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DANIEL VINICIUS MOCELLIN

FLUXO DE CO2 COMO PARÂMETRO AUXILIAR PARA RECOMENDAÇÃO DE


ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DO MILHO

Concórdia, SC
2020
DANIEL VINICIUS MOCELLIN

FLUXO DE CO2 COMO PARÂMETRO AUXILIAR PARA RECOMENDAÇÃO DE


ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DO MILHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de graduação em Agronomia do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia
Catarinense - Campus Concórdia para obtenção do
título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. Dr. Otavio Bagiotto Rossato.

Concórdia, SC
2020
DANIEL VINICIUS MOCELLIN

FLUXO DE CO2 COMO PARÂMETRO AUXILIAR PARA RECOMENDAÇÃO DE


ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DO MILHO

Este Trabalho de Curso foi julgado adequado para


a obtenção do título de Bacharel em Agronomia e
aprovado em sua forma final pelo curso de
Agronomia do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia Catarinense - Campus
Concórdia.

Concórdia (SC), 02 de dezembro de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Prof. Dr. Otavio Bagiotto Rossato
Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia
Orientador

_________________________________________________
Prof. Dr. Volmir Kist
Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia

_________________________________________________
Prof. Dr. Wagner Sacomori
Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de utilização do fluxo de CO2 do solo sob
diferentes culturas de cobertura de inverno e doses de nitrogênio em cobertura, como parâmetro
auxiliar na recomendação da adubação nitrogenada na cultura do milho cultivado sob plantio
direto. O trabalho foi conduzido na área experimental do Instituto Federal Catarinense, Campus
Concórdia, SC, Brasil. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em
esquema de parcelas subdivididas 4x3+1 com três repetições, composto por quatro culturas de
cobertura de inverno antecessoras ao milho: aveia preta, aveia preta + nabo forrageiro, aveia
preta + ervilhaca e aveia preta + nabo forrageiro + ervilhaca; e três doses de nitrogênio em
cobertura: 50, 100 e 150 kg ha-1 de nitrogênio, mais o tratamento controle sem adubação em
cobertura. Para determinação do fluxo de CO2 do solo seguiu-se a metodologia descrita por
Franzluebbers (2016). Os resultados mostraram haver diferenças significativas analisando-se o
efeito simples das fontes de variação em estudo. Valores do fluxo de CO2 do solo variaram de
148 a 224 mg de C-CO2 kg-1 de solo. Foram observadas correlações positivas entre a
produtividade de grãos de milho e o fluxo de CO2 do solo. O método da avaliação biológica
através do fluxo de CO2 do solo apresenta potencial de utilização como parâmetro auxiliar na
recomendação da adubação nitrogenada na cultura do milho.
Palavras-chave: Zea mays, Atividade biológica do solo, Mineralização de nitrogênio.

