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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Ação Civil Coletiva


0010043-29.2022.5.03.0062
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 27/01/2022


Valor da causa: R$ 50.000,00

Partes:
AUTOR(A): SINDICATO DOS AUX DE ADM ESCOLAR DO ESTADO DE M GERAIS
ADVOGADO: Cristina de Oliveira Souza
ADVOGADO: Carla Márcia Freitas de Paulo Batista
ADVOGADO: Luciana Sodré da Cunha
ADVOGADO: Flávia Mendonça Cenachi
RÉU: FUNDACAO UNIVERSIDADE DE ITAUNA
ADVOGADO: Alessandra Nunes Gonçalves Pereira
CUSTOS LEGIS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(íza) Federal da Vara do Trabalho de


Itaúna, MG.

Opção pelo Juízo 100% digital, Resolução Conjunta GP/GCR/GVCR n. 204,


de 2021

Processo distribuído por dependência ao processo de n.º 0010693-


13.2021.5.03.0062 (motivo desistência)

Autor: Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar


do Estado de Minas Gerais - SAAEMG
Réu: Fundação Universidade de Itaúna

O SINDICATO DOS AUXILIARES DE ADMINISTRAÇÃO


ESCOLAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS - SAAEMG, entidade sindical dos
trabalhadores, fundada em 08 de abril de 1981, registrado no Ministério do
Trabalho sob o nº 027.000.01425-4, inscrito no CNPJ sob nº 21.018.023/0001-
01, com endereço na Rua Grafito, nº 31, bairro Santa Tereza, CEP: 31.010-
120, Belo Horizonte, MG, por seus advogados, vem propor a presente

AÇÃO CIVIL COLETIVA

em face de Fundação Universidade de Itaúna, inscrita no CNPJ sob o nº:


21.256.425/0001-36, com sede na ROD MG 431-TREVO ITAUNA/PARA DE
MINAS, KM 45, PREDIO DA REITORIA, CAMPUS VERDE, Itaúna /MG, CEP
35.680-142.

O Sindicato Autor é filiado à FESAAEMG – Federação dos


Auxiliares de Administração do Estado de Minas Gerais e à CONTEE -
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino,
sendo entidade legalmente constituída para representar os Auxiliares de
Administração Escolar que trabalham nas cidades de: Abaeté, Abre Campo,
Acaiaca, Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Alto Rio Doce, Alvinópolis, Alvorada de
Minas, Amparo do Serra, Antônio Prado de Minas, Araçaí, