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ÍNDICE
SÍNTESE DE 1 MINUTO.............................................................. 4
E AGORA?......................................................................................
48
22 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
Antes de começar
FEZ O
EXERCÍCIO?
ENTÃO PODE
CONTINUAR.
NOS VEMOS
NA ÚLTIMA PÁGINA.
Quem quer ser interessante
vai ter de tocar em
conhecimentos humanos
que são de interesse geral.
Psicologia é de interesse
geral. O funcionamento da
cabeça é de interesse geral.
Quando você vê filmes,
torna-se mais interessante
porque pode fazer várias
correlações. Se você está
informado sobre o seu
país, vai ser uma pessoa
interessante.
3 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
SÍNTESE
DE 1 MINUTO
É possível, sim, aprender a se tornar
interessante. Mas nem pense que você
poderá algum dia se tornar interessante,
e permanecer nesse estado, sem melhorar
como pessoa humana. Os outros só vão
gostar de estar ao seu lado se você for do
tipo que lhes ofereça algo de valor, algo que
os ajude a entender e viver a vida de uma
maneira mais completa. É ensinando os
outros a pensar e cultivando um interesse
genuíno por eles que você vai aparecer como
uma pessoa interessante. Para isso acontecer,
não deixe de ler bons livros, de seguir
blogs relevantes, de assistir aos melhores
filmes, de buscar a verdade onde quer que
ela apareça. Isso tudo, aliado à disposição
de servir, vai aumentando o seu tamanho
e a sua relevância. Você fica praticamente
irresistível.
4
4 CO
CO M
MOO SE
SE R
R IN
IN TE
TE RE
RE SSAN
SSAN TE
TE
POR QUE VOCÊ
DEVERIA SER
INTERESSANTE?
Nascemos para a verdade e para a liberdade.
Mas só consegue se aproximar desses obje-
tivos quem alarga sua estatura humana. Ser
uma pessoa irrelevante não é de modo al-
gum desejável. E isso não tem nada a ver com
sucesso midiático. Trata-se de tornar-se um
centro emanador de coerência, sensatez, dis-
cernimento. Trata-se de ser capaz de partici-
par da vida alheia positivamente, mostrando
aos outros o lado da questão que eles não es-
tavam enxergando, desenvolvendo a empatia
necessária para agir com amor. Ser interes-
sante é uma maravilha sem tamanho!
55 COM
CO MO
O SE
SERR IN
INTE
TERE
RESSAN
SSANTE
TE
O QUE VOCÊ
IRÁ APRENDER
NESTE E-BOOK:
• Há dois erros comuns
no caminho de se tornar interessante;
• As pessoas interessantes
ajudam as demais a pensar;
6
6 CO
COMMO
O SE
SERR IN
INTE
TERE
RESSAN
SSANTE
TE
… assim que você se torna
um pouco mais amplo e
foge dos assuntos que são
só sobre o tempo, sobre
doença etc., os interesses
dos outros se voltam para
você. Você pode notar que
as pessoas interessantes,
em primeiro lugar, são
aquelas que o ajudaram
a pensar, que revelaram
coisas para você e de algum
modo moldaram o jeito de
você ver o mundo.
7 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
8 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
É POSSÍVEL
ENSINAR ALGUÉM A
SER INTERESSANTE?
Depois de ver o título deste e-book, algumas
pessoas podem coçar a cabeça e dizer: “Não
é possível que o Dr. Italo vá falar disso mes-
mo” O jargão “como ser interessante” soa um
pouco antigo; talvez até um pouco charlata-
nesco. A idéia embutida nisso é que não tem
como ensinar alguém a ser interessante, que
quem é interessante, já nasce assim. Mas eu
discordo. Há sim meios de ensinar as pesso-
as a serem interessantes. Acho até que poucas
pessoas nascem com a questão de ser interes-
sante dentro de si.
9 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
isso digo que não é um livro ruim. Não adianta torcer o
nariz e dizer que é auto-ajuda fajuta. Não é um livro de
auto-ajuda de baixa qualidade.
