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COMO ESTUDAR A BÍBLIA

USANDO A HERMENÊUTICA

Logo depois de ter sido batizado, e quando se preparava para iniciar seu ministério público, Jesus
jejuou durante quarenta dias e quarenta noites no deserto. Estando Jesus sozinho, cansado e
com fome, Satanás vem até ele e o confronta com três insidiosas tentações. Três vezes nosso
Senhor se defende das sugestões do maligno, com citações do livro de Deuteronômio. (Dt.6.13,
16; 8.3)

Vendo, então, que para o Salvador a bíblia tinha autoridade, Satanás tenta nova jogada citando
as escrituras também. Escolhe a afirmação do salmista: “porque aos seus Anjos dará ordem a
teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas
mãos, para não tropeçares nalguma pedra. (Sl. 91.11-12).

Quando comparamos as palavras de Satanás com o texto do Salmo 91, verificamos que, apesar
de omitir uma frase, ele não cita mal o salmista. Faz, isto sim, mal uso da passagem, distorcendo
a intenção do escritor. A tática do nosso inimigo não mudou através dos séculos. Assim como
apresentou falsamente as escrituras a Jesus Cristo, o crente pode estar certo de que Satanás lhe
fará a mesma coisa. Como, porém, o diabo faz isso? De que lado devemos esperar os seus
ataques?

MODOS PELOS QUAIS A BÍBLIA PODE SER MAL UTILIZADA

Cinco modos nos vêm à mente de imediato e outros poderiam ser acrescentados a esta lista
ilustrativa.

1. A bíblia pode ser mal utilizada quando você ignora o que ela diz sobre o assunto.

A ordenação de homossexuais ao ministério é um exemplo. Defendem alguns a ideia de


que a igreja deve entender que o espírito amoroso e acolhedor do Senhor Jesus impede
que seja negado aos homossexuais o privilégio de serem ordenados se demonstrarem
vocação e possuírem preparo para isso. Alegam que em parte alguma Jesus diz que eles
não devem ser ordenados. Mas o antigo testamento proibiu expressamente atos de
homossexualidade, (Lv. 18.22) e Paulo afirma que o comportamento homossexual
contribui para a ira de Deus sobre a humanidade (Ro. 1.26-27). A ignorância sobre o que
as escrituras ensinam é uma porta aberta para a investida do inimigo.

2. A bíblia pode ser mal utilizada quando você toma um versículo isolado do seu
contexto.

Na noite em que foi traído, disse Jesus a seus discípulos: “Até agora nada tendes pedido
em meu nome; pedi, e recebereis, para que a vossa alegria seja completa”. (Jo. 16.24).
Alguns tem tomado isto como sendo uma carta branca dada pelo Salvador. Deus lhe
dará tudo quanto você pediu em seu nome. Contudo, naquela mesma noite, pouco
depois de ter feito essa afirmação, Jesus orou no Jardim do Getsêmani: “Meu Pai, se
possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres”. ( Mt. 26.39).
As promessas da bíblia devem ser combinadas com o contexto total do ensino bíblico
sobre a oração ( I Jo. 5: 14-15).

Aliás, todo estudioso da bíblia deve saber que “a regra Áurea de interpretação das
escrituras é que a bíblia se interpreta com a própria bíblia”. Isto significa que não se
pode tomar versículos isolados das escrituras, e, com base neles, formular uma
doutrina, sem o necessário respaldo de todo o contexto bíblico.

3. A Bíblia pode ser mal utilizada quando você lê uma passagem e a faz dizer o que, na
verdade, ela não diz.

Ao aproximar-se do fim do seu Ministério, disse Jesus: “Estes sinais hão de acompanhar
aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão
em serpentes; e se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem
as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”. (Mc. 16.17-18).

Alguns entendem esta passagem descritiva como se fosse uma ordem para fazer todas
as coisas mencionadas, quando, na verdade tudo o que Jesus está fazendo é descrever
o que vai acontecer em certas situações quando os crentes no exercício dos dons
espirituais haverão de operar sinais, prodígios e maravilhas em nome de jesus.

4. A Bíblia pode ser mal utilizada quando você dá indevida ênfase a coisa menos
importante.

Judas o traidor do nosso Senhor, participou ou não da ceia com Jesus e os outros
apóstolos? Não temos como saber com certeza, mas, apesar disso, alguns se preocupam
excessivamente com uma questão irrelevante como essa, chegando ao ponto de
colaborar para a desunião da igreja.

5. A Bíblia pode ser mal utilizada sempre que você a usa para tentar levar Deus a fazer o
que você quer, em vez daquilo que Deus quer que seja feito.

Usemos o exemplo de uma moça apaixonada por um rapaz e que deseja a todo custo se
casar com ele. Ela lê a passagem que diz: “Em verdade também vós digo que, se dois
dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura,
pedirem, ser-lhe-á concedida por meu Pai, que está no céu”. (Mt. 18.19). Então,
mostrando este texto a um amigo íntimo, pede-lhe que se junte a ela em oração, a fim
de pedir o cumprimento dessa promessa, no sentido de “fisgar” o rapaz. Este é um mau
uso evidente das Escrituras.

