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CIDADE DE ORLEANS/SC
RESUMO
As áreas de preservação permanente (APPs) exercem um papel fundamental no meio
ambiente, por isso o objetivo deste trabalho foi delimitar as APPs de morro através dos
sistemas de informação geográfica (SIG). O estudo foi desenvolvido na cidade de Orleans,
estado de Santa Catarina e a metodologia para realizar o mapeamento baseou-se na Lei Nº
12651 de 2012. A partir das ferramentas disponíveis no software Qgis, foram identificados os
terços superiores dos morros que apresentaram altura igual ou superior a cem metros e
declividade média maior que vinte e cinco graus. Os resultados da análise e mapeamento das
APPs demonstraram-se ínfimos quando comparados à área total do município e sujeitos a
variação por conta da subjetividade da lei. Diante do exposto, conclui-se que o ambiente SIG
é essencial para auxílio do planejamento urbano e controle ambiental e foi primordial para a
realização do estudo. Também foi constatado que se faz necessário discutir a falta de clareza
da legislação vigente.
Palavras-chave: APP de morro; Topos de morro; SIG.
ABSTRACT
Permanent preservation areas (APPs) play a fundamental role in the environment, so the
objective of this work was to delimit the hill APPs through geographic information systems
(GIS). The study was carried out in the city of Orleans, state of Santa Catarina and the
methodology to carry out the mapping was based on Law No. 12651 of 2012. Using the tools
available in the Qgis software, the upper thirds of the hills with equal heights or greater than
one hundred meters and an average slope greater than twenty-five degrees were identified.
The results of the analysis and mapping of the APPs proved to be negligible when compared
to the total area of the municipality and subject to variation due to the subjectivity of the law.
Given the above, it was concluded that the GIS environment is essential to aid urban planning
and environmental control and was essential for carrying out the study. It was also found that
it is necessary to discuss the lack of clarity in the current legislation.
Keywords: Hill APP; Hill tops; SIG.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Conforme IBGE (2020), a cidade de Orleans/SC, escolhida para o estudo, possui área
territorial de 549.859 km². A população estimada do município é de 23.161 mil habitantes
(IBGE, 2021). Em relação à economia, as principais atividades são agricultura, indústria e
comércio. (PREFEITURA DE ORLEANS, 2021)
Considerando os aspectos físicos, o município situa-se na depressão da zona
carbonífera catarinense, possuindo um relevo com grandes ondulações e colinoso com vales
encaixados e encostas íngremes (CASCAES et. al, 2015). Por conta da configuração deste
relevo ondulado, a cidade de Orleans foi escolhida neste estudo para a análise das APPs de
morro.
Para iniciar o mapeamento foram utilizadas imagens raster de altitude fornecidas pelo
topodata, que disponibiliza um banco de dados geomorfométricos do Brasil. O projeto
topodata oferece o Modelo Digital de Elevação (MDE) e suas derivações locais básicas em
cobertura nacional, elaborados a partir dos dados SRTM disponibilizados pelo USGS na rede
mundial de computadores. Os dados estão todos estruturados em quadrículas compatíveis com
a articulação 1:250.000 (TOPODATA, 2011). Os arquivos utilizados no trabalho possuem
formato Tiff e são constituídos pelas folhas 28S495 e 28S51, que abrangem o município
estudado. Foi também inserida a camada vetorial shapefile do limite do município de
Orleans/SC, disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mapeamento das áreas foi realizado em ambiente SIG, a partir do software Qgis,
uma ferramenta profissional livre e de código aberto. A metodologia utilizada para geração do
mapa foi baseada na Lei Nº 12651 de 2012, a qual estabelece normas gerais sobre as áreas de
Preservação Permanente. Conforme a lei citada, o Art. 4º, inciso IX define APPs de morro da
seguinte maneira:
No topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo
esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d'água
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da
elevação (BRASIL, 2012).
O trabalho foi realizado a partir das seguintes etapas: identificação das bases de colina
e dos topos, caracterização dos morros com base na legislação vigente e mapeamento das
áreas de preservação permanente. As operações realizadas no SIG foram organizadas através
de camadas raster e vetoriais com o objetivo de facilitar a aplicação da metodologia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Análise do relevo
Como o limite do município contempla duas imagens raster, foi realizado o processo
de miscelânia, ferramenta disponibilizada pelo programa Qgis para mesclar as imagens. Em
seguida, a imagem foi recortada a partir da camada de máscara do polígono shapefile dos
limites da cidade. A partir disso, foi gerado um mapa hipsométrico, através da imagem de
satélite utilizada, sendo executada a extração de curvas de nível com equidistância de 20 em
20 metros e em alguns casos de 1 em 1 metro, para que fosse possível a análise mais
detalhada do relevo da área. Foi analisado também o entorno das cidades limítrofes, pois
poderiam influenciar no cadastro das APPs do município.
A lei em vigor não define de forma clara a referência para delimitar os pontos de base
das colinas. Então, o estudo presente utilizou como referência de base dos morros uma das
interpretações da legislação, que seria o ponto de sela horizontal mais próximo em relação ao
topo do morro, dos relevos ondulados. Segundo Almeida e Paula (2018), o ponto de sela é
definido como o ponto central de uma concavidade negativa entre duas elevações, o que
significa que é o ponto mais baixo de um leve ou moderado rebaixamento entre essas
elevações. Foram identificados no mapa os pontos de topo de morro e pontos de sela, não
apenas dentro dos limites do município, mas também dos seus arredores, pois estes pontos
mesmo estando fora do município podem influenciar no resultado final das áreas obtidas. Este
processo ocorreu através da identificação das feições da camada raster importada, além da
representação da vista 3D do mapa a partir da geração do modelo digital de elevação do
terreno, para análise mais detalhada do relevo.
A partir dos pontos de sela encontrados foi delimitada a base dos morros para verificar
a altura mínina desses. Um dos critérios utilizados para constatar que um morro tenha APP é a
sua altura, a qual deve ser igual ou superior a 100 metros de altitude. Em seguida, foram
calculadas diferenças de altitude entre os topos de morro e os pontos de sela horizontais mais
próximos.
Conforme a legislação vigente, a inclinação média dos morros deve ser maior que 25
graus. A lei não define os critérios a serem utilizados para calcular a inclinação média.
Considerando que existem diversos métodos para obtê-la, cria-se um grande espaço para
subjetividade dos resultados. Para acelerar o processo de mapeamento, foi realizada a análise
da camada raster e gerado o seu respectivo declive. Em seguida, foi utilizada a calculadora
raster para identificar as áreas com inclinação maior que 25 graus e excluir as demais,
inferiores a este valor. No próximo passo, a camada raster de declividade foi recortada a partir
da camada de máscara do polígono shapefile dos limites de cada morro. A partir disso, o
resultado da declividade média foi obtido através da média dos pixels do modelo gradiente de
declive, presente na área delimitada pela base da colina.
Uma vez mapeados os morros que atendem os critérios de altura mínima de 100
metros e inclinação média maior que 25 graus, foram delimitadas as áreas de preservação
permanente. Embora um morro atenda os critérios de altura mínima e inclinação média
conforme a lei, a extensão de APP compreende apenas o terço superior dele. Então, nesta
identificação foi considerada apenas a proporção equivalente ao terço superior de cada morro.
A partir da identificação da curva de nível base da APP, foi gerado o polígono referente a esta
área. Na tabela 1, pode-se observar a quantificação de cada APP devidamente mapeada.
5. REFERÊNCIAS
CASCAES, Marco Antonio. et al. Plano Municipal de Educação Orleans. Orleans, 2015.