenhos
animados e trilhas sonoras induzem a criança a relacionar seus gostos a vários produtos.
Dessa maneira, as indústrias acabam compartilhando seus espaços; como exemplo as
bonecas Monster High fazendo propaganda para o fast food Mc Donalds. A falta de
discussão sobre o assunto é evidenciada pelas opiniões distintas dos países. Conforme a
OMS, no Reino Unido há leis que limitam a publicidade para crianças como a que proíbe
parcialmente
parcialme nte – em que comerciais são proibidos em certos horários -, e a que personagens
famosos não podem aparecer em propagandas de alimentos infantis. Já no Brasil há a
autorregulamentação,
autorregulam entação, na qual o setor publicitário cria normas e as acorda com o governo,
sem legislação específica.
A relação entre pais, filhos e seu consumo se torna conflituosa. As crianças
perdem a noção do limite, que lhes é tirada pela mídia quando a mesma reproduz que
tudo é possível. Como forma de solucionar esse conflito, o governo federal pode criar leis
rígidas que restrinjam a publicidade de bens não duráveis para crianças. Além disso, as
escolas poderiam proporcionar oficinas chamadas de “Consumidor Consciente” em que
diferenciam consumo e consumismo, ressaltando a real utilidade e a durabilidade dos
produtos, com a distribuição de cartilhas didáticas introduzindo os direitos do
consumidor.. Esse trabalho seria efetivo aliado ao diálogo com os pais.
consumidor
Sérgio Buarque de Hollanda constatou que o brasileiro é suscetível a influências
estrangeiras, e a publicidade atual é a consequência direta da globalização. Por
conseguinte é preciso que as crianças, desde pequenas, saibam diferenciar o útil do fútil,
sendo preparados para analisar informações advindas do exterior no momento em que
observarem as propagandas.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

JULIANA NEVES SILVA DUTRA


A Revolução Industrial, ocorrida inicialmente na Inglaterra durante o século
XVIII, trouxe
aumento a necessidade
de produção. Paradeisso,
um omercado consumidor
investimento cada vez maior
em publicidade em função
tornou-se do
um fator
essencial para ampliar as vendas das mercadorias produzidas. Na sociedade atual,
percebe-se as crianças como um dos focos de publicidade. Tal prática deve ser restringida
pelo Estado para garantir que as crianças não sejam persuadidas a comprar determinado
produto.
A partir da mecanização da produção, o estímulo ao consumo tornou-se um fator
primordial para a manutenção do sistema capitalista. De acordo com Karl Marx, filósofo
alemão do século XIX, para que esse incentivo ocorresse, criou-se o fetiche sobre a
mercadoria:: constroi-se a ilusão de que a felicidade seria alcançada a partir da compra do
mercadoria
produto. Assim, as crianças tornaram-se um grande foco das empresas por não
possuírem elevado grau de esclarecimento e por serem facilmente persuadidas a
realizarem determinada ação.
Para atingir esse objetivo, as empresas utilizam da linguagem infantil, de
personagens de desenhos animados e de vários outros meios para atrair as crianças. O
Conselho Nacional de Direitos de Criança e do Adolescente aprovou uma resolução que
considera a publicidade infantil abusiva, porém não há um direcionamento concreto
sobre como isso vai ocorrer. É imprescindível uma maior rigidez do Estado sobre as
campanhas publicitárias infantis, pois as crianças farão parte do mercado consumidor e
devem ser educadas para se tornarem consumidores conscientes.
Logo, o Estado deve estabelecer um limite para os comerciais voltados ao público
infantil por meio da proibição parcial, que estabelece horários de transmissão e faixas
etárias. Além disso, o uso de personagens de desenhos animados em campanhas
publicitárias infantis deve ser proibido. Para efetivar as ações estatais, instituições como a
família e a escola devem educar as crianças para consumirem apenas o que é necessário.
Apenas assim o consumo consciente poderá se realizar a médio prazo.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ENEM-2015: A persistência da violência


contra a mulher na sociedade brasileira 

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

FÁBIO LOPES JÚNIOR


A Revolução Francesa foi responsável por levar ao mundo os ideais de liberdade,
igualdade e fraternidade.
universalização dos direitos Desde lá, de promovida
civis e sociais, fato, o movimento feminista
pela Revolução. busca aé
Entretanto,
notório que os valores patriarcalistas, os quais consideram a mulher inferior ao homem,
insistem em permear as diversas instâncias sociais brasileiras, inserindo a inverdade de
um possível controle masculino sobre o corpo da mulher, o que desemboca em crimes de
violência e assédio contra elas.
Nesse sentido, a educação familiar e escolar oferecida aos meninos difere, ainda,
da oferecida às meninas. Dessa maneira, é possível observar que desde pequenas, as
crianças recebem valores conservadores que separam socialmente homens e mulheres
por diferenças biológicas, oferecendo privilégios aos primeiros. Assim, quando adultos,
os indivíduos ajudam a propagar o machismo, de modo que a superioridade idealizada
pelo homem chega a passar despercebida pela sociedade civil, como a exemplo do
sucesso obtido por músicas que incitam, claramente, a violência contra as mulheres.
Ademais, as políticas públicas de combate à violência doméstica e ao feminicídio,
por exemplo, encontram dificuldades na falta de denúncias. Nesse contexto, os diversos
assédios morais e físicos sofridos diariamente pelas mulheres não recebem a devida
punição. Isso pode ser ilustrado pela campanha lançada nas redes sociais, em outubro de
2015, intitulada “#PrimeiroAssédio”, na qual as mulheres traziam à tona relatos de atos
de violência masculina que não foram devidamente punidos.
Em suma, a violência é fruto de valores machistas persistentes na sociedade.
Portanto, é necessário que a escola e as famílias, como agentes educadores, mostrem aos
seus filhos que as diferenças biológicas entre homens e mulheres não são fatores de
superioridade e inferioridade, consoante o pensamento da filósofa ilumina Mary
Wollstonecraft, “a mente não tem gênero”. Além disso, ONGs de defesa da mulheres
devem, por meio das redes sociais, apresentar as diversas formas de denúncia e os
direitos garantidos a elas pela Constituição. Por fim, é importante que as grandes mídias
apresentem em suas novelas e programas exemplos de mulheres bem-sucedidas e
independentes de uma presença masculina, de modo a atenuar o machismo.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 ANA SANTANA
SANTANA MOIOLI
Figuras como Simone de Beauvoir, pensadora francesa, revolucionaram a
discussão sobre
feminista nas igualdade
últimas de gênero
décadas. em escala
Inspirada global,
na teoria dando grande
existencialista de força ao movimento
seu parceiro Sartre,
Simone propôs que a existência precede a essência em todos os seres humanos, homens
ou mulheres, de modo que a hierarquização ligada ao sexo biológico fosse uma completa
convenção social. Apesar disso, no Brasil, o gênero feminino ainda encontra grandes
dificuldades a serem superadas, com ênfase na persistente violência contra a mulher.
Embora já tenha havido notáveis avanços nessa luta, a mulher brasileira ainda é
vítima de diversos tipos de agressões. A Lei Maria da Penha, que estabelece punições aos
agressores,
agressor es, é um exemplo de conquista do movimento, tendo levado à justiça mais de 330
mil casos entre setembro de 2006 e março de 2011, segundo dados divulgados pela revista
“IstoÉ”. Por outro lado, neste mês de outubro, discute-se no poder legislativo a ideia de
tornar novamente proibido o aborto em casos de estupro. Isto representa o risco de
inúmeras mulheres (sobretudo as menos favorecidas), cuja dignidade já foi ferida no
abuso sexual,
reconhecer queperderem
já houve,suas
sim,vidas em abortos
vitórias, clandestinos.
mas ainda Desseresistências
se veem fortes modo, é importante
à batalha
feminina.
Algo que contribui para o enraizamento da noção de inferioridade da mulher na
mente dos brasileiros e, portanto, para a persistência de tal violência é a representação
feminina na mídia. Mesmo em 2015, comerciais de cerveja, por exemplo, reduzem a
figura das brasileiras a objetos sexuais, cujo único objetivo é servir os homens. Ao mesmo
tempo, propagandas de produtos de limpeza a reproduzem a ainda existente relação
aparentemente natural entre a mulher e a cozinha, sendo o marido o único capaz de
trabalhar na sociedade e sustentar a família. Assim, a diferenci
diferenciação
ação entre gêneros torna-se
quase inconsciente, o que acaba servindo como justificativa para que os números de
mulheres agredidas
agredidas não sejam levados tão a sério.
Os apontamentos acima evidenciam a necessidade de que sejam tomadas
medidas a fim de proteger a mulher brasileira. O Estado deve ampliar a legislação
voltada para a publicidade que expõe a figura feminina. É também preciso que escolas
públicas e privadas invistam em discussões sobre gêneros, visando desconstruir
convenções sociais. A mídia, na mesma linha, em vez de reificar a mulher, deveria
promover programas de conscientização sobre o tema. Por fim, cabe à sociedade
pressionar o governo em nome da regulamentação da prática do aborto, cuja proibição
representa a falta de reconhecimento de uma violência em massa contra as mulheres.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 AMANDA DELLA
DELLA TOGNA TORRES
O preconceito contra o sexo feminino é um problema que assola o cotidiano pós-
moderno, sendodainúmeras
Seja por meio violênciaasfísica,
formas por meio das
psicológica, quais
sexual ou tal discriminação
patrimonial, se apresenta.
as mulheres têm
sofrido nas mãos de agressores que veem no sexo feminino um elemento "frágil",
ideologia que é a completa antítese das democracias contemporâneas, supostamente
liberais e igualitárias. Nesse contexto, deve-se discutir a persistência da violência contra a
mulher na sociedade brasileira.
Desde os primórdios da civilização, foi criado um estereótipo que reservava às
mulheres apenas as funções domésticas e de procriação, excluindo a possibilidade de seu
ingresso nas esferas da política ou mesmo do trabalho. Todavia, tal estereótipo vem
sendo desconstruído, ao passo que as mulheres conquistam mais espaço nas relações
sociais, políticas e econômicas ao redor do mundo. Toma-se como exemplo as lideranças
políticas alemã, argentina e, principalmente, brasileira: hoje, tais cargos são exercidos por
mulheres, realidade improvável
improvável há algumas décadas.
Todavia, ideologias preconceituosas e agressivas ainda são inerentes à sociedade
brasileira, constituindo um entrave ao progresso da nação como um todo. Este quadro se
torna evidente ao serem apresentados dados disponibilizados no site da revista "Istoé":
no período de setembro de 2006 a março de 2011, mais de 330 mil processos com base na
Lei Maria da Penha foram instaurados nos juizados e varas especializados. É no mínimo
incoerente que, em pleno século XXI, junto a um cenário pautado pelas ideias de
igualdade e liberdade como base fundamental de toda e qualquer democracia, ainda
existam milhares de mulheres sofrendo por agressões de natureza absolutamente
injustificável.
Assim, é imprescindível que medidas sejam tomadas para a compleição de uma
democracia justa e igualitária em sua plenitude. Desse modo, cabe ao Governo tornar
mais rígida a legislação concernente ao bem-estar do sexo feminino, tomando as devidas
providências quando algo estiver em desacordo com o que prega a Lei; às escolas, cabe o
dever de instruir as gerações futuras quanto à igualdade entre os cidadãos de uma
democracia, conscientizando-os do caráter absurdo presente em atos discriminatórios e
agressivos. Por fim, lança-se um apelo às vítimas, ressaltando-se que a denúncia é a
forma mais eficiente de se combater o problema. Afinal, à guisa de Simone de Beauvoir, o
opressor não seria tão forte se não encontrasse cúmplices entre os próprios oprimidos.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

CECÍLIA MARIA LIMA


Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos
interesses
XX, tendo masculinos e tal paradigma
a francesa Simone só começou
de Beauvoir a serdos
como um contestado
expoentesemdomeados do século
movimento por
igualdade de gênero. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que diz respeito aos
direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma
vez que ela se dá–na maioria das vezes– no âmbito doméstico. Esse fato se deve às
dificuldades em denunciar o agressor e à vergonha de se expor e assumir a condição de
vítima.
Com efeito, ao longo das últimas décadas, a mulher ganhou notável destaque nas
representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo,
ainda obedecem a uma lógica machista em muitas famílias. Nesse contexto, a agressão
parte de um pai, irmão, marido ou filho, condição de parentesco essa que desencoraja a
vítima a prestar queixas, visto que há um vínculo sanguíneo e afetivo que ela teme
romper.
Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as
camadas sociais. Ela se revela não apenas nas marcas físicas de um assassinato ou
estupro, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em
hábitos culturais como piadas e músicas populares. Essa é a opressão simbólica da qual
trata o sociólogo Pierre Bourdieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente
no embate físico, ela está, sobretudo, no ato de perpetuar preconceitos que atentam
contra a dignidade de um grupo social.
Destarte, o Brasil está alguns passos à frente de outros países em relação ao
combate à violência contra mulheres, tendo em vista, por exemplo, a Lei Maria da Penha.
Entretanto, é necessário endurecer as penalidades para coibir essa prática. Assim, uma
iniciativa plausível tomada pelo Congresso Nacional no intuito de tipificar o feminicídio
como crime de ódio e hediondo deve fazer com que agressores tenham penas maiores a
cumprir. Em contrapartida, o Estado deve aumentar o número de delegacias de apoio à
mulher com turnos de 24 horas para que a sociedade também colabore denunciando. O
debate sobre essa questão deve ser permanente nas escolas e no meio social, pois só
assim é possível transformar maus preconceitos em uma cultura de paz.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ISADORA FURT
FURTADO
ADO
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um
problema muito
diariamente compresente. Isso deve
esta questão. Nesseser enfrentado,
sentido, uma vezfazem-se
dois aspectos que muitas mulhereso sofrem
relevantes: legado
histórico-cultural
histórico-cultural e o que é previsto por lei.
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao
homem. Prova disso é o fato de elas poderem exercer direitos políticos, ingressarem no
mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero
oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres,
corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. Nesse
ínterim, a cultura machista foi a que prevaleceu ao longo dos anos e enraizou-se na
sociedade contemporânea, mesmo de forma implícita à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei,
independente de cor, raça e gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê o mesmo
salário para os que desempenham a mesma função, também garantida por lei. No
entanto, o que se observa em diversas partes do país é a gritante diferença entre os
salários de homens e mulheres, principalmente se esta for negra. Esse fato causa extrema
decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem
recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para solucionar a problemática.
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da
violência, seja física ou moral, criando leis mais rígidas e punições mais severas para
aqueles que cometem agressões contra as mulheres. Some-se a isso investimentos em
educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos mais
comprometidos
comprometi dos com o bem-estar de todos.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LUANA NATÁLIA DE SENA


Simone de Beauvoir, filósofa francesa e nome importante do feminismo do século
XX, jádetermine
que advertiu: não
sua se nasce mulher,
inferioridade torna-se.
frente Ou seja, não
aos homens. Essahásubmissão,
nada na biologia feminina
creditada pelo
machismo e imposta socialmente às garotas desde a tenra infância, faz da mulher objeto
e, por isso, alvo de inúmeras atrocidades, como a violência. Tal pensamento arcaico de
que mulheres são posses de terceiros e não seres autônomos é decisivo para a existência
dessa realidade. É preciso uma união entre mulheres cientes de seus direitos e uma
sociedade que preze pelo bem estar dos seus cidadãos para mudar o atual quadro
brasileiro.
Ditados populares, como o famoso "em briga de marido e mulher ninguém mete
a colher", demonstram a falta de empatia em relação às mulheres que vivem em
relacionamentos
relacionam entos abusivos, tidos por muitos como fato normal. Não raro a violência chega
a ser romantizada, principalmente em novelas: se bateu é porque ama. Toda essa
alienação contribui para a existência de mulheres inseguras e assombradas, que não
conseguem
parceiro. aproveitar plenamente sua liberdade com medo de represálias de um
Ademais, além da violência física por parte de cônjuges, a mulher é passível de
outros tipos de violência no momento em que sai às ruas, haja vista a cultura do estupro
e do assédio que vigora no país. Apesar de relatar o contexto de outra nação latino-
americana, Isabel Allende, em "A Casa dos Espíritos", demonstra que, devido ao mesmo
passado colonial, o Brasil assemelha-se bastante aos seus vizinhos, visto que o livro é
palco de variados casos de estupros cometidos
cometidos por um patrão que pensa ser dono de suas
empregadas.
A violência contra a mulher persiste no país, portanto, devido ao sexismo e ao
machismo de suas instituições. Para reverter essa cruel realidade, é possível que as
universidades criem cursos de extensão junto às áreas de Psicologia, Serviço Social e
Filosofia destinados à realização de palestras que versem sobre as consequências do
feminicídio na sociedade. Também, cabe ao governo melhorar o serviço das delegacias
destinadas à mulher, a fim de que a vítima seja acolhida por profissionais preparados.
Por fim, o movimento feminista, aliado à mídia, deve promover campanhas destinadas a
empoderar cada vez mais mulheres, para que elas não sejam silenciadas como foram suas
avós.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

PAULA VITÓRIA MACEDO


Há algumas décadas, era comum que a mulher estivesse associada apenas aos
papéis dede
décadas mãe, esposa
1970 e dona
e 1980, essadesituação
casa. Através dos amovimentos
mudou: movimen
mulher tos sociais ocorridos
conquistou entreno
seu espaço as
mercado de trabalho e na sociedade, passando a ter direitos políticos, por exemplo.
Entretanto, apesar das conquistas, entre elas a Lei Maria da Penha, a mulher continua a
sofrer diversos tipos de violência, decorrentes do pensamento machista e patriarcal que
ainda são perpetuados na sociedade brasileira.
Ainda que a violência física e sexual sejam as mais óbvias, são várias as formas
como se pratica a violência contra a mulher. Um dessas formas é a violência psicológica,
praticada através dos ideais de beleza impostos pela mídia e pela sociedade, os quais
reificam o corpo feminino. Prova disso é que as mulheres ainda são utilizadas como
objetos para a satisfação e admiração masculina em propagandas de cerveja, por
exemplo. Outra forma de violência é a moral: mulheres continuam sendo assediadas no
trabalho, nas ruas e nos transportes coletivos. Somada ao assédio no trabalho, está ainda
asalário
disparidade de salários
da mulher entrea homens
pode chegar ser 30% einferior
mulheres:
ao dedados do que
homens IBGEocupam
apontam que o
o mesmo
cargo. Já a violência sexual é justificada socialmente através da cultura de estupro, por
meio da qual a culpa é atribuída a vítima. Dessa maneira, mulheres continuam sendo
privadas de sua liberdade para vestir sair ou ser o que quiserem.
Sendo assim, essas formas de violência, que muitas vezes passam despercebidas
pela sociedade, são frutos de uma cultura machista que ainda prevalece no Brasil. Afinal,
apesar de todas as conquistas que a mulher obteve e das leis que a protege, não houve
quaisquer reformas que possibilitassem a quebra das estruturas que sustentam e
 justificam essas violências. Dessa forma, meninos continuam sendo educados para
comandar a mulher enquanto meninas continuam sendo educadas para serem donas de
casa. Esse modelo binário de educação de gênero é o principal fator que permite a
persistência da violência contra a mulher.
Nesse contexto, faz-se necessário mudar o pensamento machista sob o qual a
violência se sustenta. Assim, em primeiro lugar, o Estado deve regular as propagandas
que reificam o corpo feminino. Somado a isso, deve promover a igualdade entre os
salários bem como deve garantir segurança das mulheres nos transportes coletivos e nas
ruas, através de investimentos em segurança pública. Em segundo lugar, deve-se
implementar nas escolas e universidades uma educação de gênero por meio da qual se
desconstrua, paulatinamente o pensamento patriarcal.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

RAPHAEL LUAN CARVALHO DE SOUZA


Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o
pensamento
mais intensa machista consolidou-se
na transição e permaneceu
entre a Idade Moderna eforte. A mulher era vista,
a Contemporânea, comode maneira
inferior ao
homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada
da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica
excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência
de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas
do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por
meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível
perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que,
embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção
feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que
deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a
importância
problemática.do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à
Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a
mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar,
dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de
pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do
sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento,
tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do
pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte
base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.
Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na
contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do
machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal
deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa
forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas
áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às
emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa
forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será
gradativamente minimizado no país.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VALÉRIA
 VALÉRIA ALVES
ALVES
A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é
um fatocerceados
direitos que tem eorigens históricas.
a liberdade Pordevido
limitada todo oaomundo, a figura
fato de ser feminina
considerada teve
mais seus
"frágil"
ou "sensível", ainda que isso não pudesse ser provado cientificamente. Tal pensamento
deu margem a uma maior subjugação da mulher e abriu portas a atos de violência a ela
direcionados.
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira é pautada por uma visão machista. A
liberdade feminina chega a ser tão limitada ao ponto que as mulheres que se vestem de
acordo com as próprias vontades, expondo partes do corpo consideradas irreverentes,
correm o risco de serem violentadas sob a justificativa de que "estavam pedindo por
isso". Esse pensamento perdura no meio social, ainda que muitas conquistas de
movimentos feministas –pautados no existencialismo da filósofa Simone de Beauvoir -
tenham contribuído para diminuir essa percepção arcaica
arcaica da mulher como objeto.
Diante disso, as famílias brasileiras com acesso restrito à informação
globalizada ou desavisadas a respeito dos Direitos Humanos continuam a pôr em prática
atos atrozes em direção àquela que deveria ser o centro de gravitação do Lar. A violência
doméstica, em especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de
autoafirmação ou dependentes de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de
vítimas diariamente no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e
Maria da Penha foram essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo
antes marginalizado.
marginalizado.
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar mulher tem como
consequência a solidificação de tal prática no psicológico dos filhos. As crianças, dotadas
de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e tem
grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das
práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse
comportamento na sociedade.
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas da Antiguidade até
hoje, a mulher luta por liberdade, representatividade
representatividade e respeito. O Estado pode contribuir
nessa conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa de direitos femininos e ao
mobilizar campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia,
objetivando a exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos
femininos. É importante também a criação de um projeto de distribuição de histórias em
quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre igualdade de
gênero de forma divertida e interativa.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 ANA BEATRIZ
BEATRIZ ÁLVARE
ÁLVARES
S SIMÕES
De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a
um “corpomodo,
si. Desse biológico” por esse
para que ser, assim como seja
organismo esse,igualitário
composta epor partes
coeso, que interagem
é necessário entre
que todos
os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em
pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência
de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do
sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.
Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve
presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi
criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas
pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até
desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão
física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se
que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenc
negligenciados
iados por causa de
uma culturalogeral
em geração, preconceituosa.
que favorece Sendo dos
o continuismo assim, esse pensamento é passado de geração
abusos.
Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo
colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos
são demorados e as medidas coercitivas
coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento.
Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4%
dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência
continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas
psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.
A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há
uma diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o
Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria
com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões
às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos.
Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de
Sociologia, História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de
palestras, materiais históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e,
futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas,
como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um
homem ou nação. ”

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 AMANDA CARV
CARVALHO MAIA CASTRO
CASTRO
A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos
nas últimas
por essa causadécadas. De acordo
aumentou comnoo período
em 230% Mapa dadeViolência de 2012,
1980 a 2010. Alémo da
número
física, de mortes
o balanço
de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a
psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes
históricas e ideológicas.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal.
patriarcal.
Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em
relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce
mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo
feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu
convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa forma, os
comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da
construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição
para este para
liberdade tipo odeatoagressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a
é aumentada.
Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque
a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no
cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como
fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos
e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo
feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência
física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de
casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os
de reincidência.
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras
dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação
seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de
propagação de informação para promover
promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para
difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo
feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para
aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem
sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

KAIO NOBUYASHI KOGA


O Brasil cresceu nas bases parternalistas da sociedade europeia, visto que as
mulheres
fato, elas eram excluídas
sempre foram das decisões
tratadas políticas
como e sociais,
cidadãs inclusive
inferiores cuja do voto. Diante
vontade desse
tem menor
validade que as demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a
violência contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da falta de
conscientizaçãoo da população.
conscientizaçã
Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do pensamento
da população brasileira. São constantes as notícias sobre o assédio sexual sofrido por
mulheres em espaços públicos, como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena
reação a fim de acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a normalidade
da postura machista da sociedade e a permissão velada para o seu acontecimento. Esses
constantes casos são frutos do pensamento machista que domina a sociedade e descende
diretamente do paternalismo em que cresceu a nação.
Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher permanece
na contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A mulher é constantemente tratada
com inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que
demonstra com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que,
chegando à polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa que estava vestindo.
A violência se torna dupla, sexual e psicológica; essa, causada pela postura adotada pela
população e pelos órgãos públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à
vítima.
O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve
ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente sofreram e
foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique corretamente a lei,
acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além de promover a
conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre a violência contra a
mulher. Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que
protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da
sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a
igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

JOSÉ MIGUEL ZANETTI TRIGUEIROS


A violência
violência contra a mulher no Brasil ainda é grande. Entretanto, deve haver uma
distinção entre
específicos. casos gerais
Os níveis (que ocorrem
de homicídios, independentemente
assaltos, do sexo
sequestros e agressões sãodaaltos,
vítima) e casoso
portanto,
número de mulheres atingidas por esse índice também é grande. Em casos que a mulher
é vítima devido ao seu gênero, como estupros, abusos sexuais e agressões domésticas, as
Leis Maria da Penha e do Feminicídio, aliadas às Delegacias das Mulheres e ao Ligue 180
são meios de diminuir esses casos.
O sistema de segurança no Brasil é falho. Como a violência é alta e existe uma
enorme burocracia, os casos denunciados e julgados são pequenos. Além do mais, muitas
mulheres têm medo de seus companheiros ou dependem financeiramente deles, não
contando as agressões que sofrem. Dessa forma, mais criminosos ficam livres e mais
mulheres se tornam vítimas.
Alguns privilégios são necessários para garantir a integridade física e moral da
vítima, como a Lei Maria da Penha, que é um marco para a igualdade de gênero e serve
de amparo para todo tipo de violência doméstica e já analisou mais de 300 mil casos. Há
também medidas que contribuem para reduzir assédios sexuais e estupros, como a
criação do vagão feminino em São Paulo e a permissão para que ônibus parem em
qualquer lugar durante a noite, desde que isso seja solicitado por uma mulher.
mulher.
Também é alarmante os casos que envolvem turismo sexual. Durante a Copa do
Mundo de 2014, houve um grande fluxo de estrangeiros para o Brasil. Muitos vêm
apenas para se relacionar com as mulheres brasileiras, algo ilegal, que que prostituição é
crime. Não bastasse, o pior é o envolvimento de menores de idade. Inúmeros motivos
colocam crianças e adolescentes nessa vida, como o abandono familiar, o aliciamento por
terceiros e até sequestros.
Portanto, para reduzir drasticamente a violência contra a mulher, deve ocorrer
uma intensificação na fiscalização, através das Leis que protegem as vítimas femininas.
No que semais
atitudes refere à punição
drásticas, dos criminosos,
como a castração deve ocorrer
química de oestupradores
aumento das(garantindo
penas ou atéa
reincidência zero). Para aumentar o número de denúncias, a vítima deve se sentir
protegida e não temer nada. Por isso, mobilizações sociais, através de propagandas e
centros de apoio devem ser adotadas. Todas essas medidas culminariam em mais
denúncias, mais julgamentos e mais prisões, além de diminuir os futuros casos, devido às
prisões exemplares.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

JÚLIA GUIMARÃES CUNHA


O feminismo é o movimento que luta pela igualdade social, política e econômica
dos
foramgêneros. Hodiernamente,
alcançadas – a exemplo muitas conquistas
do direito ao voto em
paraprol da garantia
as mulheres, dessas igualdades
adquirido já
no Governo
Vargas. Entretanto, essas conquistas não foram suficientes para eliminar o preconceito e a
violência existentes na sociedade brasileira.
De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um
aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa
eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas para as
mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma
importância, mas suas ações não estão sendo satisfatórias para melhorar os índices
alarmantes de agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.”
Mas, apesar de ser o principal tipo, não é só agressão física a responsável pelas
violências contra a mulher. Devido ao caráter machista e patriarcal da sociedade
brasileira, o preconceito começa ainda na juventude, com o tratamento desigual dado a
filhos e filhas – comumente nota-se uma maior restrição para o sexo feminino. Além
disso, há a violência moral, ainda muito frequente no mercado de trabalho. Pesquisas
comprovam que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com
ambos exercendo a mesma função. Ademais, empresas preferem contratar funcionários
do sexo masculino para não se preocuparem com uma possível licença maternidad
maternidade.e.
É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a segurança da mulher
brasileira. Desse modo, o Estado deve, mediante a ampliação da atuação dos órgãos
competentes, assegurar o atendimento adequado às vítimas e a punição correta aos
agressores. Além disso, cabe às empresas a garantia de igualdade no espaço laboral,
pagando um salário justo e admitindo funcionários pela sua qualificação, livre de
preconceitos. Por fim, é dever da sociedade o respeito ao sexo feminino, tratando
igualmente homem e mulher. Assim, alcançar-se-á uma sociedade igualitária e de
harmonia para ambos os gêneros.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

SOFIA DOLABELA CUNHA SAÚDE BELÉM


É inegável o fato de que, na sociedade brasileira contemporânea, a igualdade de
gêneros é algo
Penha e da que existe
Delegacia apenasapesar
da Mulher, na teoria. Medidas como
de auxiliarem a criação contra
na fiscalização da LeiaMaria da
violência
ao sexo feminino e na proteção das vítimas, são insuficientes e pouco eficazes, algo
comprovado através da alta taxa de feminicídios ocorridos em nosso país, além dos
enormes índices de relatos de vítimas de violência.
O aumento notório de crimes contra a mulher realizados na última década deve-
se a inúmeros fatores. A completa burocracia presente nos processos de atendimento às
vítimas de estupro, por exemplo, refuta mulheres que apresentam traumas e não recebem
acompanhamento psicológico adequado, sendo orientadas a realizar o exame de corpo
de delito, procedimento, por vezes, invasivo. Além disso, é comum que o relato da vítima
tenha sua veracidade questionada, não recebendo a atenção necessária. Com o
afastamento de possíveis denúncias, não há redução no número de assassinatos e de
episódios violentos.
A cultura machista em que estamos inseridos dissemina valores como a
culpabilização da vitima: muitas vezes, a mulher se cala porque pensa que é a culpada
pela violência que sofre. Acredita-se,
Acredita-se, também, que apenas a violência física e sexual deve
ser denunciada, ou que a opressão moral é algo comum. A passividade diante de tais
situações cede espaço para o crescimento de comportamentos violentos dentro da
sociedade.
Tendo em vista as causas dos altos índices de violência contra a mulher no Brasil,
é necessário que haja intervenção governamental para aprimorar os órgãos de defesa
contra tais crimes, de modo a tornar o atendimento mais rápido e atencioso. O mais
importante, no entanto, é atingir a origem do problema e instituir em escolas aulas
obrigatórias sobre igualdade de gênero, apresentando de forma mais simples conceitos
desenvolvidos, por exemplo, por Simone de Beauvoir, de modo a desconstruir desde
cedo ideias preconceituosas que são potenciais estimulantes para futuros
comportamentos violentos.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

RICHARD WAGNER CAPUTO NEVES


Desde o Iluminismo, já sabemos – ou deveríamos saber – que uma sociedade só
progride
observa aquando um sedamobiliza
persistência violênciacom o problema
contra a mulherdonooutro.
BrasilNoementanto, quando
pleno século se
XXI,
percebe-se que esse ideal iluminista é verificado na teoria e não desejavelmente na
prática. Muitos importantes passos já foram dados na tentativa de se reverter esse
quadro. Entretanto, para que seja conquistada uma convivência realmente democrática,
hão de ser analisadas as verdadeiras
verdadeiras causas desse mal.
Em uma primeira abordagem, é importante sinalizar que, ainda que leis como a
“Maria da Penha” tenham contribuído bastante para o crescimento do número de
denúncias relacionadas à violência – física, moral, psicológica, sexual – contra a mulher,
ainda se faz presente uma limitação. A questão emocional, ou seja, o medo, é uma causa
que desencoraja inúmeras denúncias: muitas vezes, a suposta submissão econômica da
figura feminina agrava o desconforto. Em outros casos, fora do âmbito familiar, são
instrumentos da perpetuação da violência o medo de uma retaliação do agressor e a
“vergonha
manutençãosocial”, o quedemocracia.
de qualquer desestimula a busca por justiça e por direitos, peças-chave na
Em uma análise mais aprofundada, devem ser considerados fatores culturais e
educacionais brasileiros. Por muito tempo, a mulher foi vista como um ser subordinado,
secundário. Esse errôneo enraizamento moral se comunica com a continuidade da
suposta “diminuição” da figura feminina, o que eventualmente acarret
acarretaa a manutenção de
práticas de violência das mais variadas naturezas. A patriarcal cultura verde-amarela,
durante muitos anos, foi de encontro aos princípios do Iluminismo e da Revolução
Francesa: nesse contexto, é fundamental a reforma de valores da sociedade civil.
Torna-se evidente, portanto, que a persistência da violência contra a mulher no
Brasil é grave e exige soluções imediatas, e não apenas um belo discurso. Ao Poder
 Judiciário, cabe fazer valer as leis já existentes, oriundas de inúmeros discursos
democráticos. A mídia, por meio de ficções engajadas, deve abordar a questão instigando
mais denúncias – cumprindo, assim, o seu importante papel social. A escola, instituição
formadora de valores, junto às Ong's, deve promover palestras a pais e alunos que
discutam essa situação de maneira clara e eficaz. Talvez dessa forma a violência contra a
mulher se faça presente apenas em futuros livros de história e a sociedade brasileira
possa transformar os ideais iluministas em prática, e não apenas em teoria.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ENEM-2016: Caminhos para combater a


intolerância religiosa no Brasil e Caminhos
para combater o racismo no Brasil 

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LARISSA FERREIRA
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias
Póstumas" que não
miséria. Talvez hoje teve filhos e não
ele percebesse transmitiu
acertada a nenhuma
sua decisão: criatura
a postura deomuitos
legadobrasileiros
da nossa
frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em
desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste
intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta
mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas
do problema. Conforme Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio
da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível
perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que,
embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser
tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar
ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.
Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de
discriminação,, destacando-se o preconceito
discriminação preconceito religioso como o principal impulsionador do
problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de
pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito
religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma
família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em
grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de
geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o
problema no Brasil.
Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade
brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em
crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade,
além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre
as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças
religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito
preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve
se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males
da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país
desenvolvido socialmente,
socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.
orgulhar.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VANESSA
 VANESSA MENDES
De acordo com Albert Camus, escritor argelino
argelino do século XX, se houver falhas na
conciliação entre justiça
sentido, a intolerância e liberdade,
religiosa no Brasilhaverá
fere nãointempéries de amplo
somente preceitos espectro.
éticos e morais,Nesse
mas
também constitucionais estabelecidos
estabelecidos pela Carta Magna do país. Dessa forma, observa-se
que a liberdade de crença nacional reflete um cenário desafiador seja a partir de reflexo
histórico, seja pelo descumprimento de cláusulas pétreas.
Mormente, ao avaliar a intolerância religiosa por um prisma estritamente
histórico, nota-se que fenômenos decorrentes da formação nacional ainda perpetuam na
atualidade. Segundo Albert Einstein, cientista contemporâneo, é mais fácil desintegrar
um átomo do que um preconceito enraizado. Sob tal ótica, é indubitável que inúmeras
ojerizas religiosas, presentes no Brasil hodierno possuem ligação direta com o passado,
haja vista os dogmas católicos amplamente difundidos no Brasil colônia do século XVI.
Assim, criou-se ao longo da historiografia, mitos e concepções deturpadas de religiões
contrárias ao catolicismo, religião oficial da época, instaurou-s
instaurou-se,
e, por conseguinte, o medo
eprática
as intolerâncias ao diferente.
da religiosidade Desse cabe
individual, modo,aocom intuito na
governo, de atenuar atosMinistério
figura do contráriosdaa
Educação, a implementação na grade curricular a disciplina de teorias religiosas,
mitigando defeito histórico.
Além disso, cabe ressaltar que a intolerância às crenças burla preceitos
constitucionais. Nessa perspectiva, a Constituição Brasileira promulgada em 1988, após
duas décadas da Ditadura Militar, transformou a visão dos cidadãos perante seus direitos
e deveres. Contudo, quase 20 anos depois de sua divulgação, a liberdade de diversos
indivíduos continua impraticável. À vista de tal preceito, a intolerância religiosa
configura-se uma chaga social que demanda imediata resolução, pois fere a livre
expressão individual. Dessa maneira, cabe ao Estado, como gestor dos interesses
coletivos, a implementação de delegacias especializadas de combate ao sentimento
desrespeitoso
desrespeito so e, até mesmo violento, às crenças religiosas.
religiosas.
Destarte, depreende-se que raízes históricas potencializam atos inconstitucionais
no Brasil. Torna-se imperativo que o Estado, na figura do Poder Legislativo, desenvolva
leis de tipificação como crime hediondo aos atos violentos e atentados ao culto religioso.
Ademais, urge que a mídia, por meio de novelas e seriados, transmita e propague a
diversidade religiosa, com propósito de elucidar e desmistificar receios populacionais.
Outrossim, a escola deve realizar debates periódicos com líderes religiosos, a fim de
instruir, imparcialmente, seus alunos acerca da variabilidade e tolerância religiosa.
Apenas sob tal perspectiva, poder-se-á respeitar a liberdade e combater a intolerância de
crença no Brasil, pois como proferido por Karl Marx: as inquietudes são a locomotiva da
nação.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

HELÁRIO SIL
SILVA
VA NETO
O Período Colonial do Brasil, ao longo dos séculos XVI e XIX, foi marcado pela
tentativa
soberania.deEmbora
converter
dateosdeíndios ao atrás,
séculos catolicismo, em função
a intolerância do pensamento
religiosa no país, emportuguês de
pleno século
XXI, sugere as mesmas conotações de sua origem: imposições de dogmas e violência. No
entanto, a lenta mudança de mentalidade social e o receio de denunciar dificultam a
resolução dessa problemática,
problemática, o que configura um grave problema social.
Nesse contexto, é importante salientar que, segundo Sócrates, os erros são
consequência da ignorância humana, Logo, é válido analisar que o desconhecimento
acerca de crenças diferentes influi decisivamente em comportamentos inadequados
contra pessoas que seguem linhas de pensamento opostas. À vista disso, é interessante
ressaltar que, em algumas religiões, o contato com perspectivas de outras crenças não é
permitido. Ainda assim, conhecer a lei é fundamental para compreender o direito à
liberdade de dogmas e, portante, para respeitar as visões díspares.
Além disso, é cabível enfatizar que, de acordo com Paulo Freire, um seu livro
"Pedagogia do Oprimido", é necessário buscar uma "cultura de paz". De maneira
análoga, muitos religiosos, a fim de evitar conflitos, hesitam em denunciar casos de
intolerância, sobretudo quando envolvem violência. Entretanto, omitir crimes, ao
contrário do que se pensa, significa colaborar com a insistência da discriminação, o que
funciona como um forte empecilho para resolução dessa problemática.
Sendo assim, é indispensável a adoção de medidas capazes de assegurar o
respeito religioso e o exercício de denúncia. Posto isso, cabe ao Ministério da Educação,
em parceria com o Ministério da Justiça, implementar aos livros didáticos de História um
plano de aula que relacione a aculturação dos índios com a intolerância religiosa
contemporânea, com o fito de despertar o senso crítico nos alunos; e além disso,
promover palestras ministradas por defensores públicos acerca da liberdade de expressão
garantida pela lei para que o respeito às diferentes
diferentes posições seja conquistado. Ade
Ademais,
mais, a
Polícia Civil deve criar uma ouvidoria anônima, tal como uma delegacia especializada,
de modo a incentivar denúncias em prol do combate à problemática
problemática..

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LARISSA CAVALCANTI
O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações
interpessoais. Porém, inúmeras
naturalmente sociável, embora intitulado, sob a práticas
de suas antiéticas perspectiva aristotélica,
corroboram políticoNoe
o contrário.
que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a
intolerância no Brasil, a qual é resultado da consonância de um governo inobservante à
Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo.
Não obstante, apesar de a formação brasileira ser oriunda da associação de
díspares crenças, o que é fruto da colonização, atitudes preconceituosas acarretam a
incrédula continuidade de constantes ataques a religiões, principalmente de matriz
africana. Diante disso, a união entre uma pátria cujo obsoleto ideário ainda prega a
supremacia do cristianismo ortodoxo e um sistema educacional em que o estudo acerca
das disparidades religiosas é escasso corrobora a cristalização do ilegítimo desrespeito à
religiosidade
religiosidade no país.
Sob essa conjectura, a tese marxista disserta acerca da inescrupulosa atuação do
Estado, que assiste apenas a classe dominante. Dessa forma, alienados pelo capitalismo
selvagem e pelos subvertidos valores líquidos da atualidade, os governantes
negligenciam a necessidade fecunda de mudança dessa distópica realidade envolta na
intolerância religiosa no país. Assim, as nefastas políticas públicas que visem a coibir o
vilipêndio à crença – ou descrença, no caso do ateísmo – alheia, como o estímulo às
denúncias, por exemplo, fomentam a permanência dessas incoerentes práticas no Brasil.
Porém, embora caótica, essa situação é mutável.
Convém, portanto, que, primordialmente, a sociedade civil organizada exija do
Estado, por meio de protestos, a observância da questão religiosa no país. Desse modo,
cabe ao Ministério da Educação a criação de um programa escolar nacional que vise a
contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas, o que deve ocorrer mediante o
fornecimento de palestras e peças teatrais que abordem essa temática. Paralelamente,
ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de
distribuir cartilhas que informem acerca das alternativas de denúncia dessas desumanas
práticas, além de sensibilizar a pátria para a luta em prol da tolerância religiosa.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VINÍCIUS DE LIMA
A Constituição Federal de 1988 – norma de maior hierarquia no sistema jurídico
brasileiro – assegura
intolerância a todos aque
religiosa mostram
religiosa liberdade de crença.
os indivíduos aindaEntretanto, os frequentes
não experimentam casos na
esse direito de
prática. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para
combater a intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da
casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina
que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande,
cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã,
conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma
religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um estado laico, a
fim de que se combata a intolerância de crença.
De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, na obra “Modernidade
Líquida”, que o individualismo é uma das principais característi
características
cas – e o maior conflito –
da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de
tolerar diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar do
multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja intolerante
àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para combater a rejeição
à diversidade de crença é desconstruir o principal problema da pós-modernidade,
segundo Zygmunt Bauman: o individualis
individualismo.
mo.
Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar a
intolerância religiosa. Cabe aos cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos
costumes presentes no território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais
capazes de desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais. Ao Ministério
Público, por sua vez, compete promover ações judiciais pertinentes contra atitudes
individualistass ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre
individualista
população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado Democrático de
Direito.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

DESIRÉE ABBADE
Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para
opotencial
Brasil devido à perseguição
da nova casa, Zweig nazista naum
escreveu Europa. Bem título
livro cujo recebido
é atée hoje
impressionado com o
repetido: “Brasil,
país do futuro”. Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a
intolerância religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse
sentido, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar esse problema.
A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões
políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir da impunidade em relação a
atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e
subaproveitado, já que não há interferência para mudar tal situação. Tal conjuntura é
ainda intensificada pela insuficiente laicidade do Estado, uma vez que interfere em
decisões políticas e sociais, como aprovação de leis e exclusão social. Prova disso, é,
infelizmente, a existência de uma “bancada evangélica” no poder público brasileiro.
Dessa forma, atitudes agressivas e segregacionistas devido ao preconceito religioso
continuam a acontecer,
falhas nos elementos pondo
contra em xeque oreligiosa
a intolerância direito de liberdade religiosa, o que evidencia
brasileira.
Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores
socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em
parte significativa do processo; e com ela vieram as discriminações e intolerâncias
culturais, derivadas de ideologias como superioridade do homem branco e darwinismo
social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom
exemplo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes
das religiões afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro dessa lógica, nota-se que a
dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e preconceito religioso mostra-se fruto
de heranças coloniais discriminatórias, as quais negligenciam tanto o direito à vida
quanto o direito de liberdade de expressão e religião.
Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para a luta contra a intolerância
religiosa no Brasil apresentam entraves que necessitam ser revertidos. Logo, é necessário
que o governo investigue casos de impunidade por meio de fiscalizações no
cumprimento de leis, abertura de mais canais de denúncia e postos policiais. Além disso,
é preciso que o poder público busque ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a
partir de acordos pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na esfera política e
disseminado para a população. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a
mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por intermédio de pesquisas,
projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Com essas
medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.

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SAMANTA FERREIRA
É notória a necessidade de ir de encontro à intolerância religiosa no país vigente.
Diante disso,deaverigua-se,
etnocêntrico catequizaçãodesde o períodonativos,
dos indígenas da colonização
como formabrasileira, um esforço
de suprimirem suas
crenças politeístas. Tal processo de aculturação e subjugo acometeu também os negros
africanos, durante todo contexto histórico de escravidão, os quais foram, não raro,
coisificados e abominados por suas religiões e cultos. Por essa razão, faz-se necessário
pautar, no século XXI, o continuismo desse preconceito religioso e dos desdobramentos
dessa faceta caótica.
Segundo Immanuel Kant, em sua teoria do Imperativo Categórico, os indivíduos
deveriam ser tratados, não como coisas que possuem valor, mas como pessoas que têm
dignidade. Partindo desse pressuposto, nota-se que a sociedade brasileira, decerto, tem
ido de encontro ao postulado filosófico, uma vez que há uma valoração negativa às
crenças de caráter não tradicionais, conforme a mentalidade arcaica, advinda de uma
herança histórico-cultural, como o Candomblé, o espiritismo e o Islamismo. Tal realidade
épromovido
ratificadapelo
ao se destacar
Pastor a agressão
Lucinho, no Rio defísica e moral
Janeiro, o qualoriunda de levante
incitou um um movimento
contra a
manifestação religiosa do Candomblé, segundo notícia da Folha de São Paulo. Por essa
razão, torna-se inegável a discriminação velada e, não raro, explícita existente contra às
diversas religiões no Brasil.
Como desdobramento dessa temática e da carência de combate às díspares
formas de intolerância religiosa, faz-se relevante ressaltar
ressaltar a garantia de liberdade de culto
estabelecida na Constituição de 1988. Nesse sentido, de acordo com o Artigo 5º da Carta,
todos os indivíduos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de assegurar a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade e à segurança. O que se nota, pois, na contemporaneidade, é a
inoperância desse direito constitucional
constitucional e do cumprimento da laicidade estatal, haja vista
a mínima expressividade desse Estado, ainda em vigor, no que tange à proteção do
cidadão e à legitimidade da livre manifestação religiosa no país.
Por tudo isso, faz-se necessária a intervenção civil e estatal. O Estado, nesse
contexto, carece de fomentar práticas públicas, tal como a inserção na grade curricular do
conteúdo "Moral e Ética", por meio do engajamento pedagógico às disciplinas de
Filosofia e Sociologia, a fim de que seja debatido a temática do respeito às manifestações
religiosas e que seja ressignificado a mentalidade arcaica no que tange à tolerância às
religiões. É imperativo, ainda, que a população, em parceria com as escolas, promovam
eventos plurissignificativos e seminários, por meio de campanhas de caráter popular,
para que diversos líderes religiosos orientem os civis, sem tabus e esteriótipos, sobre suas
crenças, de modo a mitigar a intolerância religiosa de modo efetivo. Só assim, o país
tornar-se-á mais plural e justo.

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JÚLIA MITIE OYA


O Brasil é um país com uma das maiores diversidades do mundo. Os
colonizadores, escravos
nacional, e também, e imigrantes
trouxeram foramreligiões.
consigo suas essenciais na construção
Porém, a diversidade dareligiosa
identidade
que
existe hoje no país entra em conflito com a intolerância de grande parte da população e,
para combater esse preconceito, é necessário identificar suas causas, que estão
relacionadas à criação de estereótipos feita pela mídia e à herança do pensamento
desenvolvido ao longo da história brasileira.
Primeiramente, é importante lembrar que o ser humano é influenciado por tudo
aquilo que ouve e vê. Então, quando alguém assiste ou lê uma notícia sobre políticos da
bancada evangélica que são contra o aborto e repudiam homossexuai
homossexuais, s, esse alguém tende
a pensar que todos os seguidores dessa religião são da mesma maneira. Como já disse
Adorno, sociólogo que estudou a Indústria Cultural, a mídia cria certos esteriótipos que
tiram a liberdade de pensamento dos espectadores, forçando imagens, muitas vezes
errôneas, em suas mentes. Retomando o exemplo dos evangélicos, de tanto que são
ridicularizados por seus
destacarem a opinião costumes
de uma e crenças
parte dos na televisão
seguidores e ião,
dessa relig na internet
religião, criou-se eumpelos jornais
modelo do
"típico evangélico", que é ignorante, preconceituoso e moralista, o que, infelizmente, foi
generalizado para todos os fiéis.
Além disso, percebe-se que certos preconceitos estão enraizados no pensamento
dos brasileiros há muito tempo. Desde as grandes navegações, por exemplo, que os
portugueses chamavam alguns povos africanos de bruxos. Com a vinda dos escravos ao
Brasil, a intolerância só aumentou e eles foram proibidos de praticarem suas religiões,
tendo que se submeter ao cristianismo imposto pelos colonos. É por isso que as práticas
das religiões afro-brasileiras são vistas como "bruxaria" e "macumba" e seus fieis são os
que mais denunciam atos de discriminação (75 denúncias entre 2011 e 2014).
Portanto, é possível dizer que, mesmo existindo o artigo 208 do código penal, que
pune osacabar
preciso crimescom
de intolerância
os esteriótipos,
religiosa,
ensinando
ela ainda
desdeé muito
cedo apresente.
respeitar Para
todascombatê-la,
as religiões.é
Então, o governo federal deve deixar obrigatória para todos os colégios (públicos e
privados) a disciplina Ensino Religioso durante o Ensino Fundamental. Outro caminho é
o incentivo das prefeituras para que a população conheça as religiões como elas
realmente são, e não a imagem criada pela mídia nem aquela herdada desde a época
colonial, promovendo visitas aos centros religiosos, palestras e programas na televisão e
no rádio.

