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1.

(UFRN) A obra de Gregório de Matos – autor que se destaca na literatura barroca brasileira –
compreende:

a) Poesia épico-amorosa e obras dramáticas.


b) Poesia satírica e contos burlescos.
c) Poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d) Poesia confessional e autos religiosos.
e) Poesia lírica e teatro de costumes.

2. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:

I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, que
convivem tensamente na unidade da obra.

II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico,


sempre povoado de pastoras e ninfas.

III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que
o Barroco se ocupa.

Quais estão corretas:

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

3. (Fuvest) Os sonetos de Bocage que transpõem poeticamente a experiência do autor na região colonial
de Goa apresentam alguns traços semelhantes aos dos poemas em que, anteriormente, Gregório de
Matos enfocara a sociedade colonial da Bahia. Sob esse aspecto, são traços comuns a ambos os poetas:

a) Presunção de superioridade, crítica da vaidade, preconceito de cor.


b) Sensualismo, crítica da presunção, elogio da mestiçagem.
c) Presunção de superioridade, elogio da nobreza local, sátira da mestiçagem.
d) Sensualismo, crítica da nobreza antiga, preconceito de cor.
e) Estilo tropical, crítica da vaidade, elogio da mestiçagem.

04. (CESUPA) O Barroco brasileiro, segundo afirma Alfredo Bosi (2006), em História Concisa da
Literatura Brasileira, teve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII. Como autores
tivemos Bento Teixeira, Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Padre Antonio Vieira, Nunes Marques
Pereira, entre outros. Padre Antônio Vieira, considerado expoente desse período literário, produziu obras
sobre temas referentes ao Brasil da época. Escreveu sermões como o Sermão da Sexagésima e o
Sermão do Bom Ladrão, cujo trecho está exposto a seguir:

O SERMÃO DO BOM LADRÃO

[...[Suponho finalmente que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e
vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria, ou escusa, ou alivia
o seu pecado, como diz Salomão.

a) O ladrão que furta para comer, não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de
que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera, os quais debaixo do
mesmo nome e do mesmo predicamento, distingue muito bem São Basílio Magno.
b) Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para
lhes colher a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles
a quem os reis c) encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a
administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos.
c) Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo
do seu risco: estes sem temor, nem perigo;
d) Os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.
e) Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa
de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: — Lá vão
os ladrões grandes a enforcar os pequenos.
05. (UNICAMP) Sobre as representações históricas da morte no Ocidente, Philippe Aries e Alcir Pécora
comentam:

“O moribundo está deitado, cercado por seus amigos e familiares. Está prestes a executar os ritos que
bem conhecemos. (...) Seres sobrenaturais invadiram o quarto e se comprimem na cabeceira do 'jacente'.
A grande reunião que nos séculos XII e XII tinha lugar no final dos tempos se faz, então, a partir do século
XV, no quarto do enfermo.”

(Philippe Aries, História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2012, p. 53.

“(...) essa espécie de arte de morrer de Vieira se opõe à tradição das artes moriendi fundadas na
preparação para a última prova” que acontece apenas no quarto do moribundo. Não é mais lá que se
decide a salvação ou a condenação do cristão, mas no exato momento de suas escolhas e ações ao
longo da vida, vale dizer, na resolução adequada a ser tomada hic et nunc (aqui e agora).

(Alcir Pécora, A arte de morrer, segundo Vieira, em Antonio Vieira, Sermões de quarta-feira de cinza.
Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016. p.51.)

Com base nos excertos anteriores e na leitura dos três Sermões de Quarta-feira de Cinza, assinale a
alternativa correta.

a) Em Ariès, a salvação ou danação ocorre no quarto do moribundo, mas nos sermões de Vieira é
a atenção ao momento presente e a decisão correta que importam para o cristão
b) A afirmação de Alcir Pécora é válida somente para o primeiro sermão, pois os dois últimos
sermões retomam o tema do fim dos tempos e da agonia do moribundo para a fé cristã.
c) Segundo Ariès, o drama da salvação se dá na imagem do quarto do moribundo. Essa imagem é
decisiva para a compreensão do terceiro sermão.
d) Para Alcir Pécora, o que distingue os sermões de Vieira dos discursos sobre a morte nesse
período é a ênfase do padre jesuíta na ação futura.

