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Deus, se és tu Deus, mate-me.

Arranque-me desta vida


Num ante-parto doloroso
Para que nela nunca mais queira estar.

Preciso de um milagre, Senhor, mate-me.


Para que eu não passe a vida assim:
A margem da felicidade
A margem da coragem
A margem da necessidade
Do crescimento e evolução.

Se não quiser essa alma covarde


Deixe-a apodrecer em meu corpo
Deixe que minhas entranhas se desfaçam ainda com vida.

Deixe que eu sinta toda a dor


A dor da morte várias e várias vezes, será, assim, ainda menos doloroso que esse destino
de viver.

Cartas para a morte

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