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JOÃO VÍTOR PONTE


O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e,
consequentemente, estão presentes
diversidade nem a liberdade religiosaem tambémpela
garantida várias religiões. Cidadã
Constituição Entretanto, nemque
faz com essa
o
país seja respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma analogia com a filosofia
kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores inatos ao
indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas.
Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o
diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a
presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momentos
históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa
medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o
Estado Islâmico. Também pode-se comprovar a existência da intolerância religiosa pela
frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para evitar os
conflitos evidentes ao se tratar do assunto. Desse modo, nota-se que a intolerância não se
restringe a um
não significa grupo
que específico
não pode e é,serdecombatida.
e deve certa forma, natural ao ser humano, o que, porém,
Além da intolerância inata ao homem, há fatores externos que intensificam o
problema. No cenário brasileiro, o processo colonizador e seus legados, que perduram
até hoje, são os principais agravantes desse preconceito. Desde a chegada dos europeus
no país, as religiões diferentes da oficial são discriminadas. Logo no início da
colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o
desrespeito com as religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico
negreiro, houve também perseguição às religiões afro-brasileiras e a construção de uma
imagem negativa acerca delas. Toda essa mentalidade perpetuou-se no ideário coletivo
brasileiro e, apesar das ameaças legais, faz com que essas religiões sejam as mais afetadas
pela intolerância atualmente.

predominante
É necessário,
no Brasil.
pois,
Paraque
tal,seo Estado
revertadeve
a mentalidade
veicular campanhas
retrógradadeeconscientização,
preconceituosa
na TV e na internet, que informem a população sobre a diversidade religiosa do país e a
necessidade de respeitá-las. Estas campanhas também podem, para facilitar a detecção e
o combate ao problema, divulgar contatos para denúncia de casos de intolerância
religiosa. Concomitantemente, é fundamental o papel da escola de pregar a tolerância já
que, segundo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Portanto, a
escola deve promover palestras sobre as diferenças crenças do país, ministradas por
especialistas nas áreas ou por membros dessas religiões, a fim de quebrar estereótipos,
preconceitos e tornar os jovens mais tolerantes.

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MARCELA ARAÚJO
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas
que o Brasilafoi
e defende convidado
liberdade ao aculto
administrar, combater
e à crença e resolver.
religiosa. Por umaslado,
Por outros, o país que
minorias é laico
se
distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados
diariamente por opressore
opressoress intolerantes.
O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua
Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando
como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e
a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas.
Assim, o que deveria caracterizar os diversos "Brasis" dentro da mesma nação é motivo
de preocupação
preocupação..
Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de
expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a
cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15%
envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo
dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria
dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se,
portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a
intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a
máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias
alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia. O
Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que
visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir,
efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá
incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder,
deverátirando
assim, veicularascampanhas de diversidade
pedras do meio do caminho,religiosa e se-á
respeito
construir-se-á
construir- às diferenças.
um Brasil Somente
mais tolerante.

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IGOR GIOVANNETTI
A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa,
sendo
comumcrimes
ouvirdepiadas
intolerância considerados graves
sobre "macumbeiros" e, eme de penacasos,
alguns imprescritível.
violênciaNo entanto,
física contraé
praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma análise histórica e
educacional.
Por razões diacrônicas, certas religiões são estigmatizadas como "inferiores". No
Período Colonial brasileiro, era nítida a preocupação dos jesuítas e da Coroa Portuguesa
em "cristianizar" os indígenas e, posteriormente, os negros africanos. Em "Casa Grande e
Senzala", o sociólogo Gilberto Freyre defende que a cultura foi formada nestes três
pilares: nativo, colonizador e escravo. De fato, a resistência dos índios e dos negros
rendeu uma herança imaterial híbrida, contudo, a tradição etnocentrista permanece. A
sociedade, muitas vezes, repete visões preconceituosas, pois ainda não houve um efetivo
pensamento crítico, uma conscientização que contrariasse o senso comum.
O ensino formal também corrobora a problemática. As escolas, por serem o
espaço de formação cidadã do indivíduo, deveriam estar abertas para amplas discussões
e para promoção de valores coletivos. Não é o que se vê, por exemplo, no privilégio da
religião cristã – ensaios teatrais natalinos, homenagem
homenagem a santos e a anjos – em detrimento
das restantes. A grade curricular também não explora de forma profunda as matrizes
culturais afrobrasileiras (as mais discriminadas), como a umbanda (uma fusão do
cristianismo, do espiritismo e dos orixás negros).
Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil
(desde estudiosos ativistas a familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa,
através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Por outro lado,
são necessárias ações do Estado na defesa de festivais escolares afrobrasileiros e na
reforma da grade curricular de História e de Sociologia, por meio da formação de
comissões especiais na Câmara dos Deputados, com participação de especialistas na área
de Educação,
possível formarobjetivando
cidadãos quea entendam,
uma educação mais aberta
que respeitem e queesedemocrática.
orgulhem deAssim, será
sua cultura.

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THAÍS OLIVEIRA
Se houver duas religiões,
religiões, cortar-se-ão os preços. Se houver trinta, viverão em paz.
Na Idade deModerna,
liberdade culto e dao harmonia
filósofo iluminista Voltairecrenças.
entre as diversas foi umJá importante
no Brasil dodefensor da
século XXI
existe um retrocesso: embora haja muita diversidade religi
religiosa,
osa, ainda há a necessidade de
ser comemorar o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – a qual é um crime
vergonhoso cuja persistência é uma mácula.
Não há como negar que esse tipo de intolerância é fruto da colonização, pois o
encontro cultural entre portugueses, os quais manifestavam o Catolicismo, e povos
politeístas foi devastador. Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para
submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, ou
seja, perda ou modificação de suas culturas. Ademais, somente após quase 391 anos de
predominância católica, o Estado tornou-se laico em 1891 devido à proclamação da
República, no entanto o governo não faz nada para realizar a inclusão social das etnias
oprimidas ou estimular o respeito mútuo entre os cidadãos. Por isso, infelizmente, os atos
de violência
matriz e opressão
africana, porocorrendo.
continuam motivos religiosos, sobretudo contra adeptos das religiões de
Portanto, medidas são necessárias para combater efetivamente esse crime. O
MEC deve criar um projeto de conscientização para ser desenvolvido nas escolas, a qual
promova passeios turísticos aos templos de várias religiões, além de apresentações
artísticas e palestras a fim de ensinar a crianças e adolescentes a importância de conhecer
e respeitar a pluralidade das crenças. Cabe ao Ministério da Cultura e à Secretaria dos
Direitos Humanos realizar campanhas combativas permanentes, as quais devem ser
divulgadas por meio da mídia. Outrossim, é fundamental que o Poder Legislativo
desenvolva o “Estatuto da Tolerância Religiosa”, para esclarecer melhor os direitos e
deveres dos cidadãos a respeito do tema. Também, é preciso que os sacerdotes brasileiros
de todas as religiões unam-se com o objetivo de determinar a realização de palestras e
discussões nas igrejas para estimular o convívio harmônico e evitar qualquer tipo de
radicalismo.
Logo, a adoção dessas propostas possibilitará que a data de 21 de janeiro deixe de
ter mero caráter simbólico, os casos de intolerância religiosa diminuam no país e nossa
chaga histórica seja curada.

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SOPHIA RODRIGUES
O Darwinismo social, ideal surgido no século XIX, calcava-se na ideia de que
existem
científico,culturas superiores
numa tentativa às outras.
de justificar O preconceito,
a dominação então, passou
de indivíduos a ter um viés
menos favorecidos. No
entanto, mesmo sendo uma ideia antiga, ainda encontra respaldo em diversas ações
humanas, como os constantes casos de intolerância religiosa no Brasil, cujos efeitos
contribuem para a dissolução da coletividade e prejudicam o desenvolvimento do ser.
Em primeiro plano, vale ressaltar que a população brasileira apresenta muitos
resquícios da época da escravatura, a qual teve como sustentáculo o eurocentrismo, que
recusava os valores de povos considerados primitivos. A parte disso, a identidade
nacional formou-se ignorando expressões culturais de índios e negros, por exemplo, fator
responsável por marginalizar determinados indivíduos e perpetuar o ódio ao
desconhecido. Desse modo, atos de repressão e discriminação a religiões ferem a
liberdade de repressão e podem gerar um "círculo vicioso" de segregação social, nocivos à
sociedade democrática.
Outro fator importante reside no fato de que as pessoas estão vivendo tempos de
"modernidade líquida", conceito proposto pelo sociólogo Zygmunt Bauman, o qual
evidencia o imediatismo das relações sociais. Atualmente, pode-se notar que o fluxo de
informações ocorre em grande velocidade, fenômeno que muitas vezes dificulta uma
maior reflexão acerca dos dados recebidos, acostumando o ser a apenas utilizar o
conhecimento prévio. O indivíduo, então, quando apresentado a outras ideologias, tem
dificuldade em respeitá-las, uma vez que sua formação pessoal baseou-se somente em
uma esfera de vivência, o que pode comprometer o convívio social e o pensamento
crítico.
Fica evidente, portanto, que a intolerância religiosa precisa ser combatida. Como
forma de garantir isso, cabe ao Ministério da Cultura, em parceria com grandes canais de
comunicação de concessão estatal, desenvolver campanhas publicitárias que estimulem o
respeito
corpo às diferentes
social. Ademais,vertentes religiosas, da
cabe ao Ministério como forma de
Educação, emgarantir
conjuntoa com
coletividade do
prefeituras,
para um amplo alcance, o estabelecimento de aulas de sociologia, dentre outras, que
permitam a apresentação de diferentes religiões, a fim de contribuir para o
desenvolvimento pessoal e o o pensamento crítico. Assim, a sociedade brasileira poderá
garantir o exercício da cidadania a todos os setores sociais e, finalmente, ultrapassar
antigos paradigmas.

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ENEM-2017: Desafios para a formação


educacional de surdos no Brasil 

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ISABELLA BARROS CASTELLO BRANCO


Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis
expõe, por meio
era “coxa), da repulsa
a maneira comodoapersonagem principal em
sociedade brasileira tratarelação à deficiência
os deficientes. física (ela
Atualmente,
mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e preconceito
permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada aos surdos no País, a
qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse grupo, especialmente no
ramo laboral.
Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro
é um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para
deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais
e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não necessitar dela.
Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão
de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre
porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange aos
respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em
capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente
escolar mais inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras
dificuldades em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção
dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao
preconceito intrínseco à sociedade brasileira. Essa conjuntura, de acordo com as ideias do
contratrualista Johm Locke, configura-se uma violação do “contrato social”, já que o
Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos
imprescindíveis
imprescind íveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade
entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior
exclusão e desrespeito.
desrespeito.

formaçãoDiante dos fatos


de cidadãos supracitados,
que respeitem faz-se necessário
às diferenças e valorizemque a Escola
a inclusão, porpromova
intermédioa
de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse
tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de
deficiência. Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores
investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino
inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos
uma formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de
deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas,
objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa
forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão, narrado por
Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses cidadãos.

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MARIA BEATRIZ NEVES


Na obra “Eichmann em Jerusalém”, a filósofa Hannah Arendt desenvolve “as
banalidades
que assolam do mal”, termo que
a sociedade.De apontaanáloga,
maneira a passividade das pessoas
o preconceito frente
de parte aos impasses
significativa da
população em relação aos surdos e à falta de preparo e de infraestrutura adequada na
maioria das instituições de ensino para recebê-los enquadram-se nesse conceito filosófico,
uma vez que se constituem como desafios para a formação educacional dos indivíduos
portadores de surdez. Dessa forma, é necessário discutir os aspectos sociais e políticos
inerentes à questão no Brasil, em prol da promoção do bem coletivo, proposto por
Rousseau.
Em primeira análise, é valido ressaltar que a discriminação em relação às pessoas
surdas ainda é latente no Brasil hodierno. Nesse contexto, não obstante a isonomia ser
assegurada pelo quinto artigo da “Constituição Cidadã” — promulgada em 1988, no
Governo de Sarney —, esse grupo continua marginalizado na contemporaneidade, posto
que são alvos comuns de injúrias e de ações preconceituosas, a exemplo do bullying
sofrido por crianças com deficiência auditiva nas escolas. Ademais, tal preconceito
estende-se aos ambientes de trabalho, uma vez que muitas empresas deixam de contratar
candidatos portadores de surdez, ainda que estes possuam a qualificação requerida.
requerida. Essa
realidade evidencia e ratifica o pensamento do historiador Maquiavel, de que os
preconceitos têm raizes mais profundas que os princípios, posto que são persistentes
ainda no século XXI e dificultam a consolidação de uma formação educacional de
qualidade a essa parcela social.
Em segunda análise, infere-se que a falta de preparo dos professores e de uma
infraestrutura adequada aos surdos são inegáveis. Nesse prisma, muitas escolas não
possuem educadores preparados academicamente
academicamente para instruir as pessoas portadoras de
surdez, uma vez que estes devem ser auxiliados por meio de Libras durante todo o
processo formacional. Além disso, poucas instituições têm infraestrutura adequada para
fornecer a completa assistência aos alunos surdos, devido aos baixos investimentos
governamentais quanto aos recursos necessários, o que prejudica a formação e a
integração desses indivíduos futuramente no mercado de trabalho, o qual já apresenta
pouca abertura para as pessoas portadoras de deficiência. Tal conjuntura enquadra-se no
estado anômico de Durkheim, o qual caracteriza uma sociedade ausente de valores
coletivos, logo, desorganizada, demonstrando a imprescindibilidade
imprescindibilidade de politicas públicas
mais efetivas quanto à educação dos surdos no Brasil.
Evidencia-se, portanto, a necessidade de que os desafios inerentes à formação
educacional dos surdos sejam enfrentados com urgência no Brasil. Para isso, é substancial
que o Ministério da Educação invista mais vultosamente na capacitação dos professor
professores
es e
na infraestrutura das instituições de ensino, por meio de cursos qualificativos para os
educadores sobre técnicas didáticas voltadas aos alunos portadores de deficiência
auditiva e pela melhoria dos recursos em sala — material didático e meios assistivos —,
com o intuito de assegurar uma instrução educacional efetiva a essas pessoas. Outrossim,
é mister que a escola, como potencial formadora opinativa, insira o ensino de Libras a

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todos os estudantes e realize palestras nas salas de aula sobre a importância da inclusão
dos surdos com profissionais da área — psicólogos e sociólogos —, a fim de coibir o
preconceito e formar futuros cidadãos mais inclusivos. Dessa maneira, o corpo-social
tornar-se-á
banalidades mais próximo
do mal”, do por
discorridas bemHannah
coletivo de Rousseau, mitigando, assim, “as
Arendt.

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MARCUS VINÍCIUS MONTEIRO DE OLIVEIRA


No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo
Reinado. No entanto,de
pelo estabelecimento esse
umato não se configurou
“apartheid” comoouinclusivo,
educacional, seja, umajáescola
que seexclusiva
caracterizou
para
tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população.
Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade
auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental.
Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento
desenvolvimento econômico do
referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes
adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela.
Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse
direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da
sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por
ser explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma
máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o
preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos. Tal
estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é
procrastinado, infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram
deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda
hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.
Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público
abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária
oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, devido à falta de
fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é
bem efetivado. Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com
deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues -, como
em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está
relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a Libras e à
carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por
meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de
deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos em
obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para
que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura
de estereótipos e preconceitos difundidos socialmente. Outrossim, o próprio público
deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas
possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e
da divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando o Tabu”. Por
fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de
Educação, pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada, com o fito
de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos
saibam, no mínimo, o básico de Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de

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Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas


convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira.

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 YASMIN
 YASMIN LIMA ROCHA
ROCHA
A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos.
Essa tese que
apontam pode ser comprovada
o número de surdos por meio de dados
matriculados divulgados
em instituições pelo Inep,básica
de educação os quais
tem
diminuído ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, algo deve ser feito para alterar essa
situação, uma vez que milhares de surdos de todo o país têm o seu direito à educação
vilipendiado, confrontando, portanto, a Constituição Cidadã de 1988, que assegura a
educação como um direito social de todo o cidadão brasileir
brasileiro.
o.
Em primeira análise, o descaso estatal com a formação educacional de deficientes
auditivos mostra-se como um dos desafios à consolidação dessa formação. Isso porque
poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na
educação de pessoas surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às
necessidades especiais desses alunos. Ademais, poucas escolas são adeptas do uso de
libras, segunda língua oficial do Brasil, a qual é primordial para a inclusão de alunos
surdos em instituições de ensino. Dessa forma, a negligência do Estado, ao investir
minimante na educação de pessoas especiais, dificulta a universalização desse direito
social tão importante.
Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se
como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas
surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humanidade: ainda
no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de
penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade
atual, calcada na ética utilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente
aparentemente menos
capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é caso de surdos. Os deficientes
auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade
intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o
acesso à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho.

Educação,Nesse sentido,
promova urge que o Estado,
a construção porespecializadas
de escolas meio de envioem
de recursos ao Ministério
deficientes auditivos eda
a
capacitação de profissionais para atuarem não apenas nessas escolas, mas em instituições
de ensino comuns também, objetivando a ampliação do acesso à educação aos surdos,
assegurando a estes, por fim, o acesso a um direito garantido constitucionalmente.
Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a
população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em
mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da
população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à
educação e à equidade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras. Dessa forma,
o Brasil poderia superar os desafios à consolidação da formação educaciona
educacionall de surdos.

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LARISSA FERNANDES SILVA DE SOUZA


A Declaração Universal dos Direitos Humanos – promulgada em 1948 pela ONU
–precário
asseguraserviço
a todosdeoseducação
indivíduospública
o direito
doà Brasil
educação
e ae exclusão
ao bem-estar social.
social Entretanto,
vivenciada peloso
surdos impede que essa parcela da população usufrua desse direito internacional na
prática. Com efeito, evidencia-se a necessidade de promover melhorias no sistema de
educação inclusiva do país.
Deve-se pontuar, de início, que o aparato estatal brasileiro é ineficiente no que
diz respeito à formação educacional de surdos no país, bem como promoção da inclusão
social desse grupo. Quanto a essa questão, é notório que o sistema capitalista vigente
exige alto grau de instrução para que as pessoas consigam ascensão profiss
profissional.
ional. Assim, a
falta de oferta do ensino de libras nas escolas brasileiras e de profissionais especializad
especializados
os
na educação de surdos dificulta o acesso desse grupo ao mercado de trabalho. Além
disso, há a falta de formas institucionalizadas de promover o uso de libras, o que
contribui para a exclusão de surdos na sociedade brasileira
brasileira..
Vale ressaltar, também, que a exclusão vivenciada por deficientes auditivos no
país evidencia práticas históricas de preconceito. A respeito disso, sabe-se que, durante o
século XIX, a ciência criou o conceito de determinismo biológico, utilizado para legitimar
o discurso preconceituoso de inferioridade de grupos minoritários, segundo o qual a
função social do indivíduo é determinada por características biológicas. Desse modo,
infere-se que a incapacidade associada hodiernamente aos deficientes tem raízes
históricas, que acarreta a falta de consciência coletiva de inclusão desse grupo pela
sociedade civil.
É evidente, portanto, que há entraves para que os deficientes auditivos tenham
pleno acesso à educação no Brasil. Dessa maneira, é preciso que o Estado brasileiro
promova melhorias no sistema público de ensino do país, por meio de sua adaptação às
necessidades dos surdos, como oferta do ensino de libras, com profissionais
especializados
também, que as para que esse
escolas grupo atenha
garantam seus desses
inclusão direitosindivíduos,
respeitados.por
É imprescindível,
intermédio de
projetos e atividades lúdicas, com a participação de familiares, a fim de que os surdos
tenham sua dignidade humana preservada.

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 ALAN DE CASTRO NABOR


Sob a perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino, todos os indivíduos de uma
sociedade
deveres. Nodemocrática possuem que,
entanto, percebe-se a mesma importância,
no Brasil, além auditivos
os deficientes dos mesmos direitosume
compõem
grupo altamente desfavorecido no tocante ao processo de formação educacional, visto
que o país enfrenta uma série de desafios para atender a essa demanda. Nesse contexto,
torna-se evidente a carência de estrutura especializada no acompanhamento desse
público, bem como a compreensão deturpada da função social deste.
O filósofo italiano Norberto Bobbio afirma que a dignidade humana é uma
qualidade intrínseca ao homem, capaz de lhe dar direito ao respeito e à consideração por
parte do Estado. Nessa lógica, é notável que o poder público não cumpre o seu papel
enquanto agente fornecedor de direitos mínimos, uma vez que não proporciona aos
surdos o acesso à educação com qualidade devida, o que caracteriza um irrespeito
descomunal a esse público. A lamentável condição de vulnerabilidade à qual são
submetidos os deficientes auditivos é percebida no déficit deixado pelo sistema
educacional vigente no país, que revela o despreparo da rede de ensino no que tange à
inclusão dessa camada, de modo a causar entraves à formação desses indivíduos e, por
conseguinte, sua inserção no mercado de trabalho.
Além disso, outra dificuldade enfrentada pelos surdos para alcançar a formação
educativa se dá pela falta de apoio enfrentada por muitos no âmbito familiar, causada
pela ignorância quanto às leis protetoras dos direitos do deficiente, que gera uma letargia
social nesse aspecto. Esse desconhecimento produz na sociedade concepções errôneas a
respeito do papel social do portador de deficiências: como consequência do
descumprimento dos deveres constitucionais do Estado, as famílias – acomodadas por
pouca instrução – alimentam a falsa ideia de que o deficiente auditivo não tem
contribuição significante para a sociedade, o que o afasta da escolaridade e neutraliza a
relevância que possui.

apoio aoLogo,
surdo,é necessário
proporcioneque o Ministério
a este da Educação,
maiores chances de se em parceria
inserir com instituições
no mercado, mediantedea
implementação do suporte adequado para a formação escolar e acadêmica desse
indivíduo – com profissionais especializados em atende-lo -, a fim de gerar maior
igualdade na qualificação e na disputa por emprego. É imprescindível, ainda, que as
famílias desses deficientes exijam do poder público a concretude dos princípios
constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento
das leis que protegem essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse
empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o acompanhamento necessário
para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade.

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MATEUS PEREIRA ROSI


Segundo o pensamento de Claude Lévi-Strauss, a interpretação adequada do
coletivo
os eventosocorre por meio
históricos e asdo entendimento
relações das forças
sociais. Esse que estruturam
panorama a sociedade,
auxilia na análise como
da questão
dos desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil, visto que a comunidade,
historicamente, marginaliza as minorias, o que promove a falta de apoio da população e
do Estado para com esse deficiente auditivo, dificultando a sua participação plena no
corpo social e no cenário educativo. Diante dessa perspectiva, cabe avaliar os fatores que
favorecem esse quadro, além de o papel das escolas na inserção desse sujeito.
Em primeiro plano, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por
um modelo excludente imposto pelos grupos dominantes, no qual o indivíduo que não
atende aos requisitos estabelecidos, branco e abastado, sofre uma periferização social.
Assim, ao analisar a sociedade pela visão de Lévi-Strauss, nota-se que tal deficiente não é
valorizado de forma plena, pois as suas necessidades escolares e a sua inclusão social são
tidas como uma obrigação pessoal, sendo que esses deveres, na realidade, são coletivos e
estatais. Por conseguinte, a formação educacional dos surdos é prejudicada pela
negligência social, de modo que as escolas e os profissionais não estão capacitados
adequadamente para oferecer o ensino em Libras e os demais auxílios necessários,
devido a sua exclusão, já que não se enquadra no modelo social imposto.
Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito de Modernidade Líquida de
Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim
de atender aos interesses pessoais, aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito,
ao estar imerso nesse panorama líquido, acaba por perpetuar a exclusão e a dificuldade
de inserção educacional dos surdos, por causa da redução do olhar sobre o bem-estar dos
menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para a formação escolar de tais deficientes
auditivos estão presentes na estruturação desigual e opressora da coletividade, bem
como em seu viés individualista, diminuindo
diminuindo as oportunidades sociais e educativas dessa
minoria.
Logo, medidas públicas são necessárias para alterar esse cenário. É fundamental,
portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras, visando à elucidação das
massas sobre a marginalização da educação dos surdos, por meio de palestras de
sociólogos que orientem a inserção social e escolar desses sujeitos. Ademais, é vital a
capacitação dos professores
professores e dos pedagogos, pelo Ministério da Educação, com o fito de
instruir sobre as necessidades de tal grupo, como o ensaio em Libras, utilizando cursos e
métodos para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas, a fim
de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social. A partir dessas ações,
espera-se promover uma melhora das condições educacionais e sociais desse grupo.

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THAIS FONSECA LOPES DE OLIVEIRA


Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra
morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era
vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito
assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes auditivos brasileiros, os quais buscam
ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação. Nesse contexto, não
há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual
ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao
preconceito da sociedade.
A Constituição cidadã de 1988 garante educação inclusiva de qualidade aos
deficientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no
livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo se
verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não
apenas da educação inclusiva, como também da preparação do número suficiente de
professores especializados no cuidado com surdos não está presente em todo o território
nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.
Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à
permanência dos deficientes auditivos nas escolas. Tristemente, a existência da
discriminação contra surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela
consciência coletiva. No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault,
é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar
pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma
mudança nos valores da sociedade é fundamental para transpor as barreiras à formação
educacional de surdos.
Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse
problema. Cabe ao Ministério da Educação criar um projeto para ser desenvolvido nas
escolas o qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito
do cotidiano
imenso poder etransformador
dos direitos -dos surdos.
a fim de que- auma vez que escolar
comunidade ações culturais coletivas
e a sociedade têm-
no geral
por conseguinte - conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito
grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.

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BEATRIZ ALBINO SERVILHA


Durante o século XIX, a vinda da Família Real ao Brasil trouxe consigo a
modernização do país, com a construção das escolas e universidades. Também, na época,
foi inaugurada a primeira escola voltada para a inclusão social de surdos. Não se vê,
entretanto, na sociedade atual, tal valorização educacional relacionada à comunidade
surda, posto que os embates que impedem sua evolução tornam-se cada vez mais
evidentes. Desse modo, os entraves para a educação de deficientes auditivos denotam
um país desestruturado e uma sociedade desinformada sobre sua composição bilíngue.
A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o contato do portador
de surdez com a base educacional necessária para a inserção social. O Estado e a
sociedade moderna têm negligenciado os direitos da comunidade surda, pois a falta de
intérpretes capacitados para a tradução educativa e a inexistência de vagas em escolas
inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e ouvintes, condenando os detentores
da surdez aos menores cargos da hierarquia social. Lê-se, pois, é paradoxal que, em um
Estado Democrático, ainda haja o ferimento de um direito previsto constitucionalmente:
o direito à educação de qualidade.
Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma
barreira para capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-
cega a se formar e tornar-se escritora – definia a tolerância como maior presente de uma
boa educação. O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira, haja
vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum aos cidadãos a
proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de Libras, segunda
língua oficial do Brasil. Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela
inexperiência dos indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que
possuem.
Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios para a
capacitação educacional dos surdos. Para que isso ocorra, o Ministério da Educação e
Cultura deve
contratação de realizar a inserção
intérpretes de deficientes
e disponibilização auditivos
de vagas nas escolas,
em instituições por meio
inclusivas, comdao
objetivo de efetivar a inclusão social dos indivíduos surdos, haja vista que a escola é a
máquina socializadora do Estado. Ademais, a escola deve preparar surdos e ouvintes
para a convivência harmoniosa, com a introdução de aulas de Libras na grade curricular,
curricular,
a fim de uniformizar o laço social e, também, cumprir com a máxima de Nelson Mandela
que constitui a educação como segredo para transformar o mundo. Poder-se-á, assim,
visar a uma educação, de fato, inclusiva no Brasil.

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MARIA FERNANDA GURGEL


Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há 45 milhões de
indivíduos portadores de alguma deficiência no País. Apesar do amplo contingente
populacional e dos avanços nos direitos dessa camada da sociedade, esses brasileiros não
dispõem de uma inclusão educacional plena, sobretudo os surdos. Esse cenário
desafiador demanda a adoção de medidas mais eficientes por parte do Poder Público e
de instituições formadoras de opinião a fim de garantir uma melhor qualidade de vida
aos deficientes auditivos. 
De fato, o acesso à educação pelos indivíduos surdos é assegurado pela
Constituição de 1988 e pelo mais recente Estatuto da Pessoa com Deficiência. No Brasil,
entretanto, há uma discrepãncia entre
entre o que é defendido por tais instrumentos jurídicos e
a realidade excludente vivida por essa população. Esses indivíduos sofrem, diariamente,
com a escassez de materiais didáticos adaptados e com a insuficiente formação de
profissionais, que, muitas vezes, são incapazes de oferecer uma educação em Libras.
Além disso, grande parte dos brasileiros desconhece tais legislações, o que dificulta a
inclusão plena dos deficientes auditivos e evidencia uma atuação negligente do Estado. 
Ademais, de acordo com o pensandor Vygotsky, o indivíduo é fortemente
influenciado pelo meio em que está inserido, o que ressalta a importância de certos
setores da sociedade, a exemplo de famílias e escolas, na formação cidadã dos brasileiros.
brasileiros.
Mesmo com essa ampla relevância, diante da persistência de atos discriminatórios contra
os surdos no âmbito escolar, como a recusa de matrícula, a segregação em turmas
especiais e o bullying, fica evidente o desrespeito que tifica como crime qualquer
comportamento intolerante contra os portadores de necessidades especiais, incluindo os
surdos. 
Portanto, a fim de garantir a devida formação educacional dos deficientes
auditivos, cabe ao Poder Público, por meio da destinação de mais recursos ao Instituto
Nacional de Educação de Surdos, garantir uma melhor capacitação dos professores e
uma maior mediante
educativos, disponibilização
as redesdesociais,
materiais
sobreadaptados,
a existênciaalém de promover
do Estatuto informes
da Pessoa com
Deficiência. Ademais, cabe às escolas garantir, por meio de palestras para os pais de
alunos, o devido incentivo de amplos diálogos entre os membros do núcleo familiar,
possibilitando uma reflexão quanto ao respeito às diferenças no âmbito domiciliar desde
a infância.

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MARIA JULIANA COSTA


Em razão de seu caráter excessivamente militarizado, a sociedade que constituía
a cidade de Esparta, na Grécia Antiga, mostrou-se extremamente intolerante com
deficiências corpóreas
corpóreas ao longo da história, tornando constante inclusive o assassinato de
bebês que as apresentassem, por exemplo. Passados mais de dois mil anos dessa prática
tenebrosa, ainda é deploravelmente perceptível, sobretudo em países subdesenvolvidos
como o Brasil, a existência de atos preconceituosos perpetrados contra essa parcela da
sociedade, que são o motivo primordial para que se perpetue como difícil a escolarização
plena de deficientes auditivos. Esse panorama nefasto suscita ações mais efetivas tanto
do Poder Público quando das instituições formadoras de opinião, com o escopo de
mitigar os diversos empecilhos postos frente à educação dessa parcela social. 
É indubitável, de fato, que muitos avanços já forma conquistados no que tange à
efetivação dos direitos constitucionais garantidos aos surdos brasileiros. Pode-se
mencionar, por exemplo a classificação da Libras - Língua Brasileira de Sinais- como
segundo idioma oficial da nação em 2002, a existência de escolas especíais para surdos no
território do Brasil e as iniciativas privadas que incluem esses cidadãos como partícipes
de eventos - como no caso da plataforma do Youtube Educação, cujas aulas sempre
apresentam um profissional que traduz a fala de um professor para a língua de sinais.
Apenas medidas flagrantemente pontuais como essas, contudo, são incapazes de tornar a
educação de surdos efetiva e acessível a todos que necessitam dela, visto que não só a
maioria dos centros educacionais está mal distribuida no país, mas também a
disponibilidade de professores específicos ainda é escassa, além da linguagem de sinais
brasileiros. 
ainda ser desconhecida por grande parte dos brasileiros.
No que tange à sociedade civil, nota-se a existência de comportamentos e
ideologias altamente preconceituosas
preconceituosas contra os surdos brasileiros. A título de ilustração, é
comum que pais de estudantes ditos "nomais" dificultem o ingresso de alunos portadores
de deficiência auditiva em classes não específicas a eles, alegando que tal parcela tornará
o "ritmo" da aula mais lento; que colegas de sala difundam piadas e atitudes maldosas e
que empresas os considerem inaptos à comunicação com outros funcionários. Essas
atitudes deploravelmente constantes no Brasil ratificam a máxima atribuída ao filósofo
Voltaire: "os preconceitos são a vazão dos imbecís".
Urge, pois, a fim de tornar atitudes intolerantes restritas à história de Esparta,
que o Estado construa mais escolas para deficientes auditivos em municípios mais
afastados de grandes centoros e promova cursos de Libras a professores
professores da rede pública -
por meio da ampliação de verbas destinadas ao Ministério da Educação e da realização
de palestras com especialistas na educação de surdos -, em prol de tornar a formação
educacional deles mais fácil e mais inclusiva. Outrossim, é mister que instituições
formadoras de opinião - como escolas, universidades e famílias socialmente engajadas -
promovam debates amplos e constantes acerca da importância de garantir o respeito e a
igualdade de oportunidades a essa parcela social, a partir de diálogos nos lares, de
seminários e de feiras culturais em ambientes educacionais. Assim, reduzir-se-ão os
empecilhos existentes hoje em relação à educação de surdos na Nação e formar-se-ão

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cidadãos mais aptos à empreender a necessidade de respeito a eles, afinal, segundo o


filósofo Immanuel Kant: "O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele".

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JÚLIA KÖCHLER
Em Esparta, na Grécia Antiga, as pessoas com deficiência física, como os surdos,
eram sacrificados, pois o Estado não acreditava no potencial deles em um contexto de
guerras. Mesmo que essa não seja mais uma realidade na sociedade contemporânea, os
surdos ainda enfrentam diversos desafios para a sua formação educacional no Brasil, seja
pela falta de recursos assistivos, seja pela dificuldade de inclusão social no âmbito
escolar. 
Em primeiro plano, percebe-se que as escolas com alunos surdos incluídos não
apresentam todos os recursos assistivos necessário para garantir o pleno
desenvolvimento das habilidades funcionais desses estudantes. Exemplo disso são as
escolas de Educação Básica, as quais não possuem docentes preparados para se
comunicarem eficientemente com esses alunos, assim como não possuem materiais
didáticos especializados para o ensino de Libras. Nessa perspectiva, fica evidente que o
sistema educacional brasileiro não garante o total aperfeiçoamento intelectual dos
deficientes auditivos. 
Além das dificuldades na aprendizagem,
aprendizagem, o caráter excludente das instituições de
ensino também é um desafio para os surdos, devido a falta de integração social através
da comunicação nas escolas. Segundo a célebre escritora Hellen Keller, "A tolerância é o
resultado mais sublime da educação." Essa máxima, entretanto, não está sendo
devidamente efetivada, tendo em vista que a Libras não é amplamente difundida na
educação brasileira, o que resulta na exclusão social dos surdos e compromete o
desenvolvimentoo de suas habilidades sociais.
desenvolviment
Frente aos desafios enfrentados pelos surdos no que tange a sua formação
educacional, faz-se necessário, portanto, que o Governo Federal capacite os professores e
adapte os mecanismos de ensino por meio de cursos profissionalizantes em Libras, bem
como materiais didáticos completos e específicos para a formação intelectual desses
alunos, com o objetivo de garantir aos deficientes auditivos o pleno desenvolvimento de
suas habilidades.
o ensino de LibrasAdemais,
Ademais , o Estado
em todos junto
os setores daàssociedade,
empresasadefim
serviço público devem
de melhorar oferecer
a comunicação
dos surdos com a população e, consequentemente, implementar
implementar a inclusão social. Assim,
será possível continuar a acelerar o processo de superação dos desafios vividos desde a
Antiguidade.

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IZABELA DAL PAZZOLO MOTA


MOTA
A educação é um direito inalienável de todos os cidadãos brasileiros. Entretanto,
a acessibilidade àqueles que apresentam algum tipo de deficiência configura-se
configura-se como um
grande impasse na inclusão de todos os indivíduos. Com isso, surge a problemática dos
desafios para a formação educacional de surdos no Brasil, que cresce intrinsecamente
ligada à realidade dos país, seja pela ineficácia das políticas públicas vigentes, seja pela
cultura acerca do deficiente auditivo no país.
É indubitável que a questão legislativa e a sua aplicação contribuem para o
problema a respeito da educação inclusiva. Pessoas portadoras de qualquer deficiência,
como a surdez, têm seu direito à educação garantido pela Constituição e pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Contudo, cenários como a falta de profissionais aptos a suprirem
as necessidades dessa parte da população, assim como a ausência de um maior
entendimento dos fatores que impedem de exercerem plenamente seu direito,
impossibilitam sua eficiência. Tais legislações apresentam resultados insuficientes, já que
não são capazes de possibilitar uma conjuntura na qual a educação inclusiva represente
uma opção viável a todos os surdos.
Segundo pesquisas realizadas pelo Inep, sofreu uma diminuição o número de
surdos matriculados em escolas da educação básica. De acordo com Durkheim, o fato
social é a maneira coletiva de agir e pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-
se que o impasse na promoção da inclusão do deficiente auditivo encaixa-se na teoria do
sociólogo, uma vez que, se um indivíduo cresce em um círculo social que inferioriza o
surdo e não o trata como merecedor de uma educação igualitária, tende a adotar um
determinado comportamento também devido à vivência. Assim, o preconceito da
sociedade à inclusão do surdo em todas as esferas da educação, transmitido de geração
em geração, funciona como fator "sine qua non" dessa cultura, perpetuando o problema.
Visando valorizar a educação inclusiva e criar condições indispensáveis para o
seu sucesso, é preciso que o Estado promova a capacitação e a formação de professores
para surdos plenamente
no entendimento total dascompetentes.
necessidadesPor
dosmeio de cursos
deficientes especializados,
auditivos que auxiliemo
que lhes proporcione
aprendizado das ferramentas necessárias para a comunicação, poder-se-á aumentar a
inclusão e, lentamente, mudar a cultura rumo à valorização de idiossincrasias e de
singularidades.

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MARIANA CAMELIER MASCARENHAS


Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não
poderiam ser guerreiras, profissão mais valorizada na época. Na contemporaneidade , tal
barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes –
em especial os surdos – o acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na
sociedade e à falta de atenção do Estado à questão.
Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que
age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente,
exercer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal,
trazido pela socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre
constantemente, as pessoas param de vê-la como errada. Um exemplo disso é a
discriminação contra os surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldosos ou
pela falta de recursos para garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do
preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos educadores, possivelmente leva à
desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem dos seus direitos – fato que é tão
grave e excludente quanto os homicídios praticados em Esparta , apenas mais
dissimulado.
Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a
inobservância estatal , uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de
ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras –
além da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas,
incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e crescer junto com o outro. A
frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não garantirem direitos
iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e colegas – tal
minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias.
Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso
pleno ao sistema educacional , é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com
as instituições
oficinas de ensino, promova
de especialização à noite – cursos
horáriode Libras
livre parapara os professores,
a maioria por meio– de
dos profissionais de
maneira a garantir que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos,
facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar
propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes
auditivos, com postagens nas redes sociais, para que a discriminação dessa minoria seja
reduzida, levando à maior inclusão.

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ÚRSULA HASPARYK
A plena formação acadêmica dos deficientes auditivos, uma parcela das
chamadas Pessoas com Deficiência (PCD), é um direito assegurado no recém aprovado
Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, também conhecido como Lei da
Acessibilidade. Além de um direito legalmente garantido, a educação para esse grupo
social é sociologicamente analisada como essencial para uma sociedade tolerante e
inclusiva. Entretanto, observa-se o desrespeito a essa garantia devido ao preconceito,
muitas vezes manifestado pela violência simbólica, e à insuficiência estrutural
educacional brasileira.
Nessa conjuntura, é necessário destacar as principais relevâncias de se garantir
aos surdos a plena formação acadêmica. Segundo Hannah Arendt, em sua teoria sobre o
Espaço Público, os ambientes e as instituições públicas – inclusive as escolas e as
faculdades – têm que ser completamente inclusivas a todos do espectro social para
exercer sua total funcionalidade e genuinidade. Analogamente, para atuarem como
aparato democrático, tais instituições devem ser preparadas e devem garantir o espaço e
a educação para os deficientes auditivos, constituindo, assim, uma sociedade
diversificada, tolerante e genuína. Além disso, outra importância é o cumprimento dos
direitos à educação e ao desenvolvimento intelectual , assegurados no Estatuto da PCD e
na Constituição Federal de 1988, que não discrimina o acesso à cidadania a nenhum
grupo social, sendo, dessa forma, uma obrigação constitucional.
Contudo, observam-se algumas distorções para essa garantia educacional.
Infelizmente, os surdos são alvo de preconceito e são vistos erroneamente como
incapazes. Isso é frequentemente manifestado na forma de violência simbólica, termo do
sociólogo Pierre Bordieu, que inclui os comportamentos, não necessariamente agressivos
física ou verbalmente, que excluiriam moralmente grupos minoritários, como a PCD,
exemplificados
exemplificad os na colocação desses indivíduos em postos de trabalho menos valorizados
e menos remunerados. Adicionalmente
Adicionalmente , nota-se que outra manifestaçã
manifestaçãoo dessa violência é
a falta de uma infraestrutura escolar de qualidade com professores capacitados e com
material adequado para garantir a devida formação educacional. Consequentemente, as
vítimas dessa agressão simbólica tenderiam a se isolar, gerando, por exemplo, evasão
escolar e redução da procura pela qualificação profissional e acadêmica por esses
deficientes.
Dessa forma, é necessário que, para garantir o ensino de qualidade e estruturado,
o Ministério da Educação leve profissionais educadores especialistas em Libras para
capacitar os professores já atuantes acerca do ensino aos deficientes auditivos e da
adaptação às suas necessidades particulares na sala de aula. Isso deve ser feito com
palestras instrucionais para os docentes de toda a hierarquia pedagógica.
Complementarmente, o Ministério da Saúde deve disponibilizar profissionais, como
psicólogos, que dêem o apoio e o estímulo para a continuidade educacional dos
deficientes e desconstruam, com atividades lúdicas e interativas com todos os alunos,
como simulações da surdez, os preconceitos acerca desse grupo social.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LORENA MAGALHÃES DE MACEDO


No convívio social brasileiro
brasileiro,, parte considerável da população apresenta alguma
deficiência. Nessa conjuntura, grande parcela dos surdos, em especial, não tem acesso a
uma educação de qualidade, o que fomenta maior empenho do Poder Público e da
sociedade civil, com o fito de superar os desafios para a efetiva inclusão desses
indivíduos no sistema educacional.
Sob esse viés, muitos deficientes auditivos encontram dificuldades
dificuldades para acessar o
Ensino Fundamental, Médio ou Superior, visto que diversas instituições de ensino
carecem de uma infraestrutura adaptada a esses indivíduos, como intérpretes da Libras
durante as aulas. Tal panorama representa a violação da Constituição Federal de 1988 e
do Estado da Pessoa com Deficiência, os quais são mecanismos jurídicos que asseguram
o acesso à educação como um direito de todos os deficientes. Isso atesta a ineficiência
governamental em cumprir prerrogativas legais que garantem a efetiva inclusão dos
surdos na educação.

vítimas Ademais, em muitas


de xingamentos instituições
e até de de ensino,
agressões físicas deficientes
por parte auditivos
de outros alunos, ainda são
ações que
caracterizam o bullying. Nesse contexto, o filósofo iluminista Voltáire já afirmava:
“Preconceito é opinião sem conhecimento”. Tal máxima, mesmo séculos depois,
comprova que atos intolerantes são, em geral, consequências de uma formação moral
deturpada, a qual não privilegiou princípios, por exemplo, a tolerância e o respeito às
diferenças como essenciais para a convivência harmônica em uma sociedade tão
heterogênea. Desse modo, verifica-se a ineficácia de famílias e escolas em desestimular,
rigorosamente,
rigorosament e, qualquer ação de caráter discriminatório contra surdos.
Portanto, a fim de garantir que surdos tenham pleno acesso à formação
educacional, cabe ao Estado, mediante o redirecionamento de verbas, realizar as
adaptações necessárias em todas as escolas e as universidades públicas, como o
oferecimento de cursos gratuitos que capacitem profissionais da educação para se
comunicarem em Libras
nessas instituições. e a contratação
Outrossim, de mais
famílias e escolas, porintérpretes da Libras para diálogos
meio de, respectivamente, atuarem
frequentes e palestras, devem debater acerca da aceitação às diferenças como fator
essencial para o convívio coletivo, de modo a combater o bullying e a formar um
paradigma comportamental de total respeito aos deficientes auditivos.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

JOÃO PEDRO BELLUZO


Na antiga pólis de Esparta, havia a prática da eugenia, ou seja, a segregação dos
denominados “imperfeitos”, como, por exemplo, os deficientes. Passados 2000 anos, o
preconceito contra esse grupo ainda prevalece socialmen
socialmente
te e afeta, principalmente, a área
da educação. Nesse contexto, os surdos são grandes vítimas da exclusão no processo de
formação educacional, o que traz desafios e a busca por autonomia e pela participação de
pessoas com essa deficiência no espaço escolar brasileiro.
Para o filósofo francês Voltaire, a lei essencial para a prática da igualdade é a
tolerância. Porém, nas escolas, onde as diferenças aparecem, essa característica não se
concretiza. Nesse ambiente, a surdez se torna motivo para discriminação e para o
bullying, contrariando o objetivo da educação de elevar e emancipar o indivíduo, como
defende o sociólogo Paulo Freire, idealizador da educação brasileira. Dessa forma, os
surdos, segregados, encontram um alicerce frágil, para alcançar o desenvolvimento de
seus talentos e habilidades.
habilidades.

para osAlém disso, nota-se


deficientes que as
auditivos. Cominstituições
isso, a escolares não oferecem
independência suporte adequado
e a participação desses
indivíduos são comprometidas, o que acentua as desigualdades. Essa ideia se torna
paradoxal quando comparada à Declaração Universal dos Direitos Humanos e à
Constituição Federal (1988), documentos de alta hierarquia, comprovando a necessidade
de incluir e assistir a população surda nos processos educaciona
educacionais
is brasileiros.
Portanto, conclui-se que deve-se tomar medidas que incluam os surdos na
educação, assegurando o desenvolvimento desse grupo. As escolas devem, então,
promover a assistência a esses deficientes, por meio da disponibilização de voluntários
que dominem a linguagem de Libras, principal forma de comunicação da população
surda, com o objetivo de inserir as pessoas com essa deficiência nas salas de aula,
facilitando também o aprendizado. A mídia deve, ainda, mostrar, com exemplos, a
igualdade que deve prevalecer no ambiente escolar, acabando com o preconceito e com o
bullying. Com essas
serão incluídos medidas,educacionais
nos processos a eugenia social será os.
brasileirminimizada e os deficientes auditivos
brasileiros.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

EDUARDA JUDITH JACOME SILVA


Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU promulgou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, a qual assegura, em plano internacional, a igualdade e a dignidade da
pessoa humana. Entretanto, no Brasil, há falhas na aplicação do princípio da isonomia no
que tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Consequentemente,
Consequentemente, a formação
educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise acerca dos entraves que
englobam esta problemática.
problemática.
Em primeiro lugar, cabe pontuar que as instituições de ensino apresentam, em
sua maioria, um sistema pouco inclusivo. Embora a Lei Brasileira de Inclusão (LBI)
atenda a Convenção do Direito da Pessoa com Deficiência, realizada em 2006 pela ONU,
sua finalidade encontra obstáculos, seja na estrutura escolar vigente, seja na falta de
preparo do corpo docente. Prova disso são as escolas regulares e as universidades que
não se adequaram à comunicação em Libras, bem como exames avaliatórios que não
garantem tal acessibilidade. Nesse sentido, os surdos recebem uma educação frágil,
desigual e excludente.
Além disso, a ineficiente integração no âmbito escolar/acadêmico resulta em
efeitos fora dele. Conforme afirmou Aristóteles, é preciso tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais, na medida exata de suas desigualdades. Contudo, a
instrução de aristotélica não é vista na prática, uma vez que o mercado de trabalho
oferece poucas oportunidades, ainda que o deficiente auditivo tenha concluído o ensino
superior. Paralelamente a isso, o comportamento contemporâneo, o qual prioriza o
individualismoo e a competição, intensifica a exclusão visto que a deficiência em questão é
individualism
alvo de uma visão equivocada de incapacidade funcional. Desse modo, as implicações de
uma educação que não se adapta às diferenças são visíveis.
Diante do exposto, faz-se necessária uma complementação nas instituições
sociais secundárias a fim de promover uma formação educacional coerente com as leis e
as resoluções. Para tanto, o Ministério da Educação deve impor diretrizes de um projeto
pedagógico
professores, inclusivo,
bem como como
cursosapara
obrigatoriedade
os formados.de aulas deo Estado,
Ademais, Libras na graduação
através de
do corpo
legislativo, deve propor incentivos fiscais às grandes empresas que instituírem um
percentual proporcional
proporcional na contratação de pessoas com alguma restrição física, incluindo
a auditiva. Assim, os direitos básicos inerentes à vida e à liberdade, consagrados na Carta
Magna, poderão ser cumpridos.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ENEM-2018: A manipulação
manipulação do usuário
controle de dados na internet 
pelo controle

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LUCAS FELPI
No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um
Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo,
a Mim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa
foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que
diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do
Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da Micção, é fato que a realidade
apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI:
gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a
restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público,
preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias,
internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na
internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtrados de informação a
partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Bauman, vive-se
atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só
possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas
para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são
inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o
consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no
comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o
que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e
fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série
televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para
relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as
que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o
objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir
conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo
homogêneo
e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual.
Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o
Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais,
campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos
inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação,
sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e
manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a
passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha
que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as
novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

CLARA DE JESUS
“Black Mirror” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia no
cotidiano de uma sociedade futura. Em um de seus episódios, é apresentado um
dispositivo que atua como uma babá eletrônica mais desenvolvida, capaz de selecionar
as imagens e sons que os indivíduos poderiam vivenciar. Não distante da Micção, nos
dias atuais, existem algoritmos especiais ligados em filtrar informações de acordo com a
atividade “online” do cidadão. Por isso, torna-se necessário o debate acerca da
manipulação comportamental
comportamental do usuário pelo controle de dados na internet.
Primeiramente, é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de
maneira, cada vez mais, precoce. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de 201,
apenas 35% dos entrevistados, que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos,
nunca haviam utilizado a internet. Isso acontece porque desde cedo a criança tem contato
com aparelhos tecnológicos que necessitam da disponibilidade de uma rede de
navegação, que memoriza cada passo que esse jovem indivíduo dá para traçar um perMil
de interesse dele e, assim, fornecer assuntos e produtos que tendem a agradar ao usuário.
Dessa forma, o uso da internet torna-se uma imposição viciosa para relações sócio-
econômicas.
Em segundo lugar, o ser humano perde sua capacidade de escolha. Conforme o
conceito de “mortificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o
que ocorre na internet que induz o indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal
preceito afirma que, por influência de fatores coercitivos, o cidadão perde seu
pensamento individual e junta-se a uma massa coletiva. Dentro do contexto da internet, o
usuário, sem perceber, é induzido a entrar em determinados sites devido a um
“bombardeio” de propagandas que aparece em seu dispositivo conectado. Evidencia-se,
portanto, uma falsa liberdade de escolha quanto ao que fazer no mundo virtual.
Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve
formular leis que limitem esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por
meio de direitos
midiática. e punições
As escolas, aos quecom
em parceria descumprirem, a Mim de
as famílias, devem acabar
inserir com essa sobre
a discussão imposição
esse
tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestrantes,
com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir
“online”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a
tecnologia a seu favor
favor.. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

THAIS SAEGER
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas
esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao
uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois
permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo
com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de
informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é
necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e
econômicos.
É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na
internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande
parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na
qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa
vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites mais visitados por
determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus
interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma
analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma
vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma,
libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado - neste caso, a manipulação.
Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal
controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente
desde o Mim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse
âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da
rede produtos que eles acreditam ser personalizados. Partindo desse pressuposto, esse
cenário corrobora o termo "ilusão da contemporaneidade" defendido pelo filósofo Sartre,
 já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada
diferenciada mas, na
verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo.

