António Damásio é um renomeado neurocientista e escritor português que faz
contribuições inovadoras para a nossa compreensão da relação entre a emoção,
a consciência e a tomada de decisão. O seu trabalho ajudou a esclarecer o papel que as emoções desempenham na orientação do nosso comportamento e tomada de decisões e como o nosso cérebro processa e dá sentido ao mundo ao nosso redor. Para compreender as teses de Damásio é importante compreender a noção de mente e de emoções por parte do mesmo. Neste sentido, o conceito mente designa uma produção do cérebro que é dependente e está em constante interação com os sentidos e as emoções. Por sua vez, a emoção é visualizada como um padrão de ativação nervosa que corresponde a estados do nosso mundo interior, que nos ajudam a priorizar e avaliar informações, influenciando as nossas escolhas e ações. O nosso cérebro também processa e mapeia as sensações físicas associadas às emoções, como a mudança da frequência cardíaca, a respiração e a temperatura da pele, aquelas que orientarão uma futura decisão.
“O Erro de Descartes” é um livro inovador de António Damásio que eleva a
busca do enraizamento corpóreo da subjectividade, que conduzira Damásio a uma teoria da emocionalização da mente, explorando a relação entre o pensamento racional e a emoção no cérebro humano. Nesta obra, o neurocientista argumenta que Descartes estava errado, refutando o dualismo mente-corpo, argumentando que as emoções e as sensações corporais são igualmente essenciais para a construção da nossa identidade, assim apresenta ricas evidências para mostrar como o cérebro processa as emoções, de que forma as mesmas orienta, a tomada de decisão e como os dados emocionais podem levar a sérios transtornos mentais. O Erro de Descartes é desta forma visto como uma mudança de paradigma. 208 Já em O Erro de Descartes a busca do enraízamento corpóreo da subjectividade conduzira Damásio a uma teoria da emocionalização da mente. Se um dos sentidos do erro cometido por Descartes é o dualismo mente/ corpo, o outro sentido é a intelectualização do mental, a separação entre uma razão que seria pura e as emoções.