10 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
e põe na primeira pessoa todo o problema de fazer ami-
gos e influenciar pessoas. Neste e-book, vamos dar um
giro e voltar para uma tradição muito profunda que faz
com que a gente seja interessante.
11 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
DOIS ERROS
DE AVALIAÇÃO
Algumas ideias que estão na nossa cabeça nos
fazem cair em enganos, são grandes falhas
que não nos deixam ser interessantes. A pri-
meira delas é achar que o interesse dos outros
por nós deveria vir de modo automático. Ou
seja, pelo simples fato de eu estar namorando
uma bela dama, ou de estar casada com um
bom moço, ou de um filho aparecer no seio
da família, ou de eu virar gerente da empresa
ou presidente da república etc., automatica-
mente o interesse das pessoas viria para cima
de mim. Porém se trata de uma das maiores
falácias que existem.
12 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
Se você adquiriu este e-book achando que tudo seria por
mágica, ele não é para você. Não há nada que possamos
fazer que nos dê automaticamente a faculdade de ser in-
teressantes. Você acha que Barack Obama ficou interes-
sante para uma parte dos EUA e do mundo porque ele
virou o presidente da república? Claro que não. Assumir
um cargo, ou ganhar dinheiro, ou ficar bonita pode aju-
dar ou atrapalhar a aquisição da faculdade de ficar inte-
ressante. Você não vai ficar interessante da noite para o
dia num passe de mágica.
13 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
gráfica. Algumas bandas emplacaram uma única música
e todos gostaram. Mas esse feito é tão isolado que não
marca absolutamente um modo de ser interessante: só é
interessante quem desperta regularmente o interesse de
alguém.
14 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
quem diz que sabe fazer uma coisa dessa. Em regra, na
balada, o apelo sexual sempre vence. Isso não é propria-
mente ser interessante no sentido forte da expressão –
que quero construir aqui. Eu não desconsidero em nada
o elemento da beleza, acho que a gente tem de buscar ser
bonito. Mas isso não vai lhe dar os elementos para você
se tornar uma pessoa interessante.
15 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
1º ENSINAR
O OUTRO A
PENSAR
Se você prestar atenção, vai perceber que as
pessoas que foram interessantes para você
ajudaram-no a pensar. Elas deram um mo-
delo de pensamento. Muitos professores do
colégio são exemplo disso. Para alguns, não
existe pessoa mais interessante do que os pro-
fessores de história. Com 13 anos a gente é um
bobão, e chega o sujeito que leu um monte de
livro e consegue contar como as coisas acon-
teceram na Rússia, na França; fala do capita-
lismo, do comunismo etc. Aí achamos aquele
cara interessante, porque ele nos tira de um
lugar de ignorância e nos põe diante de uma
janela, olhando um universo que não conhe-
cíamos. Isso determina monstruosamente a
capacidade de ser interessante.
16 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
do sabem usar esse elemento a seu favor? Elas vão a Blan-
gadesh, Londres, lugares nos quais você nunca esteve, e
, contam como as coisas acontecem na outra terra. E o
que faz com que você se interesse? Você não sabia nada
daquilo, não sabia o que se comia em Blangadesh, e o
sujeito lhe contou. Por mais que você não fale que isso é
interessante, o sujeito vai dominar o ambiente.
17 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
beça uma categoria nova de pensamento, uma forma de
pensar sobre a vida. Ele não vai explicar para você como
a vida é, como poderia ser etc. Por acaso é interessante
sentar no fim de semana com a avó e ficar ouvindo sobre
a unha encravada dela? Você até pode estar ali por com-
paixão; não porque ela é interessante, mas porque você
é neto e tem de amá-la. Conversa de velho que só fala de
doença não é interessante porque não abre nada de novo,
não ensina a pensar em nada. Agora, se um velho fala das
experiências que ele teve diante de uma crise financeira,
ou de uma desilusão amorosa, ou de quando foi para a
guerra, com certeza vai ficar interessante. Você não tinha
aquelas categorias na cabeça.
18 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
2º A ARTE O AJUDA A
SER INTERESSANTE
Então, alguém pode dizer: “Beleza, Italo, mas
você é um professor, tem por ofício fazer isso.