Infere-se,
relação com portanto,
aspectos que o controle
educacionais do comportamento
e econômicos. Desse modo,dos usuários possui
é imperiosa íntima
uma ação do
MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os
alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por
intermédio da checagem de dados, com o Mito de estimular o senso crítico dos
estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o
MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através
de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na
construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e
menos iludida.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VANESSA
 VANESSA TUDE
O mundo conheceu novos equipamentos ao longo do processo de
industrialização, com destaque para os descobrimentos da Terceira Revolução Industrial,
que possibilitou a expansão dos meios de comunicação e controle de dados em inúmeros
países. Entretanto, as ferramentas recém descobertas foram utilizadas de forma
inadequada, como por exemplo, durante a Era Vargas. Com efeito, a má utilização dessas
tecnologias contribui com a manipulação comportamental dos usuários que se
desenvolve devido não só à falta de informação popular como também à negligência
governamental.
Primeiramente, vale ressaltar o efeito que a falta de informação possui na
manipulação das pessoas. Consoante à Teoria do Habitus elaborada pelo sociólogo
francês Pierre Bourdieu, a sociedade possui padrões que são impostos, naturalizados e,
posteriormente, reproduzidos pelos indivíduos. Nessa perspectiva, a possibilidade da
coleta de dados virtuais, como sites visitados e produtos pesquisados, por grandes
empresas ocasiona a divulgação de propagandas específicas com o Mito de induzir a
efetivação da compra da mercadoria anunciada ou estimular um estilo de vida. Assim, o
desconhecimento dessa realidade permite a construção de uma ilusão de liberdade de
escolha que favorece unicamente as empresas. Dessa forma, medidas são necessárias
para alterar a reprodução, prevista por Bourdieu, dessas estratégias comerciais que
afetam negativamente inúmeros indivíduos.
Ademais, a influência de milhares de usuários se dá pela negligência e abuso de
poder governamental. Durante a Era Vargas, a manipulação comportamental dos
brasileiros foi uma realidade a partir da criação do Departamento de Imprensa e
Propaganda que possuía a função de fiscalizar os conteúdos que seriam divulgados nos
meios de comunicação usando o controle da população. Nos dias atuais, com o auxílio da
internet, as pessoas estão mais expostas, uma vez que o governo possui acesso aos dados
e históricos de navegação que possibilitam a ocorrência de uma obediência influenciada
como ocorreu na Era Vargas. Desse modo, urge a extrema necessidade de alterações
estruturais para a ocorrência de uma liberdade comportamental de todos.
Impende, portanto, que a manipulação do comportamento através do controle de
dados na internet deixe de ser realidade. Nesse sentido, cabe ao Governo, por meio do
aumento da parcela de investimentos com prioridade, fiscalizar e punir instituições que
utilizem essa estratégia de direcionamento através de multas e aumento na cobrança de
impostos. Essa inciativa tem a finalidade de propor o uso adequado das tecnologias
descobertas durante, e posteriormente, a Terceira Revolução Industrial e,
consequentemente, erradicar a manipulação comportamental dos indivíduos através dos
dados coletados na internet.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

JAMILLE BORGES
A série britânica “Black Mirror” é caracterizada por satirizar a forma como a
tecnologia pode afetar a humanidade. Dentre outros temas, o seriado aborda a influência
dos algoritmos na opinião e no comportamento das personagens. Fora da Micção, os
efeitos do controle de dados não são diferentes dos da trama e podem comprometer o
senso crítico da população brasileira. Assim, faz-se pertinente debater acerca das
consequências da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet.
Por um lado, a utilização de algoritmos possui seu lado positivo. A internet
surgiu no período da Guerra Fria, com o intuito de auxiliar na comunicação entre as
bases militares. Todavia, com o passar do tempo, tal ferramenta militar popularizou-se e
abandonou, parcialmente, a característica puramente utilitária, adquirindo função de
entretenimento. Hoje, a internet pode ser utilizada para ouvir músicas, assistir a filmes,
ler notícias e, também, se comunicar. No Brasil, por exemplo, mais da metade da
população está “conectada” – de acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) -, o que significa a consolidação da internet no país e, nesse
contexto, surge a relevância do uso de dados para facilitar tais ações.
Por outro lado, o controle de dados ressalta-se em seu lado negativo. Segundo o
sociólogo Pierre Levy, as sociedades modernas vivem um fenômeno por ele denominado
“Novo Dilúvio” – termo usado para caracterizar a dificuldade de “escapar” do uso da
internet. Percebe-se que o conceito abordado materializa-se em apontamentos do IBGE,
os quais expõem que cerca de 85% dos jovens entre 18 e 24 anos de idade utilizaram a
ferramenta em 2016. Tal quadro é preocupante quando atrelado aos algoritmos, pois estes
causam, principalmente, nos jovens a redução de sua capacidade crítica – em detrimento
de estarem sempre em contato com informações unilaterais,
unilaterais, no tocante ao ponto de vista,
e pouco distoantes de suas próprias vivências e opiniões -, situação conhecida na
Sociologia como “cognição preguiçosa” – a qual culmina na manipulação do ser.

controleEntende-se, portanto,
de dados. Desse modo,que é necessário
cabe que a população
às escolas desenvolverem entenda os
a percepção dosriscos do
perigos
da “cognição preguiçosa” para a formação da visão de mundo dos seus alunos, mediante
aulas de informática unidas à disciplina de Sociologia – voltadas para uma educação não
só técnica, mas social das novas tecnologias -, a Mim de ampliar nos jovens o interesse
por diferentes opiniões e, consequentemente, reduzir os efeitos adversos da
problemática. Posto isso, será superado o controle do comportamento do usuário e não
mais viveremos em um Brasil análogo à trama de “Black Mirror”.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LÍVIA TAUMATURGO
Segundo as ideias do sociólogo Habermas, os meios de comunicação são
fundamentais para a razão comunicativa. Visto isso, é possível mencionar que a internet
é essencial para o desenvolvimento da sociedade. Entretanto, o meio virtual tem sido
utilizado, muitas vezes, para a manipulação do comportamento do usuário, pelo controle
de dados, podendo induzir o indivíduo a compartilhar determinados assuntos ou a
consumir certos produtos. Isso ocorre devido `falha de políticas públicas efetivas que
auxiliem o indivíduo a “navegar”, de forma correta, na internet, e à ausência de
consciência, da grande parte da população, sobre a importância de saber utilizar
adequadamente o meio virtual. Essa realidade constituiu um desafio a ser resolvido não
somente pelos poderes públicos, mas também por toda a sociedade.
No contexto relativo à manipulação do comportamento do usuário, pode-se citar
que no século XX, a Escola de Frankfurt já abordava sobre a “ilusão de liberdade do
mundo contemporâneo”, afirmando que as pessoas eram controladas pela “indústria
cultural”, disseminada pelos meios de comunicação de massa. Atualmente, é possível
traçar um paralelo com essa realidade, visto que milhões de pessoas no mundo são
influenciadas e, até mesmo, manipuladas, todos os dias pelo meio virtual, por meio de
sistemas de busca ou de redes sociais, sendo direcionadas a produtos específicos, o que
aumenta, de maneira significati
significativa,
va, o consumismo exacerbado. Isso é intensificado devido
à carência de políticas públicas efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar”
corretamente na internet, explicando-lhe sobre o posicionamento do controle de dados e
ensinando-lhe sobre como ser um consumidor consciente.
Ademais, é importante destacar que grande parte da população não tem
consciência da importância da utilização, de forma correta, da internet, visto que as
instituições formadoras de conceitos morais e éticos não têm preconizado, como
deveriam, o ensino de uma polarização digital”, como faz o projeto Digipo (“Digital
Polarization Iniciative”),
Iniciative”), o qual auxilia os indivíduos a acessarem páginas comparáveis e,
assim, diminui, o compartilhamento de notícias falsas, que, muitas vezes, são lançadas
por moderadores virtuais. Nesse sentido, como disse o empresário Steve Jobs, “A
tecnologia move o mundo”, ou seja, é preciso que medidas imediatas sejam tomadas para
que a internet possa ser usada no desenvolvimento da sociedade, ajudando as pessoas a
se comunicarem plenamente.
Portanto, cabe aos Estados, por meio de leis e de investimentos, com um
planejamento adequado, estabelecer políticas públicas efetivas que auxiliem a população
a “navegar”, de forma correta, na internet, mostrando às pessoas a relevância existente
em utilizar o meio virtual racionalmente, a Mim de diminuir, de maneira considerável, o
consumo exacerbado, que é intensificado pela manipulação do comportamento do
usuário pelo controle de dados. Além disso, é de suma importância que as instituições
educacionais promovem, por meio de campanhas de conscientização, para pais e alunos,
discussões engajadas sobre a imprescindibilidade de saber usar, de maneira cautelosa, a
internet, entendendo a relevância de uma “polarização digital” para a concretização da

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

razão comunicativa, com o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento


pleno da sociedade.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

SÍLVIA FERNANDA LIMA


No livro Admirável Mundo Novo do escritor inglês Aldous Huxley é retratada
uma realidade distópica na qual o corpo social padroniza-se pelo controle de informações
e traços comportamentais. Tal obra fictícia, em primeira análise, diverge
substancialmente da realidade contemporânea, uma vez que valores democráticos
imperam. No entanto, com o influente papel atribuído à internet, configurou-se uma
liberdade paradoxal tangente à regulamentação de dados. Assim, faz-se profícuo
observar a parcialidade informacional e o consumo exacerbado como pilares
fundamentais da problemática.
Em primeiro plano, a estruturação do meio cibernético fomenta a conjuntura
regida pela denominada denominada pós-verdade, traduzida na sobreposição do
conhecimento fundamentado por conotações subjetivas de teor apelativo. Nesse
contexto, como os algoritmos das ferramentas de busca fornecem fontes correspondentes
às preferências de cada usuário, cria-se uma assimilação unilateral, contendo
exclusivamente aquilo que promove segurança emocional ao indivíduo e favorece a
reprodução automatizada de pensamentos. Desse modo, com base nas premissas
analíticas do escritor francês Guy Debord, pelo fato de o meio digital ser mediatizado por
imagens, o sujeito é manipulado de forma alienante, mitigando do seu senso crítico e
capacidade de compreender a pluralidade de opiniões.
Outrossim, a detenção de dados utilizada para a seleção de anúncios fomenta o
fenômeno do consumismo. Sob esse viés, posto que a sociedade vigente é movida pelo
desempenho laboral e pela autoexploração, como preconizou o filósofo sul- coreano
Byung Chul-Han, o consumo apresenta-se como forma de aliviar as inquietações
resultantes desse quadro e alternativa para uma felicidade imediata. Então, na medida
em que os artigos publicitários exibidos na internet são direcionados individualmente, o
estímulo à compra denota-se ainda mais magnificado, funcionando como fator adicional
à busca por alívio paralelamente à construção de hábitos desequilibrados
desequilibrados e prejudiciais.
prejudiciais.

apresentaPortanto, minimizar
como tarefa os impactos
fácil, porém, negativos
tornar-se-á da inserção
possível node
por meio ciberespaço não se
uma abordagem
educacional. Dessa forma, o Ministério da Educação deve elaborar um projeto de
educação digital tendo com perspectiva basilar o ensino emancipatório postulado pelo
filósofo alemão Theodor Adorno. Essa ação pode ser constituída por frequentes debates
incluindo problematizações e a criação de reformulações conscientes relacionadas aos
perigos delimitados pela manipulação do comportamento online nos ensinos
Fundamental II e Médio das escolas públicas e particulares. Tal medida deve incluir a
mediação de professores de Sociologia e Filosofia, além de especialistas em Cultura
Digital, com o objetivo de modular nos alunos autonomia e criticidade no uso da
internet. EnMim, será possível a construção de uma juventude responsável e dificilmente
manipulada, sem nenhuma semelhança a obra de Aldous Huxley.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

MARIA EDUARDA FIONDA


George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os
meios de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da
população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma Micção,
o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na
atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações
previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões
econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a Mim de serem devidamente
compreendidas
compreendid as e combatidas.
Convém ressaltar, em primeiro plano, que o problema advém, em muito, de
interesses econômicos. Segundo o sociólogo alemão Theodor Adorno, a chamada
“Indústria Cultural”, visando o lucro, tende a massificar e uniformizar os gostos a partir
do uso dos meios de comunicação. Sob esse viés, é possível depreender que a utilização
de dados dos internautas por determinados grupos empresariais constitui uma estratégia
de divulgação da produtos e pensamentos conforme seus interesses. Dessa maneira,
ocorre a seleção de informações e propagandas favoráveis a essas empresas, levando o
usuário a agir e consumir inconscientemente, de acordo com padrões estabelecidos por
esses grupos.
Outrossim, o mau uso das novas tecnologias corrobora com a perpetuação dessa
problemática. Sob a ótica do teórico da comunicação Marshall McLuhan, “os homens
criam as ferramentas e as ferramentas recriam o homem”. Nessa perspectiva, é
perceptível que o advento da internet, apesar de facilitar o acesso à informações,
contribui com a diminuição do senso crítico acerca do conteúdo visualizado nas redes.
Isso ocorre, principalmente, por conta do bombardeamento constante de propagandas e
notícias, muitas vezes, sem a devida profundidade e sem o acompanhamento de análises
de veracidade. Consequentemente, os internautas são cada vez menos estimulados a
questionar o conteúdo recebido, culminando, então, em um ambiente favorável à
manipulação de comportamentos.
comportamentos.
É possível defender, portanto, que impasses econômicos e sociais constituem
desafios a superar. Para tanto, o Poder Público deve restringir o acesso de empresas a
dados pessoais de usuários da internet, por meio da elaboração de uma legislação eficaz
referente ao problema. Ademais, a mídia, associada a ONGs, deve alertar a população
sobre as mazelas de não questionar o conteúdo acessado em rede, por meio de
campanhas educativas. Isso pode ocorrer com a realização de narrativas ficcionais
engajadas, como novelas e seriados, e reportagens que tratem do tema, a Mim de
contribuir com o uso crítico das novas tecnologias. Assim, será possível restringir
restringir,, de fato,
a distopia de Orwell à Micção.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

PEDRO ASSAD
As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no mundo globalizado,
foram marcadas por consideráveis avanços científicos, dentre os quais destacam-se as
tecnologias de informação e comunicação (TICs). Nesse sentido, tal panorama promoveu
a ampliação do acesso ao conhecimento, por intermédio das redes sociais e mídias
virtuais. Em contrapartida, nota-se que essa realidade impôs novos desafios às
sociedades contemporâneas, como a possibilidade de manipulação comportamental via
dados digitais. Desse modo, torna-se premente analisar os principais impactos dessa
problemática: a perda da autonomia de pensamento e a sabotagem dos processos
políticos democráticos.
democráticos.
Em primeira análise, é lícito postular que a informação é um bem de valor social,
o qual é responsável por modular a cosmovisão antropológica pessoal e influenciar os
processos de decisão humana. Nesse raciocínio, as notícias e acontecimentos que chegam
a um indivíduo exercem forte poder sobre tal, estimulando ou suprimindo sentimentos
como empatia, medo e insegurança. É factual, portanto, que a capacidade de selecionar -
via algoritmos - as reportagens e artigos que serão vistos por determinado público
constitui ameaça à liberdade de pensamento crítico. Evidenciando o supracitado, há o
livro " Rápido e devagar: duas formas de pensar", do especialista comportamenta
comportamentall Daniel
Khaneman, no qual esse expõe e comprova - por meio de décadas de experimentos
socioculturais - a incisiva influência dos meios de comunicação no julgamento humano.
Torna-se clara, por dedução analítica, a potencial relação negativa entre a manipulação
digital por dados e a autonomia psicológica
psicológica e racional da população.
Ademais, é preciso compreender tal fenômeno patológico como um atentado às
instituições democráticas. Isso porque a perspectiva de mundo dos indivíduos coordena
suas escolhas em eleições e plebiscitos públicos. Dessa maneira, o povo tende a agir
segundo o conceito de menoridade, do filósofo iluminista Immanuel Kant, no qual as
decisões pessoais são tomadas pelo intelecto e influência de outro. Evidencia-se, assim,
que o domínio da seletividade de informações nas redes sociais, como Facebook e
Twitter, pode representar uma sabotagem ao Estado Democrático.
Em suma, a manipulação comportamental pelo uso de dados é um complexo
desafio hodierno e precisa ser combatida. Dessarte, as instituições escolares -
responsáveis por estimular o pensamento crítico na população - devem buscar fortalecer
a capacidade de julgamento e posicionamento racional nos jovens. Isso pode ser feito por
meio de palestras, aulas e distribuição de materiais didáticos sobre a filosofia criticista e
sociologia, visando aprimorar o raciocínio autônomo livre de influências. Em paralelo, as
grandes redes sociais, interessadas na plenitude de seus usuários, precisam restringir o
uso indevido de dados privilegiados. Tal ação é viável por intermédio da restrição do
acesso, por parte de entidades políticas, aos algoritmos e informações privadas de
preferências pessoais, objetivando proteger a privacidade do indivíduo e o exercício da
democracia plena. Desse modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto nocivo
do controle comportamental moderno, e a sociedade alcançará o estágio da maioridade
Kantiana.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 ANDRÉ BAHIA
Segundo Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, a tecnologia move
o mundo. Contudo, os avanços tecnológicos não trouxeram apenas avanços à sociedade,
uma vez que bilhões de pessoas sofrem a manipulação oriunda do acesso aos seus dados
no uso da internet. Nesse sentido, esse processo é executado por empresas que buscam
potencializar a notoriedade dos seus produtos e conteúdos no meio virtual. Sob tal ótica,
esse cenário desrespeita princípios importantes da vida social, a saber, a liberdade e a
privacidade.
De acordo com Jean Paul Sartre, o homem é condenado a ser livre. Nessa lógica,
o uso de informações do acesso pessoal para influenciar o usuário confronta o
pensamento de Sartre, visto que o indivíduo tem sua liberdade de escolher impedida
pela imposição de conteúdos a serem acessados. Dessa forma, a internet passa a ser um
ambiente pouco democrático e torna-se um reflexo da sociedade contemporânea, na qual
as relações de lucro e interesse predominam. Faz-se imprescindível, portanto, a
dissolução dessa conjuntura.
Outrossim, é válido ressaltar que, conforme Immanuel Kant, o princípio da ética
é agir de forma que essa ação possa ser uma prática universal. De maneira análoga, a
violação da privacidade pelo acesso aos dados virtuais sem a permissão das pessoas vai
de encontro à ética kantiana, dado que se todos os cidadãos desrespeitassem a
privacidade alheia, a sociedade entraria em profundo desequilíbrio. Com base nisso, o
uso de informações virtuais é prejudicial à ordem social e, por conseguinte, torna- se
contestável quando executado sem consentimento.
Em suma, são necessárias medidas que atenuem a manipulação do
comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Logo, a Mim de dar
liberdade de escolha ao indivíduo, cabe às empresas de tecnologia solicitar a autorização
para o uso dessas informações, por meio de advertências com linguagem clara, tendo em
vista a linguagem técnica utilizada, atualmente, por avisos do tipo. Ademais, compete ao
cidadão
EnMim, aficar atento
partir a essa
dessas ações,questão, de modo
as tecnologias, a cobrar
como e pressionar
disse Steve essas empresas.
Jobs, moverão o mundo
para frente.

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ISABEL PETRENKO DÓRIA


Em “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing prejudica o avanço da
Alemanha nazista quando consegue decifrar os algoritmos correspondentes ao projeto de
guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, desde a segunda metade do século XX, a
relevância do conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo,
diferentemente
diferenteme nte desse contexto, atualmente, utiliza-se, muitas vezes, a tecnologia não para
o bem coletivo, como no filme, mas para vantagens individuais, mediante a manipulação
de dados de usuários da internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que tornam
essa problemática uma realidade no mundo contemporâneo.
Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de regulação dos sites quanto ao
acesso aos dados de quem está inserido no ambiente virtual. Segundo o filósofo Kant, a
pessoa é um Mim em si mesma, e não um meio de conseguir atingir interesses
particulares. Nesse sentido, rompe-se com tal lógica humanista ao verificar-se que, hoje,
muitas empresas transformam o consumidor em um instrumento de lucro. Isso ocorre
porque os entraves para o controle da manipulação, caracterizados pela dificuldade de
identificação dos agentes de tal ação, inviabilizaram a proteção dos usuários, sobretudo
nas redes sociais, que são o principal elo de ligação das pessoas com as empresas e suas
propagandas publicitárias. Por conseguinte, os indivíduos são bombardeados por
anúncios, que contribuirão para traçar perMis individuais, direcionar o consumo e,
ainda, influenciar as escolhas e gostos de cada um.
Ademais, outro fator a salientar é a falta de informação no que tange à internet.
Com o advento da Terceira Revolução Industrial, nota-se uma população cada vez mais
rodeada de tecnologia, porém despreparada para lidar com ela. Percebe-se, em grande
parte das instituições de ensino, que a educação é incompleta, visto que, apesar de, desde
a infância, ter contato com computadores e celulares, a criança cresce sem saber discernir
corretamente quais dados podem ser públicos e como protegê-los de sistemas
inteligentes. Logo, é mister providencia uma reconfiguração no ensino para formar
indivíduos conscientes dos riscos que a internet pode oferecer.
Torna-se evidente, portanto, que a manipulação do comportamento do usuário é
nociva ao direito dele à privacidade. Assim, cabe ao Executivo combater a manipulação
de doados, mediante o investimento no Ministério da Ciência e Tecnologia, que
aprimorará a fiscalização dos sistemas virtuais de empresas e desenvolverá um setor de
tecnologia da informação, rumo à ampla proteção dos usuários do ambiente cibernético.
Outrossim, compete ao legislativo inserir na grade curricular disciplinas como
Informática e Educação Tecnológica, por meio da alteração na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, a qual permitirá um suporte de ensino sobre as ameaças aos dados virtuais e
sobre como lidar com as redes sociais, a Mim de criar uma maior preocupação com a
segurança das informações. Dessa forma, será possível construir uma sociedade mais
autônoma e menos guiada pelos interesses empresariais.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

RYLA LÍDICE VARELA DE MELO


A obra musical "Admirável Chip Novo", da cantora Pitty, retrata a manipulação
das ações humanas em razão do uso das tecnologias, que findam por influenciar o
comportamento dos indivíduos. Não obstante, tal questão transcende a arte e mostra-se
presente na realidade brasileira
brasileira através da filtragem de dados na internet e sua utilização
como ferramenta de determinação de atitudes, consequência direta do interesse do
mercado globalizado e da vulnerabilidade dos usuário. Assim, torna- se fundamental a
discussão desses aspectos, a Mim do pleno funcionamento da sociedade.
Convém ressaltar, a princípio, o estabelecimento do comércio virtual e sua
contribuição para a continuidade da problemática. Quanto a esse fator, é válido
considerar a alta capacidade publicitária da web, bem como sua consolidação enquanto
espaço mercantil - possibilitador de compra e venda de produtos. Sob esse aspecto, o
célebre géografo, Milton Santos, afirma a existência de relação entre o desenvolvimento
técnico-científico e as demandas da globalização, justificando, assim, a constante oferta
de conteúdos culturais e comerciais que podem ser adquiridos pelos usuários, de modo a
fortalecer o mercado mundial e o capitalismo.
Paralelo a isso, a imperícia social vinculada ao déficit em letramento digital
fomenta a perpetuação do impasse. Nesse viés, as instituições educacionais ainda não são
eficazes na educação tecnológica, por não contarem com estrutura profissional e material
voltado ao tema. Ademais, a formação de indivíduos vulneráveis possibilita a ação do
mecanismo que pode transformar comportamentos, tornando-os passíveis de alienação.
Essa conjuntura contraria o Estado proposto pelo filósofo John Locke - assegurador de
liberdade -, gerando falsa sensação de autonomia e expondo internautas a um ambiente
não transparente, em que decisões são previamente programadas por outrem.
Em suma, faz-se imprescindível a tomada de medidas atenuantes ao entrave
abordado. Posto isso, concerne ao Estado, mediante os Ministérios da Educação e Ciência
e Tecnologia, a criação de um plano educacional que vise a elucidar a população quanto
aos riscosTal
digitais. daprojeto
navegação
devenaserrede e à necessidadena
instrumentalizado de oferta
adaptação aos novostecnológicos
de aparelhos instrumentos
às
escolas, para a promoção de palestras e aulas práticas sobre o uso da tecnologia,
mediadas por técnicos e professores da área, objetivando a qualificação dos usuários e a
prevenção de casos de manipulação de atitudes. Dessa maneira, o Brasil poderá garantir
a liberdade de seus cidadãos e o Estado lockeano poderá ser consolidado.

