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ATIVIDADES

1° (ENEM 2009)
Lisongeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça…
Gregório de Matos
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria:
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria:
Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.
Que passado o Zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso de beldade.
(CUNHA, H. P. Convivência maneirista e barroca na obra de Gregório de Matos. In: Origens da Literatura
Brasileira. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 79.p. 90)
 
O Barroco é um movimento complexo, considerado como a arte dos contrastes. O poema de Gregório de
Matos, que revela características do Barroco brasileiro, é uma espécie de livre-tradução de um poema de
Luís de Góngora, importante poeta espanhol do século XVII.
Fruto de sua época, o poema de Gregório de Matos destaca:
a) a concepção de amor que se transforma em tormento da alma e do corpo do eu lírico.
b) o uso de antíteses para distinguir o que é terreno e o que é espiritual na mulher.
c) o contraste entre a beleza física da mulher e a religiosidade do poeta.
d) o pesar pela transitoriedade da juventude e a certeza da morte ou da velhice.
e) a regular alternância temática entre versos pares e ímpares.
 
 
 2° ENEM 2012

(BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989)
Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil
tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do
Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho.
Profundamente religiosa, sua obra revela:
a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.
b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.
e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.
 
3° ENEM 2014
Sermão da Sexagésima
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se
semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si
e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim
como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes
era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que
não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a
matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para
aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.
(VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965)
No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto,
apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal:
a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão.
b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações.
c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas.
d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações.
e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.
 
4° ENEM 2014
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.
(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)
 
Com uma elaboração de   linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o  
soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
 
5° (ENEM 2015)
Casa dos Contos
& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &
(ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978)
O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de
1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que:
a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da
realidade social.
b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da
Inconfidência Mineira.
c) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma
linguagem erudita.
d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos
estéticos e literários.
e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão
vivido pelos inconfidentes.

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