Para você é fácil. Mas eu não sou professor;
sou um contador, sou um dentista. Minha
função na vida é outra. Se eu chegar nos am-
bientes e começar a falar como faço obtura-
ção, o pessoal vai embora”.
19 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
ressante porque está revelando modos de pensar sobre a
Revelação. Um pároco vai ser interessante por estar reve-
lando um modo de agir diante da religião. Um amigo que
viajou o mundo vai ser interessante porque está abrin-
do um meridiano que você não tinha. Muitos papos são
sempre interessantes.
20 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
o tipo de pessoa que tem interesse por tudo. Mas, em re-
gra, é muito chato. E por que ninguém quer saber desse
tipo de papo? Porque não abre meridiano de pensamen-
to na cabeça de ninguém.
21 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
pensamento dialético. Você olha a coisa de um lado,
mas se coloca na cabeça de quem está do outro lado
também. Isso é muito saudável e torna muito interessan-
te. É o tipo de coisa que dá uma grande amplitude, que
chamamos na psiquiatria de consciência psicológica.
22 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
torna desinteressante porque um horizonte de cons-
ciência foi amputado. “Não consigo entender por que
alguém vota no Psol.” Você não consegue entender por-
que não parou para pensar nisso um único minuto da
sua vida. Se tivesse pensado, encontraria 20 motivos. Eu
não votei no Psol, mas consigo entender por que alguém
tenha votado. Isso não é virar a casaca, é ter amplitude de
consciência. A mesma coisa acontece com quem diz que
não entende o motivo de alguém ir morar no interior,
que o bom mesmo é cidade. Ou o contrário. Saiba, nin-
guém gosta de você porque você pensa desse jeito. Você
é chato demais, ninguém vai querer conversar contigo.
Para você, só o que vale são as suas idéias, que nunca fo-
ram confrontadas dialeticamente.
23 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
tros pizza, outros bife. Tranqüilo. Não há certo e errado
nisso. A investigação não chega ao limite do certo. Não
adianta me dizer que o certo é dieta low carb; ela apenas
funciona em pessoas com um tipo específico de deman-
da.
24 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
SAIA DA
REDOMA
Por que isso tudo está no grande assunto
“como ser interessante”? Porque uma pes-
soa fechada para algumas realidades tem a
consciência psicológica muito limitada. É
uma pessoa burrinha. É isso que faz as pesso-
as serem burrinhas. Não é do QI esse papel.
O QI é um marcador de retardo mental, ele
só serve se for baixo. QI alto não serve para
nada. O sujeito pode ter um QI altíssimo e
ser meio burrinho. Ele pode ter uma consci-
ência psicológica baixíssima. Uma pessoa as-
sim não consegue entrar num relacionamen-
to ensinando ou ajudando os outros a ver o
mundo de certo modo. Ou seja, ela não ajuda
os outros a pensar.
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26 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
PARA ENSINAR
É PRECISO SABER,
TER, SER
Quais são, então, os modos mais à mão para
ajudar os outros a pensar?
27 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
ambiente que as pessoas viajam para a Índia, mas quan-
do alguém vai ela se torna interessante; não porque é di-
ferente, mas porque a experiência é mais ampla do que a
da média. O sujeito que vai para a balada três vezes por
semana pode contar um monte de história, mas nada é
interessante; qualquer um que tenha ido vai uma vez já
sabe como é. Todo mundo tem esse repertório dentro
de si: basta aparecer um sujeito com uma experiência
mais ampla para tomar conta do ambiente. E aqui está
o ponto que nos difere de Dale Carnegie: o sujeito não
toma conta do ambiente para benefício próprio, ele
se torna interessante porque está oferecendo alguma
coisa para aquela comunidade.
28 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
ferrar. Não é melhor ele pensar do meu jeito, mas pensar
de um jeito mais amplo”. Esse é o ponto.
29 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
um horizonte de vingança monstruoso? Hamlet está nos
ensinando que a vingança profunda não é sobre a gen-
te se sentir aliviado, mas sobre querer o mal do outro.