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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

IOHANA FREITAS DA SILVA


Por consequência da Revolução Científica, o acesso à tecnologia favorece o
contato com uma farta veiculação de informações, as quais são constantemente
manipuladas. Nesse sentido, o controle de dados presente na internet reverbera uma
arquitetura de comportamento da sociedade, sendo imperiosa a ampliação de medidas a
Mim de minimizar os impactos ocasionados por esse cenário. Ademais, é fulcral ressaltar
a ausência de pensamento crítico como causa, bem como os prejuízos sociais fomentados
em decorrência disso.
Em primeiro plano, urge analisar a falta de criticismo dos usuários mediante a
internet. Nesse contexto, a falta de percepção crítica acerca das informações adquiridas
nas redes por parte dos indivíduos implica uma falsa ideia de liberdade de escolha, já
que os meios de comunicação deMinem a noção de mundo dos seus usuários. Com
efeito, tal conjuntura é análoga à “menoridade intelectual”, proposta por Kant, a qual
caracteriza a falta de autonomia dos indivíduos sobre seus intelectos, uma vez que a
sociedade torna-se refém da manipulação de dados da internet e, consequentemente, tem
seu comportamento moldado.
Outrossim, questões sociais estão intimamente ligadas ao controle de
informações na internet. Nesse âmbito, a cegueira moral, fenômeno exposto por José
Saramago em sua obra “Ensaio sobre cegueira”, caracteriza a alienação da sociedade
frente as demais realidades sociais, a qual é fomentada pela restrição do pleno acesso à
informação pelos meios de comunicação. Dessa feita, as redes sociais propiciam a
formação de “bolhas sociais”, de modo a manipular o comportamento do indivíduo,
além de restringir sua ideia acerca da conjuntura vivida.
Em síntese, medidas devem ser efetivadas a Mim de mitigar os impactos
causados pelo controle de dados na internet. Desse modo, as escolas devem promover a
educação em informática, por meio de aulas sobre o uso consciente da tecnologia e da
informação – as quais utilizem computadores e celulares – com vistas a induzir o
pensamento
consciente dacrítico desdepor
internet, a infância. Além
intermédio do disso, cabe à sociedade
policiamento acerca daefetivar o uso
obtenção de
informações, as quais devem ser originadas de fontes confiáveis – com o intuito de
assegurar uma mudança de pensamento social. Dessa forma, garantir-se-a o combate à
manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

NATÁLIA CRISTINA PATRÍCIO DA SILVA


A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos não é
recente no Brasil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da divulgação de uma falsa
ameaça comunista para legitimar a implantação de um governo ditatorial. Entretanto, os
atuais mecanismos de controle de dados, proporcionados pela internet, revolucionaram
de maneira negativa essa prática, uma vez que conferiram aos usuários uma sensação
ilusória de acesso à informação, prejudicando a construção da autonomia intelectual e,
por isso, demandam intervenções. Ademais,
Ademais, é imperioso ressaltar os principais impactos
da manipulação, com destaque à influência nos hábitos de consumo e nas convicções
pessoais dos usuários.
Nesse contexto, as plataformas digitais,
digitais, associadas aos algoritmos de filtragem de
dados, proporcionaram
proporcionaram um terreno fértil para a evolução dos anúncios publicitários. Isso
ocorre porque, ao selecionar os interesses de consumo do internauta, baseado em
publicações feitas por este, o sistema reorganiza as informações que chegam até ele, de
modo a priorizar os anúncios complacentes ao gosto do usuário. Nesse viés, há uma
pretensa sensação de liberdade de escolha, teorizada pela Escola de Frankfurt, já que
todos os dados adquiridos estão sujeitos à coerção econômica. Dessa forma, há um
bombardeioo de propagandas que influenciam os hábitos de consumo de quem é atingido,
bombardei
visto que, na maioria das vezes, resultam na aquisição do produto anunciado.
Somado a isso, tendo em vista a capacidade dos algoritmos de selecionar o que
vai ou não ser visto, esses podem ser usados para moldar interesses pessoais dos leitores,
a Mim de alcançar objetivos políticos e/ou econômicos. Nesse cenário, a divulgação de
notícias falsas é utilizada como artifício para dispersar ideologias, contaminando o
espaço de autonomia previsto pelo sociólogo Manuel Castells, o qual caracteriza a
internet como ambiente importante para a amplitude da democracia, devido ao seu
caráter informativo e deliberativo. Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao
desenvolvimento da consciência estética dos usuários, bem como à possibilidade de uso
da internet como instrumento
Evidencia-se, deque
portanto, politização.
a manipulação advinda do controle de dados na
internet é um obstáculo para a consolidação de uma educação libertadora. Por
conseguinte, cabe ao Ministério da Educação investir em educação digital nas escolas,
por meio da inclusão de disciplinas facultativas, as quais orientarão aos alunos sobre as
informações pessoais publicadas na internet, a Mim de mitigar a influência exercida
pelos algoritmos e, consequentemente, fomentar o uso mais consciente das plataformas
digitais. Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas
de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de
indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o projeto “The Trust
Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de
informações falsas e o impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira
poderá se proteger contra a manipulação e a desinformação.
desinformação.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

RAUL REZENDE
De acordo com o sociólogo positivista Auguste Comte, a sociedade funciona
como um organismo vivo, por ser composta por partes interdependentes e coesas. Dessa
forma, para que tal modelo funcione harmonicamente, é necessário que os cidadãos não
tenham seus direitos violados. No entanto, na prática, essa teoria não pode ser aplicada
ao Brasil, uma vez que a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados na internet rompe esse ideal e reflete diretamente na realidade hodierna. Nesse
prisma, é pertinente analisar os aspectos políticos e sociais que envolvem essa questão no
país.
Em primeira análise, deve-se ressaltar que a a partir da Terceira Revolução
Industrial, ocorrida na década de 1930, houve um intenso desenvolvimento tecnológico,
amparado na ciência e na integração dos meios informacionais. Nesse ínterim, a internet
foi concebida e gradualmente se difundiu pelo globo e se transformou em uma
ferramenta fundamental na rotina da população civil, atuando, principalmente, como
veículo de informação. Contudo, sabe-se que os dados gerados nessa plataforma são
controlados e, dessa maneira, interferem no comportamento dos usuários. A exemplo
disso, tem-se a veiculação de propagandas na plataforma digital baseadas nos conteúdos
que os indivíduos acessam. Tal realidade vai de encontra ao Marco Civil da Internet, lei
sancionada em 2014 por Dilma Roussef, a qual determinou às empresas envolvidas no
oferecimento de serviços virtuais a neutralidade em relação às informações acessadas
pelos internautas.
Em segunda análise, segundo o filósofo empirista John Locke, o indivíduo nasce
como uma folha em branco, sem conhecimento, e o adquire por meio da experiência.
Partindo desse pressuposto, torna-se nítido o impacto que o controle de dados pode
gerar no comportamento dos cidadãos. Nesse sentido, a circulação de fake news aliada à
divulgação dos assuntos considerados mais relevantes pelas redes sociais são
responsáveiss por gerar grandes conflitos, haja vista que, de acordo com dados do IBGE, a
responsávei
finalidade
que propicia
de maior
a rápida
partedifusão
dos brasileiros
de informações
ao acessar em
a internet
certo setempo.
dedicaÀa comunicação,
vista disso, ae
manipulação dos internautas tem-se apresentado um caos, assim como a obra
“Guernica”, de Pablo Picasso.
Torna-se evidente, porta to, que a questão do controle de dados na internet, no
Brasil, exige medidas concretas. É imprescindível, nesse sentido, que o Ministério da
educação incite na população o desenvolvimento do senso crítico, por meio da inserção
da disciplina Ética e Internet — a qual deve abordar o uso consciente dos meios virtuais
— na grade curricular e ensino, no intuito de conscientizar as futuras gerações sobre a
circulação de falsas informações — fake news — e a imposição da mídia virtual de
assuntos que devem ser considerados relevantes e, assim, evitar conflitos. Ademais, é
mister que as grandes redes de televisão promovam o respeito ao Marco Civil da
Internet, por intermédio da divulgação dos benefícios dessa lei, a Mim de garantir maior
conforto
molde e segurança
proposto no acesso
por Auguste às redes. Desse modo, o país funcionará assim como o
Comte.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

CAROLINA MENDES PEREIRA


Em sua canção "Pela Internet", o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade
de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No
entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos
por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as
notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais direcionados - uma conjuntura
atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal
manipulação do comportamento de usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível
e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz
de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso
do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na
capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor
para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a
cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno
conhecimento da realidade na qual estão inseridos, e de como seu próximo pode
desfrutar do bem comum - já que suas fontes de informações estão direcionadas -, eles
serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do
comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também, ao individualismo e
do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo
pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de
múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão em
constante interação, o que não pode ser limitado pela prévia seleção de informações,
comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa
de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário
criam
que umuma falsapoderia
sujeito sensação de livre-arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades
assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para
tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de
seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas
tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito
pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental - uma vez que as gerações
estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias -, de maneira
lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores
acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras profissionais das
áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de
informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho
traçado para uma sociedade emancipada.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

DAVID KLINSMAN
Para o pensador francês Pierre Bourdieu, “aquilo que foi criado para ser um
instrumento de democracia, não deve ser convertido em uma ferramenta de
manipulação“. Essa visão, embora correta, não é efetivada no hodierno cenário global,
sobretudo no Brasil, posto que se tornou frequente a manipulação do comportamento do
usuário pelo controle de dados na internet, nas diversas relações cotidianas. Isso ocorre,
ora em função do despreparo civil, ora pela inação das esferas governamentais para
conter esse dilema. Assim, hão de ser analisados tais fatores, a fim de que se possa
liquidá-los de maneira eficaz.
A priori, é imperioso destacar que a manipulação da conduta dos usuários, pelo
controle dos seus dados nas plataformas virtuais, é fruto do despreparo civil para lidar
com a influência das tecnologias. Isso porque, mediante a ausência de uma orientação
adequada, os indivíduos são expostos, cotidianamente, a conteúdos selecionados por
algoritmos que direcionam os materiais, segundo os gostos pessoais. Esse panorama se
evidencia, por exemplo, quando se observa a elaboração superficial de um “ranking“
diário de informações em plataformas digitais como “Twitter”, em que o grau de
relevância da disposição de conteúdos já é pré-determinado. Logo, é substancial a
alteração desse quadro que vai de encontro à possibilidade de escolha inerente ao
homem.
Outrossim, é imperativo pontuar que a manipulação dos atos de usuários da
internet, devido ao controle de dados desse público, deriva, ainda, da baixa atuação dos
setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais
recorrências. Isso se torna mais claro, por exemplo, ao se observar o recente cenário das
eleições ocorridas em países da América Latina, como Colômbia, México e Brasil, em que
a difusão desordenada de informações equivocadas, sem efetivas intervenções do Estado,
induziram o comportamento do eleitor.
eleitor. Ora, se um governo se omite diante uma questão
tão importante, entende-se, assim, o porquê de sua continuação. Desse modo, faz-se
mister a Depreende-se,
reformulação dessa posturaa estatal
portanto, de forma
necessidade deurgente.
se combater a manipulação do
comportamento dos usuários pelo controle de dados na internet. Para tanto, cabe ao
Ministério da Educação — ramo do Estado responsável pela formação civil — inserir, nas
escolas, desde a tenra idade, a disciplina de Educação Digital, de cunho obrigatório em
função da sua necessidade, além de difundir campanhas instrucionais, por meio das
mídias de grande alcance, para que o sujeito aja corretamente segundo as próprias
necessidades e escolhas. Ademais, o Governo Central deve impor sanções a empresas, em
especial as virtuais, que criam perfis de usuários para influenciar suas condutas, por via
da instauração de Secretarias planejadas para a atuação no ambiente digital, uma vez que
tais plataformas padecem de fiscalizações efetivas, com o fito de minorar o controle de
comportamentos por particulares. Quiçá, assim, tal hiato reverter-se-á, sobretudo na
perspectiva tupiniquim, fazendo “jus”, deveras, àquilo que fora apregoado pelo
pensador francês Bourdieu.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

FERNANDA CAROLINA SANTOS


No filme “Matrix“, clássico do gênero ficção científica, o protagonista Neo é
confrontado pela descoberta de que o mundo em que vive é, na realidade, uma ilusão
construída a fim de manipular o comportamento dos seres humanos, que, imersos em
máquinas que mantém seus corpos sob controle, são explorados por um sistema
distópico dominado pela tecnologia. Embora seja uma obra ficcional, o filme apresenta
características que se assemelham ao atual contexto brasileiro, pois, assim como na obra,
os mecanismos tecnológicos têm contribuído para alienação dos cidadãos, sujeitando-os
aos filtros de informações impostos pela mídia, o que influencia negativamente seus
padrões de consumo e sua autonomia intelectual.
Em princípio, cabe analisar o papel da internet no controle do comportamento
sob a perspectiva dos sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman. Segundo o autor, o
crescente desenvolvimento tecnológico, aliado ao incentivo ao consumo desenfreado,
resulta numa sociedade que anseia constantemente por produtos novos e por
informações atualizadas. Nesse contexto, possibilita-se a ascensão, no meio virtual, de
empresas que se utilizam de algoritmos programados para selecionar o conteúdo a ser
exibido aos internautas com base em seu perfil socioeconômico, oferecendo anúncios de
produtos e de serviços condizentes com suas recentes pesquisas em sites de busca ou de
compras. Verifica-se, portanto, o impacto da mídia virtual na criação de necessidades que
fomentam o consumo entre os cidadãos.
Ademais, a influência do meio virtual atinge também o âmbito intelectual. Isso
ocorre na medida em que, ao ter acesso apenas ao conteúdo previamente selecionado de
acordo com seu perfil na internet, o indivíduo perde contato com pontos de vistas que
divergem do seu, o que compromete significativamente a construção de seu senso crítico
e de sua capacidade de diálogo. Dessa maneira, surge uma massa de internautas
alienados e despreocupados em checar a procedência das informações que recebem, o
que torna ambiente virtual propício à disseminação das chamadas “fake news“.
Assim,
mídia, na faz-seda
educação necessária
populaçãoa atuação do Ministério
— especialmente dosdajovens,
Educação, em parceria
público com a
mais atingido
pela influência digital — acerca da necessidade do posicionamento crítico quanto ao
conteúdo exposto sugerido na internet. Isso deve ocorrer por meio da promoção de
palestras, que, ao serem ministradas em escolas e universidades, orientem os brasileiros
no sentido de buscar informação em fontes variadas, possibilitando a construção de
senso crítico. Além disso, cabe às entidades em governamentais a elaboração de medidas
que minimizem os efeitos das propagandas que visam incentivar o consumismo. Dessa
forma, será possível tornar o meio virtual um ambiente mais seguro e democrático para a
população brasileira.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

FABRÍCIO VITORINO
Após o fim da Guerra Fria, em 1990, e o estabelecimento do capitalismo em
praticamente todo o mundo, as empresas utilizam-se cada vez mais dos meios midiáticos
e da tecnologia para promoverem seus produtos de maneira direcionada e flexibilizada
aos consumidores. Com efeito, nota-se crescente número de pessoas consumistas e
endividadas, problema agravado na contemporaneidade. Assim, cabe a análise acerca de
causas, consequências e possível solução da problemática.
problemática.
Mormente, é importante ressaltar os fatores que possibilitaram o aumento da
influência midiática. Adorno e Horkheimer, dois importantes filósofos da escola de
Frankfurt, definiram como indústria cultural a padronização e massificação dos produtos
como forma de lucratividade. Tais métodos, aliados às facilidades que a tecnologia traz
em rastrear os sites de compras visitados pelo consumidor, permitem a manipulação das
pessoas por meio de propagandas direcionadas. Desse modo, como dito por Theodor
Adorno, os cidadãos têm a liberdade de escolher sempre a mesma coisa; algo grave,
tendo em vista o ferimento do direito de escolha do indivíduo.
Vale também ressaltar os efeitos desse fenômeno. De acordo com uma pesquisa
publicada no portal G1, os brasileiros passam cerca de 4 horas diárias conectados à rede.
Como grande parte do conteúdo na internet é moldada ao usuário, é cada vez mais
comum encontrar pessoas que passam horas assistindo, ouvindo ou lendo coisas de
interesse próprio, pois essas pessoas são bombardeadas diariamente com sugestões que
atendem ao seu perfil. Dessa maneira, os indivíduos têm sua opinião e comportamento
moldados inconscientemente, podendo criar padrões consumistas, algo que gera
endividamento e desperdício e precisa mudar urgentemente.
Depreende-se, portanto, que o controle dos dados na internet pode ser muito
prejudicial ao cidadão e necessita de mais atenção. O governo federal, como instituição
regulamentadora
regulamenta dora da internet e propaganda, deve criar medidas que controlem e reduzam
a publicidade direcionada, por meio da fiscalização e criação de leis que exijam a
transparência das empresas.
liberdade de escolha garantidaEspera-se, com isso,
e, assim, sejam menosquemanipulados
os brasileiros
pelapossam ter a
mídia, como
Adorno e Horkheimer defendiam.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ISABELLA CAMPOLINA
Em meados do século XX, durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi
desenvolvida a internet. A princípio, tal ferramenta tinha como objetivo facilitar a
comunicação bélica e, por isso, era restrita a um determinado grupo de pessoas.
Entretanto, após o término da guerra a internet foi difundida e alcançou novos públicos.
Além disso, foram atribuídas novas funções à ferramenta que contribuíram para sua
popularização. Atualmente, a tecnologia virtual faz parte da vida da maior parte da
população brasileira, seja para lazer, seja para trabalho. Contudo, embora a internet
ofereça acesso a todo tipo de conteúdo, ela se vale de mecanismos de controle de dados
que manipulam a disposição das informações. Dessa maneira, em razão do Capitalismo e
do ensino tradicionalista, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados da internet torna-se evidente e problemático.
Em primeiro plano, o sistema econômico capitalista corrobora o problema, na
medida em que se vale do ambiente virtual para obter lucro com o desenvolvimento do
comércio online. Isso pode ser verificado com o aumento de lojas e, consequentemente,
de propagandas virtuais. Com isso, foram desenvolvidos padrões de rastreamento de
dados do usuário a fim de personalizar as propagandas de acordo com o tipo de
consumidor. Esse mecanismo contribui para o aumento das vendas, já que o indivíduo é
sutilmente persuadido a comprar um produto que, provavelmente, já o interessava.
Dessa forma, cada cidadão é afetado diretamente por mecanismos de venda e nem
sempre tem conhecimento disso, prejudicando, pois, a democracia pela restrição indireta
da liberdade individual.
Ademais, o falho sistema de ensino — no que diz respeito às novas tecnologias
— contribui para ocorrência do problema. Isso se confirma com a permanência de um
ensino tradicionalista, que exclui os aparelhos tecnológicos da rotina escolar, em oposição
à constante modernização dos aparelhos. Estes, ao invés de serem incorporados à vida
escolar para serem compreendidos e ressignificados como ferramentas úteis ao
conhecimento,
utilizados parasão duramente combatidos
entretenimento. Assim, semdasosalas de aula poraserem
conhecimento majoritariamente
respeito das possíveis
maneiras de se usar internet e dos mecanismos nela presentes, o usuário torna-se
vulnerável diante da manipulação do seus dados, o que prejudica harmonia social do
espaço virtual e, por consequência, a plena vivência da cidadania.
Logo, a fim de mitigar o problema é preciso isto: que o Ministério da Educação
integre à grade curricular o ensino sobre o uso seguro e consciente da internet por meio
da realização de projetos que expliquem e exemplifiquem como o controle de dados é
feito e como isso afeta o indivíduo. Tal ação deverá alertar os cidadãos para que eles se
tornem mais autônomos ao usar a ferramenta. Além disso, o Governo Federal deve criar
campanhas que sejam veiculadas às mídias abordando o tema em questão. Dessa
maneira, a parcela da população que não frequenta mais a escola também é informada e
alertada para se precaver.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

ÍVINA ARAÚJO
Em um dos episódios da série televisiva “Black Mirror“, é retratada a aceitação
de padrões de comportamentos na Internet pelo indivíduo como uma forma de ser aceito
pela sociedade mesmo que, muitas vezes, este discorde daqueles. De maneira similar à
realidade, nota-se que, no Brasil, a questão da manipulação dos usuários no ambiente
virtual em nada difere do enredo ficcional citado, pois a falta de um questionamento
contundente pelas esferas midiático e social acerca da temática é uma marca constante
neste país. Diante disso, é imprescindível discutir novas metodologias ativas no intuito
de estimular o desenvolvimento do senso crítico dos cidadãos e eliminar as mazelas
trazidas pela problemática.
Nesse sentido, observa-se a influência midiática na atual conjuntura, já que,
desde a Revolução Técnico-Científica, com a criação de artigos tecnológicos de preço
acessível e que possibilitam o acesso a informações em escala global, até a
contemporaneidade, com a popularização dessas tecnologias devido ao surgimento das
redes sociais, por exemplo, nota-se que o indivíduo encontrou nesses produtos uma
forma de expressar seus pensamentos e de ter acesso a conhecimentos variados. Todavia,
ao mesmo tempo em que a mídia proporciona essa liberdade também a limita, utilizando
para isso o emprego de algoritmos que regulam o fluxo de informações que chegam os
usuários, a exemplo da plataforma digital Netflix. Por conseguinte, há a criação de uma
“bolha“, em que os indivíduos possuem acesso apenas a conteúdos de seu interesse, o
que interfere negativamente na formação do seu pensamento por não abordar
integralmente os assuntos existentes. Desse modo, o jovem, por ainda estar construindo
sua personalidade, é facilmente suscetível a adquirir os conteúdos sem o devido
questionamento, impossibilitando
impossibilitando o pleno desenvolvime
desenvolvimento
nto de seu senso crítico.
Nessas circunstâncias, deve-se ressaltar a importância econômica da
problemática. Em face disso, Adorno traz em seus trabalhos o conceito de Indústria
Cultural, em que há uma objetificação do homem pela mídia, passando este a seguir os
comportamentos
empresas ditados
que utilizam os pela
dadosseara midiática.presentes
dos usuários Seguindonaessa linhapara
Internet de pensamento, as
promover seus
produtos estariam interessados não no bem-estar do indivíduo, mas nas benesses
econômicos, promovendo a circulação de ideias e mercadorias com ausência de um
conteúdo crítico, permitindo com isso a massificação desses comportamentos. Dessa
maneira, entende-se essa questão como uma problemática cuja resolução deve ser
imediata.
Destarte, é mister a união entre a seara midiática e a sociedade afim de mostrar a
essencialidadee da reeducação
essencialidad reeducação dos cidadãos para a eliminação dessa prática na sociedade.
Para tanto, a mídia, em parceria com as instituições privadas, deve reformular os
algoritmos presentes nos meios midiáticos, adotando formas mais abrangente de
disponibilizar os conteúdos de forma integral nas mídias, no intuito de proporcionar
uma maior variedade de opções aos indivíduos. Ademais, em sinergia com a sociedade,
deve propor
programa de adebates,
discussão
emdabusca
temática medianteoa indivíduo
de estimular criação deacampanhas
desenvolverpublicitárias
o seu sensoe
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

crítico e instigar a busca de conhecimento de forma mais completa. Só assim será possível
evitar que casos, como da série “Black Mirror”, venham a ocorrer.
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LAÍS MESQUIT
MESQUITA
A
A maior parte da população mundial do século XXI tem acesso à internet, porém
esse limitado devido ao uso que “sites” e aplicativos dão aos dados de seus usuários. Tais
Tais
informações, em geral, são usadas para restringir o contato destes apenas àquilo que se
alinha ao pensamento deles e para difundir padrões e atitudes dominantes,
manipulando, portanto, o comportamento de seus usuários.
Em primeira análise, a restrição do acesso a informações ocorre por meio da
disponibilização ao usuário apenas daquilo que está associado a conteúdos que foram
bem avaliados por ele. As consequências disso foram mostradas em um episódio da série
“Black Mirror“, no qual um professor separou a turma em dois grupos e forneceu a cada
um informações diferentes sobre o mesmo assunto. Ao colocar os alunos para debater,
conflitos surgiram, pois cada grupo tomou as informações que recebeu como verdade
absoluta. Isso mostra que o acesso a informações selecionadas pode influenciar
comportamentos negativamente.
Ademais,
sociólogos o controle
Adorno de dadosSegundo
e Horkheimer. impulsiona a indústria
esta, a culturacultural, teoria criada
de determinado pelosé
local
substituída por uma que se sobressai, fenômeno intensificado pelo controle de dados,
uma vez que os elementos da cultura ser difundida são vinculados a postagem com
conteúdo de interesse do usuário. Isso causa perda de identidade dos povos devido ao
desapego a tradições e símbolos da cultura destes em prol de uma cultura única.
Tendo em vista a problemática debatida, fica evidente que medidas devem ser
tomadas. Cabe, então, aos desenvolvedores de “sites“ e de aplicativos a não restrição de
informações e a desvinculação de padrões culturais estrangeiros a postagens. Isso deve
ser feito por meio do fim de algoritmos que enquadrem os usuários em perfis e que
valorizam elementos de outras culturas em detrimento da cultura destes. Assim, eles
terão amplo acesso aos conteúdos disponíveis na internet sem abandonar as suas
tradições, ajudando a reverter a teoria da indústria cultural e a situação apresentada em
“Black Mirror“.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LAURA ELISA VIANA