INTRODUÇÃO
O nitrogênio (N) é um dos mais importantes nutrientes para o desenvolvimento das
plantas, em especial para gramíneas anuais, como o milho (Zea mays L.). Porém, na maioria
dos casos, a quantidade disponível no solo não é suficiente para suprir as necessidades das
plantas, fazendo-se fundamental a complementação com fertilizantes nitrogenados,
representando as maiores parcelas dos custos de produção (ACOSTA, 2009).
A insuficiência de N leva à baixa produção de biomassa das plantas e,
consequentemente, reduz a produtividade, o que gera grandes impactos econômicos (TILMAN
et al., 2011). Por outro lado, o excesso de N leva à suscetibilidade das culturas à invasão de
pragas e há risco de contaminação de lençol freático pela lixiviação de N do solo, além da
redução da eficiência do uso de fertilizantes minerais, assim demonstrando a importância de se
conhecer a quantidade de N presente no solo (HATFIELD; FOLLETT, 2008).
A maioria dos indicadores de disponibilidade de N do solo atualmente são extrações
químicas que visam o componente matéria orgânica do solo (SCHOMBERG et al., 2009).
Atualmente, no estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os principais parâmetros para
recomendação de adubação nitrogenada no milho são: o teor de matéria orgânica, a expectativa
de produtividade de grãos e a contribuição da cultura antecedente. Contudo, considerando a
complexidade do ciclo do N e todas as transformações que podem ocorrer no solo, outros
parâmetros técnicos podem ser úteis para auxiliar no manejo da adubação nitrogenada desta
cultura (ACOSTA, 2009).
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Para que o N orgânico esteja disponível para absorção pelas plantas é necessário que
ocorra primeiro sua mineralização. A mineralização do N orgânico é um processo enzimático
mediado por microrganismos heterotróficos, aeróbios e anaeróbios, que utilizam os resíduos
vegetais como fontes de carbono (C), N e energia, resultando na conversão de formas orgânicas
de N para formas inorgânicas (NH4+ e NO3-), passíveis de serem absorvidas pelas plantas
(VIEIRA, 2017). No entanto, ocorrem discrepâncias entre a mineralização de N determinada
pelo laboratório e respostas de produtividade no campo, sendo o clima uma possível causa
destas, tendo em vista que a temperatura do solo e o teor de água no solo são fatores importantes
no controle da mineralização de N e nas perdas potenciais deste nutriente por processos de
volatilização, lixiviação, entre outros (FRANZLUEBBERS, 2018). A mineralização do N é um
processo específico influenciado pela atividade biológica do solo, e há indícios de que a
atividade biológica mesurada pelo fluxo de CO2 do solo, pode ser um indicador útil para prever
esta mineralização (FRANZLUEBBERS, 2016).
O fluxo de CO2 apresenta muitas das qualidades de um protocolo ideal de teste de solo,
visto que além da alta relação com a disponibilidade de N, é também, mais rápido, barato e
preciso do que a determinação da mineralização líquida de N (FRANZLUEBBERS;
PERSHING, 2018). De acordo com trabalhos de Franzluebbers (2018), após ensaios em
estações de pesquisa e fazendas particulares em regiões diferentes da Carolina do Norte e da
Virgínia, de 2014 a 2016, com produtividade média de grãos de milho de 10,6 ± 3,4 t ha-1 (36
locais), observou-se que houve uma associação positiva entre o rendimento relativo e o fluxo
de CO2, e a dose de máxima eficiência econômica de N em cobertura diminuiu conforme
aumentava a atividade biológica do solo mensurada pelo fluxo de CO2. Quando o solo foi
coletado na camada de 0,0-0,1 m, valores de atividade biológica abaixo de 493 mg C-CO2 kg-1
de solo indicaram progressiva e maior probabilidade de resposta a aplicação de N em cobertura
para produção de grãos. Logo, neste caso, espera-se que nos locais com atividade biológica de
solo que excedam este limiar não respondam à aplicação de N em cobertura
(FRANZLUEBBERS, 2018).
Assim, dada a evidência recente de forte correlação do fluxo de CO2 com a
mineralização líquida de N e relação efetiva com a absorção total de N pelas plantas
(FRANZLUEBBERS et al., 2018), o presente estudo teve por objetivo avaliar o fluxo de CO 2
do solo, após diferentes culturas de cobertura de inverno e doses de N em cobertura, como
parâmetro auxiliar na recomendação da adubação nitrogenada na cultura do milho cultivado
sob plantio direto.

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MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na área experimental do Instituto Federal Catarinense - IFC,
Campus Concórdia, sob as coordenadas 27°12’13” S e 52°04’40” W, e altitude média de 623
m. O clima do município de Concórdia, Santa Catarina (SC), Brasil, de acordo com a
classificação de Köeppen, é predominantemente subtropical úmido (Cfa), apresentando
temperatura média anual de 18,8 ºC e precipitação pluvial anual média de 1937,2 mm
(EMBRAPA, 2012). Dados de precipitação e temperatura ocorridos durante a condução do
experimento são apresentados na Figura 1. O solo da área experimental é classificado como
Cambissolo Háplico de textura argilosa e na camada de 0,0-0,1 m o solo apresentou as seguintes
características na safra 2019/2020: 540 g kg-1 de argila; 36 g kg-1 de matéria orgânica (MO);
pH em água de 5,5; 10,95 mg dm-3 de fósforo (P); 227,90 mg dm-3 de potássio (K); 0,0 cmolc
dm-3 de alumínio (Al); 8,66 cmolc dm-3 de cálcio (Ca); 3,90 cmolc dm-3 de magnésio (Mg);
saturação de bases de 70,55%; e saturação por alumínio de 0,0%.

Semeadura CC 2ª CS
Semeadura do
Milho e 1ª CS

Aplicação 3ª CS
de N em
cobertura Colheita
do Milho
Dessecação CC

Avaliação CC

Figura 1. Dados de precipitação acumulada (mm), temperatura média mensal (°C) e linha do
tempo das principais atividades desenvolvidas durante as safras de inverno e verão. Dados
meteorológicos coletados pela estação agrometeorológica da Embrapa Suínos e Aves (2020).
(CC = Culturas de cobertura de inverno; CS = Coleta de solo). Concórdia - SC, 2019/2020.

O experimento foi implantado seguindo o delineamento em blocos ao acaso, em


esquema de parcelas subdivididas 4x3+1 com três repetições, composto por quatro tratamentos

