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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ENGENHARIA AMBIENTAL
SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS
EQUIPE: BERNARDO MELO, CAMILA SCHNEIDER

RELATÓRIO TRABALHO FINAL - SIG


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1 OBJETIVO

Este relatório elenca todos os processos e ferramentas utilizados para a elaboração de 3 mapas
temáticos da região do município do Rio de Janeiro como atividade final da disciplina de SIG
aplicado ao meio ambiente.
Os 4 mapas desenvolvidos são:

1. Uso do solo no ano de 2015 em conjunto com a hidrografia da região e sua área de
preservação no entorno dos rios e nascentes seguindo as diretrizes nacionais
2. Mapa de declividade com base do SRTM
3. Mapa do uso do solo em 2020 acrescentado das vias urbanas da região
4. Comparação dos mapas de uso e cobertura do solo dos anos de 2015 e 2020

2 METODOLOGIA

2.1 OBTENÇÃO DOS DADOS

Para a elaboração dos mapas de uso do solo utilizou-se imagens de satélite, obtidas através da
plataforma Earth Explorer da USGS. As imagens utilizadas são do satélite OLI (satélite Landsat 8) e
foram selecionadas de acordo com a melhor cobertura do município do Rio de Janeiro e com o menor
índice possível de nuvens.
Os dados geoespaciais da hidrografia do município do Rio de Janeiro foram obtidos pela
plataforma DataRio, desenvolvido pelo Instituto Pereira Passos (IPP). Já os pontos de nascentes foram
encontrados produzidos pelo INEA e, sob sua decisão, estão restritos somente ao subsídio de estudos
e planejamentos ambientais.
O mapa da declividade foi efetuado utilizando os dados TOPODATA.

2.2 ELABORAÇÃO DOS MAPAS


Para a primeira etapa da confecção dos mapas de uso do solo utilizou-se o software MultiSpec
para realizar a classificação supervisionada das imagens. Para tanto, foram definidas classes de uso e
cobertura do solo, sendo elas: área urbanizada; vegetação arbórea; vegetação rasteira;solo exposto;
areia; água, água rasa e área alagada. Foram coletadas amostras para cada uma das classes, então as
imagens foram classificadas usando o método Gaussian Maximum Likelihood e observou-se a
acurácia de classificação. Quando necessário, realizou-se nova amostragem até obter uma acurácia
mais otimizada, o que diminui os erros de classificação. As tabelas com a acurácia de referência para
a classificação de cada uma das imagens (2015 e 2020) estão apresentadas a seguir.

Tabela 1 - Acurácia obtida para a classificação da imagem do Landsat para a área de referência no
ano de 2015

Tabela 2 - Acurácia obtida para a classificação da imagem do Landsat para a área de referência no
ano de 2020

É importante observar que foi necessário separar a classe de areia da classe de solo exposto,
pois os objetos dessas classes representavam respostas espectrais muito diferentes e acabavam
diminuindo a acurácia da classificação.
As figuras 1 e 2 mostram as imagens classificadas, que foram pós-processadas no MultiSpec
para proporcionar maior compreensão das mesmas.

Figura 1: Imagem classificada no MultiSpec, Rio de Janeiro 2015


Figura 2: Imagem Classificada no MultiSpec - Rio de Janeiro 2020

Para o mapa de declividade utilizou-se o modelo de elevação SRTM disponível na base de


dados geográficos do exército e então, com o uso do software QGIS,, foi feita a análise da camada
raster para classificar a declividade da região, de acordo com as classes de declividade da Embrapa.
Além disso, foram feitos também o mapa de uso e cobertura do solo de 2020 acrescentado das
principais vias, obtidas através da base cartográfica contínua disponibilizada pelo IBGE, e o mapa
comparativo do uso e ocupação do solo para os dois períodos analisados (2015 e 2020).

MAPA 1 - USO DO SOLO 2015 + HIDROGRAFIA E APP


O mapa 1 foi realizado no QGIS com o arquivo TIF gerado no MultiSpec e o arquivo de
hidrografia encontrados na plataforma DataRio do governo do Rio de Janeiro. Com o shapefile da
hidrografia foi possível delimitar as áreas de preservação no entorno dos rios e nascentes utilizando a
ferramenta buffer do QGIS seguindo as diretrizes (50 metros ao redor das nascentes e 30 metros ao
redor dos rios). Houve uma grande dificuldade em se encontrar dados de nascentes dos rios.
Como a largura das APP’S varia de 30 a 50m em rios e nascentes respectivamente, não fica
muito visível a intersecção das áreas de preservação com edifícios que as invadem individualmente
mas sim com os aglomerados de áreas urbanas. Fica nítido pelo mapa, principalmente na zona norte
do Rio, a sobreposição das áreas urbanas (em amarelo) nos rios, consequentemente nas APP’s.
Portanto, é de se esperar que muitos dos rios na zona norte possam conter altos índices de
contaminação e dejetos dos mais variados tipos. Nas duas maiores áreas de vegetação arbórea estão
contidas uma grande quantidade de nascentes, ou seja, inícios das linhas de hidrografia., Isso indica
uma certa conformidade pois essas duas áreas são parques de conservação, formulados em áreas de
grande declividade, o que contribui para a formação de nascentes.

MAPA 2 - DECLIVIDADE
A rotina feita para se realizar os mapas no QGIS foi a obtenção das quatro folhas raster que
compõem a área do município no TOPODATA. Folhas: 22S45_SN; 23S45_SN; 23S435_SN;
22S435_SN. Com essas folhas foi realizada uma mesclagem dos raster e um recorte pela camada do
município do Rio, pois as folhas excedem a extensão do município. E por fim foi feita a classificação
do nível de declividade.