O Marco Civil da Internet, lei aprovada em 2014, assegura aos cidadãos
brasileiros direitos e deveres referentes ao uso dos espaços virtuais na
contemporaneidade. Embora seja uma importante conquista por reiterar a liberdade de
expressão e o direito à privacidade, essa legislação está ameaçada pela manipulação do
comportamento dos usuários pelo controle de dados na internet, prática que favorece os
interesses de grupos empresariais
empresariais e políticos. Nesse cenário, a falsa liberdade de escolha e
a padronização dos pensamentos emergem como empecilhos para a manutenção de uma
sociedade dialógica e igualitária.
Em primeiro plano, torna-se evidente que a massificação de um padrão cultural
restringe progressivamente o espaço da individualidade, do inovador e do diferente,
limitando e padronizando as opções subjetivas individuais. Com efeito, o filósofo T.
Adorno identificou a ascensão da indústria cultural, que busca transformar elementos da
cultura erudita para padronizá-los e, assim, estabelecer uma relação de dependência
entre produtor
decorrência disso,
e receptor
o mundoqueglobalizado
exclui as particularidades
reforça, por meiode de
umpropagandas
contexto multilateral.
direcionadas
Em
de acordo com os dados pessoais de cada usuário, uma cultura ideologicamente
predominante,, minimizando o apoio a qualquer tipo de movimento contracultural.
predominante
Nesse mesmo viés, soma-se à padronizaç
padronizaçãoão cultural a dominação ideológica, que
condiciona o pensamento dos cidadãos inseridos no mundo virtual aos objetivos de
agentes detentores do poder, os quais podem decidir sobre conteúdos que devem ou não
ser veiculados nas redes sociais. Tal reificação do usuário, tratado como um banco de
dados a ser manipulado, amplia o que o sociólogo Pierre Bourdieu definiu como
violência simbólica: uma engrenagem conservadora, hodiernamente representada,
também, pela internet, responsável por manter o prestígio e a soberania das classes
dominantes em detrimento do respeito aos direitos dos oprimidos.
Diante desse panorama, antes que a internet seja transformada em instrumento
de manipulação,
importância é precisopontos
dos múltiplos intervir.
de Logo, cabe
vista na ao virtual,
esfera Ministério da Educação
mediante abordar
palestras, projetosa
e debates, a fim de mitigar a homogeneização das manifestações individuais, uma vez
que o convívio social implica diálogo e consenso. Além disso, faz-se necessário que o
Estado amplie a fiscalização do uso de informações pessoais por corporações políticas e
empresariais, por intermédio da criação de órgãos de denúncia online, os quais inserirão
os usuários nesse processo, com a finalidade de controlar o domínio elitista sobre os
limites e possibilidades do indivíduo. Desse modo, o Brasil poderá vivenciar aquilo que o
Marco Civil determinou: igualdade e segurança no paralelo universo virtual,
indissociável da realidade do século XXI.
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LETÍCIA SANT'ANNA
A sociedade distópica retratada no longa-metragem “Matrix“ era controlada por
uma inteligência artificial que ocasionava a ilusão de livre-arbítrio das pessoas, a qual era
erroneamente interpretada como decisão inerente ao ser humano. Para além da ficção, o
poder de alienação e manipulação dos indivíduos a partir do controle de dados na
internet é uma realidade provocada pelas plataformas de comunicação e redes sociais no
Brasil e no mundo.
Em primeiro lugar, é importante salientar que a popularização da internet
favoreceu o preenchimento ágil e completo dos bancos de dados das redes sociais em
decorrência das informações fornecidas pelos próprios usuários. Sob essa perspectiva, o
acesso a tais dados mostrou-se bastante perigoso nos quesitos de privacidade e
principalmente de liberdade de escolha dentro do universo cibernético. Tendo em vista a
real dimensão do domínio que os algoritmos da internet têm sobre as pessoas, muitas
plataformas virtuais se beneficiaram com o poder e capital gerados pela administração
das opiniões políticas
propagandas de massa,
de como
Donaldocorreu
Trumpcom
para oos“Facebook“
usuários que,
emde2016
acordo
quecom
direcionou
o banco de
as
dados, seriam mais propícios a votar nesse candidato, fazendo com que ele vencesse as
eleições.
Em segundo lugar, é necessário ressaltar que a influência excessiva e silenciosa
da internet sobre as decisões dos indivíduos reduz drasticamente a sua liberdade e
cognição, tornando a sociedade menos crítica e inteligente. Nesse viés, fica nítida a
supressão da autonomia e vontade, fatores imprescindíveis para que haja liberdade na
visão do filósofo Pico della Mirandola e, sem ela, não haveria sentido na existência
humana. Sendo assim, as filtragens de informações para alienar o usuário da internet
funcionam como meios para anular a opinião individual e consequentemente retirar, de
forma rigorosa e gradual, a racionalidade humana, devendo ser combatidas.
Portanto, medidas são necessárias para evitar a manipulação do comportamento
do usuário pelo controle de dados na internet. Cabe ao Ministério da Educação implantar
o ensino crítico aos jovens por meio de aulas a serem ministradas por especialistas da
área cibernética e por psicólogos que ensinem o valor da opinião de cada um e
desmistifiquem o poder alienador das plataformas virtuais a fim de formar cidadãos não
influenciáveis e entendedores do mundo em que vivem. Só assim, a ignorância dar
espaço a razão nas sociedades contemporâneas e a realidade do filme “Matrix” não será
repetida no mundo real.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LUÍSA LEITE
A Revolução Técnico-Científico-Informacional, iniciada na segunda metade do
século XX, inaugurou inúmeros avanços no setor de informática e telecomunicações.
Embora esse movimento de modernização tecnológica tenha sido fundamental para
democratizar o acesso a ferramentas digitais e a participação nas redes sociais, tal
processo é acompanhado pela invasão da privacidade de usuários, em virtude do
controle de dados efetuado por empresas de tecnologia. Tendo em vista que o uso de
informações privadas de internautas pode induzí-los a adotar comportamentos
intolerantes ou aderir a posições políticas, é imprescindível buscar alternativas que
inibam essa manipulação comportamental no Brasil.
A princípio, é necessário avaliar como o uso de dados pessoais por servidores de
tecnologia contribui para fomentar condutas intolerantes nas redes sociais. Em
consonância com a filósofa Hannah Arendt, pode-se considerar a diversidade como
inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam ser habituados a
convivência
digitais inibecom
o contato
diferentes.
do usuário
Todavia,
coma conteúdos
filtragem informações
que divergemefetivada
dos seuspelas
pontos
redes
de
vistas, uma vez que os algoritmos utilizados favorecem publicações compatíveis com
perfil do internauta. Observam-se, por consequência, restrições ao debate e à
confrontação de opiniões, que, por sua vez, favorecem a segmentação da comunidade
virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença, conforme
conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransigentes como a
discriminação.
Em seguida, é relevante examinar como o controle sobre o conteúdo que é
veiculado em sites favorece a adesão dos internautas a certo viés ideológico. Tendo em
vista que os servidores de redes sociais como a “Facebook“ e “Twitter” traçam o perfil de
usuários com base nas páginas por eles visitadas, torna-se possível a identificação das
tendências de posicionamento político do indivíduo. Em posse dessa informação, as
empresas de não
procedência tecnologia podemcom
confirmada, privilegiar
o fito dea reforçar
veiculação de notícias,
as posições inclusive
políticas do daquelas de
usuário, ou,
ainda, de modificá-las para que se adequem aos interesses da companhia. Constata-se,
assim, a possibilidade de manipulação ideológica na rede.
Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de informações pessoais
por empresas de tecnologia. Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de
caráter punitivo às companhias que utilizarem dados privados para a filtragem de
conteúdos em suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação
específica e da formação de uma comissão parlamentar, que avaliará as situações do uso
indevido de informações pessoais. Essa proposta tem por finalidade evitar a manipulação
comportamental de usuários e, caso aprovada, certamente contribuirá para otimizar a
experiência dos brasileiros na internet.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

MARIA FERNANDA BRANDÃO


De acordo com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, “o homem toma os
limites do seu próprio campo de visão como os limites do mundo”. Atualmente, essa
conduta é potencializada pela seleção parcial dos dados expostos na internet decorrente
da influência global das indústrias capitalistas. Tal realidade, uma vez desconhecida pela
população, pode influenciar e manipular o comportamento do usuário de maneira
despercebida e prejudicar o seu senso crítico, inibindo, assim, a plena liberdade de
escolha. Diante disso, faz-se necessária a adoção de medidas capazes de assegurar esse
direito civil aos brasileiros.
A princípio, é importante ressaltar a intrínseca relação entre a alienação e a
interferência na conduta do indivíduo. De fato, o processo de filtração dos dados
expostos virtualmente é desconhecido em parte, senão todo, pela população. Nesse
contexto, segundo o escritor brasileiro Gilberto Dimenstein, só existe opção quando há
informação. Sob essa ótica, observa-se que o indivíduo, ao ser privado — mesmo que
parcialmente
uma — do conhecimento,
decisão consciente. não possui
Por conseguinte, as ferramentas
os usuários fundamentais
da internet, para tomar
com sentimento de
liberdade ilusório, assumem comportamentos não naturais, mas sim induzidos pela
seleção das informações disseminadas.
Vale analisar, ainda, a influência das empresas multinacionais e internacionais
como fator preponderante para a manipulação do indivíduo a partir dos conteúdos
expostos. Nesse viés, o fenômeno da “Aldeia Global“, proposto pelo filósofo canadense
Marshall McLuhan, expressa a ideia de que, com a dinamização dos meios de
comunicação, evidencia-se
evidencia-se o constante acesso a novos conhecimentos. Contudo, em vista
do poder do capital sobre tais meios, esse processo tende a priorizar a disseminação de
dados os quais convém serem expostos em consonância com os interesses empresariais.
Com efeito, percebe-se um entrave para a democracia virtual, pois diretrizes privadas
não precisam, necessariamente, atender ao papel social do acesso pleno à informação.
Dessa
uso de forma, os internautas
propagandas e notíciassão vistos tornam-se
filtradas, apenas como potenciais
peões consumidores
no jogo chamado e, com o
“capitalismo“,
no qual os jogadores são as empresas e o prêmio é o lucro.
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar a manipulação
do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Logo, é imperativo que
o Ministério da Educação, junto aos veículos midiáticos, mobilize-se por meio de
palestras e campanhas sociais as quais atentem para a filtração virtual das informações.
Isso ocorrerá com o propósito de aprimorar o senso crítico da população e, então, reduzir
a influência das empresas globais sobre suas ações. Ademais, cabe ao Legislativo
brasileiro propor leis de regulamentação com o intuito de promover a democracia nos
meios de comunicação. A partir dessas intervenções, será possível que os brasileiros
enxerguem o mundo sem os limites impostos por sua visão ou pela seleção de conteúdos
na internet.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

MARIANA OLIVEIRA
Consoante o filósofo Jean Jacques Rousseau, “o homem nasce livre e por toda
parte encontra-se acorrentado“. A partir dessa ideia, infere-se que, apesar de o ser
humano possuir a liberdade de escolher produtos e gostos, é, na atualidade, manipulado
pelo controle de dados na internet, que tem exercido coerção sobre o comportamento do
indivíduo. Tal problemática ocorre devido, entre outros fatores, à ausência de informação
e à falta de fiscalização desses mecanismos.
Nesse sentido, o desconhecimento sobre o assunto corrobora a existência do
problema. Diante desse fato, a obra “1984“, do escritor George Orwell, apresenta uma
sociedade na qual há uma manipulação exercida pelo “grande irmão“. De maneira
análoga, nos dias atuais, o controle dos gostos e o estímulo ao consumo exacerbado, por
meio de propagandas e de notícias nas redes sociais, além da divulgação de produtos e
de serviços na internet, moldam o comportamento da população de acordo com o que é
desejado. Nesse cenário, a ausência não só de campanhas informativas nas mídias
osociais, como também
esclarecimento e o de debates e de palestras
desenvolvimento críticonas
dosescolas e nas comunidades,
indivíduos, logo, torna-sedificulta
árduo
reverter a situação.
Ademais, a ineficácia de mecanismos de fiscalização do controle de dados
também agrava essa problemática. Segundo o conceito de indústria cultural, dos
sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer, há uma massificação da cultura como
forma de padronização do ser humano, com a escolha de produtos criados próprios para
o mercado. Nessa perspectiva, seguindo esse viés, nota-se que a internet faz uso dessa
ideia, uma vez que, muitas vezes, busca introduzir no indivíduo, de forma coercitiva e
generalizada, noções prontas que atendam às exigências dos meios de manipulação.
Desse modo, a ineficácia de leis que fiscalizem e que regulamentem essas intenções,
como o Marco Civil da Internet no Brasil, contribui para a perpetuação desse quadro
deletério.
Portanto, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados
na internet é um problema que aflige a sociedade atual e que necessita ser combatido.
Para tanto, é dever do Estado, por meio do Ministério da Educação e de suas secretarias e
em parceria com as famílias, inserir nas escolas públicas e nas privadas, desde as séries
iniciais, a educação digital, com a inserção não só de aulas na grade curricular, mas
também de debates e de palestras com especialistas no assunto, com o intuito de
desenvolver senso crítico dos indivíduos, para que esses possam adquirir discernimento
e serem capazes de tomar decisões. Outrossim, é fundamental que o governo federal, por
intermédio de parcerias público-privadas, amplie a fiscalização dos mecanismos de
manipulação, ao tornar efetivas leis como as do Marco Civil da Internet, a fim de
dissolver esse mal e de gerar homens livres de suas próprias escolhas.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

MATTHEUS
MATTHEUS CARDOSO
O advento da internet possibilitou o avanço das formas de comunicação e
permitiu maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de
usuários se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o
combate a manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um
enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte
mentalidade individualista
individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro.
Em primeiro lugar, deve-se ressaltar a ausência de medidas governamentais para
combater a venda de dados pessoais e a manipulação do comportamento nas redes.
Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado é responsável por garantir o bem-estar da
população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação das
autoridades, grandes empresas sentem-se livres para invadir a privacidade dos usuários
e vender informações pessoais para empresários que desejam direcionar suas
propagandas. Dessa forma, a opinião dos consumidores é influenciada, e o direito à
liberdade de escolha aameaçado.
Outrossim, busca pelo ganho pessoal acima de tudo também pode ser
apontado como responsável pelo problema. De acordo com o pensamento marxista,
priorizar o bem pessoal em detrimento do coletivo gera inúmeras dificuldades para a
sociedade. Ao vender dados particulares e manipular o comportamento de usuários,
empresas invadem a privacidade dos indivíduos e ferem importantes direitos da
população em nome de interesse individuais. Desse modo, a união da sociedade é
essencial para garantir o bem-estar coletivo e combater o controle de dados e a
manipulação do comportamento no meio digital.
Infere-se, portanto, que assegurar a privacidade e a liberdade de escolha na
internet é um grande desafio no Brasil. Sendo assim, o governo federal, como instância
máxima de administração executiva, deve atuar em favor da população, através da
criação de leis que proíbam a venda de dados dos usuários, a fim de que empresas que
utilizam essa prática seja punidas e a privacidade dos usuários seja assegurada. Além
disso, a sociedade, como conjunto de indivíduos que compartilham valores culturais e
sociais, deve atuar em conjunto e combater a manipulação e o controle de informações,
por meio de boicotes e campanhas de mobilização, para que os empresários então se
pressionados pela população e sejam obrigados a abandonar a prática. Afinal, conforme
afirmou Rousseau: “a vontade geral deve emanar de todos para ser aplicada a todos”.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

MELISSA FIUZA
Immanuel Kant, filósofo iluminista, argumentava que a menoridade é o estado
em que o homem se encontra manipulado e sem a capacidade de pensar por conta
própria, dependendo dos outros para que suas ações se concretizem.
concretizem. Nesse sentido, Kant
afirmava que a saída para essa triste realidade é o esclarecimento, ou seja, o uso da razão
para que o indivíduo se emancipe. No entanto, o que se observa na atualidade é o
contrário do que o filósofo pregava, uma vez que o controle de dados na internet
favorece a manipulação dos usuários, a qual não é combatida pelas escolas, que não
oferecem educação tecnológica, e pelo Poder Público, que não pune empresas que
comercializam esses dados.
De fato, as escolas, como formadoras de opinião, têm um papel importante no
combate à manipulação dos indivíduos pelo controle de dados na internet, já que a
adoção de uma postura crítica é essencial para que as pessoas se informem acerca dos
aplicativos que utilizam. Porém, essas instituições não oferecem educação tecnológica, o
que contribui
não percebam,para queinduzidos
sendo as empresas manipulem
a ler o comportamento
ou a consumir o conteúdo dos usuários,
oferecido. e elesa
Assim,
maioria da população permanece na menoridade de Kant, e as empresas de internet
aproveitam-se
aproveitam -se disso, controlando a opinião do público.
Além disso, muitos aplicativos vendem os dados coletados para grandes
empresas, as quais, sabendo dos gostos de cada tipo de público, desenvolvem
propagandas direcionadas, o que aumenta seus lucros. Infelizmente, essa situação é
consequência da omissão governamental, já que o Poder Público não pune,
adequadamente, os responsáveis pelos aplicativos que vendem os dados de seus
usuários. Nesse contexto, Johann Goethe já afirmava que a maior necessidade de um
Estado é a de governantes corajosos, e o pensamento do autor exemplifica bem a
importância do Governo para a diminuição da impunidade dessas empresas.
Portanto, atitudes para a reversão da problemática supracitada são necessárias.
Para isso, a escola, com seu poder transformador, deve disponibilizar educação
tecnológica, por meio de aulas de Filosofia e de Sociologia, as quais devem dar enfoque
às problemáticas relacionadas aos meio de comunicação e às redes sociais,
impulsionando a criação de senso crítico, com o fito de que cada indivíduo não permita o
controle de suas preferências por empresas cibernéticas. Ademais, o Poder Público,
demonstrando a coragem referida por Goethe, deve punir, corretamente, empresas que
venderem dados de seus usuários, mediante aumento de penas e de multas, para que
esse processo seja coibido.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

NATÁLI
NATÁLIAA PATRÍC
TRÍCIO
IO
A utilização dos meios de comunicação para manipular comportamentos não é
recente no Brasil: ainda em 1937, Getúlio Vargas apropriou-se da divulgação de uma falsa
ameaça comunista para legitimar a implantação de um governo ditatorial. Entretanto, os
atuais mecanismos de controle de dados, proporcionados pela internet, revolucionaram
de maneira negativa essa prática, uma vez que conferiram aos usuários uma sensação
ilusória de acesso à informação, prejudicando a construção da autonomia intelectual e,
por isso, demandam intervenções. Ademais,
Ademais, é imperioso ressaltar os principais impactos
da manipulação, com destaque à influência nos hábitos de consumo e nas convicções
pessoais dos usuários.
Nesse contexto, as plataformas digitais,
digitais, associadas aos algoritmos de filtragem de
dados, proporcionaram
proporcionaram um terreno fértil para a evolução dos anúncios publicitários. Isso
ocorre porque, ao selecionar os interesses de consumo do internauta, baseado em
publicações feitas por este, o sistema reorganiza as informações que chegam até ele, de
modo a priorizar
pretensa sensação os
de anúncios
liberdadecomplacentes ao gosto pela
de escolha, teorizada do usuário. Nesse
Escola de viés, hájá uma
Frankfurt, que
todos os dados adquiridos estão sujeitos à coerção econômica. Dessa forma, há um
bombardeioo de propagandas que influenciam os hábitos de consumo de quem é atingido,
bombardei
visto que, na maioria das vezes, resultam na aquisição do produto anunciado.
Somado a isso, tendo em vista a capacidade dos algoritmos de selecionar o que
vai ou não ser visto, esses podem ser usados para moldar interesses pessoais dos leitores,
a fim de alcançar objetivos políticos e/ou econômicos. Nesse cenário, a divulgação de
notícias falsas é utilizada como artifício para dispersar ideologias, contaminando o
espaço de autonomia previsto pelo sociólogo Manuel Castells, o qual caracteriza a
internet como ambiente importante para a amplitude da democracia, devido ao seu
caráter informativo e deliberativo. Desse modo, o controle de dados torna-se nocivo ao
desenvolvimento da consciência estética dos usuários, bem como à possibilidade de uso
da internet como instrumento de politização.
Evidencia-se, portanto, que a manipulação advinda do controle de dados na
internet é um obstáculo para a consolidação de uma educação libertadora. Por
conseguinte, cabe ao Ministério da Educação investir em educação digital nas escolas,
por meio da inclusão de disciplinas facultativas, as quais orientarão aos alunos sobre as
informações pessoais publicadas na internet, a fim de mitigar a influência exercida pelos
algoritmos e, consequentemente, fomentar o uso mais consciente das plataformas
digitais. Além disso é necessário que o Ministério da Justiça, em parceria com empresas
de tecnologia, crie canais de denúncia de “fake news”, mediante a implementação de
indicadores de confiabilidade nas notícias veiculadas – como o projeto “The Trust
Project” nos Estados Unidos – com o intuito de minimizar o compartilhamento de
informações falsas e o impacto destes na sociedade. Feito isso, a sociedade brasileira
poderá se proteger contra a manipulação e a desinformação.
desinformação.
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THIAGO HENRIQUE RODRIGUES


O Marco Civil da Internet, criado em 2014, assegura o uso livre e democrático nas
redes comunicativas. Porém, na realidade contemporânea, é evidente que o
monitoramento das atividades dos usuários online por parte de empresas implica a
perda da privacidade dos indivíduos que utilizam a internet. Com isso, a influência dos
interesses empresariais, bem como o descaso governamental frente a tal problemática
corroboram para a manutenção da mesma.
Em primeiro plano, vale destacar que, com o avanço no compartilhamento de
informações, o controle de dados se tornou essencial para a divulgação de propagandas
direcionadas às preferências dos usuários das redes de comunicação. Nesse sentido, a
manipulação dos anúncios se assemelha ao processo de dominação descrito pelo
sociólogo Foucault ao analisar o modelo panóptico, pois o monitoramento das ações dos
indivíduos é de suma importância para a manutenção do poder de forma discreta. Nisso,
observa-se como o controle do comportamento dos indivíduos restringe a privacidade
deles. Paralelamente a essa dimensão empresarial, o descaso do Estado, principalmente
na esfera legislativa, contribui para a permanência do uso não autorizado de informações
pessoais para fins comerciais. Conforme o sociólogo alemão Dahrendorf, no livro "A lei e
a ordem", a anomia é a condição social em que as normas reguladoras dos
comportamentos das pessoas perdem sua validade. De forma análoga a esse pensamento,
nota-se que as leis que regulamentam os atos na internet encontram-se em um estado de
anomia, pelo fato de serem infringidas, por vezes, sem qualquer punição ao infrator.
Portanto, é notório que a manipulação dos dados de pesquisa dos utentes se
configura como um problema relativo à fragilidade das leis na rede. Logo, o Congresso
Nacional deveria elaborar uma legislação que reforçasse os direitos e deveres dos
usuários no ambiente virtual, por meio de reuniões com especialistas em segurança
digital, com o fito de amenizar os crimes de roubos de dados por empresas. Assim, o
Governo reverteria o estado de anomia na internet.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VITÓRIA AZEVEDO
A Terceira Revolução Industrial, ocorrida no século XX, trouxe diversas novas
tecnologias que fomentaram os processos de conexões do mundo, como a internet. Nesse
viés, embora tal rede virtual tenha tornado-se demasiadamente difundida na atualidade
e seja benéfica em diversos aspectos, esse meio também é usado para um objetivo
nefasto: alienação populacional. Sobre essa perspectiva, seja pela interferência na
capacidade de escolha do indivíduo, seja pela colaboração com o consumo desmedido, a
manipulação dos usuários da internet extremamente nociva para a sociedade.
Em primeiro plano, a liberdade dos cidadãos de terem suas próprias opções é
prejudicada por essa mazela. Dessa forma, é imprescindível citar que no livro 1984, de
George Orwell, o “Grande Irmão” observa e controla o comportamento do corpo social
por meio de uma “teletela“. Sob essa ótica, a internet manipulada tem papel parecido no
período atual, em que o internauta fica refém de imagens, de notícias e de assuntos
baseados em algoritmos definidos por programas de computador. Desse modo, o
indivíduo,
torna-se majoritariamente,
alienado temtem
pela rede e não apenas uma ra
falsa
verdadeira
verdadei sensaçãode
capacidade deescolha.
liberdade, uma vez que
Ademais, o consumismo exacerbado é corroborado pela manipulação de dados
do mundo virtual. Nesse sentido, cabe salientar que, segundo IBGE, mais de 60% da
maioria das pessoas utilizam a internet. Dessa maneira, com tal número significativo de
cidadãos conectados, empresas
empresas do mundo capitalista — consolidado após a guerra fria —
pagam por impulsionamento de seus produtos direcionados a possíveis consumidores.
Nesse cenário, muitos indivíduos, mesmo sem capital para compra, são ingenuamente
fascinados pelas vitrines virtuais, o que pode acarretar dívidas e, por conseguinte, perda
de bem-estar.
Portanto, torna-se evidente que a manipulação das ações dos internautas pelo
controle de dados na espaço virtual causa consequências maléficas para população. Posto
isso, para mitigar a problemática, cabe ao Governo Federal, juntamente com o Ministério
da Ciência e Tecnologia, regulamentar como os dados dos usuários são utilizados na
internet, por meio da criação de programas capazes de bloquear sistemas que tenham
objetivo de alienar a população para determinados assuntos, com o fito de garantir uma
real liberdade de escolha para os cidadãos. Outrossim, é obrigação do Ministério da
Educação, em parceria com as escolas, ensinar ao indivíduo, desde a infância, não apenas
a consumir — de modo responsável —mercadorias no meio virtual, mas também a
reconhecer propagandas que usem os dados do internauta como meio de
impulsionamento,, mediante brincadeiras lúdicas e dinâmicas nos aparelhos eletrônicos, a
impulsionamento
fim de garantir melhor qualidade de vida para o corpo social na fase adulta. Sendo assim,
essas medidas podem ajudar a minimizar as manipulações dos usuários.
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 YURI FAQUINI
FAQUINI
Para o sociólogo Manuel Castells, o advento da “Era da Informação” significou
uma mudança nas relações de poder. Enquanto, na “Era Industrial”, o cenário era
regulado pela posse dos meios de produção, na nova fase, o domínio político, econômico
e social tornou-se vinculado ao controle da produção, do processamento e do
compartilhamento de dados. Tal transformação favoreceu que o meio virtual, por meio
de algoritmos, adquirisse a capacidade de manipular o comportamento de internautas de
acordo com suas preferências, prática a qual, uma vez sustentada pela ausência de
autonomia dos indivíduos na “internet”, constitui o alicerce para o surgimento das
“bolhas virtuais”.
Em primeira análise, o controle da atividade dos usuários da rede é possibilitado
pela navegação sem autonomia no espaço digital, visto que esta facilita o direcionamento
do internauta a páginas ou grupos específicos. Quanto a isso, o filósofo italiano Umberto
Eco afirma que a “internet” originou uma “legião de imbecis”, sendo o ambiente virtual
desprovido desão
pesquisados hierarquia. Assim, a pelo
determinadas qualidade dos “sites”
próprio sujeito,acessados
o qual e depende
a escolha dos
de itens
sua
responsabilidade para não ser manipulado. Nesse sentido, a escola emerge como um
decisivo agente de socialização, já que, ao formar cidadãos mais autônomos, contribui
para diminuir a influência de mecanismos de filtragem nos indivíduos.
Além disso, a seleção do conteúdo exibido aos usuários com base no seu histórico
leva à formação das “bolhas virtuais”, considerando que eles são direcionados, sobretudo
nas redes sociais, para páginas nas quais é compartilhado um mesmo interesse. Segundo
o médico e criador da psicanálise Freud, um indivíduo, ao ser inserido em um grupo
específico, tende a suprimir suas peculiaridades para assumir as características
predominantes no ambiente em que se encontra. No caso da “internet”, esse fenômeno,
além de ocorrer, é agravado, uma vez que a própria escolha de integrantes de um espaço
é feita a partir de opiniões convergentes.
Portanto, a manipulação de pessoas no meio digital, favorecida pela falta de
autonomia nesse contexto, leva à formação de grupos os quais só compartilham um
único interesse. Logo, cabe às escolas, instituições que desenvolvem sujeitos autônomos,
a tarefa de alertar acerca da necessidade de navegar com responsabilidade pela internet,
por meio de palestras e discussões sobre o assunto, envolvendo as disciplinas de Filosofia
e Sociologia, a fim de formar cidadãos que não sejam controlados pelas ferramentas
virtuais. Ademais, as redes sociais, principal espaço causador das “bolhas” de
pensamentos e gostos, deve facilitar a interação de ideias divergentes, mediante a criação
de páginas voltadas para a troca de opiniões. Só assim, o controle de indivíduos na “Era
da Informação” será solucionado.
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ENEM-2019: Democratiza
Democratização
ção do acesso ao
cinema no Brasil 
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DANIEL GOMES