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de culturas de cobertura de inverno antecessoras ao milho: aveia preta (AP), aveia preta + nabo
forrageiro (A+N), aveia preta + ervilhaca (A+E) e aveia preta + nabo forrageiro + ervilhaca
(A+N+E); e três doses de N em cobertura: 50, 100 e 150 kg ha-1 de N aplicados na forma de
ureia com inibidor de urease (45% de N) no estádio fenológico V4 (100% da dose), mais o
tratamento controle sem adubação em cobertura.
A semeadura das culturas de cobertura de inverno foi realizada em 10/05/2019, em área
com milho como cultura antecessora utilizando-se 60 kg ha-1 de sementes para AP, e nos
consórcios: 40 kg ha-1 de AP + 10 kg ha-1 de nabo forrageiro; 40 kg ha-1 de AP + 20 kg ha-1 de
ervilhaca; e 40 kg ha-1 de AP + 10 kg ha-1 de nabo forrageiro + 20 kg ha-1 de ervilhaca. A
porcentagem de germinação das sementes de aveia preta, nabo forrageiro e ervilhaca foi de
95%, 90% e 90%, respectivamente. A avaliação da produtividade de matéria seca das culturas
de cobertura de inverno foi realizada em 11/09/2019, com a coleta de 4 subamostras por parcela
das plantas presentes em 0,25 m2, antecedendo a dessecação, a qual foi realizada em
26/09/2019. Estas amostras coletadas foram secas em estufa a 65 °C por 72 horas e,
posteriormente, pesadas para determinação da produção de matéria seca por hectare.
A adubação utilizada na linha de semeadura foi de 500 kg ha-1 do fertilizante mineral
formulado 9-33-12 (N - P2O5 - K2O), baseado nas recomendações da CQFS/RS-SC (2016). O
híbrido de milho utilizado para plantio foi o BM 855 PRO2 (Roundup Ready 2 + Proteínas Bt),
da empresa Sementes Biomatrix, com espaçamento entre linhas de semeadura de 0,8 m e na
densidade de 65 mil sementes por hectare, sendo a semeadura realizada em 24/10/2019. Durante
o ciclo de desenvolvimento da cultura foram realizados os manejos culturais necessários para
o controle de plantas daninhas, pragas e doenças.
As coletas de amostras de solo visando a determinação do fluxo de CO2, foram
realizadas em três momentos distintos: a primeira foi realizada no dia da semeadura do milho,
0 dias após a semeadura (0 DAS), a segunda ocorreu 20 dias antes da aplicação da adubação
nitrogenada em cobertura, coincidindo nos 15 dias após a semeadura (15 DAS) e a terceira no
florescimento da cultura do milho (83 DAS), no estádio de transição de VT (pendoamento) para
R1 (embonecamento). Para cada momento distinto de realização das coletas foram obtidas um
total de 48 amostras de solo da camada de 0,0-0,1 m, coletadas entre as linhas de semeadura.
As duas primeiras coletas foram realizadas nas parcelas, considerando apenas o fator cultura de
cobertura. Já para a terceira coleta, foi realizada também nas subparcelas considerando o fator
doses de N, além do fator cultura de cobertura de inverno.

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Para determinação do fluxo de CO2 do solo seguiu-se a metodologia descrita por
Franzluebbers (2016). Assim, as amostras coletadas foram secas em estufa entre 50 a 60 °C por
um período de 3 dias. Posteriormente, o solo seco foi suavemente triturado com auxílio de
pistilo e almofariz e então peneirado (aberturas de 4,75 mm) para a remoção de grandes torrões
e detritos orgânicos. Após processo de peneiramento, transferiu-se 50 g de solo para dois tubos
Falcon de 50 mL, totalizando 100 g no total. A porosidade do solo nos tubos foi determinada a
partir do peso e do volume e, em seguida, adicionou-se água destilada em cada um destes até
alcançar 50% da porosidade do solo preenchida por água. Em um frasco de vidro, foram
colocados os dois tubos contendo o solo, juntamente com um terceiro tubo Falcon contendo 10
mL de NaOH 1 M para capturar o CO2 e, por fim, foi adicionado 10 mL de água destilada no
fundo do recipiente contendo os tubos, para manter a umidade. Os frascos foram fechados com
filme para vedação, tampados e colocados em câmara incubadora tipo B.O.D. (Demanda
Bioquímica de Oxigênio) durante 3 dias, sob ausência de luz, a 25 °C.
Ao término da incubação, o tubo contendo NaOH foi removido e selado. Na sequência
foi iniciado a etapa de titulação, onde cada tubo contendo NaOH foi aberto e transferiu-se o
volume para um Erlenmeyer, onde adicionou-se à solução: (i) 3,5 mL de solução de BaCl2 1,5
M para precipitar bicarbonato como BaCO3, (ii) três gotas de indicador de cor de fenolftaleína
e (iii) uma pequena barra de agitação magnética. A vidraria então foi colocada sobre uma placa
de agitação magnética e o HCl 1 M foi adicionado lentamente à solução até a cor mudar de rosa
para branco. Em um outro frasco foi adicionado um tubo Falcon contendo 10 mL de NaOH 1
M, incubando-o sem os dois outros tubos com solo, para ser usado como amostra em branco
(controle), sendo preparada uma amostra controle para cada 25 amostras de solo. Conforme
Franzluebbers (2016), a quantidade de CO2 produzida a partir de uma amostra é calculada de
acordo com a seguinte equação:

C-CO2 (mg kg-1 de solo) = (mL HCl [controle] – mL HCl [amostra]) x N x M / S

Onde: N = normalidade do ácido (mol L-1), M = 6000 (conversão de massa de cmolc para g C)
e S = peso do solo (g).
A colheita do milho foi realizada em 27/03/2020, sendo estimada a produtividade de
milho pela coleta das espigas de plantas em 6 metros lineares dentro de cada uma das 48
parcelas experimentais. Após debulhar as espigas, a massa total de grãos foi pesada e então
estimou-se a produtividade em cada tratamento na unidade de quilogramas por hectare. Ainda,

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retirou-se subamostras, por meio das quais determinou-se o teor de umidade dos grãos e,
posteriormente, fez-se a correção da produtividade para a umidade padrão da cultura do milho
(13%).