Quando você tem noção de uma coisa assim, seu hori-
zonte de consciência se amplia muito; você fica sabendo
que o que está no seu peito não é vontade de vingança,
e sim sono, fome, raiva etc. Uma vingança profunda, o
desejo de destruição de outro sujeito, é o contrário do
amor. Eu já falei que o amor é o desejo de fazer com que
o ser amado perdure na eternidade. A vingança é querer
fazer que o ser odiado se afunde no inferno para todo o
sempre. “Caramba! Nunca tinha ouvido falar disso!” Eu
sei. Isso é a literatura que nos ensina. Quando você aces-
sa esse tipo de coisa, adquire amplitude de coração; você
entra nos ambientes e a qualquer momento pode ajudar
alguém. Uma pessoa que está verdadeiramente interes-
sada em entrar nesse tipo de universo e ampliar o ho-
rizonte de consciência não tem intervenções episódicas
na vida dos outros, porque ela se transforma em alguém
de fato mais amplo. Ela está ali para ajudar os outros a
pensar.
30 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
laram coisas para você e de algum modo moldaram o
jeito de você ver o mundo.
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interessar pelo outro. É saber o que ele faz mesmo, o
que ele quer, saber quais são seus projetos e interesses
centrais. Muita gente não sabe falar sobre isso. Nada é
melhor do que ter alguém que ajude a elaborar esse tipo
de coisa.
32 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
cia. O fato de a menina estar começando a gostar de você
não lhe dá uma autoridade automática. Você vai ter de
cultivar a relação. Do mesmo modo, esse tipo de con-
versa não acontecerá uma única vez; você vai precisar
cultivar esse hábito consistentemente.
33 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
jogar a outra pessoa para baixo. Nesse caso, você não se
torna desinteressante, mas odioso. No processo do de-
safio, você precisa ter um interesse real pela pessoa;
e ter bem definidos na cabeça os critérios do melhor
e do pior, do certo e do errado. Um relativista vai se
tornar, em algum momento, desinteressante. Na prática
ninguém aceita esse negócio relativista. A noção da ver-
dade é necessária. A frase “Essa é a sua verdade, não a
minha” é verdadeira para algumas coisas, mas não para
tudo. Eu gosto mais de bife do que de risoto. Mas isso
não é verdade, é gosto. A verdade — o bem que conduz
a pessoa à felicidade — não é relativa. A noção de ver-
dade, de certo e errado, só vai aparecer para as pessoas
maduras.
34 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
Desse modo, para ser interessante de verdade, você vai
ter de amadurecer, vai ter de sair da 4ª camada. Quem
reclama constantemente que não é interessante, que nin-
guém se interessa por ele, provavelmente ainda está pre-
so na infância. Não tem como uma pessoa dessa ser inte-
ressante. Você pode até ser inteligente, interessado, culto,
mas o pé de suporte do desafio não aparece em você.
Você vai ter de desafiar os outros para um lugar de ver-
dade, para um lugar melhor, que os encaminhe para a
felicidade. Você vai ter de se interessar pela pessoa e na
seqüência fazer uma proposta de melhora. Mas isso só
acontece se você não for mais um problema para você
mesmo. Você já tem de ter fechado os buracos afetivos
dentro do seu peito; já precisa estar claro para você que
existe uma realidade fixa e estável na qual todos nós nos
movemos. A ajuda que você vai prestar é facilitar para os
outros o movimento dentro dessa realidade. Todavia isso
só será possível quando você for mais maduro. No limi-
te, isso vai aparecer quando você tiver mais clareza sobre
o seu lugar no mundo. Quando você está no mundo para
cumprir seu papel social, para servir, então o jogo não é
mais sobre você. O jogo é olhar para a comunidade ao
redor e ser alguém que conduz aquela comunidade à ver-
dade. Um sujeito assim está diante da vida para cumprir
as expectativas dos outros — não para que ele se sinta
bem, mas porque isso é o que ele sabe fazer. Ele é um
médico, um professor, um pai, uma mãe etc. Ele aparece
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e ajuda, para benefício dos outros.
