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Carta de Amor rei equilibra

Fulmina o injusto, deixa nua a justiça


Maria Bethânia Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
Não mexe comigo, que eu não ando só E pra onde você for, não leva o meu nome não
Eu não ando só, que eu não ando só E pra onde você for, não leva o meu nome não
Não mexe não! Eu não provo do teu fel, eu não piso no teu chão
Não mexe comigo, que eu não ando só E pra onde você for, não leva o meu nome não
Eu não ando só, que eu não ando só E pra onde você for, não leva o meu nome não
Eu tenho Zumbi, Besouro, o chefe dos tupis Onde vai, valente?
Sou Tupinambá, tenho os erês, caboclo boiadeiro Você secou, seus olhos insones secaram
Mãos de cura, morubichabas, cocares Não veem brotar a relva que cresce livre e verde
Zarabatanas, curares, flechas e altares longe da tua cegueira
A velocidade da luz, o escuro da mata escura Seus ouvidos se fecharam a qualquer música, a
O breu, o silêncio, a espera qualquer som
Eu tenho Jesus, Maria e José Nem o bem, nem o mal pensam em ti, ninguém te
Todos os pajés em minha companhia escolhe
O menino Deus brinca e dorme nos meus sonhos Você pisa na terra, mas não a sente, apenas pisa
O poeta me contou Apenas vaga sobre o planeta, e já nem ouve as
Não mexe comigo, que eu não ando só teclas do teu piano
Eu não ando só, que eu não ando só Você está tão mirrado que nem o diabo te
Não mexe não! ambiciona, não tem alma
Não mexe comigo, que eu não ando só Você é o oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo
Eu não ando só, eu não ando só O que é teu já tá guardado
Não misturo, não me dobro Não sou eu quem vou lhe dar
A rainha do mar anda de mãos dadas comigo Não sou eu quem vou lhe dar
Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta Não sou eu quem vou lhe dar
pra mim Eu posso engolir você, só pra cuspir depois
É do ouro de Oxum que é feita a armadura que Minha fome é matéria que você não alcança
cobre meu corpo Desde o leite do peito de minha mãe
Garante meu sangue, minha garganta Até o sem fim dos versos, versos, versos
O veneno do mal não acha passagem Que brotam do poeta em toda poesia
E em meu coração, Maria acende sua luz e me Sob a luz da lua que deita na palma da inspiração de
aponta o caminho Caymmi
Me sumo no vento, cavalgo no raio de Iansã Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
Giro o mundo, viro, reviro É pra regar o capim que alimenta a vida
Tô no recôncavo, tô em fez Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Voo entre as estrelas, brinco de ser uma Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e
Traço o cruzeiro do sul com a tocha da fogueira de sortilégio
João menino Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me
Rezo com as três Marias, vou além molhar
Me recolho no esplendor das nebulosas, descanso O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o
nos vales, montanhas meu peito
Durmo na forja de Ogum, mergulho no calor da Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga,
lava dos vulcões mas nenhuma espada corta
Corpo vivo de Xangô Não mexe comigo, que eu não ando só
Não ando no breu, nem ando na treva Eu não ando só, que eu não ando só
Não ando no breu, nem ando na treva Não mexe não!
É por onde eu vou que o santo me leva Não mexe comigo, que eu não ando só
É por onde eu vou que o santo me leva Eu não ando só, que eu não ando só
Medo não me alcança
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No deserto me acho, faço cobra morder o rabo,


escorpião virar pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguentos suaves das
mãos de Maria
Irmã de Marta e Lázaro, no oásis de Bethânia
Pensou que eu ando só? Atente ao tempo!
Não começa, nem termina, é nunca, é sempre
É tempo de reparar na balança de nobre cobre que o

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