Foram determinadas ainda a dose de N de máxima produtividade ou dose de máxima


eficiência técnica (MET), utilizando-se a equação ajustada entre produtividade e doses de N, e
a dose de N de máxima eficiência econômica (MEE), igualando-se a derivada da equação de
regressão, correspondente à produtividade no valor zero, e a relação entre preços do insumo e
do produto (RAIJ, 1991). Assim, para determinar a dose de N de MET (kg ha-1) utilizou-se a
seguinte equação:
b1
𝐌𝐄𝐓 = −
2b2

E para determinar a dose de N de MEE (kg ha-1), utilizou-se a seguinte equação:

(wt ) − b1
𝐌𝐄𝐄 =
2b2

Onde: b1 = valor do coeficiente “b” da equação do segundo grau ajustada, b2 = valor do


coeficiente “a” da equação do segundo grau ajustada, t = valor do insumo (R$ kg-1 de N, na
forma de ureia) no período da adubação e w = valor do produto (R$ kg-1 de milho) no momento
da colheita do milho, considerando os preços vigentes no estado de Santa Catarina.
Ainda, de posse destes dados, para cada cultura de cobertura, na dose de MEE, definiu-
se o incremento da produtividade de grãos para cada kg de N adicionado em cobertura e o
quanto cada kg de N adicionado incrementa em toneladas de grão de milho.
Para análise estatística, os dados do fluxo de CO2 referentes a 1ª e 2ª coletas de solo,
realizadas nas parcelas, foram submetidos à análise de variância pelo teste F e, quando os efeitos
foram significativos, utilizou-se o teste de Tukey para comparação de médias (p<0,05). Para a
3ª coleta de solo, realizada nas parcelas e subparcelas, os dados das análises do fluxo de CO2
foram submetidos à análise de variância pelo teste F e, quando os efeitos foram significativos,
utilizou-se o teste de Tukey para comparação de médias (p<0,05) para o fator qualitativo
(culturas de cobertura de inverno). O efeito do fator quantitativo (doses de adubação
nitrogenada) foi analisado por regressão polinomial, testado até o grau de polinômio quadrático.
As análises estatísticas foram realizadas com o sistema computacional SISVAR (FERREIRA,
2011).

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Correlações foram realizadas entre os dados de fluxo de CO2 e a produtividade de grãos
do tratamento controle. Ainda, para a 3ª época de avaliação do fluxo de CO2 (83 DAS) realizou-
se a análise de correlação de Pearson (r) com a produtividade do milho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de produtividade de matéria seca das culturas de cobertura de inverno são
apresentados na Tabela 1. Vale ressaltar que, devido aos dados apresentarem caráter de
caracterização da área experimental de condução do trabalho, os mesmos não foram submetidos
a análise estatística.

Tabela 1. Produtividade individual e total de matéria seca (MS) das culturas de cobertura de
inverno. Concórdia - SC, 2019.
Culturas de Cobertura Aveia preta Nabo Ervilhaca Total
-----------Produtividade de MS, kg ha-1-----------
Aveia preta (AP) 6417 - - 6417
Aveia preta + Nabo (A+N) 3233 2317 - 5550
Aveia preta + Ervilhaca (A+E) 3583 - 2517 6100
Aveia preta + Nabo + Ervilhaca (A+N+E) 1283 3917 1600 6800

A produtividade de matéria seca das culturas de cobertura de inverno, demonstraram


valores relativamente próximos entre os tratamentos, variando de 5550 kg ha-1 a 6800 kg ha-1
de MS. O consórcio A+N+E apresentou a maior produtividade total de MS, com expressiva
produção de nabo forrageiro, tendo em vista o fato desta cultura ter sobressaído em relação as
outras culturas nesta situação, representando 57,6% da produtividade total do consórcio.
De acordo com Bonjorno et al. (2010), o bom desempenho do consórcio A+N+E é
resultado da complementaridade entre as diferentes espécies utilizadas. A ervilhaca promove a
fixação biológica de N, disponibilizando-o no solo e, consequentemente, favorecendo o
desenvolvimento da aveia e do nabo forrageiro que, posteriormente, servem de suporte para o
seu crescimento. Ainda, por apresentarem diferenças quanto ao ciclo de desenvolvimento, área
de exploração do sistema radicular e exigências nutricionais, as espécies não competem
diretamente entre si pelos fatores indispensáveis ao desenvolvimento.
A análise de variância baseada nos dados de fluxo de CO2 do solo aos 0, 15 e 83 DAS,
nas parcelas não submetidas a adubação nitrogenada em cobertura, demonstrou que houve
diferenças significativas apenas no que se refere ao efeito simples das culturas de cobertura de
inverno (Tabela 2). No entanto, para o efeito simples do momento da coleta do solo e para o

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efeito da interação das duas fontes de variação em estudo, não foram observadas diferenças
significativas.