07. (UEA) Leia a estrofe inicial de um poema de José de Anchieta (1534-1597) para responder à questão.

Não há cousa segura;

Tudo quanto se vê, se vai passando;

A vida não tem dura;

O bem se vai gastando,

E toda criatura vai voando.

(Sérgio Buarque de Holanda (org.). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial, 1979.)

Do ponto de vista temático, esta estrofe de José de Anchieta aproxima-se do seguinte fragmento extraído
da obra poética de Gregório de Matos (1633-1696):

a) Não vi em minha vida a Formosura: Ouvia falar nela cada dia; e ouvida, me incitava e me movia
a querer ver tão bela Arquitetura.
b) A cada canto um grande Conselheiro, que nos quer governar cabana e vinha: Não sabem
governar sua cozinha, e querem governar o Mundo inteiro!
c) Nasce o Sol; e não dura mais que um dia: Depois da Luz, se segue a noite escura: Em tristes
sombras morre a Formosura; em contínuas tristezas a alegria.
d) O todo sem a parte não é todo, a parte com o todo não é parte; mas se a parte fez todo sem a
parte, não se diga que é parte sendo todo.
e) O bem, que não chegou a ser possuído, perdido causa tanto sentimento, que faltando-lhe a
causa do tormento, faz ser maior tormento o padecido.

08. (UNESP) Leia o excerto do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira (1608-1697),

Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e como
fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito
Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim:
“Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada,
sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder
faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e
interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou
qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e
merecem o mesmo nome.

Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever uma
tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que os
nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não
preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam
que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que se não
podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar.
[...]

Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza
de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu
pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam,
de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz o santo
[São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa;
os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam
os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com
manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam
cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se
furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.

(Essencial, 2011.)

No primeiro parágrafo, Antônio Vieira caracteriza a resposta do pirata a Alexandre Magno como

a) Dissimulada.
b) Ousada.
c) Enigmática.
d) Servil.
e) Hesitante.

09. (UPF)

Que falta nesta cidade?... Verdade.

Que mais por sua desonra?.. Honra.

Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

O demo a viver se exponha,

Por mais que a fama a exalta,

Numa cidade onde falta

Verdade, honra, vergonha.

Os versos transcritos expõem a feceta _________ da obra de Gregório de Matos, que é considerado o
maior poeta barroco brasileiro. Outras facetas importantes, na produção do mesmo autor, são as da
poesia _________ e da poesia _________.

Assinale a alternativa cujas informações preenchem corretamente as lacunas do enunciado

a) Satírica / nacionalista / indianista.


b) Moralista / bucólica / pastoril.
c) Social / abolicionista / anticlerical.
d) Satírica / religiosa / amorosa.
e) Moralista / egotista / sentimental.

10. (Fuvest) Não há trabalho nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de Cristo,
que o vosso em um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite. sem dormir, parte foi de
dia sem descansar, e tals são as vossas noites e os vossos dias. Cristo em tudo maltratado, e vós
maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se
compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento e
martíria[...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressueição de Cristo, os que pertencem por condição
aos pretos, e como por herança, são as mias dolorosas.

P. Antônio Vieira, Sermão décimo quarto, In: I, Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colonial.
São Paulo: África, 1993, p 73-75.

A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1633, pode-se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América

a) A Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os
incitava a se revoltar.
b) As formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores
econômicos, pois ali vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
c) A Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando,
portanto, de justificá-la com base na Bíblia.
d) Clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em
relação à escravidão negra, pois a própria igreja se mantinha neutra na questão.
e) Havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação
religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo estas, assim, pouco
significativas.

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