Como mencionado, o mapa de declividade foi gerado de acordo com a classificação de


declividades da Empabra, representada na tabela a seguir.

Tabela 3 - Classificação Empabra


Declividade (%) Classificação

0-3 Plano

3-8 Suave ondulado

8 - 20 Ondulado

20 - 45 Forte ondulado

45 - 75 Montanhoso

>75 Escarpado
Sendo assim, é possível observar que uma boa parte da região estudada é plana, possuindo
algumas regiões montanhosas (morros) e algumas regiões de forte ondulado.

MAPA 3 - USO E COBERTURA DO SOLO 2020 COM VIAS

Cabe observar que foram representadas apenas as principais vias (trechos rodoviários), pois a
representação de todos os arruamentos tornava o mapa ilegível, uma vez que em tal escala essa
camada vetorial se torna muito densa. As vias foram filtradas pelas vias primárias e secundárias
apenas. Todos os 3 mapas anteriores contém a base do OpenStreetMap para auxiliar na visualização
da dimensão dos mapas.

MAPA 4 - USO E COBERTURA DO SOLO 2015 e 2020


4 HISTÓRICO E ANÁLISES
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, situa-se o maior aglomerado urbano do estado e o
segundo maior do país, com uma população superior a 10 milhões de habitantes. Os problemas
ambientais decorrentes dessa concentração populacional são evidentes, sendo muitos terrenos
urbanizados inadequados para tal tipo de uso, como por exemplo mangues e brejos, principalmente no
entorno da baía de Guanabara.
A tabela 3 mostra as taxas de crescimento ocorridas no intervalo de 40 anos na região
metropolitana do Rio, enfatizando a alta taxa na área da Barra da Tijuca, local com uma concentração
maior de mangues e áreas alagadas.

Tabela 4 - Crescimento da população residente no município do Rio de janeiro em 40 anos

Fonte: Adaptado de SILVA

Ao mesmo instante em que a população de baixa renda foi empurrada para as áreas mais
alagadas, também foi imposta às altas declividades dos morros e montanhas. Este histórico foi
marcado pelo crescimento acelerado e desordenado da metrópole nas últimas décadas, traduzido pelas
famosas favelas cariocas. Assim sendo, tanto os mangues e os brejos, quanto os terrenos montanhosos
devem ser destinados prioritariamente para preservação ambiental dos ecossistemas remanescentes da
mata atlântica e a recuperação das áreas degradadas.
Em se tratando das diferenças entre o uso do solo nos anos de 2015 e 2020, pelos mapas não
fica nitidamente perceptível grandes mudanças no uso urbano do solo. Tal fato decorre de uma série
de fatores, tanto pela escala de análise das imagens de satélite que não permitem observar mudanças
em menores escalas espaciais e pelo fato de que o método de classificação das imagens utilizado
possui erros intrínsecos, além dos erros propagados no momento de seleção das amostras, quanto pelo
fato de que, como é possível observar no gráfico da figura 3 a seguir, a taxa de natalidade no
município apresentou queda significativa entre os anos de 2015 e 2020.

Figura 3: Taxa de natalidade município Rio de Janeiro


Fonte: IBGE

Pela comparação entre os mapas de uso do solo ficou mais perceptível o aumento na área de
vegetação arbórea. Tal fato pode ser explicado pela existência do Parque Estadual da Pedra Branca a
oeste e o Parque Nacional da Tijuca ao norte da Barra da Tijuca. A presença desses parques incentiva,
de modo obrigatório sujeito a penalidades, à conservação das áreas de floresta

5 RENDERIZAÇÃO UTILIZANDO O PLUGIN Qgis2threejs

O plugin Qgis2threejs permite a visualização do mapa em 3D. Para tanto, foi necessário
aplicar o parâmetro de exagero vertical igual a 50. A seguir são apresentadas as imagens com o
resultado obtido.
É possível observar que as áreas de vegetação não urbanizadas encontram-se nos topos dos morros, o
que está de acordo com o real contexto do município, uma vez que tais áreas apresentam alto risco
para habitação humana e são de difícil acesso. Além disso, como mencionado, a maior parte dessas
áreas é ocupada por reservas naturais e parques.
Figura 4: Renderização mapa de uso e cobertura do solo 2020 sobre o relevo
Figura 5: Renderização mapa de uso e cobertura do solo 2020 sobre o relevo
6 REFERÊNCIAS

Mapeamento da Hidrografia <https://www.data.rio/datasets/PCRJ::hidrografia-3/about>

Mapeamento das Áreas de Preservação Permanente de Nascente de rio, para o Estado do Rio de
Janeiro
<https://www.arcgis.com/home/item.html?id=ff9ac0200b31430bb12c9a56a55be4b7>

TOPODATA http://www.webmapit.com.br/inpe/topodata/

Modelo SRTM Brasil - Banco de dados geográficos do exército. Disponível em:


<https://bdgex.eb.mil.br>

Vias públicas - Bases Cartográficas Contínuas, IBGE. Disponível em:


<https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/bases-cartograficas-continuas/15807-
estados.html?=&t=acesso-ao-produto>

SILVA, Gabriela. O processo de ocupação urbana da Barra da Tijuca (RJ): problemas ambientais,
conflitos sócio-ambientais, impactos ambientais urbanos. PARC Pesquisa em Arquitetura e
Construção, v. 1, n. 1, p. 65-93, 2006.

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Embrapa Solos, 5 ed., 2018, p.294-295.

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