Tabela 2. Resultado da análise de variância e valores do fluxo de CO2 do solo aos 0, 15 e 83


dias após semeadura (DAS) do milho não submetido a adubação nitrogenada em cobertura.
Concórdia - SC, 2020.
FV GL SQ QM p-valor
Culturas de Cobertura (CC) 3 2874,13 958,04 0,0001*
Momento da Coleta (MC) 2 326,34 163,17 0,0986ns
CC x MC 6 70,59 11,76 0,9777ns
Bloco 2 70,18 35,09 0,5822ns
Erro 22 1392,31 63,28
Culturas de Cobertura de Inverno
Momento da Coleta do Solo
AP A+N A+E A+N+E Média
-1
------------mg de C-CO2 kg de solo------------
0 DAS 158 162 177 173 167
15 DAS 153 158 171 173 164
83 DAS 148 152 172 168 160
Média 153 B 157 B 173 A 171 A
CV (%) 4,86
*: significativo em nível de 5% de probabilidade de erro; ns: não significativo. Médias seguidas de mesma letra
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Os consórcios de A+E e A+N+E, com 173 e 171 mg de C-CO2 kg-1 de solo,


respectivamente, apresentaram maiores valores de fluxo de CO2 do solo em relação ao
consórcio de A+N e a AP, com 157 e 153 mg de C-CO2 kg-1 de solo, respectivamente. A partir
disso torna-se evidente o fato de que a inserção de uma espécie leguminosa, neste caso a
ervilhaca, resulta em significativo acréscimo nos valores de CO2 emitido pelo solo, tendo em
vista a menor relação C/N aliada à capacidade de fixação biológica de N pela espécie. A relação
C/N da ervilhaca indica que a mineralização tende a ser superior à imobilização, com maior
disponibilização de nitrogênio durante o processo de decomposição dos restos vegetais (VIOLA
et al., 2013) e, consequentemente, maior atividade biológica do solo mensurada com base no
fluxo de CO2 do solo (FRANZLUEBBERS et al., 2018).
A análise de variância baseada nos dados de fluxo de CO2 do solo aos 83 DAS (Tabela
3), evidenciou que houveram diferenças significativas apenas para os efeitos simples das
culturas de cobertura de inverno e das doses de N, não havendo efeito significativo da interação
das fontes de variação em estudo.

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Tabela 3. Resultado da análise de variância e valores do fluxo de CO2 do solo aos 83 dias após
semeadura (DAS) do milho submetido a adubação nitrogenada em cobertura. Concórdia - SC,
2020.
FV GL SQ QM p-valor
Culturas de Cobertura (CC) 3 6759,00 2253,00 0,0001*
Bloco 2 5,16 2,58 0,9157ns
Erro 1 6 173,50 28,91
Doses de N (N) 3 9321,00 3107,00 0,0001*
CC x N 9 1109,00 123,22 0,1090ns
Erro 2 24 1592,00 66,33
Doses de N, kg ha-1
Cultura de Cobertura
0 50 100 150 Média
-1
------mg de C-CO2 kg de solo------
Aveia preta (AP) 148 165 170 178 165 c
Aveia preta + Nabo (A+N) 152 164 172 180 167 c
Aveia preta + Ervilhaca (A+E) 172 182 196 224 194 a
Aveia preta + Nabo + Ervilhaca (A+N+E) 168 174 186 210 184 b
CV (%) parcelas 3,03
CV (%) subparcelas 4,59
*: significativo em nível de 5% de probabilidade de erro; ns: não significativo. Médias seguidas de mesma letra
na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

A partir do teste de médias referente ao efeito simples dos diferentes tratamentos de


culturas de cobertura de inverno, baseado nos dados de fluxo de CO2 aos 83 DAS, observou-se
os maiores valores da variável-resposta nas parcelas representadas pelo consórcio A+E,
diferenciando-se significativamente do consórcio A+N+E, seguido do consórcio A+N e da AP,
sendo estes dois últimos, os tratamentos que apresentaram os menores valores de fluxo de CO2
e não diferiram estatisticamente entre si.
Os valores médios de fluxo de CO2 apresentados na Tabela 2 e 3 apresentam-se
inferiores aos encontrados por Franzluebbers (2020a) em estudo realizado no condado de
Mecklenburg, no estado americano da Carolina do Norte, em área de solo franco-argiloso com
cultivo de milho sob plantio direto, onde constatou-se valor médio de 559 ± 11 mg de C-CO2
kg-1 de solo para a camada de 0,0-0,1 m. Ainda, os valores das Tabelas 2 e 3 também mostram-
se inferiores aos que Franzluebbers (2018) observou em estudo conduzido em 47 locais, nos
estados americanos da Carolina do Norte e Virgínia, obtendo-se valor médio para todos os
locais analisados de 315 ± 135 mg C-CO2 kg-1 de solo na camada de 0,0-0,1 m, apresentando
coeficiente de variação de 15% para as amostras de solo replicadas em um mesmo local, e de
31 a 43% entre os locais.
Por outro lado, valores médios apresentados na Tabela 2 e 3, principalmente nos
tratamentos de culturas de cobertura de inverno onde houve a inserção da ervilhaca no