36 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
3º NÃO TENHA
MEDO DE SERVIR
Isso já pode ser exercitado na relação um a
um. Se você quer ser interessante, esse é um
truque da vida. Você vai entrar numa relação
querendo entregar. “Mas, Italo, não sei em
que mundo você vive. Se eu entrar assim na
vida, vão me fazer de gato e sapato, vou ser
feito de idiota.” Olha, chega um momento na
vida em que não se aplica essa idéia de ser
feito de idiota, de ser saco de pancada. Você
nunca vai ser feito de trouxa. Quem é trouxa
é o outro, que só quer se aproveitar de você.
Ele está desperdiçando uma oportunidade
de ouro, de amadurecer, de ser desafiado e
ir para um lugar melhor. Você nunca vai ser
trouxa nessa circunstância. A pessoa que nes-
sa situação ainda se sinta meio trouxa, meio
enrolada, ainda não amadureceu. Ela não é
interessante nesse sentido. “Eu não vou me
dedicar muito aqui no trabalho ou na família
porque daqui um pouco eles vão me abando-
nar.” Entendi. Provavelmente você ainda está
preso no infantilismo. Você não entendeu
que você é mais você quando está na relação
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com os outros querendo tirá-los de um lugar ruim para
colocá-los num lugar melhor. Isso só acontece por um
interesse genuíno pela vida do outro. Se você de fato está
interessado na vida do outro, se de fato fez o exercício
de compensar, vai fazer propostas para que ele mude de
lugar.
38 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
A VERDADE EXISTE,
PODE APOSTAR
Quando você não tem esses elementos, não
tem uma terceira coisa: autoridade. As pes-
soas mais interessantes são as que têm auto-
ridade. A pessoa com autoridade é aquela
que o ajuda a pensar e o desafia; mas o de-
safia para você ir para um lugar melhor. Os
princípios da liderança são: ajudar a pensar
e desafiar. Quando essas duas coisas apare-
cem no dia-a-dia, você ganha naturalmente
autoridade, que é outra forma de dizer que
você é interessante. Uma pessoa interessante
é aquela que aparece e os outros olham mag-
neticamente para ela e melhoram.
39 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
que estou descrevendo; a coisa toda é mais dificultosa.
Você vai precisar estar dentro da noção da verdade.
Julián Marías tem um livro que ajuda muito na questão
de entender o que devemos fazer para sermos interes-
santes. O livro é bom, embora seja um pouco chato de
ler: Tratado sobre a convivência. Essa obra oferece um
guia de como ser interessante. Fala sobre a convivência
humana. O subtítulo é Concórdia sem acordo; muitas
coisas são reveladas sobre como ser interessante nesse
subtítulo.
40 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
é necessário estrutura. A coisa interessante vai atrair os
olhares, os corações, as vidas; e eles têm de repousar em
algo que seja, que exista.
41 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
É um fetiche achar que você pode ser interessante para
todo mundo o tempo todo. Isso não existe. Você só vai
fazer isso se usar técnicas de manipulação. Mas aí você
não será uma pessoa interessante, será um aproveitador.
Por exemplo, para fechar um contrato comercial, você
não precisa ser interessante, só precisa ter técnicas de ne-
gociação. É outro processo. Aqui estou falando de uma
realidade verdadeiramente profunda que vai deixá-lo fe-
liz; no fim da vida você vai ter substância.
42 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
VERDADE E LIBERDADE:
FEITAS UMA PARA
A OUTRA
O livro de Julián Marías que citei é um pou-
co difícil de entender, não é ideal para quem
nunca leu nada dele. Mas quero destacar uma
passagem fundamental. No capítulo intitula-
do “Homens cativos”, ele traz já na primeira
linha: “Não ter liberdade é mal. Mas é muito
mais grave não ser livre”. Em que sentido ele
fala isso? Um homem de fato interessante
é livre; não ser livre é péssimo. Um ótimo
exemplo é Viktor Frankl. Você vai dizer que
ele no campo de concentração não era interes-
sante? Ele era maximamente interessante. Ele
não perdeu o domínio da liberdade. O domí-
nio da liberdade fez com que ele caminhasse
diante da verdade. Ele sempre estava investi-
gando a verdade das coisas. E quando você
está investigando a verdade das coisas, você
tem o domínio da liberdade no coração:
você é um homem livre mesmo que esteja
preso. Você é livre porque em cada situação
43 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
pode escolher o melhor. Mas só escolhe o melhor o
sujeito quem entendeu que a verdade existe. Sem isso,
você pode ser excêntrico, engraçado, curioso, mas in-
teressante você não é.
