Você está na página 1de 34

ISCTEM

GESSOS ODONTOLÓGICOS

Dra. Lurdes Figia 1


GIPSITA

Gipsita:
É um mineral encontrado em diversas partes do mundo.

Quimicamente, é o mineral usado para fins odontológicos

Sulfato de Cálcio Di-hidratado ( CaSO4 . 2 H2O) .

Dra. Lurdes Figia 2


GESSOS ODONTOLÓGICOS

É o resultado da calcinação da gipsita.


A Gipsita é moída e submetida a temperaturas de ≈ 110°C a 120°C
com a finalidade de retirar parte da água de cristalização que seria
necessária para converter a gipsita em gesso comum ou gesso-
pedra.
À medida que a temperatura é elevada, continua havendo perda da
restante água e forma-se novos produtos.

Dra. Lurdes Figia 3


O principal constituinte dos produtos à base de Gipsita como o
Gesso Comum e o Gesso-Pedra

Sulfato de Cálcio Hemi-hidratado.

Dependendo do método de calcinação são obtidas


diferentes formas estruturais de Hemi-hidrato
α-hemi-hidrato (gesso – pedra);

α-hemi-hidrato modificado (gesso – pedra );

ϐ-hemi-hidrato (gesso comum).

Dra. Lurdes Figia 4


Tamanho Distribuição

Adesão entre Area total de


as partículas superfície

Principais factores determinantes na


quantidade de água necessária para a
mistura

Dra. Lurdes Figia 5


Estágios da reacção de presa

1º Estágio:
- Formação de uma suspensão fluida de hemi-hidrato (quando o hemi-
hidrato é misturado com a água);

2º Estágio:
- Dissolução do hemi-hidrato até formar uma solução saturada;

3º Estágio:
-Super-saturação da solução saturada do hemi-hidrato;

4º Estágio:
- A dissolução dos hemi-hidratos juntamente com a precipitação da
gipsita precedem a formação de novos cristais ou promovem o
crescimento dos cristais já existentes.

Dra. Lurdes Figia 6


TIPOS DE PRODUTOS DE GIPSITA

● Gesso Comum (Tipo I);

● Gesso Comum (Tipo II);

● Gesso Pedra (Tipo III);

● Gesso-Pedra de Alta Resistência (Tipo IV);

● Gesso-Pedra de Alta Resistência e alta Expansão

(Tipo V);

● Gesso Sintético.

Dra. Lurdes Figia 7


GESSO COMUM (TIPO I) Gesso Paris

Também conhecido como gesso comum para moldagem.

Este tipo de gesso actualmente já não é usado para moldagem, uma


vez que foi substituido por materiais de moldagem menos rígidos,
(hidrocolóides; elastômeros).

Dra. Lurdes Figia 8


GESSO COMUM (TIPO II) Gesso Paris

( gesso comum para modelos, gesso comum de laboratório).

É usado principalmente no preenchimento de muflas durante o


processamento de construção de próteses totais.

É relativamente pouco resistente e geralmente fabricado na cor natural


branca, contrastante com os gessos – pedra que normalmente são
coloridos.

Dra. Lurdes Figia 9


GESSO COMUM - Tipo I, II (PARIS)
Produzido quando a gipsita é aquecida a uma certa temperatura
(1°passo da reacção).

É produzida uma forma cristalina, o Sulfato de cálcio ϐ- hemi-


hidratado, constituída por cristais de ϐ- hemi-hidrato, de formas
“esponjosas”, irregulares ou cilíndricas.

Requer muita água, porque seus cristais ortorrômbicos largos têm


uma forma irregular e são caracteristicamente muito porosos.

Geralmente é apresentado com a cor branca.

Dra. Lurdes Figia 10


GESSO – PEDRA (TIPO III)

Quando o α–hemi-hidrato é misturado com água, o produto obtido é


Sulfato de Cálcio alfa hemi-hidratado.

Possui cristais grandes, densos, de forma prismática.


Requer muito menos água quando misturado do que o gesso comum.
Apresenta-se comercialmente em várias cores, tais como: rosa, azul,
amarelo, verde, etc.
Aplicações:
- Confecção de modelos para confecção de próteses totais.
- Confecção de troquéis (reproduções de dentes preparados, nos
quais as próteses são construídas).
Dra. Lurdes Figia 11
GESSO PEDRA (TIPO IV)
(Gesso-Pedra de Alta Resistência)

Principais requisitos do gesso-pedra para troquel são:


- Resistência;
- Dureza;
- Resistência à abrasão;
- Expansão de presa mínima.
Para se obter tais propriedades, utiliza-se um α-hemi-hidrato do
tipo “Densita”

Partículas de forma cubóide.

Dra. Lurdes Figia 12


GESSO PEDRA (TIPO V)
(Gesso-Pedra de Alta Resistência e Alta Expansão)

Este tipo de gesso têm resistência à compressão ainda maior do que


os gessos tipo IV.

A melhoria na resistência deve-se à possibilidade da redução ainda


maior na relação A/P do que nos gesso-pedra tipo IV.

Aplicações:
- Troqueis.

Dra. Lurdes Figia 13


GESSO SINTÉTICO

Os α-hemi-hidratos e ϐ-hemi-hidratos podem ser produzidos a partir

de subprodutos/produtos residuais da produção do ácido fosfórico.

Quando é produzido de forma adequada, as suas propriedades são

iguais ou melhores do que as dos gessos naturais.

Dra. Lurdes Figia 14


RELAÇÃO ÁGUA / PÓ

A relação A/P é um factor importante na determinação das propriedades

físicas e químicas do produto final do gesso.

Quanto maior for a relação A/P, mais longo será o tempo de presa,

menor será a resistência e menor será a expansão de presa .

Dra. Lurdes Figia 15


• Necessitam de pequenas
quantidades de água
Gesso Pedra , • Por apresentarem cristais
Densita grandes (maiores) e não
porosos.

• Necessita de maior
quantidade de água
Gesso Comum • Porque possui cristais
ou Paris porosos.

Dra. Lurdes Figia 16


TEMPOS DE TRABALHO, DE PRESA E DE
PRESA FINAL

1) Tempo de Espatulação (TE);

2) Tempo de Trabalho (TT);

3) Tempo de Presa (TP);

4) Teste da Perda do Brilho para a Presa Inicial;

Dra. Lurdes Figia 17


Tempo de Espatulação (TE)

= Tempo decorrido desde a adição do pó à água até a mistura estar


completa.

Espatulação manual: o tempo necessário é de pelo menos um minuto.

Espatulação mecânica:
Gesso comum e pedra é frequentemente completado em 20 a 30
segundos.

Dra. Lurdes Figia 18


Tempo de Trabalho (TT)

= Tempo disponível para que a mistura esteja manipulável, adquirindo


consistência tal que permita que a massa escoe livremente sobre o
molde.
Geralmente, um tempo de trabalho de 3 minutos é o adequado.

Tempo de presa (TP)


= É o tempo que vai desde o inicio da mistura do pó à água até que
o material endureça.

Dra. Lurdes Figia 19


Teste da Perda do Brilho para a Presa Inicial
Á medida que a reacção prossegue, a água excedente é usada para
formar o Di-hidratado (gipsita); a mistura vai perdendo o seu
aspecto brilhante.

Entretanto, a massa ainda não adquiriu adequada resistência à


compressão. Por esse motivo, não seria seguro remover o gesso do
molde.

Dra. Lurdes Figia 20


Critério “Pronto para Uso”

Este teste não é determinado por nenhum teste especifico.


A habilidade em julgar, se ele está pronto a ser usado aumenta com a
experiência.

Tecnicamente, o material em presa pode ser manuseado depois de


decorrida 1 hora; momento em que atinge ≈ 80% da sua resistência
á compressão.

Dra. Lurdes Figia 21


CONTROLE DO TEMPO DE PRESA

Impurezas:
Presença de anidritas ortorrombicas → aumento do período de indução;
Presença de anidritas hexagonais → diminuição do período de indução.

Refinamento das Partículas (Pó) de Gesso:


Quanto mais finas forem as partículas de hemi-hidrato → mais rápido será o
endurecimento da mistura; aumenta a velocidade de dissolução e maior será a
formação dos núcleos de cristalização.

Relação A/P:
Quanto mais água for usada na mistura → Menor será a formação de núcleos de
cristalização

Dra. Lurdes Figia 22


Espatulação:
Quanto > fôr o tempo e a velocidade de espatulação do gesso → < será

o tempo de presa do gesso;

Temperatura:
Temperatura da mistura água/pó de gesso exceder 50°C e não
próximo de 100⁰C → retardamento do processo de presa;
Temperatura da mistura água/pó de gesso próximo dos 100°C
→ Nenhuma reacção de presa ocorre.

Dra. Lurdes Figia 23


EXPANSÃO DE PRESA

Os microporos/poros contendo água quando ressecados pela


evaporação ficam vazios aumentando assim as fracturas do modelo
de estudo.

O gesso comum sofre > expansão de presa em relação ao gesso-


pedra PORQUE é constituído de cristais irregulares e muito porosos.

Dra. Lurdes Figia 24


ACELERADORES E RETARDADORES

São substâncias químicas que não só regulam o tempo de presa dos


produtos de gipsita, como também reduzem a expansão de presa.

Aceleradores: São substâncias químicas que diminuem o tempo de


presa.
Os aceleradores podem tornar-se retardadores quando mais de uma
determinada quantidade é adicionada.
Ex: O cloreto de sódio age como um acelerador em quantidades de
até 2% no gesso, mas, excedendo esta concentração actua como
retardador.
Ex: Sulfato de Potássio; Cloreto de Sódio, etc.

Dra. Lurdes Figia 25


Aceleradores (continuação):

Aumentando o tempo de espatulação ou a velocidade de


espatulação → acelera a mistura.

Reduzir o tempo de espatulação


ou adicionar mais água à mistura → retarda a reacção de presa.

Entretanto, a adição de água em excesso pode


afectar as propriedades da gipsita !!!

Dra. Lurdes Figia 26


Retardadores:

= São substâncias químicas que aumentam o tempo de presa.

Ex: Citratos, Acetatos, Bórax, Borato de Sódio e outros.

Nota:
Não é recomendado acrescentar outros ingredientes (ex:
aceleradores/retardadores) ao material porque podem agir contra os
elementos anteriormente incorporados ao produto pelos fabricantes !

Dra. Lurdes Figia 27


RESISTÊNCIA

A resistência é geral/ expressa em termos de resistência à compressão.


Aumenta à medida que se desenvolve a presa e é um indicativo da
capacidade de um material resistir à fractura.

O gesso comum tem baixa resistência à compressão, porque possui


grande quantidade de água.

O gesso de alta resistência é ≈ 5 xs mais resistente à compressão do


que o gesso comum porque possui pouca quantidade de água
excesso.

Dra. Lurdes Figia 28


Espatulação

Espatulação: É o acto de misturar o pó à água.


O método preferido de manipulação é adicionar primeiramente a
medida de água, seguida da adição gradual do pó pré-doseado.

Esta técnica permite que as bolhas de ar encapsulado no pó escape,


reduzindo assim as bolhas na mistura final.

Um tempo de espatulação + longo, reduz o tempo de trabalho,


principalmente para o vazamento de modelos.
Dra. Lurdes Figia 29
Técnica de espatulação

1º Coloque a água na cuba;

2º Adicione lentamente o pó á água e faça uma suave espatulação

inicial;

3º Misture vigorosamente a massa e periodicamente amasse a

mistura contra as paredes da cuba , com o objectivo de romper

“algum” aglomerado e nódulos de pó não incorporados pela água;

4º Continue a misturar até que a massa se torne cremosa,

geralmente dentro de minutos.


Dra. Lurdes Figia 30
Modelo de gesso endurecido que foi
inadequadamente espatulado. As bolhas de Modelo de gesso endurecido que foi
ar enfraquecem o gesso e pioram sua adequadamente proporcionado e espatulado.
aparência.
Dra. Lurdes Figia 31
CONTROLE DA INFECÇÃO

Se uma moldagem não tiver sido desinfectada ou se o laboratório não


tiver a certeza de que um apropriado protocolo de desinfecção foi
devidamente seguido, é necessário se proceder á desinfecção do
modelo de gesso.

Desinfetantes usados: clorexidina, hipoclorito de Sódio e


Iodofórmio.

Sempre que possível, utilizar um desinfectante fornecido pelo


fabricante.

Dra. Lurdes Figia 32


Considerações Técnicas e Finais

1º O modelo deve ser uma reprodução fiel dos tecidos dentários e orais. Qualquer
desvio pode resultar em uma prótese mal-adaptada.

2º O gesso odontológico tem vários usos;

3º O critério de selecção de um gesso depende da aplicação a que se destina;

Ex: o gesso-pedra é inadequado para a execução de moldes.

4º O calor da reacção exotérmica durante a presa produzirá sensação de desconforto


à mucosa oral do paciente;

5º A proporção A/P é um factor importante para a obtenção de um produto final de


gesso resistente;

Dra. Lurdes Figia 33


6º Deve-se ter cuidado com os modelos de gesso com relação aos
seus bordos por serem delicados e com o perigo de se fracturarem,

7º O pó de gesso deve estar armazenado num recipiente


hermeticamente fechado evitando assim o contacto com a água do ar
atmosférico.

Dra. Lurdes Figia 34

Você também pode gostar