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consórcio, revelam-se superiores aos observados por Franzluebbers (2018) quando analisadas
de forma independente as regiões da Planície Costeira (9 locais) e de Blue Ridge (3 locais), nos
estados americanos da Carolina do Norte e Virgínia, onde observaram-se valores médios de
159 ± 37 e 143 ± 18 mg C-CO2 kg-1 de solo, respectivamente, na camada de 0,0-0,1 m.
Contudo, vale destacar que os valores médios determinados neste trabalho são similares
aos encontrados por Franzluebbers (2020b), em estudo conduzido no Meio-Atlântico e Sudeste
dos EUA, objetivando validar o uso da atividade biológica do solo mensurada via fluxo de CO2
do solo como preditor da demanda de fertilizantes nitrogenados na cultura do milho, onde
observaram nas áreas agrícolas sem adubação orgânica em fazendas privadas (n = 53) e estações
de pesquisa (n = 24) valores médios de 221 e 172 mg C-CO2 kg-1 de solo (p = 0,02),
respectivamente, na camada de 0,0-0,1 m.
Analisando o efeito simples das doses de N, com base nos dados obtidos, observou-se
um ajuste significativo do conjunto de dados analisados ao modelo linear (Figura 2), logo pode-
se afirmar que quanto maior o incremento de N ao solo, maior será o fluxo de CO2 mensurado
e, consequentemente, maior a mineralização de N, deixando-o disponível às plantas, em função
da maior atividade biológica que o acréscimo deste nutriente proporciona ao solo
(FRANZLUEBBERS et al., 2018).

Figura 2. Fluxo de CO2 do solo em função das doses de nitrogênio aplicadas em cobertura na
cultura do milho. Concórdia - SC, 2020.

A partir da análise de regressão obteve-se a equação ajustada para o modelo linear, por
meio da qual estima-se que para cada kg de N adicionado em cobertura haja um acréscimo de
0,2473 mg de C-CO2 kg-1 de solo. Assim como, estima-se que nas parcelas que não receberam
adubação nitrogenada em cobertura (tratamento controle) o fluxo de CO2 do solo já seja de

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159,03 mg de C-CO2 kg-1 de solo. Ainda, baseado na equação ajustada da regressão linear para
o conjunto de dados analisados, estima-se que os valores de fluxo de CO2 do solo para as doses
de 50, 100 e 150 kg ha-1 de N sejam de 171,39, 183,76 e 196,12 mg de C-CO2 kg-1 de solo,
respectivamente.
Com base na produtividade de grãos de milho não submetido à adubação nitrogenada
em cobertura (tratamento controle) e valores de fluxo de CO2 nos 0 e 15 DAS, fez-se a análise
de correlação entre as duas variáveis (Figura 3).

Figura 3. Correlação entre fluxo de CO2 do solo avaliado aos 0 (1ª CS) e 15 (2ª CS) dias após
semeadura e produtividade de grãos de milho sem adubação nitrogenada em cobertura (CS =
Coleta de solo). Concórdia - SC, 2020.

Conforme apresentado na Figura 3, observam-se correlações positivas entre a


produtividade de milho não submetido à adubação nitrogenada em cobertura e valores de fluxo
de CO2 do solo aos 0 DAS (r = 0,7439) e aos 15 DAS (r = 0,6314), sendo classificadas, de
acordo com Devore (2006), como correlações forte e moderada, respectivamente. Além disso,
fez-se a análise de correlação entre a produtividade de grãos de milho submetido à adubação
nitrogenada em cobertura e os valores de fluxo de CO2 do solo aos 83 DAS (Figura 4).

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Figura 4. Correlação entre fluxo de CO2 do solo aos 83 dias após semeadura e produtividade de
grãos de milho submetido à adubação nitrogenada em cobertura. Concórdia - SC, 2020.

Ainda, da mesma forma na Figura 4, observa-se correlação positiva entre a


produtividade de milho submetido à adubação nitrogenada em cobertura e valores de fluxo de
CO2 do solo aos 83 DAS (r = 0,7318), sendo classificada como uma correlação forte, segundo
Devore (2006).
Corroborando com os resultados obtidos neste trabalho, Franzluebbers (2020b)
avaliando o efeito de culturas de cobertura e do preparo do solo quanto a atividade biológica
mensurada pelo fluxo de CO2 do solo na camada de 0,0-0,1 m, observou valores de 297, 205 e
180 mg de C-CO2 kg-1 de solo para áreas com mix de culturas de cobertura (n = 48), cultura de
cobertura solteira (n = 19) e sem cobertura do solo (n = 37), respectivamente (p ≤ 0,05). O
rendimento de grãos de milho foi maior quando precedido por cultura de cobertura solteira
(11,0 t ha-1) e mix de culturas de cobertura (10,4 t ha-1) em comparação ao milho precedido por
solo descoberto (8,3 t ha-1) (p = 0,009). Quanto ao efeito do preparo do solo, o fluxo de CO2 do
solo na camada de 0,0–0,1 m foi fortemente diferenciada entre os métodos de preparo, sendo
observados valores de 254 e 142 mg de C-CO2 kg-1 de solo para áreas de preparo mínimo
(plantio direto, n = 88; cultivo mínimo, n = 9) e preparo severo (gradagem, n = 10; aração, n =
4) do solo, respectivamente (p < 0,001).
Para a AP como cultura de cobertura antecedente ao milho, foram observados os
menores valores de atividade biológica do solo mensurada pelo fluxo de CO2 (Tabela 2 e 3),
entretanto, a dose de MEE foi de 121 kg ha-1 de N (Tabela 4), sendo menor que para os
consórcio A+N e A+E. Contudo, vale ressaltar que se observou um menor potencial produtivo
para este cenário. Em relação ao consórcio A+N, foram observados menores valores de fluxo
de CO2 (Tabela 2 e 3), estes estatisticamente iguais ao da AP. Além disso, para o cenário de
milho antecedido do consórcio A+N, também nota-se um menor potencial produtivo de grãos,
15
por outro lado, a dose de N apresentou-se como a mais elevada para atingir a máxima
produtividade na dose de MEE, sendo de 150 kg ha-1 de N (Tabela 4). Vale ressaltar que no
cenário do milho antecedido pelos consórcios A+N e A+E, devido ao ajuste dos dados de
produtividade ao modelo de regressão linear, considerou-se a maior dose de N testada como
sendo a dose de MET e MEE.

Tabela 4. Equações de regressão ajustadas e Doses de N para máxima eficiência técnica (MET)
e máxima eficiência econômica (MEE) em função da produtividade de grãos de milho.
Concórdia - SC, 2020.
Produtividade, kg ha-1
Culturas de Cobertura Equações de regressão ajustadas
MET MEE
Prod.= -0,2948N² + 73,284N +
Aveia preta (AP) 5613,9 10168 10164
R² = 0,97
Prod.= 26,184N + 5673,2
Aveia preta + Nabo (A+N) 9601 9601
R² = 0,90
Prod.= 22,102N + 8212,6
Aveia preta + Ervilhaca (A+E) 11528 11528
R² = 0,91
Prod.= -0,2114N² + 51,966N +
Aveia preta + Nabo + Ervilhaca
7964,6 11158 11153
(A+N+E)
R² = 0,98
Na dose de N para a
Dose de N, kg ha-1 produtividade de MEE
Culturas de Cobertura kg de kg de N t-1
grãos de grãos
-1
MET MEE kg de N adicional
Aveia preta (AP) 124 121 36,60 27,32
Aveia preta + Nabo (A+N) 150* 150* 28,91 34,59
Aveia preta + Ervilhaca (A+E) 150* 150* 23,66 42,26
Aveia preta + Nabo + Ervilhaca
123 118 26,46 37,79
(A+N+E)
*Para os ajustes lineares foi considerado a dose de 150 kg ha -1 de N como a dose de MET e MEE testada. Preço
da ureia em outubro de 2019 = R$ 1,59 kg-1 e preço do milho em abril de 2020 = R$ 0,75 kg-1 (EPAGRI/CEPA,
2020).