Exame livre das Escrituras é diferente de interpretação das Escrituras.

Interpretação das Escrituras, segue critérios interpretativos da hermenêutica, exegese,


estudo literário, semântico, história, político, cultural, etc.

Homilética
A pregação da Palavra é parte essencial da vida cristã. Dessa forma, todo pregador carrega a
responsabilidade de investir na preparação de seus sermões. Para que isso aconteça, é
necessário que se observe algumas regras e técnicas especiais.

A disseminação da palavra de Deus envolve especialmente uma bagagem capaz de não apenas
convencer, mas persuadir um auditório acerca das verdades espirituais bíblicas que serão
tratadas e apresentadas de modo especial na pregação.

Para um curso de homilética, nada mais importante que falar não apenas de aspectos técnicos,
mas também apresentar alguns elementos fundamentais que envolvem a pessoa do pregador:
Quem ele é? Qual seu papel no ministério da palavra?

Qual a importância da pregação bíblica? A pregação é uma forma expressiva de disseminar o


Evangelho, e ocupou lugar central no ministério terrestre de Jesus. Jesus foi um pregador
itinerante fora de série.

Não teve muitas oportunidades de pregar no templo judaico em Jerusalém, apesar de às vezes
poder entrar em uma sinagoga para discutir os textos. Seu ministério terrestre foi, dessa forma,
frequentemente ao ar livre, e seu púlpito, quase sempre improvisado.

Na Igreja primitiva, a pregação apresentava um caráter de “Homilias”, isto é, o ensino em tom


familiar. Jesus não apenas falava a verdade, pois Ele mesmo era a verdade.

Dessa forma, “A pregação é uma encarnação pessoal”. Podemos definir a Homilética a partir dos
seguintes pontos:

1. Da língua grega, a palavra homilética origina os termos:

I. Homilos - Multidão, assembleia do povo;

II. Homileo - Conversar, fala informal;

III. Homilia - Ensinar em tom familiar;

IV. Homiletike - Palestra ou discurso fixo, eloquência para falar;

Em síntese, Homilética é a arte de falar em público. É a arte de apresentar um discurso fixo para
convencer uma plateia ou auditório.

2. Há ainda outros termos gregos que podem indicar a natureza da homilética:

I. Evangelizo - Levar a boa nova; evangelizar; anunciar de modo claro e preciso a mensagem (Mc
16:15);

II. Kerysso - Anunciador, arauto, proclamador (Mt 10:7);

III. Dialegomai - Discorrer, discutir, argumentar (At 17:20);

IV. Laleo - Verbo grego que significa falar a palavra (Mc 2:2);

3. A definição científica e técnica da homilética

I. Homilética - Ciência que ensina os princípios fundamentais dos discursos em público.


4. Existem três elementos chaves da homilética:

I. Oratória - É a arte de falar em público e se caracteriza em cinco formas: acadêmica, forense,


política, popular e religiosa;

II. Eloquência - É a faculdade adquirida ou a aptidão natural do homem para persuadir;

III. Retórica - É o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento
natural da palavra

Alguns cuidados que o pregador deve ter.

A) Na área espiritual

O pregador precisa preocupar-se e ter zelo em relação a:

-Sua piedade pessoal, é preciso estar disposto para ser usado por Deus;

-Estar sempre estudando a Palavra, pois é a Palavra que ele interpretará;

-Ter fé espontânea e corajosa, porém serena e tranquila que demonstre a sua real confiança em
Deus;

-A convicção de chamado e de envio, aliada a uma reconhecida vocação cristã;

-Ser humilde, despido de qualquer vaidade;

-Ter espírito de oração, de forma a ser sempre um canal livre para a comunicação do Alto;

-Ter uma boa visão e discernimento da obra, em suas diferentes nuances;

-Ter sensibilidade espiritual e unção do Espírito;

-Ter profundo amor e paixão pelas almas perdidas e pelas ovelhas do rebanho.

B) A nível físico/natural

O pregador precisa cuidar:

-Da sua aparência e higiene pessoal;

-Do desenvolvimento sóbrio e fecundo da sua inteligência;

-Do exercício frequente e sábio da sua memória;

-Do adestramento frequente da sua dicção;

-Do cuidado com a sua saúde pessoal e com a sua alimentação;

-Do aprimoramento incansável dos seus conhecimentos do idioma;

-De ter boa cultura geral e estar sempre bem-informado;

-Da sua preparação psicológica.

Aplicando esses cuidados, o resultado é com o Espírito Santo, Ele é poderoso para suprir nossas
limitações. Mesmo tendo empregado todo esforço e técnica para o serviço relevante da
pregação, você sempre dependerá Dele.
Pr. Hélio Inácio

29/04/2023

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