Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ficha Técnica
Coordenação geral:
Paulo Afonso Butzke – Núcleo de Produção e Assessoria da IECLB (NPA)
Revisão ortográfica:
Luis Marcos Sander
Projeto gráfico:
Mythos Comunicação
Apresentação 4
Texto-base - Tema do Ano 2023-2024 5
Liturgia do Tema do Biênio 2023-2024 9
Somos Igreja de Cristo - Melodia Cifrada 14
Somos Igreja de Cristo - Arranjo para Coro e Acompanhamento 15
Somos Igreja de Cristo - Arranjo para Grupos de Metais 16
Leitura e Releitura do Cartaz 17
Linha do Tempo 24
Reflexões sobre o Tema do Biênio e a Constituição da IECLB 29
História e Teologia do Primeiro Artigo da Constituição da IECLB 30
Teologia do 3o e 6o Artigos da Constituição da IECLB 35
O Lema Bíblico do Biênio 2023-2024 41
Subtemas e Subsídios 47
A Gratidão pela Nossa História 47
1. A Gratidão pela Ação de Deus - Salmo 106 47
2. Até aqui me Trouxe Deus - Reflexão sobre o Hino LCI 470 53
3. A História da IECLB e a História de Nossa Comunidade - Um Seminário para a
comunidade local 59
A identidade da IECLB e sua participação na missão de Deus hoje 63
1. Comunhão solidária: A identidade da Igreja e seu propósito segundo Atos 2.42-47 63
2. Casa de pedras vivas: A identidade da Igreja e seu propósito, segundo 1 Pe 2.4-10 69
3. A identidade de nossa comunidade na missão de Deus: Um seminário para a
comunidade local 72
Nosso Compromisso com o Futuro 79
1. Olhos voltados para o futuro: A Grande Comissão em Mateus 28.16-20 79
2. Sonhar igreja e atravessar o teto 84
3. O futuro da IECLB e o futuro de nossa comunidade: Um seminário para a
comunidade local 86
9. No capítulo 5 do Evangelho de Mateus, 11. Ser luz do mundo não é menos desa-
a cena muda totalmente. Jesus não fiador. Porém, é preciso levar em conta
está mais em meio ao povo, cercado que aquele que dá este encargo é, em
por multidões. Procurou um lugar soli- verdade, a luz do mundo (Jo 8.12; Mt
tário para estar a sós com seus discípu- 4.16). Discípulos e discípulas refletem
los. É provável que bem mais pessoas a luz de seu Senhor e assim cumprem
do que os doze discípulos nominados importante função de dissipar as trevas
nos Evangelhos estivessem presentes do mundo. Esta metáfora também é
neste momento. Pois, ao lado destes plena de significados para o discipu-
ainda havia muitas pessoas que se- lado. A luz, por mais tênue que seja,
guiam Jesus - homens e mulheres que, oferece orientação em meio à escu-
no entanto, permaneceram em suas ridão. O testemunho cristão, através
vidas cotidianas, em suas famílias e de palavras, obras e atitudes serve de
profissões. O Sermão da Montanha que guia para que as pessoas encontrem o
se segue (Mt 5-7), é ensino para as caminho da vida, encontrem a Deus.
pessoas discípulas. O ensino de Jesus Assim, o que está predito em Mt 4.15-
inicia com as bem-aventuranças. Elas 16 acontece, ainda hoje, em nossa
falam do estilo de vida de quem se- realidade.
gue a Jesus e vive na luz do Reino de
Deus. Não são legalistas. Cativam pela 12. Tema e Lema do Biênio 2023-2024
promessa de uma vida feliz, bem-a- desejam guiar a IECLB na celebração
venturada. Não obstante, estão em de seu jubileu de 200 anos de história
contraposição com o mundo. Jesus pro- em terras brasileiras. Desta forma, o
põe humildade, esperança em meio a jubileu também adquire um caráter de
lágrimas, anima a manter acesa a cha- meditação sobre a jornada feita. Além
ma por paz e justiça, a praticar miseri- da ação de graças pela história percor-
córdia, a sensibilidade, a paz, a pureza, rida e da afirmação da identidade de
mesmo que isto signifique inimizade e nossa igreja na missão de Deus hoje,
perseguição por parte do mundo. também será uma oportunidade para
refletir a respeito dos caminhos futuros.
10. Para Jesus, discípulas e discípulos que
vivem as bem-aventuranças são “sal 13. O presente caderno de estudos dese-
da terra” e “luz do mundo”.4 Ele afirma ja fomentar esta reflexão através de
“vocês são” – uma expressão que de- uma série de subsídios. Após a liturgia
nota encargo e mandato. Sal e luz são do Tema do Biênio e a interpretação
símbolos poderosos para descrever a do cartaz, o caderno traz uma linha do
missão da igreja neste mundo. O sal na tempo dos 200 anos da IECLB. Após,
antiguidade tinha importantes funções: subsídios que auxiliam na compreen-
impedir a deterioração de alimentos, são do significado do Tema do Biênio a
servir como antisséptico, melhorar a partir da exposição da história dos Arti-
fertilidade do solo, expressar amiza- gos 1º, 3º e 6º da Constituição da IECLB,
de, fidelidade e acolhida, entre outras. artigos que definem a sua identidade
Todas estas funções são metáforas para e a sua missão. Na sequência, há a
7
reflexão a respeito do Lema bíblico do Os subsídios oferecidos refletem sobre
Biênio, o desafio de Jesus à sua igreja textos do Novo Testamento a respeito
em ser sal da terra e luz do mundo. A da identidade e do propósito da igre-
inter-relação entre o Tema do Biênio ja: 1 Pe 2. 4-10 e Atos 2.42-47. Estes
e o jubileu dos 200 anos também é textos oferecem imagens a respeito da
refletida nas seções que vem a seguir igreja de Jesus Cristo. Nestas imagens,
e que versam sobre os pontos já cita- podemos refletir nossos próprios an-
dos: a) a gratidão pela nossa história; seios e sonhos, bem como encontrar
b) a identidade de nossa igreja em sua orientações e desafios para a atuação
participação na missão de Deus hoje; c) da igreja hoje. Outro subsídio desta
nosso compromisso com o futuro. Tam- seção é a oferta de um seminário co-
bém neste ano, a Rede Sinodal elabo- munitário intitulado “A Identidade de
rou subsídios para uso nas instituições nossa comunidade na missão de Deus”.
educacionais que, no entanto, também O seminário convida a comunidade
podem ser utilizados com grande pro- local a refletir sobre sua atuação atual
veito nas comunidades e sínodos. na realidade em que está inserida.
14. A reflexão sobre o passado enseja 16. Um jubileu de 200 anos também é
gratidão pela ação de Deus em nossa uma grande oportunidade para refletir
história. Nesta seção o caderno de es- a respeito de nosso compromisso com
tudos oferece um estudo sobre o Salmo o futuro de nossa igreja. Nesta seção,
106, um salmo que tematiza a gratidão a inspiração também vem de textos
pela ação de Deus ao longo da história do Novo Testamento: Marcos 2.1-11
do povo de Israel, mas também deixa e Mateus 28.16-20. Enquanto que o
claro a importância da confissão de Marcos 2 nos desafia a encontrar so-
pecados por erros cometidos. Ademais, luções inusitadas que abram perspec-
oferece a meditação do hino “Até aqui tivas de futuro, o texto de Mateus nos
me trouxe Deus” (LCI 470), um hino convida a sermos igreja missionária.
inspirado em 1 Samuel 7.12 e mui- Outro subsídio desta seção é a oferta
to utilizado em jubileus ao longo da de um seminário comunitário denomi-
história do luteranismo. Outro subsídio nado “O futuro da IECLB e o futuro de
desta seção é a oferta de um seminário nossa comunidade”. Objetivo é refletir
comunitário intitulado “A história da IE- a respeito de visões e perspectivas de
CLB e a história de nossa comunidade”. futuro para a comunidade local e para
A realização deste seminário permitirá toda a igreja.
a comunidade local recontar a sua pró-
pria história e refletir sobre ela. 17. Desejamos às comunidades, paró-
quias, sínodos e instituições da IECLB
15. A reflexão sobre a identidade de nos- uma reflexão frutífera sobre o Tema
sa igreja e sua participação na missão e o Lema do Biênio 2023-2024. Que
de Deus hoje deseja compreender o sirva de fomento para uma celebração
presente, o momento atual da IECLB. significativa do jubileu dos 200 anos de
nossa igreja.
8
Liturgia do Tema do Biênio 2023-2024
Tema: “Vocês são o sal da Terra” Mateus 5. 13
Pela equipe do CONALIC (Conselho Nacional de Liturgia):
P. Daniel Pagung e P. Leandro Luís da Silva
C.: Alimenta-nos com coragem e ousadia L.: Neste dia recebemos o alimento pela
para sermos sal e luz neste mundo. Palavra de Deus e pela Ceia do Senhor.
Temos o desafio de sermos sal para este
L.: Sustenta-nos, Senhor, com a tua Ceia, mundo sem sabor e sem gosto. O reformador
para que no dia a dia possamos ser testemu- Martim Lutero disse: “É uma função maravi-
nhas vivas em tua seara, como sal da terra lhosa e uma grande e esplêndida honra que
e luz do mundo. Por Cristo, com Cristo e em Deus nos chama de Seu sal”. Que Deus nos
Cristo, seja a ti, Pai todo-poderoso, na unida- sustente nesta maravilhosa função. Por isso,
de do Espírito Santo, toda a honra e toda a queremos abrir nossas mãos para receber a
glória, agora e para sempre. Amém. bênção de Deus:
12
Abençoados e abençoadas sejam vocês, abençoadas em nome do Pai, do Filho e do
que confiam no Senhor e, por Ele são chama- Espírito Santo. Amém.
dos e chamadas a serem sal neste mundo.
Vocês são o sal da terra, vocês dão sabor Hino Final: LCI - 289 Bênção da Irlanda
para este mundo, vocês são instrumentos
de ajuda para quem está doente, vocês são Pósludio
testemunhas vivas de Deus para o mundo.
Por isso vão, e saibam que Deus vai junto (Neste momento, um grupo está na saída
de vocês, preparando o caminho. Estejam da igreja e distribui pequenos saquinhos de
atentos e atentas, preparados e preparadas pipoca, agora com sal. Ao entregar, as pes-
para servir e ser testemunhas de Deus neste soas podem dizer: “Você é sal da terra, seja
mundo. Assim sejam vocês abençoados e sal”. Assim, damos um encerramento para a
atividade realizada no início do culto)
13
Somos igreja de Cristo
Melodia cifrada
3 3 3 3
1.So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é mi se ri cór dia.
2.So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é paz e jus ti ça.
G /D
D D Em7 A7 D D
9 3
3 3 3 3
So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é li ber ta ção. So mos i
So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é co mu nhão. So mos i
G /D
D Em7 A7 D
18 3 3
3
gre ja que pre ga, o Cris to que so fre na cruz. .
gre ja que so fre, com fal ta de com preen são.
G /D
D D Em7 A7 D G
25 3
3 3 3
So mos i gre ja que'a pon ta, a gra ça e'o'a mor de Je sus. Sal da
So mos i gre ja que'in sis te, que'oa mor ge ra mais co mu nhão.
34 A Bm7 A /C♯ D G A Dsus D
ter ra'e luz do mun do, é nos sa mis são.
G A Bm7 A /C♯ D G A D D.C.
41
Que tem pe ra e re fle te, o Cris to que traz sal va ção.
14
Somos igreja de Cristo
Arranjo para Coro e acompanhamento
3 3 3 3
1.So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é mi se ri cór dia.
2.So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é paz e jus ti ça.
Uh uh uh uh uh uh
G /D
9 D D Em7 A7 D D
3 3 3 3 3
So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é li ber ta ção. So mos i
So mos i gre ja de Cris to, do Cris to que'é co mu nhão. So mos i
uh uh uh uh uh uh uh
G /D
18 D Em7 A7 D D
3 3 3 3
gre ja que pre ga, o Cris to que so fre na cruz. So mos i
gre ja que so fre, com fal ta de com preen são. So mos i
uh uh uh uh uh uh
15
Somos igreja de Cristo
Arranjo para Grupos de Metais
= 100
3 3 3 3
3
3
3
14
3
3
3 3
3 3 3
28
3
3
41
16
Leitura e Releitura do Cartaz
Cat. Ma. Joni Roloff Schneider – São Leopoldo/RS
17
Igreja foi desenvolvendo os temas e lemas demos a ler letras, palavras e frases. Ler é
e como foi representando os mesmos de atribuir significados ao que vemos na tenta-
forma visual, através dos cartazes. No início, tiva de interpretar e compreender o que está
quando ainda não havia os recursos tecnoló- sendo transmitido.
gicos de hoje, eles eram feitos de forma bas-
tante manual, através de diferentes técnicas, A autora Eni Orlandi, no livro Interpreta-
como desenho ou pintura à mão livre, rasga- ção; autoria, leitura e efeitos do trabalho
dura e colagem, fotomontagem, xilogravura simbólico, diz que “a interpretação está
e outras, e o processo era bastante trabalho- presente em toda e qualquer manifestação
so, principalmente quando se desejava fazer da linguagem. Não há sentido sem interpre-
alguma modificação antes da publicação. De tação. Mais interessante ainda é pensar os
uns anos para cá, com o advento de diferen- diferentes gestos de interpretação, uma vez
tes ferramentas tecnológicas para a criação, que as diferentes linguagens, ou as diferen-
há uma facilidade muito grande para modifi- tes formas de linguagem, com suas dife-
car cores, formas e letras até chegar à ima- rentes materialidades, significam de modos
gem desejada. distintos” (Orlandi, 2007, p. 9).
Convido você ou seu grupo a se debruçar c) Procure e liste símbolos que aparecem
sobre a imagem do cartaz para extrair dele o no cartaz.
máximo de ideias e percepções. Sugerimos
seguir os seguintes passos: d) Agora atente para o tema, lema, fra-
ses e números que constam no cartaz.
Qual a relação destes com a composi-
ção do cartaz (item b)?
Possíveis Interpretações
da Leitura da Imagem do Cartaz
Comunidades Conectadas
ATIVIDADES SUGESTIVAS
PARA A RELEITURA DO CARTAZ Como colocado anteriormente, uma das
interpretações dos círculos no cartaz é que
A Colorimetria do Brasil significam as comunidades da IECLB espa-
lhadas pelo Brasil, que foram se formando
Todos os dias centenas de milhões de ao longo desses dois séculos. As comunida-
pessoas tomam decisões de compra basea- des são compostas por diferentes grupos,
das nas cores dos produtos... 93% das deci- serviços, instituições, organizações, que se
sões de compra são baseadas na avaliação conectam em vários momentos e situações.
visual e cor, 6 % na textura e 1% no cheiro Lembramos os grupos da OASE, grupos de
ou som, sendo que 85% dos compradores jovens, Culto Infantil, Ensino Confirmatório,
apontam a cor como o primeiro item avalia- grupos da LELUT, grupos de música, coral,
do em uma compra. (dados da Kissmetrics, grupos de liturgia, grupos de oração, grupos
disponível em: https://www.deltacolorbra- de visitação e instituições como hospitais,
sil.com/palestra_colorimetria.html, acesso lares, creches, escolas e muitos outros. Todos
em 20.08.2022). esses grupos e instituições são como peque-
nas comunidades, que se conectam através
Para compreender quais são as cores que do trabalho missionário que realizam, sendo
mais impactam as diferentes pessoas, exis- sal e luz para o mundo!
te uma ciência chamada colorimetria. Esta
ciência analisa as cores com o objetivo de Proposição de atividade:
entender os tipos de cores e a reação que
produzem ao serem misturadas com outras a) Pensando no seu grupo, instituição,
cores e texturas. Além de artistas, também turma de alunos... como contribuímos
estilistas, cabeleireiros e maquiadores se uti- para a missão da Igreja de Jesus Cristo,
lizam da colorimetria para alcançar resulta- para ser sal e luz no mundo? Formar
dos cada vez mais próximos da a cor da pele duplas ou trios para dialogar sobre
e dos interesses de seus clientes. esta pergunta.
21
b) Preparar diversos círculos, de tama- chamou para ser igreja no Brasil e para servir
nhos diferentes, de cor branca. Tam- a este povo, compartilhando a fé em Cristo
bém disponibilizar lápis de cor, tinta que recebemos por graça, para vivermos em
guache, papel colorido de revistas ou amor e solidariedade com todas as demais
outro e cola. Cada dupla pega um pessoas no caminho das quais somos envia-
círculo e nele representa o que conver- dos como crentes e como comunidade mis-
sou, utilizando os materiais disponí- sionária que anuncia esperança”.
veis.
Proposição de atividade:
c) Após concluírem, formar um mural no
formato do globo terrestre, colando a) A partir desta compreensão de Igreja
os círculos. Mas, a colagem deve ser de Jesus Cristo, criar slogans que
gradativa para que haja conexão entre transmitam, na prática, o que sig-
os círculos, deixando alguns espaços nifica esta afirmação. Slogan é uma
em branco. Segue um exemplo de frase curta, construída para fixar algo
imagem: na mente de quem lê, utilizada para
gerar identificação com o que se
quer transmitir.
Proposição de atividade:
IECLB. Igreja de Jesus Cristo.
a) Através de dramatizações, criar ce-
Hoje muitas pessoas usam o nome de Je- nas opostas estáticas das situações
sus Cristo, dizendo que são suas seguidoras, acima. Cada grupo apresenta as
afirmando serem evangélicas, mas na vida duas cenas. Ao apresentar a pri-
do dia a dia não praticam os ensinamentos meira cena, posicionar-se de forma
de Jesus. Conforme o PAMI – Plano de Ação estática e esperar que as pessoas
Missionária da IECLB, “só faz sentido sermos observadoras relatem o que estão
igreja cristã se assumimos o dom de Deus vendo. Depois, apresentar a cena
como serviço evangelizador e solidário ao oposta e novamente aguardar as
povo brasileiro, sem fazer distinção de classe, demais pessoas relatarem o que
etnia, gênero ou credo religioso. Deus nos estão vendo.
22
b) Utilizando a técnica do positivo e
negativo, escolher uma cena citada
acima e desenhá-la duas vezes, do
mesmo jeito. O espaço positivo é
aquele espaço que ocupa o objeto
e o negativo é o espaço em volta
do objeto (o fundo), a exemplo do
desenho ao lado. É importante que
as cores utilizadas condizam com a
cena.
Bibliografia
ABREU, Karen. Cartaz Publicitário: um resgate histórico. Guarapuava, PR. Dissertação (doutoranda e mestre em Ciências da Linguagem)
- Universidade do Sul de Santa Catarina.
ORLANDI, Eni P. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 5. Ed. Campinas: Pontes, 2007.
23
24
24
25
25
26
26
27
27
Pesquisa e Textos: Dr. Wilhelm Wachholz, Dr. Martin N. Dreher,
Me. Osmar Luiz Witt, Clovis Horst Lindner e Dr. Paulo Butzke
Arte: Cristiano Zambiasi Júnior
28
28
Reflexões sobre o Tema do biênio 2023-2024, jubileu
de 200 anos da IECLB e a Constituição da IECLB
TÍTULO I Senhor da una, santa, universal e apostólica
DA DENOMINAÇÃO, COMPOSIÇÃO, FIM, Igreja.
SEDE E DURAÇÃO § 1o - Os credos da Igreja Antiga, a Confis-
são de Augsburgo (“Confessio Augustana”)
Art. 1o – A IGREJA EVANGÉLICA DE CONFIS- inalterada e o Catecismo Menor de Martim
SÃO LUTERANA NO BRASIL, a seguir deno- Lutero constituem expressão da fé confessa-
minada por abreviação “IECLB”, é igreja de da pela IECLB.
Jesus Cristo no País, formada por Comunida- § 2o - A natureza ecumênica da IECLB se
des e pelos membros a elas filiados. expressa pelo vínculo de fé com as igrejas
Art. 2º - A IECLB é organização religiosa, no mundo que confessam Jesus Cristo como
pessoa jurídica de direito privado, sem fins único Senhor e Salvador.
lucrativos, organizada com a autonomia esta-
belecida na Constituição Federal e no Código Art. 6º - Constituem objetivos fundamen-
Civil e demais legislações pertinentes, e se tais da IECLB, além do disposto no art. 3o
rege por esta Constituição e pelas normas desta Constituição:
complementares estabelecidas em Concílio I - fortalecer e aprofundar a comunhão
da Igreja e por normas regulamentares esta- entre as Comunidades em sua ação evange-
belecidas pelo Conselho da Igreja. lizadora;
II - zelar pela unidade na vida eclesiás-
Art. 3º - Em obediência ao mandamento tica, no testemunho e na pura pregação da
do Senhor, a IECLB tem por fim e missão: Palavra;
I - propagar o Evangelho de Jesus Cristo; III - promover o ensino, a missão e a dia-
II - estimular a vivência evangélica pesso- conia;
al, familiar e comunitária; IV - proporcionar o aprofundamento teo-
III - promover a paz, a justiça e o amor na lógico e o crescimento espiritual nas Comuni-
sociedade; dades;
IV - participar do testemunho do Evange- V - propiciar condições para que os mem-
lho no País e no mundo. bros das Comunidades possam exercitar seus
Art. 4o - A IECLB tem sede e foro jurídico dons na missão da Igreja, na perspectiva do
na Rua Senhor dos Passos, 202, na cidade de sacerdócio geral de todos os crentes e do
Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, ministério compartilhado;
e é constituída por tempo indeterminado. VI - zelar pela formação de ministros or-
denados e colaboradores em todos os níveis
TÍTULO II para seus diferentes campos de atividade
ministerial;
DO FUNDAMENTO E DOS OBJETIVOS VII - zelar pela ordem e disciplina
evangélica a serem observadas por suas
Art. 5o - A IECLB tem como fundamento Comunidades, seus membros, ministros
o Evangelho de Jesus Cristo, pelo qual, na e instituições, de acordo com a presente
forma das Sagradas Escrituras do Antigo e Constituição e outros documentos normati-
do Novo Testamentos, confessa sua fé no vos da Igreja.
29
História e teologia do primeiro
artigo da Constituição da IECLB
P. Dr. Martin N. Dreher, São Leopoldo/RS
Os Sínodos quase racharam; nas comuni- Esse Jesus vai fazer parte da Constituição
dades havia grandes tensões, pois também da IECLB que se forma em 1949, ainda sob
havia aqueles que optaram pelo Partido Inte- o nome de “Federação Sinodal”. Quando
gralista, liderado por Plínio Salgado. Havia o definem “nome, fim, sede e foro jurídico da
perigo do fascismo tomar conta da Igreja. Federação”, os estatutos da Federação Sino-
dal rezam: “Sobre o fundamento da fé cristã,
Em 1942, o governo brasileiro, até então que lhes é comum, e com a finalidade de
simpatizante de Hitler, optou pelos aliados serem Igreja de Jesus Christo no Brasil, con-
e os descendentes de alemães, italianos, gregam-se ...”.
poloneses e japoneses foram considerados
inimigos do Brasil. Membros e pastores fo- A formulação “Igreja de Jesus Christo”
ram presos e colocados em campos de con- tem a história antes relatada como pano
centração, mesmo que sem culpa formada. de fundo e tornou-se determinante para a
Os Sínodos tiveram que lutar por sua sobre- caminhada da IECLB desde então, mas tam-
vivência. De uma hora para a outra a língua bém foi responsável por muitas discussões
alemã, até então considerada língua oficial internas que, por vezes, levaram a cisões. No
da Igreja Luterana, foi banida. Hinos e litur- ano de 1949, o primeiro Presidente da IECLB,
gia foram traduzidos e sermões no vernáculo Hermann Dohms, participou em Amsterdam
tiveram que ser produzidos para serem lidos do primeiro Concílio do Conselho Mundial de
por pastores que não dominavam o portu- Igrejas, no qual se reuniram igrejas que con-
guês. Muitos membros, principalmente em fessavam a “Jesus Cristo como único Senhor”.
áreas rurais, nada entendiam nos cultos além Logo a Federação também se filiaria à Fede-
de “Jesus” e “Amém”. ração Luterana Mundial.
Findada a Guerra, era necessário recons- Enquanto a atual Constituição da IECLB usa
truir a vida eclesiástica, mesmo que ainda a formulação “no país”, os Estatutos da Fe-
sob os efeitos dos sofrimentos e das feridas deração Sinodal valem-se da formulação “no
provocadas por causas internas e externas. Brasil”, ainda presente no nome da IECLB.
32
Esse “no Brasil” só pode ser entendido a par- Ao ter como base as Sagradas Escritu-
tir da história antes vivida. Principalmente os ras do Antigo e Novo Testamento, a IECLB
acontecimentos da Guerra, mas não só eles, acentua que Jahveh ou Adonai é o Pai de
haviam ensinado que essa Igreja só teria fu- Jesus Cristo e volta-se contra toda e qualquer
turo no Brasil ou não teria futuro nenhum. forma de antissemitismo e qualquer teoria
de dois deuses, segundo a qual o deus do
Assim, podemos compreender como afir- Antigo Testamento é o deus da Lei, enquanto
mação de fé a primeira das teses aceitas no que o Deus do Novo Testamento seria o deus
Primeiro Concílio da Federação Sinodal, acon- do Amor. O Deus do Antigo Testamento deve
tecido nos dias 14 a 16 de maio de 1950, ser lido a partir de Jesus Cristo.
em São Leopoldo: “A Federação Sinodal é
Igreja de Jesus Cristo no Brasil (O itálico está A definição de quem seja esse Jesus Cristo
no original!) em todas as consequências que nos é dada a partir dos escritos reunidos no
daí resultarem para a pregação do Evangelho Novo Testamento. Essa reunião foi feita com
neste país e a corresponsabilidade para a for- base no Credo Apostólico em época na qual
mação da vida política, cultural e econômica se negava que Jahveh fosse o Pai de Jesus
de seu povo”. A partir dessa formulação dos Cristo e na qual não se aceitavam os textos
pais fundadores podem e devem ser entendi- que hoje compõem o Novo Testamento (1º
das todas as alegrias e tristezas da IECLB. artigo), em que se negava a encarnação do
Filho de Deus na pessoa de Jesus (2º arti-
A BASE BÍBLICA E CONFESSIONAL go), acentuando, veementemente, que ele
é Deus desde a eternidade e verdadeiro ser
Assim como define o artigo 5º da consti- humano nascido de Maria e que, como ser
tuição da IECLB, fundamental é que a Igreja de carne e osso padeceu, realmente foi cru-
tenha por base à qual sempre de novo pode cificado, morreu, foi sepultado e, depois de
recorrer a Jesus Cristo, como nos foi trans- morto, ressuscitou. Confessa que é o Espírito
mitido pelas Sagradas Escrituras do Antigo Santo presente desde sempre que nos ajuda
e Novo Testamentos, pelos Credos da Igre- a crer e confessar e a permanecer na verda-
ja Antiga (o Credo Apostólico, o Credo de deira e única fé (3º artigo).
Niceia e o Credo Atanasiano), o Catecismo
Menor de Lutero e a Confissão de Augsbur- A TEOLOGIA DA CRUZ
go Inalterada.
A IECLB rejeita, por meio do Credo Apos-
Nos anos posteriores à Segunda Guerra tólico do ano de 150 e do Credo de Niceia
Mundial, muitos queriam que a Declaração de 325, além do Credo Atanasiano, qualquer
Teológica de Barmen, o Credo contra Hi- forma de pensamento que nega que Deus
tler e sua ideologia, também fosse assumi- seja capaz de sofrer e de se solidarizar até as
da como base que nos auxiliasse a definir últimas consequências com os seres huma-
“quem é Jesus Cristo”. nos e a criação.
34
Teologia do 3º e 6º Artigos da Constituição da IECLB
P. Dr. Mário F. Tessmann, Curitiba/PR
36
da obediência ao mandamento de Deus. Este
assunto atravessa a Bíblia em inúmeras pas-
sagens do Antigo e do Novo Testamento. No
Evangelho de João, por exemplo, Jesus afirma
aos seus discípulos: “Se guardardes os meus
Pastor Hermann mandamentos, permanecereis no meu amor;
Gottlieb Dohms
foi professor de
assim como também eu tenho guardado os
teologia impor- mandamentos de meu Pai e no seu amor
tante liderança
pastoral na Fede-
permaneço” (Jo 15.10). Vê-se aqui a correla-
ração Sinodal. ção direta entre obediência ao mandamento
e a prática do amor. O amor cristão só existe
no exercício dos mandamentos de Cristo. O
apóstolo Paulo, por sua vez, salienta “a obe-
diência por fé” (Rm 1.5). É sabido que a fé é
“dom de Deus” (Ef 2.8) e que ela “atua pelo
amor” (Gl 5.6).
no Brasil [...]; 2. Esta Igreja é confessional-
mente determinada (sic) pela Confissão de Em obediência aos mandamentos de
Augsburgo e o Pequeno Catecismo de Lute- Cristo, a IECLB estabelece, no artigo 3º, sua
ro” (FISCHER, p.53). Já em 1954, a Federação finalidade e missão em quatro propósitos:
Sinodal passou a se chamar “Federação Sino-
dal, Igreja Evangélica de Confissão Luterana I - propagar o Evangelho de Jesus Cristo;
no Brasil”.
II - estimular a vivência evangélica pesso-
Com a fusão dos sínodos e com uma nova al, familiar e comunitária;
constituição, surgia em 1968 a IECLB, como em
boa medida é conhecida hoje. Schlieper via III - promover a paz, a justiça e o amor na
este passo assim: “O Concílio Extraordinário de sociedade;
outubro de 1968 terá uma tarefa de singular
responsabilidade, que exige uma grande fé IV - participar do testemunho do Evange-
em Deus, o Senhor da Igreja, e a confiança em lho no País e no mundo.
que não somos nós que formamos a Igreja, A - A divulgação do evangelho:
mas é Deus mesmo que pelo seu Santo Espí-
rito determina os desígnios de sua Igreja” (o A propagação do Evangelho tem em Jesus
grifo é nosso) (FISCHER, p. 55). O Concílio Ex- Cristo o seu iniciador (Mc 1.14ss). Durante a
traordinário, realizado em Santo Amaro/SP em caminhada com seus discípulos, Jesus os cha-
outubro de 1968, extinguiu os sínodos exis- mou para participarem com Ele nesta tarefa
tentes e constituiu o corpo eclesiástico com (Mt 10.5ss), e, após a ressurreição, os enviou
estrutura centralizada com o nome de Igreja dizendo: “Ide por todo o mundo e pregai o
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). O Novo
Testamento relata, com preciosos detalhes, a
III - REFLEXÕES TEOLÓGICAS divulgação e a expansão do Evangelho. Desta-
ACERCA DO 3º E 6º ARTIGOS ca ainda a formação de igrejas nas mais diver-
sas regiões do Império Romano. O testemunho
O artigo 3º da constituição da IECLB, com- cristão, naqueles dias, era feito “publicamente
plementado pelo 6º, destaca a importância e também de casa em casa” (At 20.20). Cabe
37
aqui lembrar também Lutero. Ele ajuda a em tua casa, e andando pelo caminho, e ao
entender a razão para o ímpeto missionário da deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.4ss).
igreja em qualquer época, quando explica o
significado da afirmação “Pai nosso, que estás O apóstolo Paulo lembra a Timóteo a tra-
nos céus” no Catecismo Menor: “Deus quer jetória espiritual que ele herdou de sua avó
atrair-nos carinhosamente com estas palavras e de sua mãe e a importância da mesma:
para crermos que ele é o nosso verdadeiro “Pela recordação que guardo de tua fé sem
Pai, e nós somos os seus verdadeiros filhos”. fingimento, a mesma que, primeiramente,
habitou em tua avó Loide e em tua mãe
O anúncio do Evangelho não é feito por
Eunice, e estou certo de que também, em ti”
pessoas e comunidades isoladas umas das
(2 Tm 1. 5). Acerca da igreja emergente de
outras, mas sim, em vínculo, em comunhão,
Jerusalém, lê-se o seguinte: “E perseveravam
como bem lembra o apóstolo Paulo no Novo
(os primeiros cristãos) na doutrina dos após-
Testamento. Este modelo de caminhada con-
tolos e na comunhão, no partir do pão e nas
junta (justamente o significado da palavra
orações” (At 2. 42).
“sínodo”), formando a igreja de comunida-
des, quer ser também a marca da IECLB, con-
Palavra e sacramentos, desde cedo, fize-
forme registram os quatro primeiros incisos
ram parte da vivência da igreja. Lutero escre-
do artigo 6º da constituição:
veu os catecismos com a finalidade de que a
I - fortalecer e aprofundar a comunhão Palavra de Deus fosse ensinada “às pessoas,
entre as Comunidades em sua ação evange- especialmente aos jovens” (Prefácio - Ca-
lizadora; tecismo Menor). Aos pais, cabia a tarefa de
II - zelar pela unidade na vida eclesiás- ensinar todo o Catecismo Menor “com sim-
tica, no testemunho e na pura pregação da plicidade a sua casa” (Catecismo Menor).
Palavra;
C - O custo do discipulado
III - promover o ensino, a missão e a dia-
conia; O evangelista Mateus testemunha que
IV - proporcionar o aprofundamento teo- Jesus, logo após chamar os seus primeiros
lógico e o crescimento espiritual nas Comuni- discípulos (Mt 4. 18ss), apresentou o seu
dades. “programa de discipulado” (Bonhoeffer) no
B - A comunhão e o ensino: Sermão da Montanha (Mt 5-7) para as mul-
tidões que o acompanham. Jesus inicia o
O estímulo à vivência cristã, de forma mesmo ensinando as bem-aventuranças (Mt
pessoal, familiar e comunitária, encontra na 5.3ss), uma lista de qualidades e atitudes
Bíblia suficiente fundamento. Observem-se incomuns, que ofertam a felicidade. Para o
alguns exemplos. bom entendimento do assunto, é decisivo
afirmar que as bem-aventuranças, antes
O livro do Deuteronômio é precioso teste- de qualquer outro significado, descrevem a
munho sobre este tema. Ele afirma: “Ouve, pessoa e o ministério de Cristo. Ele é o bem-
Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SE- -aventurado por excelência!
NHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de Por intermédio da fé em Jesus, contudo,
toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te os seus seguidores têm a oportunidade de
ordeno estarão no teu coração; tu as incul- serem e viverem como bem-aventurados,
carás a teus filhos, e delas falarás assentado como Cristo mesmo enfatiza: “Em verdade,
38
em verdade vos digo que aquele que crê o apóstolo Paulo ao mencionar os perigos
em mim fará também as obras que eu faço” vindos de ‘falsos irmãos’ (2 Co 11.26). A
(Jo 14. 12). Conforme Lutero, esta afirmação Confissão de Augsburgo ratifica esta per-
bíblica aponta para algo central na existência cepção ao afirmar que na sociedade exter-
cristã: a “troca maravilhosa”. O Senhor Jesus na da igreja “continuam entre os piedosos
Cristo passa a sua vida e salvação para os muitos falsos cristãos e hipócritas” (Artigo
que creem, e recebe destes pecado, morte e 8). Independentemente de onde venham
condenação. Por isto, as bem-aventuranças as hostilidades e a negação da paz e da
jamais serão conquista humana, mas sim, justiça, permanece para igreja a palavra de
dádivas recebidas em fé. Cristo: “Bem-aventurados os perseguidos
por causa da justiça, porque deles é o Reino
À luz deste entendimento, vê-se que dos Céus” (Mt 5.10).
a promoção da paz, da justiça e a realiza-
ção das obras do amor, como finalidade e D - A missão no país e no mundo:
missão da IECLB, é oportunidade concedida
por Cristo, para pôr a igreja em movimento A IECLB recebe de Deus a oportunidade
e fazer dela uma participante das bem-a- e a tarefa de participar do testemunho do
venturanças. A prática destas qualidades e Evangelho no País e no mundo. O fundamen-
atitudes pôs, e põe hoje em diversas ocasi- to desta afirmação vem do comissionamento,
ões, as pessoas cristãs dentro do “temporal do encargo e da missão dados por Jesus Cris-
de medo, angústia e dor” (Livro de Canto to aos seus seguidores após a ressurreição:
da IECLB, hino 577), onde emerge a per- “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
gunta aflitiva: suportarão até o final? Isto nações” (Mt 28.19). O apóstolo Paulo, como
acontece porque as resistências aos que imitador de Cristo (1 Co 11.1), anuncia à
agem como “pacificadores” (Mt 5.9) e que igreja em Corinto que Deus “nos reconciliou
têm “fome e sede de justiça” (Mt 5.6) não consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu
são pequenas. Jesus mesmo, em oração ao o ministério da reconciliação” (2 Co 5.18).
Pai, recorda esta dura realidade dos seus Ele confiou a “palavra da reconciliação” (2 Co
discípulos ao dizer: “Eu lhes tenho dado a 5.19) às pessoas cristãs, tornando-as assim
tua palavra, e o mundo os odiou, porque “embaixadores de Cristo” (2 Co 5.20). Ser
eles não são do mundo, como também eu embaixador significa atuar “como se Deus
não sou” (Jo 17.14). O apóstolo João lem- exortasse por nosso intermédio” (2 Co 5.20),
bra que o mundo é, por um lado, objeto cuja mensagem é a seguinte: “Em nome de
do amor de Deus (Jo 3.16) a ser salvo (Jo Cristo, pois, rogamos que vos reconcilies com
12.47). Por outro lado, ele está sob do- Deus” (2 Co 5.20).
mínio do poder mentiroso que se revolta
contra Deus (Jo 14.30; 16.11). Seguindo esse pensamento, o apóstolo
Pedro menciona que os batizados perten-
Logo, torna-se compreensível que, de cem à “raça eleita, sacerdócio real, nação
tempos em tempos, a igreja enfrente in- santa, povo de propriedade exclusiva de
sultos, perseguições e todo tipo de calúnia, Deus” (1 Pe 2.9), e que são capacitados
pela causa de Cristo (Mt 5.11). É indispensá- com os mais diversos dons para a edificação
vel recordar que o repúdio a pessoas cristãs, da igreja (Rm 12.3ss). Durante a Reforma
que exercitam as bem-aventuranças, não no século XVI, Lutero novamente afirmou a
vem apenas de fora da igreja, mas também importância deste conteúdo no seu ensino
de dentro da mesma, como bem destaca sobre o sacerdócio geral de todos os cren-
39
tes. De acordo com ele, Batismo, Evangelho de ser testemunha (Lc 24.48; At 1.8) do
e fé tornam as pessoas cristãs e sacerdotes Evangelho que é “o poder de Deus para a
de Cristo. Faz bem a IECLB, quando insere salvação de todo o que crê” (Rm 1.16).
em sua constituição que “na perspectiva
do sacerdócio geral de todos os crentes e PARA REFLEXÃO
do ministério compartilhado”, ela deseja “
propiciar condições para que os membros 1. Qual ou quais aspectos do entendi-
das Comunidades possam exercitar seus mento bíblico apresentado sobre a
dons na missão da Igreja” (Art. 6, V). Igreja igreja lhe chamam especial atenção?
constituída com base no sacerdócio geral é 2. Segundo o relato do pastor Ernesto
igreja povo de Deus. Schlieper acerca da formação da
IECLB, que desafios a igreja tem pela
Importante para a realização do teste- frente?
munho do evangelho no Brasil e no mundo,
é o cuidado com a formação “de ministros 3. A constituição da IECLB estabelece
ordenados e colaboradores em todos os quatro propósitos como finalidade e
níveis para seus diferentes campos de ati- missão da igreja. Como eles podem
vidade ministerial” (Art. 6º, VI). Para isto, a ser trabalhados na sua comunidade,
IECLB firmou convênios com instituições de paróquia e sínodo?
ensino superior no campo da Teologia. Além
disto, o bom cumprimento desta tarefa está
BIBLIOGRAFIA:
associado diretamente com a necessária
atenção “pela ordem e disciplina evangélica BÍBLIA SAGRADA COM REFLEXÕES DE LUTERO. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2012.
a serem observadas por suas Comunidades,
seus membros, ministros e instituições, de BRANDENBURG, Y. (Ed.). Livro de Concórdia: As Confissões da
Igreja Evangélica Luterana. São Leopoldo; Porto Alegre: Sinodal;
acordo com a presente Constituição e outros Concórdia; Comissão Interluterana de Literatura, 2021.
documentos normativos da Igreja” (Art. 6º, DREHER, M. N. (Org.). Hermann Gottlieb Dohms: textos escolhi-
VII). Por fim, mas não por último, a IECLB dos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
pela sua natureza ecumênica se vincula FISCHER, J., (Ed.) D. Ernesto Th. Schlieper: testemunho evangélico
na América Latina. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1974.
“com as igrejas no mundo que confessam
LUTERO, M., Comentários de Lutero sobre suas Teses Debatidas
Jesus Cristo como único Senhor e Salvador” em Leipzig, In: Obras Selecionadas. São Leopoldo; Porto Alegre:
(Art. 5º, § 2), com o objetivo fundamental Sinodal; Concórdia, Vol.1, p.333-384.
40
O Lema Bíblico do Biênio 2023-2024
P. Dr. Rodolfo Gaede Neto, São Leopoldo/RS
Em todos os tempos da civilização huma- Já nos tempos do Israel bíblico o sal era
na, sal e luz foram elementos indispensá- amplamente usado para diferentes finalida-
veis, usados em cada lar, por mais pobre que des e com diferentes simbologias. Crianças
fosse. Podemos imaginar que o próprio Jesus, recém-nascidas eram banhadas com sal
desde a sua infância, tenha observado sua como medida de higiene e prevenção contra
mãe usando o sal na cozinha e acendendo infecções (Ez 16.4). Pequenas quantidades
uma lâmpada quando o sol se punha. Atri- de sal eram colocadas na forragem dos ani-
bui-se ao historiador Plínio, nascido no ano mais, que funcionava como antisséptico (Is
23 da era cristã, a expressão de que nada é 30.24). Também se fazia uma leve aplicação
mais útil do que o sal e o sol (sale et sole). de sal ao solo para melhorar sua fertilidade,
Suas funções são óbvias: conservar e dar com vistas a melhores colheitas. Os livros de
sabor aos alimentos, e iluminar o ambiente. Números e Crônicas apresentam o sal como o
Ambos possuem um oposto: o sal deixa de símbolo que confirma a amizade e a parceria:
cumprir seu papel quando se torna insípido e em algumas regiões do Mediterrâneo, comer
a luz deixa de iluminar quando for escondida sal juntos (expressão usada para se referir a
num lugar baixo ou debaixo de um caixote. comer juntos o pão, sobre o qual se colocava
A metáfora quer afirmar que as seguidoras sal) era considerado um sinal de amizade,
e os seguidores de Jesus cumprem sua mis- boas relações, acolhida e hospitalidade.
são quando puderem ser comparados com
o sal e a luz; e deixam de cumpri-la quando A palavra salário tem sua origem do latim
se tornam insípidos ou comparáveis a uma salarium e significava o auxílio oferecido
lâmpada escondida. Por que Jesus terá esco- aos soldados romanos para que pudessem
lhido justamente esses elementos para expli- comprar o sal tão necessário em cada dia.
car tão relevante causa como o discipulado? Também se faz uso do simbolismo do sal
41
para se referir a algo que impede a corrup- dida honra que Deus nos chama de seu sal”
ção e a morte (2 Rs 19-22). Assim como sa- (Obras Selecionadas, v. 9, p. 68-69).
larium representava a lealdade entre empre-
gado e empregador, o texto de Lv 2.13 faz Instigante, porém, é a segunda parte do
referência ao sal da aliança, que simboliza versículo: “se o sal vier a ser insípido, como
a lealdade no relacionamento entre Deus e lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta
o seu povo (veja também Nm 18.19; Jó 6.6; senão para, lançado fora, ser pisado pelos
Êx. 30.35; etc.). homens”. O sal pode estragar? No tempo
de Jesus o sal era colhido na região do Mar
Evitar a deterioração (apodrecimento), Morto, onde existiam as maiores jazidas de
exercer a função de antisséptico, melhorar sal do mundo. Acontece que não existiam
a qualidade do solo, ser um elemento para refinarias. Dependendo de onde o sal era
o cultivo da amizade, da hospitalidade e da encontrado, podia conter impurezas, como
comunhão de mesa, ter dinheiro para com- magnésio, cal e restos de plantas; ou poderia
prar o necessário para cada dia, impedir a ter perdido o sabor em decorrência da sua
corrupção e a morte e manter a lealdade desintegração física por causa de umidade. O
no relacionamento com Deus. Certamente sal encontrado na superfície da terra, expos-
Jesus conhecia essa riqueza de funções e to à chuva, ao sol e ao vento, tem gosto de
simbolismos. Por isso, escolheu o sal como areia. Perfeito é o sal encontrado no subso-
metáfora para explicar o significado da lo, em contato com a rocha. O sal puro era
missão de suas seguidoras e de seus segui- separado para ser usado na conservação e
dores neste mundo. no tempero dos alimentos. Quanto ao sal
impuro, podia ser usado, por exemplo, nos
Ou seja: o discipulado consiste em desen- telhados planos das casas, onde era espalha-
volver ações que evitem a deterioração da do para evitar goteiras; este espaço servia
comunidade humana; ações que conservem para o encontro das pessoas adultas e como
a humanidade com a identidade que lhe é espaço de lazer das crianças; portanto, era
própria enquanto criação de Deus; ações que pisado pelas pessoas.
proporcionem mais qualidade ao “solo” no
qual a vida se desenvolve, para que boas co- Outra possibilidade era o uso do sal sem
lheitas e um bom salarium tragam mais qua- sabor durante o inverno, quando as tempe-
lidade de vida; ações que evitem a corrupção raturas em Jerusalém podem chegar a níveis
e a morte; ações que construam a amizade, muito baixos. Ocasionalmente pode até cair
o relacionamento saudável, a hospitalidade, neve. Nessas circunstâncias, as ruas utiliza-
a comunhão de mesa e o bom sabor para a das pelos frequentadores do templo ficavam
vida; e, finalmente, ações que visem manter muito lisas. Para oferecer segurança aos
a lealdade e a fidelidade no que diz respeito caminhantes jogava-se sal nas estradas, para
à aliança entre Deus e sua comunidade. derreter o gelo. Também ali o sal imprestável
É gigantesca esta missão. A afirmação para o consumo era pisado pelas pessoas.
“vocês são o sal da terra” é uma clara indica-
ção de que quem segue a Jesus age na pers- Portanto, era real a existência do sal insí-
pectiva da chegada do Reino de Deus a este pido, que não cumpre sua função de salgar
mundo. Ser incumbido desta missão pode e evitar o apodrecimento dos alimentos.
assustar; porém, acima de tudo, representa Este sal é usado como metáfora para aquilo
uma honra. Lutero o expressa assim: “É uma que representa o oposto do discipulado. Há
função maravilhosa e uma grande e esplên- uma forma de exercício do discipulado que
42
é inútil, em que a missão recebida não é pulas e os discípulos de Jesus é o de agirem
cumprida. no mundo para evitar que as trevas tomem
conta.
1.2 Ser a luz do mundo
A luz pode ter também a função de ser-
Na sequência de seu sermão, Jesus vir de guia, como o faz a lanterna em nos-
compara a missão de seus seguidores e sas caminhadas noturnas; ou de servir de
suas seguidoras à função da luz: dissipar orientação, como o faz o farol, a luz-guia dos
a escuridão. Quando a lamparina é colo- navegantes, para evitar o perigo e indicar o
cada debaixo de um caixote, ela se apaga caminho seguro.
e deixa de cumprir seu papel. Ou quando
uma cidade está situada em local muito No contexto da navegação, os faróis eram
baixo, ficando escondida, não iluminará o erguidos nas costas marítimas, em lugares
ambiente que a cerca. Jerusalém está cons- elevados, indicando a existência de algum
truída sobre um monte; por isso, é chama- perigo que pudesse interferir na passagem
da de “cidade-luz”. Comparados com o sal, das embarcações. Um exemplo é o Farol de
as discípulas e os discípulos de Jesus agem Mãe Luiza, situado no bairro Mãe Luiza, em
para evitar o apodrecimento do mundo; Natal/RN. Desde 1951, com a construção do
comparados com a luz, agem para evitar o farol, o bairro Mãe Luiza ilumina a chegada
escurecimento do mundo. das embarcações às praias. O nome do farol
foi escolhido em homenagem a uma senho-
Acredita-se que a parábola da luz escon- ra considerada referência na localidade pelo
dida seja também uma referência à comuni- seu espírito solidário (Luiza Pirangi). Como
dade de Qumran, que existiu nas margens do parteira, quando chamada durante a noite,
Mar Morto e optou em viver em cavernas, de deslocava-se iluminando seu caminho com
forma isolada do mundo. A vida comunitária um lampião, para ajudar mães a darem à luz
era orientada por rigorosa exigência moral. suas crianças.
Qumran era conhecida como a “fortaleza dos
piedosos” e seus membros se consideravam Também esta missão é gigantesca. Em
“os filhos da luz” em oposição aos “filhos das relação à afirmação “vocês são a luz do
trevas”. Qumran vivia na expectativa de uma mundo”, Lutero afirma: “Esse é o segundo
intervenção divina para trazer paz ao mundo, aspecto do ministério do qual ele incumbe
fazendo a opção de desistir de uma atuação os amados apóstolos: que sejam chamados
na sociedade para transformá-la. luz do mundo e que, também, o sejam, isto
é, que instruam as almas e lhes mostrem o
Pelo fato de a comunidade dos “filhos caminho para a vida eterna. Isso também é
da luz” ter optado em viver uma santidade necessário porque Cristo não quer que esse
isolada do mundo, em um gueto, ela é consi- ministério seja exercido às escondidas ou
derada, no Sermão do Monte, uma luz es- somente em determinado lugar, mas que
condida, ou uma cidade não construída sobre seja levado publicamente pelo mundo afora”
um monte. Assim ela não terá condições de (Obras Selecionadas, v. 9, p.75s).
ser a luz do mundo.
Exercer o ministério da Igreja às escon-
O farol deve ficar no alto para poder cum- didas, praticando uma santidade isolada, é
prir sua função de lançar luz sobre o entorno. equivalente a uma lâmpada escondida, a
Portanto, o desafio colocado para as discí- uma comunidade que se isola do mundo, a
43
um gueto, a pessoas autorreferentes, a ins- a identidade de testemunha do Evangelho
tituições que giram em torno do seu próprio neste lugar, nesta sociedade, neste contexto;
eixo. Pelo contrário, ser a luz do mundo é ou seja, assumiu o desafio de ser sal e luz
também uma clara indicação de que quem nesta terra. As implicações desta declaração
segue a Jesus age na perspectiva da presen- são de um enorme compromisso e de uma
ça do Reino de Deus neste mundo. Mateus enorme responsabilidade. À luz das anota-
identifica o próprio Jesus como sendo a luz do ções acima, ousamos apresentar as reflexões
mundo (4.12-17). Se agora o mestre incum- que seguem.
be seus seguidores e suas seguidoras dessa
missão, então essas simples pessoas chama- A IECLB, através de suas comunidades, pa-
das ao seguimento terão parte na missão do róquias, grupos, setores, sínodos, instituições,
próprio Jesus e, em consequência, não pode- organismos, entidades e de sua estrutura na-
rão exercer o discipulado às escondidas, nem cional sente-se desafiada a fazer o movimen-
poderão ser ignoradas pelo mundo. to constante de tirar o caixote de cima da
lâmpada, de sair da caverna, de edificar-se
2. IECLB: O DESAFIO DE SER para ser cidade sobre um monte e de evitar a
O SAL DA TERRA E A LUZ DO MUNDO deterioração da vida comunitária e social.
47
ser dividido em quatro partes principais: vados para a Babilônia. A outra, se encontra
a) Introdução (vv.1-5): Título e convite ao nos dois livros de Crônicas, contando-nos a
louvor (v.1); Pergunta dirigida à comuni- mesma história, mas sob o ponto de vista da
dade (v.2); Bem-aventurança (v.3); Petição esperança do retorno à Terra Prometida, após
pessoal do salmista (vv.4-5); b) Oração de o exílio na Babilônia.
confissão de pecados coletiva (v.6): As- Nesse sentido, o Salmo 106, assim como
sim como os seus antepassados, o salmista os demais salmos históricos, se conecta prin-
reconhece a sua ingratidão e infidelidade; cipalmente com a primeira versão da história
c) Lista de eventos da história do povo de de Israel e, por isso, se torna uma oração co-
Israel, nos quais há necessidade de reco- letiva de confissão de pecados. É o povo de
nhecer e confessar os pecados (vv.7-43): Israel lembrando de sua história, confessan-
no Egito (v.7); no Mar Vermelho (vv.8-13); do o seu pecado, sua ingratidão, sua infide-
no deserto (vv.14-15); no acampamento lidade e idolatria e, assim, rendendo graças
(vv.16-18), no Monte Horebe (vv. 19-23); na ao Senhor por sua bondade e misericórdia.
Terra Prometida (vv.24-43); no exílio entre
as nações (vv.44-47); d) Doxologia/Louvor Provavelmente, esse salmo era usado
final (v.48). como parte da liturgia de seu culto de arre-
pendimento (cf. Ne 9.3-7). Israel é um povo
Desta forma, o salmo 106 descreve a his- que aprendeu a viver da memória dos feitos
tória de Israel desde a libertação da escravi- de Deus. Israel considera o seu pecado. Não
dão no Egito até a esperança de retorno dos esconde os seus erros. Ao mesmo tempo,
exilados na Babilônia. Os eventos mencio- na liturgia de arrependimento de Israel, a
nados retratam a ingratidão e a infidelidade, primeira manifestação é o louvor a Deus.
a desconfiança e a desobediência do Povo Confessar a grandeza de Deus leva o povo
de Israel em relação aos feitos poderosos e de Israel a confessar o próprio pecado. Ser
ao agir de Deus em seu favor. Enquanto na perdoado leva o povo a louvar a Deus. Assim
moldura do salmo está o reconhecimento é na vida do povo de Deus.
e louvor ao Senhor (aleluia), no centro está
uma das mais profundas orações de confis- Por mencionar no final uma súplica para
são de pecados da Bíblia. que Deus os congregue de entre as nações,
isto é, do exílio, o Salmo 106 é datado do
OS PÉS DO TEXTO período após o Exilio Babilônico.
52
2. ATÉ AQUI ME TROUXE DEUS - REFLEXÃO SOBBRE O HINO LCI 470
Mus. Dra. Soraya Heinrich Eberle, La Ceiba/Honduras Rudolstadt (Turíngia/Alemanha), porque sua
família aí se refugiou, fugindo dos horrores
Cada pessoa olha para o passado de uma da Guerra dos Trinta Anos que assolava seus
forma distinta, e esse olhar também muda, domínios. Era uma guerra que tinha num
dependendo de cada época da vida. Como primeiro plano motivos religiosos, envolven-
você olha para o que já passou? O olhar sobre do vários países e muitas diferenças teológi-
nossa vida vivida fornece o substrato para cas. Mas havia também disputas políticas e
vivermos o presente e sonharmos o futuro. territoriais. Sangrenta e cruel, a guerra veio
acompanhada de doenças, pilhagens e, além
Que diriam as pessoas imigrantes que
de provocar a morte, desalojou muitas pesso-
chegaram ao Brasil há 200 anos, se lhes per-
as. Esse foi o caso da família do conde Albert
guntássemos o que desejavam para o seu fu-
Friedrich de Barby e Mühlingen, pai de Ämilie.
turo? E em termos de fé, sonhariam elas com
uma igreja estabelecida em território brasilei-
Em 1641 ela perdeu o pai. Um ano após,
ro, fruto de sua chegada e perseverança?
a mãe. Foi acolhida por sua tia em Rudolsta-
Há mais de 400 anos uma mulher escre- dt, cidade na qual havia nascido e viveu até
veu uma poesia que atravessou o tempo. Um o final de sua vida. Casou-se com o primo,
texto de cunho pessoal, uma declaração de o conde herdeiro Albert Anton von Schwarz-
fé e confiança em Deus. Essa mulher viveu burg-Rudolstadt. A seu lado, viveu um casa-
com privilégios socioeconômicos. Ao mesmo mento estável, mas não sem dores.
tempo, fez da devoção pessoal a Deus o seu
maior legado. A morte cercou sua história. Além de pai
e mãe, perdeu irmãos e irmãs de sangue e
Abra o Livro de Canto da IECLB no número
de criação muito cedo. Perdeu a filha com
470. Leia e absorva as estrofes do hino que
apenas três dias de vida. Convém ter em
denominamos Até aqui me trouxe Deus.
mente essa permanência da morte na vida
Este hino normalmente é cantado em da condessa, para compreender o conteúdo
celebrações do ciclo da vida (aniversários, de suas poesias e de sua devoção.
bodas, jubileus), ou momentos cruciais e
limítrofes, como enfermidades e sepulta- Em Rudolstadt se primava por uma ex-
mentos. Há várias formas de olhar para este celente formação. A poesia tinha um papel
hino. Aqui, vamos sugerir algumas delas; especial naquela corte. Pode-se dizer que
quem sabe você e sua comunidade encon- ela alcançou em Rudolstadt o papel que
trem outras? a música teve em outras cortes. Ämilie se
destacava como poetisa. Ela foi pratica-
1. A AUTORA E SEU CONTEXTO mente contemporânea de Johann Sebastian
Bach e sua obra é um pouco posterior à do
Ela é Ämilie Juliane, condessa imperial de grande poeta luterano Paul Gerhardt. Mui-
Schwarzburg-Rudolstadt, nascida condessa tas de suas poesias foram publicadas ainda
de Barby. Nasceu e foi batizada em 1637 em durante sua vida.
53
Como uma mulher chegou a ter tal espaço Durante um desses momentos de ora-
e visibilidade naquela época? Há alguns as- ção, em 3 de dezembro de 1706, aos 69
pectos que colaboraram para isso. O primeiro anos, a condessa deixou esta vida. Suas
é que ela fazia parte da nobreza. Dificilmente últimas palavras foram um grito de triunfo:
uma mulher ocupada com as tarefas da casa, “transformada!”, “transformada!”1! A que se
campo ou oficina teria o tempo para dedicar- referia a condessa? Não se sabe, porém, a
-se à arte. O trabalho cotidiano era pesado julgar pela forma como conduziu sua vida, é
demais! Além disso, tinha excelente forma- pouco provável que estivesse se referindo à
ção. Mas o momento também era oportuno. sua herança, casamento, alguma doença...
mas sim, que finalmente havia chegado à
Desde o tempo da Reforma, no meio solução desse impasse que a vida terrena
protestante surgiram várias mulheres como significava para ela, entre a gratidão pelo
autoras de textos espirituais. Já no tempo de que vivia e o desejo de se encontrar com
Ämilie Juliane, o pietismo crescente motivava seu Salvador.
muitas mulheres na produção textual. E não
só isso, mas em determinados círculos pietis- 2. O HINO - ASPECTOS GERAIS
tas mulheres assumiram tarefas de pregação
da Palavra e liderança de comunidades. Há muita diferença entre escrever para a
comunidade ou para a devoção pessoal. Quem
O aspecto mais marcante, no entanto, era compõe sabe disso – ou deveria levar isso em
a devoção pessoal da condessa. Essa piedade consideração. As poesias e hinos de Ämilie
individual é muito característica do período Juliane não foram escritas para a comunidade,
(chamada inclusive de piedade barroca). salvo raras exceções. São expressões privadas,
Ämilie recebeu impulso para escrever do das quais desfrutava um pequeno círculo, e
poeta e jurista Ahasverus Fritsch, tutor de não eram material para o culto.
seu esposo. Fritsch era um adepto do pietis-
mo luterano de Philipp Jakob Spener, o qual Por isso, suas poesias eram tão pessoais
ele transmitiu a Ämilie. Também a literatura e intimistas, que chegariam a soar estra-
espiritual de edificação, típica do luteranismo nhas para nós. Está muito presente a lin-
desde metade do século XVI, estava presen- guagem em primeira pessoa, demonstrando
te naquela casa. E na vida cotidiana, havia uma relação afetiva com Jesus (eu-tu, infor-
momentos de oração e meditação pessoal. mal no alemão). Aparece a figura da Noiva
Suas poesias eram resposta às mais diversas de Cristo e das Bodas do Cordeiro. Assim a
situações cotidianas. Nasciam da fé vivida. autora se entende, chegando a denominar-
Tudo a inspirava: uma visita, uma enfermida- -se “Prometida do Cordeiro”. Isso explica
de, ou a gratidão por uma refeição. as poesias relacionadas à morte: será, para
ela, seu grande encontro com seu amado
Havia na condessa uma especial dedicação noivo. Da mesma forma, suas poesias fazem
em preparar-se para a morte. Por isso, rela- referência às feridas de Jesus (chagas). Essa
ta-se que ela mantinha, nos últimos anos de linguagem pode ser chocante para nossos
vida, as Sterbebetstunden, momentos de ora- dias, mas era um aspecto comum da pieda-
ção em preparação para a morte. Fazia parte de da época.
de seu universo devocional um anseio, uma
alegria pela morte. Isso porque ela representa-
1. A palavra em alemão Aufgelöst, (do verbo auflösen), além de
va o reencontro com Jesus e a saída do mundo “transformada”, ainda pode ter outras acepções, como encerra-
de pecado. Um alívio e um ponto de chegada. do, extinto, desfeito, dissolvido, reconstituído.
54
Da pena de Ämilie Juliane foram vertidas sia, pois a métrica segue a chamada estrofe
em torno de 600 poesias, todas submetidas luterana, o que possibilita a adaptação a
à correção de Ahasverus Fritsch. Sua obra muitas melodias com a mesma estrutura.
poética foi criativa e da mais alta qualidade
artística. A condessa escolhia com cuida- A melodia que utilizamos no LCI parece
do quem iria musicar suas poesias e quais pouco dramática e sem sobressaltos, em
melodias seriam utilizadas. Diferentemente comparação com outras do mesmo período e
dos textos de Paul Gerhardt, para os quais hinos da mesma autora. Peter Sohren, autor
somente mais tarde era criada a melodia, da música, era um professor, Kantor4 e edi-
para ela a música era primordial. Com exati- tor de hinários. Entre eles, um hinário muito
dão colocava as palavras nos pontos corretos, importante: Praxis pietatis melica, de 1668,
para dar-lhe a ênfase necessária e para que onde essa melodia apareceu pela primeira
juntos, texto e música reforçassem a inten- vez, para outro texto.
ção e o aspecto teológico.
No pensamento teológico luterano do
Ämilie Juliane mantinha momentos devo- período barroco, desenvolveu-se uma teoria
cionais diários. A partir disso, surgiu a obra, sobre o cuidado e socorro de Deus a cada
impressa por Heinrich Urban em Rudolstadt, criatura. O tema deste hino é a ação de Deus
Tägliches Morgen-, Mittag- und Abendopfer2. para com as pessoas que colocam sua con-
Em 1699, o hino Até aqui nos trouxe Deus fiança em Jesus Cristo e a ele permanecem
aparece nessa publicação, sob o título (que é, fiéis até o final5. Ämilie se entendia como
portanto, o título original da autora), Quartas- parte desse coro de pessoas fiéis e que des-
-feiras após a refeição. É provável, no entan- frutam da companhia de Deus.
to, que o hino já existisse há alguns anos.
A poesia é monotemática e não procura
Dentro do todo da obra, Até aqui me
abarcar toda a Teologia. Essa concentração
trouxe Deus é um hino, de certa forma, inco-
teológica Ämilie aprendeu de Spener, que
mum, que chama a atenção pela temática; é
aconselhava que as pregações fossem dire-
possível dizer que ele parece leve demais3.
tas e simples.
Contém uma alegria pela vida terrena que
não era habitual na autora. Somente a ter-
3. MEDITANDO SOBRE A POESIA
ceira estrofe deixa novamente transparecer
o tema da morte. Alguns estudiosos levan-
Leia outra vez a poesia da condessa Ämi-
tam hipóteses: seria esse hino uma exceção,
lie Juliane. Observe a organização das estro-
composta para o canto da comunidade?
fes. Você percebe como nelas há uma suces-
A melodia sofreu alterações, especialmen- são de tempos (passado – presente – futuro)?
te no século XIX, quando houve uma grande
revisão dos hinos na Alemanha e elementos Temos diante de nós a versão em portu-
rítmicos barrocos foram retirados. Outras me- guês da poesia que foi escrita originalmente
lodias também foram usadas para esta poe- em alemão. Nunca é fácil fazer uma versão;
métrica, ritmo, acentos, expressão são pen-
55
sados para o idioma original. Por isso, vamos ço geográfico (entre Mispa e Sem). Quando
considerar que a versão em português é Ämilie Juliane utiliza a mesma expressão,
o melhor que pudemos ter, e realmente é refere-se a um espaço temporal. No olhar re-
muito boa. Mas, em algumas considerações, trospectivo sobre o tempo de vida, ela tam-
teremos que nos referir também ao original. bém diz: aqui estamos, até aqui chegamos.
Mas se refere ao tempo, não a um local.
Cantemos a primeira estrofe:
Agora, vamos cantar a segunda estrofe:
Até aqui me trouxe Deus;
guiou-me com bondade. Louvor te rendo e gratidão
Ele amparou os passos meus por tudo que fizeste;
com graça e fieldade. por toda a graça e proteção
Até aqui me protegeu, que sempre, ó Pai, me deste.
perdão e paz me concedeu, Quero exaltar, meu Salvador,
conforto e alegria. o teu poder, o teu amor
com que me agraciaste.
Você observa a expressão Até aqui? Ela
aparece duas vezes. Repetição, em poe- Já na segunda estrofe, se trata de gra-
sia, sempre é ênfase. E isto ela faz olhando tidão por perceber a fidelidade de Deus.
retrospectivamente, para o que já viveu. Nos Essa estrofe remete ao Magnificat de Maria,
verbos trazer, guiar, amparar, proteger, con- relatado em Lucas 1.49 (Quero exaltar, meu
ceder está revelada a forma de ação de Deus Salvador/o teu poder, o teu amor/com que
na trajetória de quem nele confia. Trata-se me agraciaste), demonstração consciente
quase de um catálogo6: é assim que Deus de louvor e exaltação ao dar-se conta dos
age! Então, é um convite a reconhecer a ação feitos de Deus na própria existência. E esse
de Deus na vida, na caminhada. No origi- aspecto é muito importante trazer para a
nal, a expressão Até aqui (Bis hierher) não vida cotidiana. As dificuldades diárias muitas
aparece duas, mas cinco vezes na primeira vezes turvam o olhar, não permitindo perce-
estrofe, e mais uma vez na segunda! ber a graça de Deus. Cantar o hino é trazer
esse dar-se conta para dentro do cotidiano,
Até aqui... esta expressão está claramen- é atravessar o dia a dia com a memória das
te ligada ao texto bíblico que serve de mo- bênçãos vividas. Exaltar a Deus com gratidão
tivação a todo o hino, que se encontra em 1 pelo passado, pelo já vivido, é força e impul-
Samuel 7.12. Após uma vitória apertada na so para o cotidiano: também aqui e agora
batalha contra o povo filisteu, Samuel buscou Deus está presente! Esse é o meio do cami-
uma pedra (não uma pedrinha para guardar nho, até aqui chegamos.
no bolso, certamente), a colocou a meio ca-
minho entre Mizpa7 e Sem, como que dizen- E chegamos à terceira estrofe:
do: aqui estamos, até aqui chegamos. Em
seguida, deu a essa pedra um nome: Eben- Ajuda no porvir, Senhor,
-Eser (Pedra de Socorro), e disse as palavras: com teu poder me guia;
Até aqui nos ajudou o Senhor. Até aqui, na revela o teu eterno amor
acepção de Samuel, referia-se a um espa- em dor e em alegria.
Confessarei até morrer:
6. No original, aparecem outros verbos: manter, alegrar, ajudar.
7. Mizpa era o local do qual o povo havia saído para lutar contra
Por Cristo, ó Deus, me hás de valer!
o povo filisteu. Leia desde o início do capítulo 7 de 1 Samuel. Somente em ti confio!
56
A terceira estrofe é a consciência de que O tempo perguntou pro tempo
ainda há caminho a percorrer. Novamente é Quanto tempo o tempo tem.
reconhecida a fidelidade de Deus no passa- O tempo respondeu pro tempo
do, e ela agora é impulso para o restante da Que o tempo tem tanto tempo
jornada. É necessário, sim, parar de tempos Quanto tempo o tempo tem.
em tempos para tomar fôlego, olhar para
trás e perceber o percorrido, avaliar como A partir dela, vamos dialogar, partindo de
seguir. Mas a jornada não para. E a poetisa algumas perguntas: De que assunto trata a
reconhece: ele ajuda, como já ajudou an- parlenda? Como dividimos o tempo de vida
tes (no original: er hilft, wie er geholfen). que temos? Chamamos de presente, passado
É nesse passado que se afirma o futuro. No e futuro. Quanto tempo de passado você já
cuidado já experimentado, a jornada segue. tem? O que você sonha para o seu futuro? Já
A presença e o cuidado de Deus vão conosco tem alguma ideia?
até o final, o passo derradeiro. A aspiração
da poetisa para o que vem adiante é seguir Vamos conhecer um hino escrito há
confessando o cuidado e o amor de Deus, muito tempo, lá na Europa, do outro lado
através de Cristo Jesus. Porque não basta do Oceano Atlântico. Foi escrito por uma
começar bem, é necessário terminar bem. condessa, e ela o escreveu porque percebia
como Deus havia cuidado dela no passado.
A pedra Eben-Eser é o memorial do povo Então, no presente, ela está louvando e
israelita. O hino é o memorial de Ämilie Ju- agradecendo a Deus, e pedindo que Deus
liane. Precisamos trazer à memória em nossa cuide dela no futuro. Vamos conhecer esse
vida cotidiana o caminho que já trilhamos; hino e cantá-lo também? (Cantar o hino
dar graças a Deus pelo ponto no qual nos com as crianças, ensinando e comentando
encontramos. E rogar pelo futuro. estrofe a estrofe)
58
3. A HISTÓRIA DA IECLB E A HISTÓRIA DE NOSSA COMUNIDADE
- UM SEMINÁRIO PARA A COMUNIDADE LOCAL
P. Me. Osmar Luiz Witt, São Leopoldo/RS cuidadosa investigação de tudo desde a sua
origem, dar-lhe por escrito, excelentíssimo
A fé cristã se funda em acontecimentos Teófilo, uma exposição em ordem, para que
do passado. As pessoas cristãs confessam você tenha plena certeza das verdades em
que Deus tem agido e age por meio da his- que foi instruído.” (Lucas 1.1-4)
tória humana. No testemunho das Sagradas
Escrituras encontramos também o povo de Por sua vez, as primeiras gerações de
Israel fazendo referência ao seu passado com pessoas cristãs buscaram guardar a memória
Deus para expressar a sua fé: “Meu pai foi formulando os “Credos”, nos quais temos a
um arameu prestes a perecer. Ele foi para o expressão de como professaram e vivencia-
Egito, e ali viveu como estrangeiro com pou- ram a fé no Deus Triúno.
ca gente; e ali veio a ser uma nação gran-
de, forte e numerosa. Mas os egípcios nos O tema do ano “IECLB. Igreja de Jesus
maltrataram, oprimiram e nos impuseram Cristo” também nos convida a refletirmos
dura servidão. Clamamos ao Senhor, Deus sobre a nossa história enquanto Igreja de
de nossos pais; e o Senhor ouviu a nossa Jesus Cristo no Brasil. Estamos celebrando
voz e viu a nossa angústia, o nosso trabalho 200 anos de presença evangélica luterana
e a nossa opressão. E o Senhor nos tirou do no Brasil. Os primeiros imigrantes chegaram
Egito com mão poderosa, com braço esten- em maio de 1824, a Nova Friburgo, no Rio de
dido, com grande espanto, com sinais e com Janeiro. Logo em seguida, em julho de 1824,
milagres. Ele nos trouxe a este lugar e nos chegaram imigrantes a São Leopoldo, no Rio
deu esta terra, terra que mana leite e mel.” Grande do Sul. Seguiram-se muitas outras
(Deuteronômio 26.5-9) levas de imigrantes (conforme podemos ver
na linha do tempo), das quais se constituíram
Do mesmo modo, preservar a memória Comunidades que perseveraram em sua fé.
histórica sempre foi uma característica da fé
cristã. O que Deus fez em Jesus Cristo, em sua Entre os elementos que ajudavam nessa
encarnação, morte e ressurreição é decisivo preservação estavam a Bíblia Sagrada e o Ca-
para a confissão de fé no Salvador. Por isso, tecismo Menor de Martim Lutero. Pessoas sem
a Igreja cristã sempre se empenhou na pre- formação teológica formal, mas que eram
servação da memória do que aconteceu no eleitas pelas Comunidades, exerceram o papel
passado. Os Evangelhos foram escritos para de lideranças que ajudaram na preservação
que se pudessem guardar os ensinamentos e da fé evangélica de confissão luterana. Com
as práticas de Jesus. O evangelista Lucas ini- elas também vieram os primeiros pastores e
cia sua narrativa com a seguinte informação: professores que ajudaram a reunir as Comuni-
“Visto que muitos já empreenderam uma dades em Sínodos (a palavra Sínodo significa
narração coordenada dos fatos que entre nós o caminho que andamos juntas e juntos).
se realizaram, conforme nos transmitiram
os que desde o princípio foram deles tes- As primeiras Comunidades enfrentaram
temunhas oculares e ministros da palavra, os desafios do isolamento e da condição de
igualmente a mim pareceu bem, depois de minoria religiosa num Império que era ofi-
59
cialmente católico romano, conforme o artigo b) Refletir sobre o lugar da história em
5º da Constituição do Império do Brasil de nossa vida de fé.
1824. Hoje, somos regidos e regidas pela c) Celebrar, com gratidão, o agir de Deus
Constituição de 1988, a qual prevê um Es- no passado e no presente.
tado laico e liberdade religiosa para todos
os credos. Nossos desafios para vivenciar e Saudação e boas-vindas
testemunhar a fé também são outros do que
os que tiveram nossos antepassados em seu Hino e oração
tempo. Mesmo assim, podemos aprender de
seus exemplos e da sua perseverança na fé. Apresentação do tema
A palavra do Evangelho de Jesus quer alcan-
çar a nós como alcançou nossos pais e mães a) Escolher algumas passagens bíblicas
na fé. Mas, os desafios missionários de nosso dentre as indicadas.
tempo são outros e são nossos. A memória b) Ler as passagens em conjunto com o
histórica será sempre inspiração e fonte de grupo.
entendimento do tempo presente que Deus c) Convidar para que transcrevam numa
nos concede viver. folha de ofício, em letras grandes, uma
passagem escolhida (a mesma passa-
Para nos aproximarmos dos acontecimen- gem bíblica poderá ser escolhida por
tos do passado e para crescermos na consci- várias pessoas).
ência de quem somos hoje, enquanto Igreja d) Fazer um varal com as passagens bíbli-
de Jesus Cristo no Brasil, vamos promover se- cas.
minários de estudo e de convivência. Serão e) Convidar cada participante a comentar
três encontros, cada qual com uma temática a escolha feita ao fixar o versículo no
própria, mas também com a perspectiva de varal.
continuidade entre eles. Assim, caso alguém
não possa estar em todos os encontros, po- Versículos bíblicos:
derá ter proveito na participação em um, ou
dois. Uma possibilidade, para alcançar mais Deuteronômio 26.5-9: a memória do pas-
pessoas, seria a de filmar os encontros e sado ajuda a entender o presente.
produzir a edição de vídeos com os momen- Lucas 1.1-4: é preciso entender o que
tos mais significativos, os quais poderiam ser efetivamente aconteceu.
partilhados com os membros da Comunida-
Lamentações de Jeremias 3.21-24: a me-
de. Para isso, será necessária a concordância
mória do passado traz esperança de futuro.
de todas as pessoas do grupo.
Êxodo 28.6-14: as vestes litúrgicas ajudam
1º ENCONTRO na preservação da memória.
Salmo 102.12: de geração em geração
Assunto: A memória histórica em passa- permanece a memória do nome do Senhor.
gens das Sagradas Escrituras. Isaías 26.7-9: nossas almas anseiam pela
Material: Bíblia, folhas de ofício, canetas justiça de Deus.
pincel, corda de varal e prendedores.
Objetivos: Mateus 26.6-13: guardar a memória das
a) Oportunizar o contato com passagens lideranças exemplares.
bíblicas que se referem ao tema da 1 Coríntios 11.23-26: a memória do Se-
memória histórica. nhor cria comunhão/comunidade.
60
Encaminhamentos para Hino e oração
o próximo encontro:
Apresentação do tema
a) Estimular que cada pessoa busque a) Demarcar em papel pardo um cami-
contato com um familiar ou uma pes- nho, no piso ou na parede, que repre-
soa mais idosa que saiba contar alguns senta a história da Comunidade.
acontecimentos relacionados com a b) Quem conseguiu reunir as informações
história da sua Comunidade. Anotar as mais antigas pode começar depositan-
informações colhidas e trazer para o do-as no início do caminho, explican-
próximo encontro. do para as pessoas o que descobriu.
b) Reunir fotografias, recortes de jornal Sempre que possível colocar ao lado
ou revistas que ajudam a preservar a de cada informação uma data para
memória histórica da Comunidade e situá-la no tempo.
das famílias que dela fazem parte. c) Cada participante poderá trazer a sua
c) Visitar o cemitério e identificar túmu- contribuição. Uma pessoa de cada vez.
los históricos, bem como a fé que se Assim, todas tomam conhecimento
expressa em passagens bíblicas ou das descobertas feitas.
inscrições nas lápides. d) Se houver cópias dos textos, imagens
d) Não é necessário que todas as pessoas e fotos pode-se afixar o papel pardo
façam todas as tarefas. Pode-se dividir com o caminho percorrido pela Co-
o grupo para cada atividade. munidade na parede da igreja ou do
salão. Os materiais originais devem
Fazer uma avaliação breve sobre a experi- voltar para o lugar de onde vieram.
ência feita
Fazer uma avaliação breve sobre a experi-
Oração final e hino de encerramento ência feita
62
A identidade da IECLB e sua
participação na missão de Deus hoje
O livro de Atos foi escrito muito tempo Este era o modo de ser da sociedade na
depois da morte de Jesus, provavelmente, época de Jesus. Um cenário de exploração
entre 80 e 90 d.C. O texto é o registro de total. Em termos contemporâneos, pode-
uma experiência vivida a partir da perspec- -se dizer que a colonialidade da dominação
tiva de quem escreveu, no tempo em que aconteceu por gênero, classe e raça.
viveu. Lucas é considerado o autor do Evan-
gelho de Lucas e de Atos. As ênfases de cada Neste cenário, a proposta do evange-
texto são diferentes, mas complementares. lho que transforma as vidas, as relações e
No Evangelho, Lucas apresenta o caminho, a as estruturas sociais mexia com os grupos
trajetória de Jesus. Em Atos, o autor destaca dominantes desta sociedade e não era bem-
o caminho da comunidade, isto é, a missão -vista. Os interesses dos dominantes não se
da igreja no mundo: a evangelização. coadunavam com os ensinamentos de Jesus.
O livro de Atos narra esses conflitos da igreja
A igreja é chamada, é desafiada, é com o poder político e econômico romano.
convocada a dar seu testemunho público O texto de Atos 2 apresenta outro modo de
anunciando o evangelho que liberta: a vida relações pessoais e sociais completamen-
digna para todas as pessoas. E isso se faz te diferente do modelo opressor vivido até
na caminhada, em movimento, ouvindo então pelas pessoas e pelo poder estatal da
as necessidades das pessoas e agindo. Em época. E por isso, esse texto é um exemplo
Atos, a comunidade se fortalece na fé e dá que desafia ainda hoje. É um texto que mexe
64
em muitas áreas, sendo por isso polêmico no gia Prática estão o aconselhamento, a diaco-
contexto da igreja e da sociedade. nia, a ciência das religiões, a missiologia, a
edificação de comunidades, a educação cristã
O modelo, a referência de vivência da fé e o culto cristão. São temas trabalhados
e da igualdade material e econômica que profundamente no estudo da Teologia com o
Atos 2 propõe substituía a opressão do poder intuito de ampliar o conhecimento, motivar a
romano pela solidariedade, pela partilha, vivência da fé, entender os contextos, com-
pela vida comunitária e coletiva, pela vivên- preender a ética da fé para dar sinais/teste-
cia da espiritualidade, pela partilha dos bens munho ali onde estamos. Todos os conheci-
em prol da eliminação das desigualdades mentos específicos reunidos apontam para a
sociais e econômicas. A vida digna tinha a identidade da igreja cristã.
ver com essas vivências que as comunidades
cristãs estavam experimentando e exercitan- Atos 2 é um texto da Teologia Prática,
do nas relações sociais cotidianas. Esse modo mas que conversa com todas as outras áreas
de ser não explorava ninguém. Ao contrário: da Teologia por conter os princípios da fé e o
libertava e colocava as pessoas no mesmo seu testemunho, ou, como a fé se relaciona
patamar de igualdade social e econômica. com a prática e na prática.
Sem dúvida, um exemplo que desafia e
transforma, mas que incomodou os sistemas Nós temos um texto que foi escrito num
de dominação vigentes na época de Jesus (e contexto e numa época, a partir da perspec-
que se mantêm até hoje). tiva de Lucas. Na sequência, vem a pergunta
sobre a missão de Deus hoje. E a missão é um
A IDENTIDADE DA IGREJA E SUA grande desafio, pois traz a pergunta para o
PARTICIPAÇÃO NA MISSÃO DE DEUS HOJE nosso tempo: é possível vivenciar At 2 hoje?
Esse tema perpassa toda a reflexão teoló- Precisamos analisar o tempo presente e
gica acerca da identidade cristã nos tempos tecer algumas considerações. Como nos ensi-
atuais. Atualmente, a Teologia, enquanto na a teoria feminista (SAFFIOTI, 1987), temos
área do conhecimento, divide-se em três três sistemas de dominação no mundo: o
grandes núcleos: bíblico, histórico-sistemático capitalismo, o racismo e o patriarcado. Esses
e prático. O estudo da Teologia através das sistemas têm refinado os seus modos de ex-
áreas contribui com a construção da identi- ploração e dominação ao longo dos tempos,
dade da igreja cristã hoje. As especificidades e seguem produzindo as mais repugnantes
de cada área apresentam o cenário histórico, formas de desigualdade e discriminação
social e político da época de Jesus, a cami- social nos dias atuais em todos os lugares do
nhada de fé do povo, as bases da fé e os mundo. A fome, a pobreza, as doenças, o
desafios do testemunho público desta fé no desmatamento, as guerras, a violência con-
cotidiano. São esses estudos aprofundados e tra as mulheres, os ataques à democracia,
contextualizados que chegam hoje até as co- a homofobia, o capacitismo, o racismo têm
munidades com o intuito de fortalecer a fé, se tornado aceitáveis, coisa natural no nosso
estabelecer os vínculos identitários e desafiar tempo através das ideias propagadas pelos
para a ação, para o testemunho público, a sistemas de dominação. Mas isso não é natu-
exemplo de At 2. ral, não é aceitável.
68
2. CASA DE PEDRAS VIVAS: ouro refinado pelo fogo. É tão bonito quando
A IDENTIDADE DA IGREJA E SEU Pedro diz, que, como cristãos, eles já tinham
PROPÓSITO, SEGUNDO 1 PE 2.4-10 experimentado o quanto Deus é bondoso. Já
entendiam na prática a graça de Jesus. Então,
Mis. Lucia Roesel, Novo Hamburgo/RS como crianças recém-nascidas, que desejam
ansiosamente o leite da mãe, deveriam ter o
CONTEXTO mesmo anseio, o mesmo desejo pela Palavra
pura de Deus. Lembrando que desejar não é
No ano 64 d.C., uma grande parte da só querer, é querer com todo o ser. Isso traz
cidade de Roma foi queimada. E Nero acusou crescimento para a salvação, diz ele. Usando
um grupo de cristãos. Mais ou menos nesse a metáfora de Ezequiel que comeu a Palavra
mesmo período, os judeus da Palestina tam- de Deus (Ez 2-3), podemos dizer que, comer
bém se rebelaram contra os romanos. Tudo e se alimentar da palavra, da verdade de
isso acabou em uma guerra no ano 66 d.C., Deus não é apenas para aprender mais ou
que culminou com a destruição de Jerusalém para adquirir mais conhecimentos, mas sim,
e da nação judaica. A partir daí a persegui- para amadurecer na fé.
ção aos cristãos se agravou.
PEDRAS VIVAS
Nero, além de perseguir os cristãos em
Roma, foi provavelmente o responsável O termo “pedra viva” é uma citação do
pelas mortes de Pedro e Paulo. O apóstolo Antigo Testamento. Pedro anuncia que Jesus
Pedro escreveu a sua primeira epístola du- é a pedra viva agora. As pedras aqui se re-
rante este período. Ele estava convencido ferem às pedras que eram moldadas e pre-
que muitas pessoas cristãs iriam enfrentar paradas para serem usadas em construções.
essa nova onda de perseguição. Através da Nas construções antigas, a pedra da esquina
carta ele queria prevenir as pessoas a respei- era a primeira a ser colocada sobre a funda-
to da tribulação que se abateria sobre elas ção, e só depois todas as outras pedras eram
em breve. E queria encorajá-los a permane- alinhadas a ela.
cerem fiéis.
O que mais Pedro diz em relação a essa
COMO ENTENDER... pedra? Que é preciso achegar-se a ela. Por-
tanto, é preciso achegar-se a Jesus, a pedra
Pedro inicia a carta falando das bênçãos viva. Chegar perto, muito perto, bem perto.
espirituais que eles tinham recebido, dizen- Isso é imprescindível! Não receber a Jesus é
do: Bendito seja Deus que nos regenerou o mesmo que rejeitá-lo segundo Jo 3.18 e
para uma viva esperança, mediante a ressur- Rm 1.18-23.
reição de Jesus. Essa herança não pode ser
destruída! Jesus é a base de sustentação onde o
alicerce das pedras vivas é assentado. A re-
Pedro fala de pedras vivas. Ele diz que a ferência do versículo 6 é uma palavra linda,
fé deles era muito mais preciosa do que o que se encontra em Isaias 28.16: “Assim diz
69
o Senhor: Eis que ponho em Sião uma pedra, No Antigo Testamento, somente aquelas
pedra já provada, pedra preciosa, angular, pessoas que nasciam de uma certa tribo po-
solidamente assentada”. Jesus era maior que diam ser sacerdotes. Aqui, Pedro diz que to-
a tradição que eles receberam de seus pais; dos os que nasceram de novo e fazem parte
maior que o templo em Jerusalém; maior da família de Deus, ou seja, os cristãos e as
que as tradições dos gentios com seus ídolos cristãs, são sacerdotes e sacerdotisas, e têm
sem vida. A grande novidade é que agora o privilégio e a responsabilidade de oferecer
existe uma nova casa de Deus, uma casa a Deus sacrifícios espirituais. (Rm 12.1,2; Hb
espiritual, da qual Jesus é a pedra angular. 13.15,16). “Agora alcançaram misericórdia”.
Ou seja, Jesus é pedra angular, a pedra viva Embora merecêssemos ser condenados por
da Igreja! E como é maravilhoso saber que causa da nossa incredulidade e pecado (Jo
os cristãos são parte do grande projeto da 3.18,36; Ef 2.1-3), nós não estamos mais
casa espiritual de Deus. Sendo assim, já que debaixo dessa acusação (Ef 2.4-7). Somos
somos parte da casa de Deus, nosso olhar pessoas salvas e convocadas a servir!
deve estar sempre voltado para essa pedra
angular como nos diz Hebreus 12.2. QUESTÕES PARA DIALOGAR
Para os que creem esta pedra é precio- 1. Como vimos, a proximidade com Cristo
sa. A honra é para os que creem. A honra, o decide se seremos “pedras vivas” ou
privilégio que nós temos é que, jamais nos “pedras frias e mortas”. Então pode-
envergonharemos do nosso relacionamento mos nos perguntar: Qual o nosso de-
com Jesus Cristo e jamais tropeçaremos por sejo de estar próximos a Jesus? Qual o
causa dele. Aqueles que confiam em Jesus nosso desejo de sermos transformados
nunca serão envergonhados. Já os descren- por ele? Qual o nosso desejo de ser-
tes, aqueles que queriam adequar Jesus às mos renovados por ele? Qual o nosso
necessidades deles, viram que isso era inútil. desejo de estarmos sendo preenchi-
Mas, mesmo que ele não fosse o que eles dos, sempre de novo, pelo Espírito
esperavam, foi ele que Deus Pai escolheu Santo?
para ser o fundamento da sua obra eterna.
2. Uma pedra precisa ser lapidada e
GERAÇÃO ELEITA unida com o cimento para então po-
der ser encaixada numa parede, ao
Pedro segue dizendo: - “Vocês, porém, lado de outras pedras. Depois disso é
são...” É o versículo que mostra a diferen- que ela se torna o suporte para outras
ça entre os que creem em Jesus Cristo e pedras e é suportada por elas. Isso é
os que não creem. “São geração eleita...” o que dá firmeza à construção. O que
Deus mesmo os escolheu. “São sacerdó- essa imagem diz a respeito de nossa
cio real”. Os cristãos são transformados vida comunitária?
por dentro e por fora. “Nação santa...” Os
cristãos são separados como instrumentos 3. A comunidade de Cristo é o templo
de Deus. “Propriedade exclusiva”. Ele os onde Deus ele está presente, onde é
adquiriu. “A fim de proclamar as virtudes possível receber perdão e experimen-
daquele que os chamou das trevas para a tar reconciliação – com Deus, consigo
maravilhosa luz...” Nós fomos transforma- mesmo, com os outros. Podemos tes-
dos para que pudéssemos proclamar ao temunhar isso de nossa comunidade?
mundo as obras dele. Se alguém necessita experimentar
70
a graça de Deus – nós o convidamos nho e formato. Convide para que formem pa-
para vir à nossa comunidade e o aco- res com as palavras paz, bondade, amizade,
lhemos? solidariedade, amor, gratidão, perdão, cuida-
do, alegria, ou outras palavras importantes
4. Desde o Antigo Testamento é função no contexto da reflexão. Caso no grupo haja
sacerdotal mediar reconciliação, aben- crianças não alfabetizadas, as palavras po-
çoar, interceder, anunciar a vontade dem ser substituídas por desenhos.
de Deus e anunciar a sua palavra. Que
desafios percebemos para a vivência Como jogar o jogo de memória “pedras
do Sacerdócio Geral hoje? vivas”:
5. Como tudo isso se aplica a nós, IECLB? 1. Misture e distribua as cartas sobre
Que desafios percebemos? uma mesa, com os desenhos virados
para baixo.
Dinâmica para crianças (elaborada pela
2. Faça o par ou ímpar para ver quem
Cat. Maria Dirlane Witt). Materiais necessá-
começa o jogo.
rios: pedras de vários tamanhos, papelão,
canetinhas coloridas, tesoura. 3. Cada participante vira duas cartas bus-
cando um par igual.
Primeiro momento: No primeiro mo-
mento, coloque à disposição das crianças 4. Se a pessoa que está jogando conse-
pedras de vários tamanhos e tonalidades. gue encontrar outra carta que tenha
Peça que usem essas pedras para a constru- o mesmo desenho da que ela virou,
ção de um poço, de uma ponte, de um muro, recolhe as duas e joga outra vez.
por exemplo. Após as diferentes construções,
5. No caso de a pessoa virar duas cartas
converse como se sentiram construindo com
com desenhos ou palavras que não
as pedras. - Foi fácil? Sentiram alguma difi-
são iguais, vira as cartas novamente
culdade? Todas as pedras foram importantes?
com o desenho para baixo e passa a
jogada para a pessoa que está do seu
Segundo momento: Num segundo mo-
lado direito.
mento, narre a história bíblica para as crian-
ças, dando ênfase à pedra principal, Jesus, e 6. As cartas que formarem par são retira-
a nós, pedras vivas. das do jogo e conta como ponto para a
pessoa que as encontrou.
Terceiro momento: E num terceiro mo-
mento, faça com as crianças um jogo de 7. Quem tiver o maior número de cartas
memória em forma de pedras. Você já pode escolhe uma das palavras e diz como
levar as pedras cortadas. Isso auxiliará para ela pode ser colocada em prática para
que todas as cartas tenham o mesmo tama- que nos tornemos pedras vivas.
71
3. A IDENTIDADE DE NOSSA da igreja – Evangelização, Comunhão, Diaco-
COMUNIDADE NA MISSÃO DE DEUS: nia e Liturgia não é uma unidade formada,
UM SEMINÁRIO PARA mas uma unidade em movimento. Neste
A COMUNIDADE LOCAL seminário vamos trabalhar metaforicamente
com esta realidade. Partimos de uma com-
P. Leonídio Gaede - Itati/RS preensão positiva desse modo de ser igreja.
O fato de estar em desenvolvimento produz
ANTES DO EVENTO movimentos sentidos, pelo menos às vezes,
como abalos sísmicos. São, porém, processos
1) Designar e preparar três ou seis pesso- de formação. Vamos trabalhar com a ideia
as que atuarão como líderes durante o de quatro personagens, ou seja, dois casais.
evento. Eles se chamam Cultivo e Cultura, Sal e Luz.
2) Providenciar o seguinte material: As dinâmicas propostas pretendem ajudar a
Um guarda-sol; quanto maior, melhor; criar pontos de relação – com sentido de se-
cadeiras que possam ser dispostas em melhante e diferente – entre os personagens
forma de barco; pano ou papel para e a realidade da comunidade.
encapar as cadeiras, dando-lhes apa-
rência externa de barco; material para Propõe-se um estudo sobre o jeito de ser
confeccionar bandeirolas (vareta, pa- IECLB representado pelas comunidades lo-
pel rígido claro colado sobre papelão; cais. A inspiração é a ideia de voluntariado,
canetas pincel atômico; recurso para presente de forma diferenciada no imaginá-
fixar o papel/papelão nas varetas: cola rio de membros da igreja. A força voluntária
quente ou percevejo); panos, papéis, é comparável a um cabo de guarda-sol do
pequenos objetos, frascos, pedaços de qual partem raios em todas as direções.
madeira, barbantes arames, cola, te- Estes mantêm estendida a lona da sombra
soura em quantidade suficiente para o protetora. Esses raios representam dedica-
público previsto, e em uma variedade ção a uma causa por motivações diversas. O
suficiente para a confecção de bonecos que seriam esses raios? No presente estudo
e bonecas. Quanto mais material hou- o nosso guarda-sol, a nossa tenda, tem três
ver, quanto mais diversidade houver, raios de dedicação:
tanto mais rica será a experiência. 1) Há quem se dedica simplesmente
3) Ao público deste seminário será dispo- porque “é necessário”. Conta-se que
nibilizado tão somente o ANEXO Histó- no antigo Egito, por exemplo, era
ria. necessário que um viajante pobre, que
chegasse à margem de um rio, rece-
INTRODUÇÃO besse ajuda sem custos para atraves-
sar. Também na sociedade romana,
A igreja de 200 anos que hoje se chama dividida entre aristocratas, cavaleiros
IECLB, compreendida como comunidades e plebeus, havia regras de suprimento
locais e organismos regionais e nacionais de de necessidades para que todos “fos-
direção administrativa e promotora dos bens sem felizes”. Isso simplesmente era
72
necessário. Encontramos mais infor- pos, haverá dois líderes para cada raio. Eles
mações sobre isso, digitando no site atuarão em forma de rodízio, girando pelos
de busca História do Voluntariado no grupos de tal forma que cada um dos três
Brasil e no Mundo (www.aedb.br). raios passará por todos os grupos. Os líderes
Em sua comunidade, existe motivação garantirão que a dimensão de seu raio seja
para esse tipo de dedicação? considerada na conversa do grupo.
2) Há quem se dedica porque “uma mão
lava a outra”. A palavra grega filía ex- No momento da leitura do ANEXO His-
pressa mais ou menos uma forma de tória pelos grupos, as pessoas destacadas
amar, compreendida como busca de como líderes garantirão que as características
retribuição (Tg 4.4). A famosa frase “é dos personagens, conforme se descrevem
dando que se recebe” também pode abaixo, sejam relacionadas com os raios de
retratar isso. No esteio da tenda do vo- dedicação que os líderes representam. Cuida-
luntariado em sua comunidade existe rão ainda que não seja antecipada a temáti-
esse raio de dedicação? ca que virá no SEGUNDO PASSO.
3) Há quem se dedica porque se guia
“pelo amor de Cristo”. Na língua grega Raio 1 – Faz-se porque é necessário
a palavra agápe parece definir o amor fazer: A natureza do personagem Cultivo é
compreendido como via única, sem re- o trabalho. Ele se dedica, presta serviço, faz,
torno. Segundo esta compreensão, não executa, produz. A Cultura vai adiante, vai
é assim que uma mão lava a outra, além disso. Ela considera a Safra importante;
mas que uma mão não fica sabendo o Cultura quer resultado. Para ela a Safra é a
que a outra faz (Mt 6.3). Em sua comu- razão de tudo. Ela também pensa na questão
nidade existe esse tipo de dedicação? do “como fazer”.
Quantos raios tem o cabo da tenda do
voluntariado em sua comunidade? Raio 2 – Faz-se porque uma mão lava a
outra: Sal, por seu lado, é um personagem
PRIMEIRO PASSO que quer agir altruisticamente. Não quer que
suas ações sejam badaladas. A mão esquer-
Assim como os discípulos de Emaús (Lc da não deve saber o que a direita faz, pensa
24. 13ss) fizeram uma caminhada esclare- ele (Mt 6.1-4). Ele, porém, espera que suas
cedora, pois suas mentes foram se abrindo ações impactem, tenham um efeito manifes-
para a compreensão do momento histórico to na comunidade. Com isso se sente recom-
pelo qual passavam, assim também neste pensado.
estudo os grupos vão conversar e alguém vai
se juntar a eles na conversa. São as pessoas Raio 3 – Faz-se pelo amor de Cristo:
designadas como líderes neste estudo. Luz tem uma natureza envolvente. Veio para
esclarecer, para clarear. Nesse sentido, é pre-
O ANEXO História será lido por um, três tensiosa. Não pode ver um lugar escuro. Luz
ou seis grupos, dependendo do número de sempre intervém. Não deixa como está. Age
participantes do evento. Em caso de um ou e interage com todos: em casa, na oficina,
três grupos, haverá três líderes. Em caso de com o Fornecedor, o Cliente, o Cultivo e a
seis grupos, haverá seis líderes. Os líderes Cultura.
serão previamente preparados para a sua
função. Cada líder representará um dos três TAREFA 1 – Primeira Leitura da História
raios acima descritos. Em caso de seis gru- (ANEXO), com o rodízio dos três líderes.
73
SEGUNDO PASSO 6 – Conversas: Como está o serviço diaco-
nal de nossa comunidade? Podemos compa-
Agora os grupos partirão para a tarefa se- rar a conversa de Cultivo e Cultura, Sal e Luz
guinte que é uma segunda leitura do ANEXO com Gálatas 5. 13-15 e a nossa comunidade?
História, fazendo, após cada item lido, uma
pausa para conversar sobre as perguntas 7 – Complementos: Vocês já convidaram
abaixo. Os líderes farão as perguntas, obser- alguém para ajudar na comunidade e rece-
vando a numeração correspondente ao item beram como resposta a pergunta “o que eu
lido. ganho com isso”?
78
Nosso Compromisso com o Futuro
1 - OLHOS VOLTADOS PARA O FUTURO: reto, “alguns duvidaram”. Não sabemos em
A GRANDE COMISSÃO EM MATEUS 28.16-20 qual monte isso aconteceu, mas aquelas pes-
soas demonstram já de cara algo importan-
P. Dr. Renato Raasch, Curitiba/PR te: disposição de obedecer às instruções de
Jesus. E seria a partir de um monte de onde
As palavras que encerram o Evangelho se pode olhar o horizonte amplo que Jesus
segundo Mateus são determinantes para o iria conduzir aquelas pessoas a olharem para
que viria a ser a Igreja cristã. Nesses pou- o futuro. Entre as pessoas que acolheram as
cos versículos estão contidas declarações instruções havia algumas que demonstraram
e orientações que serviram para nortear o obediência e fé reverente, outras que apenas
caminho das pessoas que estavam junto obedeceram, mas estavam ainda confusas,
com Jesus desde a Galileia até Jerusalém e hesitantes e em dúvida. Esse resumo final do
que haviam testemunhado a sua morte e Evangelho de Mateus parece revelar muito
também a sua ressurreição. Aqueles homens do que acontece até hoje em nossas comuni-
e aquelas mulheres ao redor de Jesus eram dades. Um dos temas centrais do Evangelho
pessoas que estavam experimentando uma já fica evidente desde o início da Grande
reorientação de suas vidas a partir do Evan- Comissão: Jesus está chamando à obediência
gelho enquanto Jesus os estava conduzindo: e à fé. Na sua origem a palavra fé (pistis no
ele havia inserido aquelas pessoas em seu grego) pode significar tanto fé como fideli-
discipulado. Algo novo iria iniciar após a res- dade (fides no latim, de onde surgem nossas
surreição de Jesus. Aquelas pessoas dariam palavras fé e fidelidade). Quem caminha
início a um movimento que se espalharia por com Jesus é chamado a uma fé que é mar-
todo o mundo! Mas naquele momento essas cada por fidelidade a Jesus e ao Evangelho.
pessoas eram poucas, estavam ainda confu- Não é por acaso que Jesus se apresenta aos
sas com relação a tudo o que tinha aconte- discípulos com uma palavra de “autoridade”.
cido em suas vidas e nem tinham noção do
que estava pela frente. Para que elas não se Questão prática para sua reflexão: Você
perdessem em seu propósito de existir, Jesus consegue perceber em sua vida e em sua
lhes deu uma orientação decisiva quanto ao comunidade essa relação entre ser uma
futuro. A Igreja que surgiria a partir daque- pessoa cristã e ser alguém que demons-
las instruções precisava ter clareza de quem tra fidelidade a Jesus em sua vida diária?
realmente era e para que existia. É para essa
bússola fornecida por Jesus que estaremos A ordem de Jesus é para que haja movi-
nos voltando agora para continuar a navegar. mento: Ide! Ou melhor traduzido o particí-
pio do grego: Indo, enquanto vocês forem,
A assim chamada Grande Comissão inicia quando estiverem vivendo a vida de vocês.
em Mateus 28.16 apresentando o grupo dos Essa é mais do que uma ordem no impera-
discípulos e das discípulas de Jesus um pouco tivo, trata-se de uma constatação de Jesus.
confuso. Eles estavam seguindo a ordem de Enquanto vocês estiverem colocando em
Jesus de encontrá-lo no “monte que Jesus prática minhas orientações, façam isso de tal
lhes tinha indicado” (cf. Mt 28.7), mas, en- forma que estejam presentes dois aspectos
quanto alguns adoram Jesus ao vê-lo ressur- decisivos: batismo e ensino. Os discípulos e
79
as discípulas de Jesus iriam demorar um pou- na qual a Igreja está inserida. Jesus espera
co ainda para compreender todo o horizonte que seus discípulos tenham aprendido que
que Jesus estava colocando diante deles. eles realmente serão o que foram chamados
Para Jesus, no entanto, já estava muito claro a ser quando viverem em fidelidade a ele.
que aquele grupo de pessoas iria ter de ex- Batizando e ensinando. É assim que cumpri-
perimentar algumas superações de paradig- mos a Grande Comissão na qual estamos in-
mas e romper algumas barreiras (culturais, seridos a partir do momento em que somos
políticas, geográficas, sociais, étnicas). O alvo batizados e chegamos à fé em Jesus Cristo.
da missão seria para muito além daquilo Assim surge a Igreja formada de pessoas que
com o qual estavam acostumadas e familia- se tornaram discípulas de Jesus através das
rizadas até aquele momento. Isso se tornaria quais Deus está em missão neste mundo.
fundamental para o desenvolvimento da Igreja nada mais é do que exatamente as
missão: elas precisavam superar as limita- pessoas que são batizadas e creem em Jesus
ções étnicas e alcançar todos os povos. e estão agindo através da ordem e capacita-
ção de Jesus por meio do Espírito Santo.
Questão prática para sua reflexão: Jesus
quer que experimentemos o alargamen- Questão prática para sua reflexão: Quan-
to de nossos horizontes enquanto Igreja. to tempo, recursos e empenho sua co-
Como isso se aplica de forma concreta no munidade investe em cumprir a Grande
contexto de sua comunidade, ministério Comissão? Estamos mais envolvidos em
ou grupo? manutenção ou em missão?
Parece simples esse processo, mas não é Jesus estipula parâmetros para a continui-
o que acontece na maioria das comunidades dade do que foi iniciado em seu ministério e
cristãs de tradição protestante histórica assim consumado em sua morte e ressurreição. En-
como nós luteranos da IECLB. A maioria das quanto Igreja que se formaria a partir de seus
comunidades estão tão ocupadas com sua discípulos, Jesus estipulou que eles seriam
própria manutenção que correm o perigo de agentes dinâmicos como discípulos que fazem
esquecer o que significa ser Igreja de Jesus discípulos. A Igreja de Jesus é composta de
Cristo. Muitas reuniões de presbitério, muitos pessoas que creem e agem em conformidade
cultos e muitas reuniões de conselhos giram com as instruções do Senhor da Igreja e sob
mais em torno das necessidades da comuni- sua autoridade. Atuantes a partir dessa instru-
dade do que motivadas pela pergunta sobre ção clara, Jesus quer transmitir aos seus dis-
o que Deus quer realizar neste mundo atra- cípulos que ele mesmo tem um compromisso
vés da sua Igreja. Precisamos lembrar que a estabelecido com eles enquanto ao enviá-los.
principal função das pessoas que já são dis- Nessa corrente de discípulos que fazem dis-
cípulas de Jesus é se perguntar sobre como cípulos estão todas as pessoas que passam a
podem gerar novos discípulos de Jesus, como crer em Jesus. Isso nos torna pessoas missio-
podem estabelecer um sistema de discipula- nárias que fazem a Igreja ser um movimento
do e crescimento na fé para auxiliar no pro- de pessoas em missão neste mundo.
82
Para o trabalho com diferentes grupos: 1º Momento
Conte a história bíblica para as crianças.
O texto da Grande Comissão é uma ex- Depois, recorde com elas a narração.
celente base bíblica para trabalhar o tema
da missão e evangelização com crianças e 2º Momento
adolescentes. Medite com elas sobre as di- Dê para cada uma das crianças uma bandeja
versas culturas e povos no mundo. Apresente de isopor e um palito de churrasquinho (pode
imagens de povos e culturas tanto do Brasil cortar a ponta). Peça que cortem as laterais da
(as diversas tribos urbanas: skatistas, cultura sua bandeja, deixando-a totalmente plana. De-
emo, hippies, surfistas, motoqueiros, indies, pois, peça que façam desenhos sobre a cena da
metaleiros, góticos...) quanto do mundo. história que mais gostaram, usando os palitos
Como é possível cumprir o mandato de Jesus de churrasquinho. Quanto mais profundo o sulco
em meio a essas “tribos” para que entre do desenho, melhor ficará o carimbo.
todas as nações e povos haja discípulos de
Jesus? Além disso, reflita com elas sobre seu Após o desenho feito, é hora de passar a
batismo e o que precisa acontecer em sua tinta com os pincéis ou rolinhos esponjados,
vida para que se cumpra o que Jesus deter- na cor preferida sobre a bandeja. Depois,
minou. Onde elas estão percebendo que a para fazer o carimbo, as crianças pressiona-
ordem de Jesus está se cumprindo (no culto rão suas bandejas com tinta sobre a folha de
infantil, ensino confirmatório, nos grupos papel ofício.
nas casas, estudos bíblicos, JE...)? Como elas
podem fazer parte dessa Grande Comissão? 3º Momento
Depois do carimbo feito, cada criança
Obs: O texto do subsídio também contém apresenta o seu desenho para a turma,
perguntas que podem auxiliar a reflexão explicando porque escolheu aquela cena da
individual ou em grupo. história.
83
2 - SONHAR IGREJA a encontrar soluções inovadoras e inusi-
E ATRAVESSAR O TETO tadas para superar obstáculos e a cumprir
nosso objetivo maior: trazer pessoas à
presença de Jesus.
85
3 - O FUTURO DA IECLB E O FUTURO • Canetinhas hidrocor, inclusive canetinhas
DE NOSSA COMUNIDADE: UM SEMINÁRIO brancas que escrevam em papeis pretos.
PARA A COMUNIDADE LOCAL • 2 folhas de tamanho A4 de papel cartão
ou desenho branco cortadas em tama-
P. Gerson Acker, Nova Friburgo/RJ nhos e formatos diferentes, como se
fossem tesselas (pastilhas) para mosai-
Apresentamos uma metodologia para um co. Cada pastilha pode ter dimensões
seminário destinado à comunidade local com próximas a 10cm² (evitar recortar partes
o objetivo de que ela desenvolva uma vi- muito pequenas). Fazer o mesmo com
são que contenha perspectivas de futuro no 2 folhas verdes, vermelhas, pretas e vio-
contexto em que está inserida. Não se trata letas.
de um planejamento missionário, mas um • Cola.
“tempo oportuno” – kairós – de diálogo para • 1 cartolina, papel kraft ou pardo.
sonhar comunitariamente e vislumbrar, dese-
jar e projetar o futuro da comunidade. Preparo do ambiente: No centro do es-
paço organize o altar com a Bíblia, vela, cruz,
A metodologia foi pensada para ser exe- flores e a peça de mosaico. Ao redor do altar,
cutada com um grupo misto de pessoas, ou disponha as cadeiras em 5 grupos confor-
seja, diferentes faixas etárias, agregando me a quantidade de pessoas participantes.
toda a composição comunitária. Sugere-se As cadeiras serão dispostas em círculos. No
programar esse encontro no formato de meio de cada círculo colocar um dos para-
“passa-dia” ou “passa-tarde” com almoço, mentos ou panos coloridos e, sobre este, um
piquenique ou lanche partilhado. cesto ou caixa com as folhas de papel cartão
cortados na respectiva cor do paramento e
PREPARANDO O ENCONTRO as canetinhas hidrocor. Cuidando para que as
canetas brancas fiquem no cesto das folhas
Materiais que você vai precisar: pretas.
• Bíblias, Livro de Canto da Igreja, visu-
alização dos hinos no App da IECLB ou O ENCONTRO: NOSSO FUTURO,
projeção com os hinos. TESSELAS NAS MÃOS DE DEUS
• Bíblia, flores, vela e cruz para compor
um pequeno altar. Acolhida: Como é bom podermos nos en-
• Uma peça ou um quadro de mosaico contrar para meditar na Palavra de Deus e vi-
colorido. venciar comunhão! Que todos e todas vocês
• 5 paramentos (ou panos) nas cores: sintam-se muito bem acolhidos e acolhidas!
branca, verde, vermelha, preta e violeta
(as principais cores litúrgicas). O profeta Jeremias nos diz no capítulo 29,
• Equipamento de som e letra e áudio da versículo 11: “Porque sou eu que conheço os
música “Dias melhores”, da banda Jota planos que tenho para vocês, diz o Senhor,
Quest. planos de fazê-los prosperar e não de causar
• 5 cestos ou caixas pequenas e 1 cesto dano, planos de dar a vocês esperança e um
ou caixa maior. futuro”.
86
Somos Igreja de Jesus Cristo presente há Após, convidar para a seguinte refle-
200 anos no Brasil. Já vislumbramos o nosso xão: A letra da canção diz que “vivemos
passado, agradecemos pelo legado e pela esperando dias melhores”. O que é para
história da qual somos testemunhas vivas! você um dia “melhor”? (Permitir um tempo
adequado de partilha sobre o conceito do
A Igreja se nutre e enraíza sua confes- que as pessoas participantes entendem por
sionalidade do passado. Já pudemos expe- “melhor” e, na medida do possível, tentar
rimentar em outro seminário comunitário, questionar como esse “melhor” influencia a
refletir sobre a IECLB hoje, sua identidade, concepção de Igreja. Sugestão de pergunta:
participação na sociedade e na missão de “Como seria uma comunidade melhor?”).
Deus. Agora, somos convidados e convida-
das a sonhar o futuro da nossa comunidade, Canção: LCI 522 – Jesus Cristo – Esperança
da nossa IECLB... Ousado, não? Dá um pou- do mundo
co de medo, não dá? Por isso não estamos
sozinhos e sozinhas. Somos comunidade. Leitura bíblica: 1 Pedro 2.1-5 (Fazer a lei-
Não sonhamos sozinhos e sozinhas. Sonha- tura bíblica em duas traduções. Sugere-se a
mos em comunidade. Somos Igreja de Jesus NAA e a NTLH. Dialogar com o grupo fazendo
Cristo, somos IECLB neste lugar e cremos que comparações e apontando diferenças entre
sonho que se sonha junto é realidade. as traduções. Perguntar sobre o que o grupo
entende da expressão “pedras vivas”. Esse
Invocação: Jesus Cristo prometeu que mesmo texto bíblico foi utilizado na reflexão
onde dois ou três estivessem reunidos em do momento presente da IECLB. Pode ser um
seu nome, ele estaria junto destes (Mateus exercício interessante analisar a mesma pe-
18.20). Nessa certeza, reunimo-nos na pre- rícope com enfoques distintos. Um olhar para
sença do Trino Deus: Pai, Filho e Espírito o presente (as “pedras” já edificadas!) em
Santo. Amém. (Acender a vela). Cantemos a contraste com um vislumbre do futuro (as
canção de invocação: “pedras” que desejamos inserir e alicerçar!).
90
ATIVIDADES RELACIONADAS
AO TEMA E AO LEMA DO ANO
PARA INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS
DA REDE SINODAL DE EDUCAÇÃO
E OUTROS GRUPOS
91
APRESENTAÇÃO
Como em anos anteriores, uma equipe de pessoas que atuam em escolas da Rede Sino-
dal de Educação (RSE) elaborou reflexões e dinâmicas para professores e professoras traba-
lharem em sala de aula, com os diferentes níveis de ensino, e uma celebração para fazer
com a comunidade escolar. Este material também pode ser trabalhado com grupos de crian-
ças, adolescentes e jovens das comunidades da IECLB.
Para 2023, a equipe se ateve ao Lema do Ano, visto que ele ajudará especificamente nas
temáticas da espiritualidade cristã, da identidade luterana e da conscientização cidadã.
A Rede Sinodal de Educação é uma associação que reúne 50 instituições educacionais fi-
liadas. Elas estão localizadas nos estados do RS, de SC, do PR, de MG e de SP. Estudam nelas
mais de 43 mil alunos/as, da Educação Infantil ao Ensino Superior.
Desejamos um bom proveito, enfatizando que cada qual deve sempre adaptar as propos-
tas aqui apresentadas para a sua realidade.
EQUIPE DE ELABORAÇÃO:
92
1. Introdução Geral sobre o Tema e Lema
O tema de reflexão e estudo para o bi- discipulado de Jesus não tem um fim em si
ênio 2023 e 2024 é “IECLB. Igreja de Jesus mesmo, mas segue o exemplo do mestre:
Cristo”. O Guia da Vida Comunitária na IECLB “o próprio Filho do Homem não veio para
“Nossa Fé – Nossa Vida” define Igreja como ser servido, mas para servir e dar a sua vida
“o convívio de pessoas por ela batizadas ou em resgate por muitos”. (Marcos 10.45).
admitidas, diferentes umas das outras, todas Segundo, usado na medida certa, o sal faz
elas, no entanto, chamadas para viver seu bem para a saúde. Tanto a falta quanto o
Batismo”. Por sua vez, as pessoas batizadas uso exagerado da dosagem comprometem
assumem o compromisso com o discipulado o sabor do alimento. Semelhantemente, os
de Jesus Cristo, que se expressa no lema da discípulos e as discípulas de Cristo precisam
Igreja: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a dosar suas ações pela palavra de Deus, que
luz do mundo” (Mateus 5.13-14). se dirige a cada pessoa em sua situação es-
pecífica. “Na verdade, é uma função maravi-
O lema bíblico está inserido em um bloco lhosa e uma grande e esplêndida honra que
temático do Evangelho de Mateus conheci- Deus os chama de seu sal, acrescentando
do como Sermão do Monte, que inicia com que devem salgar tudo que existe na terra”
as “bem-aventuranças” (Mateus 5.1-12). Na (Martim Lutero).
sequência, vêm os versículos do lema bíblico.
Nesse sentido, pode-se dizer que as pessoas A dosagem correta do sal indica a neces-
bem-aventuradas são chamadas a ser sal da sidade do equilíbrio na vivência e no exercí-
terra (v.13) e luz para o mundo (v.14). O sal cio do discipulado. É preciso sabedoria para
tem múltiplas finalidades. Na medida, ser- que haja equilíbrio e coerência entre pala-
ve para temperar e dar sabor à comida. Em vras e ações. Ainda assim, Jesus não espera a
maior proporção, na inexistência do congela- perfeição, pois ele chamou pessoas frágeis e
dor, era usado para conservar os alimentos, instáveis, como nós, para serem seus discí-
especialmente, a carne. Pode auxiliar tam- pulos, entre eles, pescadores e coletores de
bém na cura de ferimentos ou ser emprega- impostos. O discipulado de Cristo implica fa-
do em funções terapêuticas e religiosas. No zer a diferença no mundo, de modo concreto,
entanto, o sal pode perder o seu sabor se for na prática e na vivência do dia a dia, tendo
misturado a impurezas. como princípio e critério o amor de Deus. Um
provérbio popular diz: “Para conhecer al-
Jesus indica dois princípios para o seu guém de verdade, é preciso comer um quilo
discipulado a partir da metáfora do “sal”. Pri- de sal juntos”. A metáfora tem a ver com o
meiro, conforme lembrado pelo reformador longo tempo que seria necessário para que
Martim Lutero, o sal não existe para si mes- duas pessoas pudessem consumir esta quan-
mo, dado que não pode salgar a si mesmo, tidade de sal.
mas serve para temperar a comida ou pre-
servar o seu gosto, mantendo-a conservada A segunda parte do lema bíblico traz a
para que não apodreça. Do mesmo modo, o dimensão pública do discipulado de Cristo.
93
Uma pequena luz, como de uma vela, pode sou a luz do mundo; quem me segue nunca
fazer uma grande diferença em um ambien- andará na escuridão, mas terá a luz da vida”
te escuro, mas, em uma sala iluminada, essa (João 8.12). O testemunho da fé através de
diferença é mínima. A palavra de Deus é luz atitudes concretas é uma forma de promover
que orienta a vida. “A tua palavra é lâmpada a luz de Cristo. Na visão do reformador, o
para guiar os meus passos, é luz que ilumina sentido do discipulado de Cristo não é a pro-
o meu caminho”. (Salmo 119.105). Como moção da luz própria, mas o serviço ao próxi-
a luz, a palavra de Deus revela possibilida- mo. “Esse é o segundo aspecto do ministério
des, evita obstáculos e situações de perigo. do qual ele incumbe os amados apóstolos:
A função simbólica da luz está presente nas que sejam chamados de luz do mundo (...).
expressões diárias, como: “vamos escla- Isso, também, é necessário porque Cristo não
recer”, “precisamos nos manter lúcidos”, quer que esse ministério seja exercido às
“alguém dê uma luz”, “vejo brilho no seu escondidas ou, somente, em determinado lu-
olhar”, “seja claro na sua explicação”. A luz é gar, mas que seja levado publicamente pelo
fundamental para a vida, assim como a água mundo afora” (Martim Lutero).
e o ar que respiramos. Sem a luz e o calor do
sol, não haveria vida na terra. Ser sal e luz é um chamado para ser
instrumento de Deus no mundo. As duas
Assim como o sal, a falta ou o uso exces- imagens remetem para a necessidade de
sivo da luz pode ser nocivo ao ser humano. haver equilíbrio tanto no anúncio da pala-
No dizer de Clarice Lispector, “são os pe- vra quanto no testemunho concreto e diário
quenos brilhos que encantam, os holofotes dela. Sejamos, pois, sal e luz como extensão
cegam”. Na época do inverno, a população das bênçãos de Deus no mundo.
da região Sul tende a sofrer carência da
vitamina D por falta de exposição diária ao REFERÊNCIAS
sol. Não só holofotes são prejudiciais à visão REIS, Ana Isa dos. Auxílio homilético de Mateus 5.13-20. In: HO-
humana, mas igualmente a luz branca, que EFELMANN, Verner (Coord.). Proclamar Libertação. São Leopoldo:
Sinodal, 2016. v. 42, p. 81-86.
está presente na tela do computador, do ce-
Martinho Lutero - Obras Selecionadas. Interpretação do Novo
lular e também na iluminação de ambientes Testamento, Mateus 5-7 - 1 Coríntios 15 - Timóteo. São Leopoldo,
com lâmpadas LED. O uso saudável das telas RS: Sinodal, vol. 9, 2017. p. 68-69.
implica mudança de hábito. Quanto mais os Nossa Fé – Nossa Vida. Guia da vida comunitária na IECLB. 8ª
edição. Nova edição revista e ampliada. 2011. Uma publicação da
adultos utilizam o celular, mais as crianças Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB.
tendem a utilizá-lo. Além de causar distúr-
bios de sono, estudos apontam que a expo-
sição excessiva às telas afeta diretamente
os olhos, pois os músculos permanecem
contraídos por longas horas, o que resulta na
fadiga ocular e, até mesmo, no desfoque da
visão.
TEMA 1: O SABOR QUE FAZ A DIFERENÇA colocou uma colherada na boca mas,
logo sentiu algo estranho: o feijão es-
Para desenvolver as atividades, sugeri- tava sem gosto! Lara não precisou di-
mos que você leia a introdução geral sobre zer nada, pois seus pais logo se deram
o tema e lema, elaborada pelo P. Valdemar conta de que algo estava faltando no
Schultz. feijão. Foi aí que sua mãe exclamou:
Certo dia a pequena Lara chegou da Depois, colocar sal na mesma por-
escola cheia de fome! Ela estudava de ção, deixe que experimentem nova-
manhã e quando chegou em casa, na mente e pergunte: sentiram diferença
hora do almoço, sentiu um cheirinho no sabor? Está salgada? Poderia ter
delicioso de feijão. mais sal? Vocês preferem com sal ou
sem sal?
- Hummm…,o feijão da mamãe é
muito bom! - pensou ela. d. Relacionar a história com o texto de
Mateus 5.13, dialogando: Vocês sa-
Após lavar as mãos, Lara sentou à biam que Jesus, um dia, pediu aos
mesa, serviu uma pratada de feijão e seus discípulos para que eles fossem
95
o “sal da terra”? Pessoas sendo como banheiro, só que tinha um problema:
o sal! O que será que Jesus quis dizer as luzes que iluminavam os degraus
com esta afirmação? Ele quis dizer que das escadas do cinema não estavam
as pessoas podem fazer a diferença funcionando e ele ficou desespera-
no mundo, assim como o sal faz a do com aquela escuridão. Mesmo
diferença no alimento. Por exemplo: de mãos dadas com o pai, andar no
quando alguém está triste, você pode escuro lhe causou muita insegurança!
tentar deixar essa pessoa mais feliz. Tanto, que ele nem quis voltar para
Ou se alguém se machucou, você pode assistir ao final do filme. Após alguns
ajudar essa pessoa e cuidar dela. Pode dias Cadu e sua família foram jantar na
acontecer de alguém do seu lado estar casa da sua tia Tati, mas o que Cadu
nervoso, e seu jeito de agir com essa não sabia, era que naquela noite sua
pessoa pode fazer a diferença e acal- vida iria mudar!
má-la. É isso que Jesus espera de nós,
que a gente possa dar um gostinho Depois da janta, os adultos ficaram
especial para a vida de alguém sendo conversando na sala enquanto Cadu
amigo, amiga, ajudando, fazendo o e seu priminho de três anos foram
bem e sendo legal! brincar no quarto. Os dois estavam se
divertindo à beça quando, de repente,
TEMA 2: A LUZINHA QUE FALTAVA acabou a luz de toda casa e a escuri-
dão tomou conta do quarto. Cadu co-
Material necessário: meçou a suar frio, não enxergava nada
e seu priminho se agarrou em suas
Velas artificiais de pilha ou lanternas de pernas! E agora? O que iria acontecer?
pilha, cacos e restos de velas (pedir que os O que Cadu e seu primo poderiam
pais já esmigalhem em casa), um pote de fazer? Como sair daquela situação? O
geleia ou outro, um pavio grosso para vela. que vocês fariam, crianças? (Ouvir as
ideias das crianças).
Desenvolvimento da atividade:
Foi aí que Cadu teve coragem de
a) Contar a história a seguir em um am- observar à sua volta e percebeu que
biente com pouca luminosidade. Caso havia uma luz piscando no chão: era
a sala não proporcione a escuridão, de um brinquedo luminoso, tipo uma
podem-se trazer lençóis e cobertores lanterninha. Imediatamente Cadu a
e construir uma barraca para todas as pegou para iluminar o ambiente e
crianças se reunirem debaixo dela. naquela hora percebeu que aquela
pequena luz já permitia que ele con-
Cadu era um menino de seis anos, seguisse enxergar as coisas ao seu
que adorava brincar e se divertir. redor. Isso o encorajou a proteger seu
Curtia pegar um cinema, tinha amigos priminho, segurar sua mão e iluminar
e amigas, gostava da escola e adora- o caminho até a sala onde estavam
va comer banana e polenta frita. Ele seus pais.
tinha alguns medos, mas o pior de
todos era o medo de escuro! Só para b. Dialogar com as crianças:
vocês terem uma ideia, teve um dia, - E você, também tem medo de escuro?
no cinema, em que Cadu precisou ir ao - O que você faz quando fica no escuro?
96
c. Experienciar luz e sombra: Convidar ser como a luz sobre a mesa, que
as crianças a acenderem as suas velas ilumina tudo ao seu redor, dando
de pilha ou lanterninhas. Deixar que alegria, coragem e segurança para as
se observem. Depois, pedir que façam pessoas.
sombra no cobertor, usando as mãos.
e) Confeccionar uma vela da turma:
d. Dialogar sobre Mateus 5.14: Às vezes Convidar as crianças a colocarem
temos medo da nossa própria sombra os cacos de vela que trouxeram de
que se forma quando está escuro. Mas casa dentro do pote. À medida que
a sombra é só uma sombra, que não vão colocando, amassar para que os
faz mal a ninguém! No entanto, há ca- restos fiquem bem firmes e acomo-
sos de pessoas que sentem como se a dados dentro do pote. Antes de com-
sua vida toda fosse escuridão. Quando pletar até o gargalo, colocar o pavio
bate a tristeza, sentem saudade, têm no meio. Depois, acender a vela e
uma doença ou outro problema, es- dialogar com elas:
sas pessoas ficam muito abaladas, se
sentem como cacos sem valor e têm Falamos que muitas pessoas se
sentimentos ruins, igual ao sentimento sentem como cacos e vivem como
que Cadu sentia quando ficava com se estivessem sempre na escuridão.
medo do escuro. Quando essas pessoas recebem aten-
ção, quando a sua vida novamente
Nessas horas essas pessoas preci- faz sentido, voltam a ter luz própria,
sam de ajuda, que pode ser a com- assim como esta vela. Os cacos de
panhia de alguém, um abraço, uma vela, sozinhos, não tinham mais como
música, uma palavra de apoio, uma dar luz, mas todos os cacos juntos,
oração. Essas ajudas funcionam como formaram uma nova vela, que está
uma luz na escuridão, elas iluminam iluminando toda a nossa barraca.
a vida das pessoas em sofrimento. Jesus quer que cada um de nós seja
Cada um e uma de nós pode ser luz “a luz do mundo”, porque juntos
na vida das pessoas quando temos podemos melhorar a vida de muitas
atitudes de ajuda, de solidariedade, pessoas.
de amizade.
f) Realizar a dinâmica do “Guia e do
Uma história da Bíblia, escrita em Cego”: Formar duplas. Uma criança
Mateus 5.14, conta que Jesus foi con- imitará uma pessoa cega, que deverá
versar com os seus discípulos e disse vedar os olhos com uma tira de pano,
a eles o seguinte: - “Vocês são a luz e a outra terá a função de guia. Ini-
do mundo”. Depois ele ainda explicou cialmente deve ser explicado o trajeto
que a luz não pode ficar escondida pelo qual devem caminhar. A criança
debaixo de uma mesa, mas precisa guia deve segurar uma ou as duas
ficar em cima, para iluminar todo o mãos da “criança cega” e a guiará pela
ambiente. sala, cuidando para que não esbarre
em coisas ou outras crianças pelo ca-
Jesus comparou a luz de uma lam- minho. Andam desta forma por aproxi-
parina, de uma vela, de um abajur madamente 2 minutos. Depois trocam
com as pessoas. Todos nós devemos de função.
97
No final do jogo, conversar com as
crianças sobre as sensações, sobre as
dificuldades e os medos que sentiram. 3. Atividades para
Relacionar com andar no escuro e a
importância de ter alguém em quem
o Ensino Fundamental -
confiar, sendo como luz para quem Anos Iniciais
não enxerga.
Cat. Edson Márcio Reginaldo
Acolhida: Olá, crianças! Sejam bem-vin- –Tempo trabalha muito e vai pra muitos
dos e bem-vindas. Que bom podermos estar lugares… Por isso tem tanta pressa.
juntos e juntas neste momento! Agradece-
mos a Deus pela sua presença entre nós, – Mas de noite ele não dorme?…
certos de que Ele está conosco sempre.
– Tempo não dorme, filho.
Introdução à história: Fazer referência
ao relógio que está colocado no ambiente. – E não se cansa mãe?…
Perguntar para que ele serve, em que situa-
ções é usado, ‘se sabem ler as horas, o que o – Não sei, mas ele não para nunca…
relógio marca, porque ele é importante...
Zito já achava que o tempo não queria ser
História do livro: ‘O menino e o tempo’ amigo dele.
– Fabiana Guimarães (contar a história ou
acessar o vídeo , abaixo) – Por que o tempo não me espera,
mãe?…
A hora é um pedacinho de tempo para – Se ele voa, deve ter asa, né?
fazer as coisas. Zito vivia perdendo a hora
de ir para a aula, de fazer as tarefas, de Zito queria encontrar o tempo, conversar
almoçar, de tomar banho…Sua mãe ficava com ele e ser amigo dele. Mas como fazer
brava e ele ficava triste por nunca alcançar para encontrar o tempo?! ...Pensou... Pen-
o tempo. Os dois passavam o dia inteiro sou... E teve uma ideia:
em uma conversa sem fim, sempre falando
sobre o tempo. – Já que o tempo vive correndo, vou correr
atrás dele até alcançá-lo…
– Filho vai se arrumar, se não vai acabar Correu para todo lugar, mas não conse-
não dando tempo de você ir ao Parque do guia pegar o tempo... Sua mãe já estava
Cocó. irritada com tanta correria, e dizia:
99
– Para com isso, menino! Pra que tanta Desde esse dia, o tempo ficou amigo
correria?… dele, e nunca mais ele perdeu a hora de
fazer as coisas…
– Pra pegar o tempo, mãe. Quero conver-
sar com ele… já te disse... c) Atividade 1:
e) Atividade 3:
TEMA: SAL E LUZ NA DOSE CERTA com qualidade, sem exageros, mas plena em
nosso agir e servir.
a) Texto orientador
b) Atividade 1:
Ao consultarmos o dicionário, identifica-
mos, de forma breve, o sal como sendo um a) Promover com os e as estudantes uma
cloreto de sódio, cristalino, de cor branca, breve pesquisa / coleta de informa-
usado na alimentação. Já a luz é a claridade ções sobre as características do sal e
proporcionada pela radiação eletromagnéti- da luz buscando identificar os benefí-
ca visível aos nossos olhos. Jesus não tinha cios que ambos trazem para a nossa
a intenção de falar dos conceitos físicos do vida.
sal e da luz, mas de usar estes elementos
para comparar os seus efeitos com a vida das b) Ler o texto bíblico de Mateus 5.13-16
pessoas. No sentido em que Jesus os usou, e fazer uma comparação com o que
podemos dizer que o sal significa graça, viva- Jesus disse aos seus discípulos, de que
cidade e luz significa brilho, fulgor. devemos ‘ser sal e luz para a humani-
dade’.
A afirmação “Vocês são o sal da terra. Vo-
cês são a luz do mundo” encontra-se dentro c) Elaborar um cartaz que expressa ações
de um texto maior, conhecido como “Sermão positivas em favor das pessoas.
da Montanha” (Mateus 5). Jesus fala aos
discípulos junto a uma multidão de pessoas c) Atividade 2:
sobre as chamadas bem-aventuranças, ensi-
nando sobre a verdadeira felicidade daque- a) Ler o texto bíblico do ‘”Sermão da
les e daquelas que creem. Somos chamados Montanha”, em Mateus 5.3-11. Rees-
e chamadas a sermos sal e luz do mundo crever os versículos com palavras de
colocando sinais da graça de Deus entre as fácil compreensão, apontando situ-
pessoas para que juntos e juntas possamos ações da sociedade nas quais pode-
brilhar e, desta forma, encontrar plena felici- mos ‘ser sal da terra e luz do mundo’.
dade no reino que Jesus Cristo anunciou. Exemplo: Felizes as pessoas que cui-
dam da natureza, pois elas deixarão
Não podemos esquecer que, tanto o sal um planeta melhor para se viver…
quanto a luz precisam ser usados com equi-
líbrio. A quantidade de sal pode deixar um b) Expor as frases na escola, em local de
alimento insosso ou salgado. A falta de luz circulação de pessoas.
pode fazer com que não enxerguemos o su-
ficiente e o excesso pode ofuscar e até cegar. d) Atividade 3:
Por isso, a medida certa para cada situação é
o melhor caminho para levarmos uma vida a) Dialogar com os/as estudantes sobre
102
o significado de “ser sal” e “ser luz”,
apontando possíveis ações a serem
realizadas junto às pessoas.
103
5. Atividades para o Ensino Médio
Pª Bianca Daiane Ücker Weber
- O que viram dentro da caixa (“Vocês são MEDITAÇÃO 2: VOCÊS SÃO O SAL DA TERRA
a luz do mundo”)? Deixar falar.
Atividade preparatória:
- Qual a sensação ao ler essa frase? O que
ela diz para você, neste momento? Fazer 3 pães: 1 sem sal, 1 salgado no
ponto, 1 super salgado. Cortar os pães em
- “Ter luz” ou “ser luz”? Qual a diferença? cubinhos, deixar separados em três pratos
De que forma ser professor ou professora para mais adiante servir aos participantes.
é ser luz? Etimologicamente, a palavra “alu- Nos pratos colocar a frase: “Vocês são o sal
no” vem do latim, onde “a” corresponde a da terra”. Deixar em um lugar visível desde
“ausente ou sem” e “luno” deriva da palavra a chegada.
“lumni”, que significa “luz”. Neste caso, o
aluno quer dizer sem luz, sem conhecimento. Acolhida:
No entanto, tudo depende do ponto de “Que a palavra dita por vocês seja agra-
vista. Na verdade, a palavra “aluno” vem do dável, temperada com sal, para que saibam
latim alumnus, “criança de peito, lactente, como devem responder a cada um” (Colos-
menino” e, por extensão de sentido, “dis- senses 4.6).
108
Poema: de Deus. Jesus inverteu valores sociais ao dar
honra às pessoas pobres, às que choram, às
Sal da vida, sal da terra humildes e às perseguidas. Então, na medida
em que ele diz que os discípulos - e também
As águas lavam a terra, a nós – “somos sal”, ele está apontando para
ou é a terra que toma banho nas águas? a direção na qual precisa estar focada a nos-
Mas, todas as águas deságuam no mar, sa ação. As pessoas bem-aventuradas (nós)
levando sabores e saberes da terra. são chamadas para a responsabilidade real
e social – a educação nos proporciona inú-
Azul, cinza, verde ou esmeralda, meras oportunidades de bem-aventuranças.
é muito bom banhar-se, Pedir para o grupo falar delas.
esbaldar-se no mar!
Mas também receber alimentos do mar: Jesus diz: “Vocês são”! Não diz “devem
que guardam essências da terra, ser” nem que “têm que se converter em
memórias da terra. luz”. “Vocês são” é identidade e expressa
que a vida toda da pessoa seguidora de Je-
Sal da vida, sal da terra, sal do mar: sus, em qualquer circunstância e tempo, está
Alimenta o nosso corpo, voltada para ser luz (ou sal).
nossa alma,
nosso espírito! Vocês são o sal da terra. O que Jesus quis
Sal da vida, sal da terra, sal do mar: dizer? (deixar o grupo falar).
adoça nossos corações,
nossa paz, Jesus diz aos discípulos que eles “são sal”.
nossas esperanças! Com isso ele indica que a vida e o testemu-
Afinal, somos todos UM. nho cristãos dão sabor e valor para a huma-
Conceição Trucom nidade.
Leitura bíblica: Mateus 5.13-16. Ser professor e professora é ser sal. Qual
a relação que se pode fazer com o cotidiano
O presente texto vem imediatamente da educação?
depois das bem-aventuranças. No início do
Sermão do Monte, Jesus faz uma lista de “...se o sal ficar insípido...” (v. 13) O que
bem-aventuranças, que podem ser compre- fazer para não ficar insípido como professor
endidas como “felicidades”. Essa expressão é ou professora? Ou, ainda, o que faz com que
simples e profunda. A felicidade que é pro- o gosto na boca de um professor ou de uma
porcionada pelas ações e posturas de fé não professora fique insípido (perder o gosto pela
é passageira, pois é fundamentada e provém sala de aula/escola)?
109
Oração e Pai Nosso:
Palavra de bênção:
110