de Crato,O interior
filme ‘’Cine
do Ceará.
Hollywood’’
Na obra,
narra
os moradores
a chegada da
do primeira
até entãosala
vilarejo
de cinema
nordestino
na cidade
têm
suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição
de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da
democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz
respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito
afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das
empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse
cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas
públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa
lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na
administração do país. Instituído para se rum órgão que promova a aproximação de
brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente,
fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a
distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a
salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de
exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a
mudança desse quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como
produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em
democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura
capitalista de grande parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos
financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma
comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de
exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes
populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida
de frequentar esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso
democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um
amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e
profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil,
a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do
universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual
de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o
Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar
os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada
em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros.
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GABRIEL LOPES

periferiaOde
longa-metragem
São Paulo, os nacional "Na Quebrada"
quais, inseridos em umrevela histórias
cenário reais dee jovens
de violência da
pobreza,
encontram no cinema uma nova perspectiva de vida. Na narrativa, evidencia-se o papel
transformador da cultura por intermédio do Instituto Criar, que promove o
desenvolvimento pessoal, social e profissional dos alunos por meio da sétima arte.
Apresentando-se
Apresentando- se como um retrato social, tal obra, contudo, ainda representa a história de
parte minoritária da população, haja vista o deficitário e excludente acesso ao cinema no
Brasil, sobretudo às classes menos favorecidas. Todavia, para que haja uma reversão do
quadro, faz-se necessário analisar as causas corporativas e educacionais que contribuem
para a continuidade da problemática em território nacional.
Deve-se destacar, primeiramente, o distanciamento entre as periferias e as áreas
de consumo de arte. Acerca disso, os filósofos Adorno e Horkheimer, em seus estudos
sobre a "Indústria Cultural", afirmaram que a arte, na era moderna, tornou-se objeto
industrial feito para ser comercializado, tendo finalidades prioritariamente lucrativas.
Sob esse prisma, empresas fornecedoras de filmes concentram sua atuação nas grandes
metrópoles urbanas, regiões onde prevalece a população de maior poder aquisitivo, que
se mostra mais disposta a pagar um maior valor pelas exibições. Essa prática, no entanto,
fomenta uma tendência segregatória que afasta o cinema das camadas menos abastadas,
contribuindo para a dificuldade na democratização do acesso a essa forma de expressão e
de identidade cultural no Brasil.
Ademais, uma análise dos métodos da educação nacional é necessária. Nesse
sentido, observa-se uma insuficiência de conteúdos relativos à aproximação do indivíduo
com a cultura desde os primeiros anos escolares, fruto de uma educação tecnicista e
pouco voltada para a formação cidadã do aluno. Dessa forma, com aulas voltadas para
memorização teórica, o sistema educacional vigente pouco estimula o contato do
estudante com as diversas formas de expressão cultural e artística, como o cinema,
negligenciando, também, o seu potencial didático, notável pela sua inerente natureza
estimulante. Tal cenário
sistema educacional reforça
atual a ideia
está preso nosdamoldes
teórica do
Vera Maria
século Candau,
XIX que afirma
e não oferece que o
propostas
significativas para as inquietudes hodiernas. Assim, com a carência de um ensino que
desperte o interesse dos alunos pelo cinema, a escola contribui para um afastamento
desses indivíduos em relação ao cinema, o que constitui um entrave para que eles,
durante a vida, tornem-se espectadores ativos das produções cinematográficas brasileiras
e internacionais.
É evidente, portanto, que a dificuldade na democratização do acesso ao cinema
no Brasil é agravada por causas corporativas e educacionais. Logo, é necessário que a
Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania torne tais obras mais
alcançáveis ao corpo social. Para isso, ela deve estabelecer parcerias público-privadas
com empresas exibidoras de filmes, beneficiando com isenções fiscais aquelas que
provarem, por meio de relatórios semestrais, a expansão de seus serviços a preços
populares
maior parade
número regiões foraosdos
pessoas, centros urbanos,
indivíduos de forma
possam efetivar que,uso
o seu compara
maior oferta
o lazer a umo
e para
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seu engrandecimento cultural. Paralelamente, o Ministério da Educação deve levar o


tema às escolas públicas e privadas. Isso deve ocorrer por meio da substituição de parte
da carga teórica da Base Nacional Comum Curricular por projetos interdisciplinares que
envolvam exibição de filmes condizentes com a prática pedagógica e visitas aos cinemas
da região da escola, para que se desperte o interesse do aluno pelo tema ao mesmo tempo
em que se desenvolve sua consciência cultural e cidadã. Nesse contexto, poder-se-á
expandir a ação transformadora da sétima arte retratada em "Na Quebrada", criando um
legado duradouro de acesso à cultura e de desenvolvimento social em território nacional.
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 ANA CLARA SOCHA


SOCHA

de todosEmbora a Constituição
os cidadãos, percebe-seFederal
que, nade 1988
atual assegurebrasileira,
realidade o acesso não
à cultura como direito
há o cumprimento
dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à
concentração de salas de cinema nos grandes centros urbanos e à concepção cultural de
que a arte direcionada aos mais favorecidos economicamente. 
É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas
sobre um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros culturais estão, em sua
maioria, restritos ao espaço ocupado pelos detentores do poder econômico. Essa
dinâmica não foi diferente com a chegada do cinema, já que apenas 17% da população do
país frequenta os centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a
segregação social - evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por
Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" - se faz presente até os dias atuais,
por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são
proporcionados pelo cinema. 
Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não
abrange a população de baixa renda é um fato limitante para que haja a democratização
plena da cultura e, portanto, do cinema. Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de
Carolina Maria de Jesus, o qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de
miserabilidade
miserabilida de vive, e, assim, mostra como o acesso a centros culturais é uma perspectiva
distante de sua realidade, não necessariamente pela distância física, mas pela ideia de
pertencimento a esses espaços. 
Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da democratização do cinema
é imprescindível para a construção de uma sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é
imperativo que o Ministério da Economia destine verbas para a construção de salas de
cinema, de baixo custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão desse
objetivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de descentralizar o acesso à
arte. Além disso, cabe às instituições de ensino promover passeios aos cinemas locais,
desde o início
s, a da
responsáveis,
responsávei fimvida escolar dasacrianças,
de desconstruir mediante da
ideia de elitização autorização e contribuição
cultura, sobretudo dos
em regiões
carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para a completude da
democracia no âmbito cultural.
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 AUGUSTO SCAPINI
SCAPINI

Aristóteles,
conhecimento para agrande
obtençãopensador da Antiguidade,
da plenitude defendia
da essência humana. a oimportância
Para filósofo, semdoa
cultura e a sabedoria, nada separa a espécie humana do restante dos animais. Nesse
contexto, destaca-se a importância do cinema, desde a sua criação, no século XIX, até a
atualidade, para a construção de uma sociedade mais culta. No entanto, há ainda
diversos obstáculos que impedem a democratização do acesso a esse recurso no Brasil,
centrados na elitização do espaço público e causadores da insuficiência intelectual
presente na sociedade. Com isso, faz-se necessária uma intervenção que busque garantir
o acesso pleno ao cinema para todos os cidadãos brasileiros. 
De início, tem-se a noção de que a Constituição Federal assegura a todos os
cidadãos o acesso igualitário aos meios de propagação do conhecimento, da cultura e do
lazer. Porém, visto que os cinemas, materialização pública desses conceitos, concentram-
se predominantemente nos espaços reservados à elite socioeconômica, como os
"shopping centers", é inquestionável a existência de uma segregação das camadas mais
pobres em relação ao acesso a esse recurso. Essa segregação é identificada na elaboração
da tese de "autocidadania", escrita pelo sociólogo Jessé Souza, que denuncia a situação de
vulnerabilidade social vivida pelos mais pobres, cujos direitos são negligenciados tanto
pela falta de ação do Estado quanto pela indiferença da sociedade em geral. Fica claro,
então, que o acesso ao cinema não é um recurso democratica mente pleno no Brasil. 
democraticamente
Como consequência dessa elitização dos espaços públicos, que promove a
exclusão das camadas mais periféricas, é observado um bloqueio intelectual imposto a
essa parte da população. Nesse sentido, assuntos pertinentes ao saber coletivo, que, por
vezes, não são ensinados nas instituições formais de ensino, mas são destacados pelos
filmes exibidos nos cinemas, não alcançam as mentes das minorias sociais, fato que
impede a obtenção do conhecimento e, por conseguinte, a plenitude da essência
aristotélica. Essa situação relaciona-se
relaciona-se com o conceito de "alienação", descrito pelo alemão
Karl Marx, que caracteriza o estado de insuficiência intelectual vivido pelos
trabalhadores da classeatual.
camada pobre brasileira operária
  no contexto da Revolução Industrial, refletido na
Portanto, fica evidente a importância do cinema para a construção de uma
sociedade mais culta e a necessidade de democratização desse recurso. Nesse âmbito,
cabe ao Ministério da Educação e da Cultura promover um maior acesso ao
conhecimento e ao lazer, por meio da instalação de cinemas públicos nas áreas urbanas
mais periféricas - que deverão possuir preços acessíveis à população local -, a fim de
evitar a situação de alienação e insuficiência intelectual prese
presente
nte nos membros das classes
mais baixas. Desse modo, o cidadão brasileiro poderá atingir a condição de plenitude da
essência, prevista por Aristóteles, destacando-se, logo, das outras espécies animais,
através do conhecimento e da cultura.
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EDUARDA DUARTE

ChaplinDurante
atuarama primeira metade
como fortes do século
difusores de XX, as obras cinematográficas
informações e de ideologiasdecontra
Charliea
exploração e o autoritarismo no continente americano. No contexto atual, o cinema
permanece como um importante veículo de conhecimento, mas. No Brasil, não há o
acesso democrático a essa mídia em decorrência das disparidades socioeconômicas nas
cidades, as quais fomentam a elitização dos ambientes de entretenimento, e da falta de
investimentos em exibições populares, as quais, muitas vezes, são realizadas em prédios
precários e não são divulgadas. Portanto, é imperativo promover mecanismos eficientes
de integração dos telespectadores para facilitar o contato com filmes, proeminentes na
introdução dos cidadãos.
Tendo em vista a realidade supracitada, destaca-se a crescente discrepância entre
as classes sociais nos grandes centros habitacionais, o que leva a modificações no espaço.
Essa visão condiz com as ideias de Henri Lefebvre, uma vez que, para o sociólogo, o
meio urbano é a manifestação de conflitos, o que pode ser relacionado à evidente
segregação socioespacial
socioespacial dos cinemas. Nesse viés, a concentração de salas de exibição em
áreas nobres está vinculada às desigualdades sociais e configura a elitização do acesso
aos filmes em locais públicos em função do encarecimento dos serviços ao longo dos
anos. Dessa forma, para uma grande parte dos brasileiros, o entretenimento e o
aprendizado por meio das obras cinematográficas, como visto no início do século XX, se
tornam inviáveis, restringindo o contato com novos ideais e inibindo a mobilização da
sociedade em prol de seus valores.
Além disso, a insuficiência de recursos destinados a exibições em teatros
populares é um fator que dificulta a democratização do cinema no Brasil. Isso porque,
apesar de Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, ter corroborado com a
ideia do mundo virtual como influenciador ao constatar que a “tecnologia move o
mundo”, as redes sociais não são utilizadas pelos órgãos públicos para divulgar
apresentações cinematográficas nos centros culturais, presentes em diversas regiões do
país. Aliada
eventos à falta
ocorrem de visibilidade,
reduz a qualidade dea precariedade
experiência einfraestrutural dos prédios
desencoraja muitos onde tais
de frequentarem
os locais, apesar dos menores preços. Assim, torna-se clara a necessidade de
investimentos par garantir o contato com os filmes, essenciais para a instrução e para a
integração dos indivíduos.
Desse modo, é imprescindível democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Para
isso, cabe às prefeituras
prefeituras disponibilizar a experiência cinematográfica
cinematográfica à população urbana
menos privilegiada, por meio de eventos de exibição em áreas periféricas – os quais
devem fornecer programações internacionais e acionais a custos reduzidos -, com o
intuito de evitar o processo de elitização cultural em virtude de disparidades
socioeconômicas.
socioeconômic as. Ademais, compete ao Ministério da Cidadania promover a visibilidade
dos centros culturais nas redes sociais e investir em reformas periódicas, a fim de
assegurar a manutenção dos locais. Com essas medidas, assim como na época de Charlie
Chaplin,contemporâneo.
mundo a sociedade terá o maior contato com as novas ideias e as informações do
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LUCAS RIOS

razão, éOconsiderado
cinema se tornou uma tecnologia
uma forma de arte. com grande potencial
Simultaneamente, expressivo
apresenta e, porvalor
elevado essa
lúdico, prova pelo recente sucesso de obras como "Coringa" e "Vingadores: Ultimato".
Infelizmente, no contexto brasileiro, nem todos têm amplo acesso a tal maravilha. Nesse
sentido, percebe-se a existência de problemas sociais e econômicos que dificultam a
democratizaçãoo dessa atividade no país. 
democratizaçã
Segundo o economista Ludwig von Mises, um dos grandes nomes da Escola
Austríaca de Economia, o homem quando em liberdade, tende a agir buscando a
maximização de sua felicidade. Sob essa ótica, nota-se que indivíduos com baixo poder
aquisitivo priorizarão serviços de necessidade básica (como alimentação, saúde e
moradia) em detrimento de atividades culturais, uma vez que aqueles, por serem
essenciais à sobrevivência, lhes farão mais felizes que estes. Assim, a fragilidade
econômica torna-se um fator de exclusão de certas parcelas da população nacional do
cinematográfico. 
mundo cinematográfico.
Além disso, de acordo com o Índice de Liberdade Econômica desenvolvido pela
Heritage Foundation, o Brasil está entre os piores países para abrir uma empresa. Isso é
resultado da alta complexidade tributária e burocrática, que resulta em maiores custos
tanto para empreendedores quanto para consumidores. Por não ser imune a tal
fenômeno, o setor do cinema sofre com as mesmas consequências, que restringem ainda
mais a participação popular nas sessões. Dessa forma, a abertura e simplificação desse
mercado são medidas necessárias para democratizá-lo, dado que reduzem os preços. 
Diante do exposto, evidenciam-se os desafios sociais e econômicos para o pleno
acesso da população brasileira às obras cinematográficas. Cabe, então, ao Ministério da
Cidadania, por ter herdado as funções do extindo Ministério da Cultura, criar, por meio
de parcerias com as empresas do setor, entradas gratuitas periódicas para a população de
baixa renda, de modo a facilitar a sua participação nas salas de cinema e,
consequentemente, popularizar o acesso à cultura. Paralelamente, o Ministério da
Economia
regulações deve estimular,
no mercado através
citado. de modo,
Desse medidas provisórias, a os
concretizar-se-ão redução de impostos
seus valores lúdico ee
artístico, que serão apreciados pelo povo brasileiro como um todo.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

LUÍSA MELLO

poucos, Adifundiu-se
primeira exibição
para pública do cinema
todas as nações, ocorreu
sendo no ano de
ainda uma1895grande
na França e, aos
fonte de
entretenimento, inclusive no Brasil. Além disso, é notória sua função social ao
proporcionar aos espectadores tanto uma atividade de lazer quanto uma proporção de
informações e de conhecimentos, como os documentários e os filmes contendo alusões
históricas. Nesse viés, a Constituição brasileira de 1988 determina o direito ao
entretenimento a todos os cidadãos, assegurando o princípio da isonomia. Entretanto, o
acesso aos cinemas no país vem deixando, grandemente, de ser democrático, sobretudo
devido à segregação espacial e aos elevados custos, ferindo o decreto, o que demanda
ação pontual.
Decerto, o processo de urbanização brasileira ocorreu de forma acelerada e
desorganizada, provocando o surgimento de aglomerados no entorno dos centros
urbanos. Diante dessa conjuntura, essas periferias sofrem, de modo geral, históricas
negligências governamentais, como a escassez de infraestrutura básica, de escolas e de
hospitais. Não obstante, tais regiões também carecem de espaços de lazer como os
cinemas, que, majoritariamente, concentram-se nas áreas centrais e de alta renda das
cidades. Assim, corrobora-se a teoria descrita pelo filósofo francês Pierre Lévy de que
“toda noa tecnologia gera seus excluídos”. Portanto, o cinema, sendo uma inovação
geograficamente.. 
técnica, promove a segregação dos indivíduos marginalizados geograficamente
Ademais, a maioria dos cinemas pelo Brasil cobram altos valores pelos ingressos
das sessões, o que se torna inviáveis para grande parte da população, haja vista a
situação de acesso ao lazer pela população, especialmente um entretenimento tão
difundido entre a sociedade e de grandes benefícios pessoais, como a aquisição de
informações e a ampliação da criticidade. Por fim, ratifica-se a tese desenvolvida pelo
 jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein acerca da Cidadania de Papel, isto é, embora o
país apresente um conjunto de leis bastante consistente, elas se atêm, de forma geral, ao
plano teórico. Logo, a garantia de acesso ao cinema pelos cidadãos não é
satisfatoriam
satisfatoriamente
ente aplicada
Observa-se, então,na prática, impulsionada
a necessidade a segregação
de democratização dos social.
cinemas no Brasil. Para
tanto, é preciso que a Ancine - Agência Nacional de Cinema – amplie o acesso da
população aos cinemas. Isso ocorrerá por meio do incentivo fiscal às empresas do ramo,
orientando a construção de mais cinemas nas regiões periféricas, a redução dos preços
dos ingressos e a concessão de gratuidade de entrada para a parcela da sociedade
pertencente às classes menos favorecidas, como indivíduos detentores de renda familiar
inferior a um salário mínimo. Dessa forma, mais brasileiros terão a possibilidade de
acesso aos cinemas e, finalmente, a isonomia será garantida nesse contexto, reduzindo a
desigualdade entre a população.
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NAYRA ALVES

acesso àNo Brasil,


cultura apesarosdebrasileiros,
a todos a Constituição Federal
nota-se de 1988,
que muitos em seunão
cidadãos artigo 215, garantir
usufruem dessa
prerrogativa, tendo em vista que uma grande parcela social não tem acesso ao cinema.
Dessa forma, esse cenário comprometedor exige ações mais eficazes do poder público e
das instituições de ensino, a fim de assegurar a igualdade de acesso ao universo
cinematográfico.
Efetivamente, é notório o desacordo que existe entre o que é assegurado pela
Constituição e a realidade do país, uma vez que muitos municípios não possuem cinemas
ou espaços destinados à exposição de filmes, séries e documentários. Esse nefasto
paradigma atesta, sobretudo, uma grande desigualdade no acesso à cultura do país,
tendo em vista que em grandes cidades, como o Rio de Janeiro, o cinema é mais
valorizado. Além disso, vale ressaltar que tal desigualdade fere a Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 1948, a qual assegura a produção cultural e lazer como um
direito de todos. Logo, é fundamental que o poder público desenvolva medidas, como a
construção de mais espaços destinados aos espectadores, com o intuito de que os anseios
do artigo 215 tenham realmente vigor.
Ademais, outro fator preponderante é que, apesar da modernização do universo
cinematográfico, o qual, atualmente, possui filmes em “3D” e salas de cinema bastante
equipadas, muitos brasileiros não conseguem arcar, por exemplo, com o custo do
ingresso ou, até mesmo, o espaço destinado à exibição de filmes, como shopping center, é
distante do local onde essas pessoas residem, inviabilizando, assim, o acesso à cultura
previsto na Constituição. Esse panorama conflituoso explicita a necessidade das
instituições de ensino em atuar de forma mais efetiva, promovendo, por exemplo, “noites
do filme” na comunidade que se sejam gratuitas, a fim de democratizar o acesso ao
cinema, sendo essa uma forma de entretenimento da população, bem como de
transmissão de conhecimento.
Portanto, cabe ao poder público intensificar os investimentos no acesso à
produção
que cultural
viabilize do país, de
a destinação sobretudo, ao cinema,
mais verbas para a mediante
construçãoreplanejamento
de cinemas nosorçamentário,
municípios,
com o propósito de que mais brasileiros possam usufruir dessa importante ferramenta
para o lazer. Outrossim, as instituições de ensino, como as escolas e as universidades,
devem promover a democratização do acesso ao cinema, por meio da exibição gratuita
de filmes em, por exemplo, auditórios e quadras escolares em horários noturnos, com o
fito de que todas as parcelas sociais possam ser atendidas.
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100 REDAÇÕES NOTA 1000 NO ENEM

 VITÓRIA OLIVEIRA
OLIVEIRA

acerca daEminefetividade
sua obra “Cidadãos de Papel”,
dos direitos o célebre escritor
constitucionais, GilbertonoDimestein
sobretudo, dissertaà
que se refere
desigualdade de acesso aos benefícios normativos. Diante disso, a conjuntura dessa
análise configura-se no Brasil atual, haja vista que o acesso ao cinema, no país, ainda não
é democrático. Essa realidade se deve, essencialmente, à falta de subsídios para
infraestrutura nas regiões periféricas e à urbanização desorden ada das urbes. 
desordenada
Sob esse viés, é importante ressaltar que a logística de instalação de salas de
cinemas, nas cidades pequenas, é precária. Nesse sentido, segundo o Contrato Social – o
proposto pelo contratualista John Locke - , cabe ao Estado fornecer medidas que
garantam o bem-estar coletivo. Contudo, a infraestrutura das cidades pequenas e médias
é, muitas vezes, pouco dotada de incentivos para a construção de salas de exibição de
filmes, como centros de lazer – dotados de praça de alimentação, por exemplo. Com isso,
uma parcela expressiva da população é excluída dessa atividade cultural, o que, além de
evidenciar o contexto discutido por Gilberto Dimenstein, vai de encontro ao Contrato
Social. Desse modo, políticas públicas eficazes tornariam possível maior acesso ao direito
de cultura, garantido pela Magna Carta de 1988, por meio do cinema. 
Além disso, o crescimento urbano desordenado gerou a concentração de cinemas
em determinadas áreas da cidade, o que excluiu, principalmente, os locais pouco
evidenciados pelo mercado imobiliário. Nessa linha de raciocínio, o geógrafo Milton
Santos atribuiu ao inchaço urbano desenfreado o surgimento de processos como a
Gentrificação, a qual “expulsa” a parcela de indivíduos de baixa renda da sua moradia.
Devido a isso, a distribuição de salas de cinema ocorreu de maneira desigual,
privilegiando áreas nobres. Por conseguinte, as favelas – localidades sem aparatos sociais
– possuem pouco ou nenhum acesso à arte cinematográfica, o que evidencia um exército
de “cidadãos de papel”. Assim, o cinema pode ampliar o seu alcance mediante a ação de
setores sociais que forneça infraestrutura de filmes. 
Portanto, para a efetiva democratização do acesso ao cinema no Brasil, é
importante que o Governodas
forneça a descentralização Federal, por intermédio de
salas cinematográficas no subsídios
território, tributários estaduais,
a partir da instalação
de unidades de cinema nas regiões que não possuem – com aparato qualificado,
variedade de exibições e praça de alimentação - , a fim de proporcionar a cultura do
cinema para a parcela de cidadãos excluída. Ao mesmo tempo a isso, cabe ao Ministério
da Cultura – principal órgão intermediador de políticas culturais no país – propor um
vale cinema para aqueles que não possuem renda suficiente para a compra, com direito a
pelo menos duas oportunidades mensais, para que o direito aos filmes não seja restrito
por critérios censitários. Dessa forma, poder-se-ia atenuar a desigualdade discutida por
Dimenstein.

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