Para o cenário do milho antecedido pelo consórcio A+N+E, observou-se uma maior
eficiência no uso de N aplicado e fornecido pela decomposição dos restos culturais, tendo em
vista a menor dose de MEE necessária para atingir a elevada produtividade de grãos, sendo esta
de 118 kg ha-1 de N (Tabela 4), aliada a valores maiores de fluxo de CO2 (Tabela 2 e 3). Para o
consórcio A+E observaram-se altos valores de fluxo de CO2 nos diferentes momentos de coleta
do solo (Tabela 2) e, ainda, sendo o consórcio com maior valor de fluxo de CO2 na coleta de
solo realizada aos 83 DAS, diferindo-se estatisticamente dos demais tratamentos de culturas de
cobertura (Tabela 3).
16
O milho antecedido do consórcio A+E apresentou a maior produtividade de grãos,
porém a dose de MEE foi de 150 kg ha-1 de N (Tabela 4), logo exigindo uma maior quantidade
de N para atingir tal produtividade observada para a dose de MEE. Ainda, como apresentado
na Tabela 4, na dose de N para a produtividade de MEE, nota-se uma menor eficiência de uso
do N neste cenário de A+E antecedendo o milho em comparação aos demais testados, onde
para cada kg de N adicional constatou-se um acréscimo de 23,66 kg de grãos, sendo este valor
o menor entre os diferentes cenários de culturas de cobertura antecedendo o milho testados.
Além disso, o milho antecedido do consórcio A+E apresentou uma maior exigência de N para
cada tonelada de grãos adicional, sendo o valor de 42,26 kg de N t-1 de grãos o maior entre os
diferentes cenários testados (Tabela 4).
Os maiores valores de fluxo de CO2 observados (Tabela 2) nas coletas de solo que
antecederam a adubação nitrogenada de cobertura (0 e 15 DAS) para os consórcios com a
inserção da ervilhaca (A+E e A+N+E) não indicam que a dose de N a ser aplicada (dose de
MEE) deva ser menor nestes locais (Tabela 4). Pois, embora a disponibilidade de N para as
plantas possa ser superior como demonstram trabalhos de Franzluebbers (2020b), outros
parâmetros que são alterados com a inserção de diferentes culturas de cobertura influenciam
diretamente no aproveitamento do N aplicado e no potencial produtivo da cultura do milho.
Todavia, fica evidente que a presença da ervilhaca no consórcio torna o sistema mais eficiente
no uso do N, refletindo em maiores produtividades. Os dados de atividade biológica do solo
deste trabalho (Tabela 2 e 3) podem ser classificados como muito baixos (<150 mg C-CO2 kg-
1
de solo) e baixos (150-250 mg C-CO2 kg-1 de solo), conforme categorização definida por
Franzluebbers e Shoemaker (2020), baseando-se nos valores de fluxo de CO2.
Acosta (2009) destaca que o aporte e a dinâmica de decomposição dos resíduos
influenciam diretamente a disponibilidade de N mineral no solo. Os resíduos de ervilhaca
liberam até 50% da quantidade acumulada de N nos primeiros 30 dias após o manejo,
promovendo elevada disponibilidade de N ao solo durante a fase inicial de desenvolvimento do
milho. Por outro lado, os resíduos de AP, que apresentaram lenta decomposição, imobilizam
temporariamente parte do N do solo, liberando-o 2 a 3 meses após seu manejo. As oscilações
do conteúdo de N no solo também são associadas às condições climáticas. Com isso, pode-se
afirmar que a disponibilidade de N mineral no solo é resultado de interações entre a MO, aporte
de palhada, atividade microbiana, absorção pelas plantas e fontes externas de N, influenciada
pelas condições climáticas ao longo do ciclo do milho.

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Plantas de cobertura promovem uma maior atividade biológica e incrementam os teores
de C e N do solo através da ciclagem de nutrientes, reduzindo a demanda por fertilizantes
externos (LAGOMARSINO et al., 2009). Adicionalmente, o uso de consórcios de culturas,
como a AP com ervilhaca ou nabo forrageiro, favorece a formação de bioporos com diferentes
tamanhos, reduzindo assim a resistência a penetração. Desta forma, o milho, poderá ser
beneficiado pelos bioporos formados no solo pelas plantas de cobertura utilizadas no inverno
(MORAES et al., 2016). Um desses benefícios refere-se ao fato de que os bioporos, além de
modificarem o fluxo de água e gases no solo, servem como rotas alternativas para o crescimento
de raízes de plantas cultivadas em sequência. Assim, a ampliação do volume de solo explorado
pelas raízes aumenta a eficiência do uso de fertilizantes e reduz os riscos de déficit hídrico
(TORMENA, 2009). Nesse sentido, as plantas de milho podem ser beneficiadas pelo maior
aproveitamento do N, tendo em vista a mobilidade deste nutriente no solo, e sua possível
descida no perfil do solo para camadas mais profundas, relacionado a presença de bioporos
formados pelos diferentes sistemas radiculares do consórcio das culturas de cobertura de
inverno.

CONCLUSÃO
A inserção da ervilhaca antecedendo a cultura do milho resultou em valores superiores
de atividade biológica mensurada pelo método do fluxo de CO2.
A adubação nitrogenada de cobertura proporcionou incremento linear na atividade
biológica do solo mensurada no florescimento da cultura do milho.
A determinação do fluxo de CO2 do solo, visando o planejamento da adubação
nitrogenada, pode ser realizada tanto aos 0 DAS quanto aos 15 DAS.
A produtividade de grãos de milho apresenta correlação linear positiva com os valores
de atividade biológica, indicando que os maiores valores de fluxo de CO2 resultou em maiores
potenciais produtivos.
O método da avaliação biológica através do fluxo de CO2 do solo apresenta potencial
de utilização como parâmetro auxiliar na recomendação da adubação nitrogenada na cultura do
milho.
Sugere-se que novos trabalhos sejam realizados em distintas condições de cultivo e
solos.

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