44 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
disso. Vai precisar assinar blogs de notícias que infor-
mem o que está acontecendo. Você vai precisar seguir
pessoas que falem sobre literatura, sobre cinema. Não
tem como ser interessante sem caminhar por aí. Se você
me disser que só gosta de música pop, tudo bem. Mas
conhecimento é outra coisa. Você vai precisar confrontar
as coisas. Conheça e ame as outras coisas porque elas
existem.
45 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
ta energia. Uma pessoa sempre muito apática natural-
mente será desinteressante. Se estiver, na situação, so-
nolento, preguiçoso, fraco, apático, você não dá conta
nem de você mesmo. Energia se gera, ela não aparece do
nada. E a gente gera energia querendo: é preciso que-
rer estar presente, querer entregar. A energia não apa-
rece dentro de você como se fosse um espirro. Você vai
precisar acordar e querer esse negócio; vai precisar que-
rer falar com presença, agir com presença; vai precisar
querer olhar no olho do outro; vai precisar querer falar
algo quando a sua preguiça o faz calar; você vai preci-
sar calar quando a sua espontaneidade louca o leva a fa-
lar. Você só consegue essas coisas por meio da energia. E
como essa energia vem? Querendo! É assim mesmo. Os
atletas sabem disso muito bem. Isso não é pensamento
positivo: é assim que funciona. Você sabe que tem uma
missão e passa a querer cumpri-la. Quando você se fe-
cha, a vida fica um saco, porque você não se torna uma
pessoa interessante. E uma pessoa que não é interessante
não está interessada: não está aí para nada. Se você não é
interessante, ninguém conta contigo, nem para namorar
nem para obedecer. Por isso que ser interessante não é
uma escolha, é uma necessidade de quem quer estar
vivo.
46 CO M O SE R IN TE RE SSAN TE
ser humano pode ser amado porque é amável. Se estivés-
semos numa sociedade madura, essa conversa seria des-
necessária. Seria natural o sujeito ser interessante a seu
modo. Você não vai ser interessante para todo mundo o
tempo todo, mas ser interessante é uma necessidade de
quem está vivo e é maduro. Todo mundo precisa sair do
infantilismo e ser interessante. Não estou invalidando o
sofrimento de ninguém, mas é óbvio que existem sofri-
mentos mais tolos que outros. São aqueles que não deve-
riam estar aí, são fáceis de resolver. Não é falta de empa-
tia da minha parte. Empatia profunda, na verdade, é eu
não admitir que você seja tão pequeno quanto você acha
que é. Eu acredito que você possa ser maior; é justamen-
te por isso que digo que alguns tipos de sofrimentos são
pequenos mesmo. Sei do que você é feito porque sei do
que eu sou feito; sei que a gente sempre pode melhorar.
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E AGORA?
O QUE FICA É A SUA
PARTE. OS ELEMENTOS
FORAM DADOS.
Se depois de tudo isso você ainda se
contentar em ser mirradinho, sem
importância, não há muito que fazer. Esse
aqui é um trabalho de longo prazo, é aquele
tipo de coisa que a gente faz de pouquinho
em pouquinho para ter um resultado grande
lá na frente. O bom é que o processo é
prazeroso também. É sempre uma alegria
ouvir uma grande composição musical, ler
uma peça clássica do teatro universal, se
colocar no lugar do outro para entender seu
ponto de vista. Habitue-se a fazer dessas
pequenas alegrias a causa de uma alegria
bem maior: ser significativo na vida dos
outros.
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48 CO
COMMO
O SE
SERR IN
INTE
TERE
RESSAN
SSANTE
TE
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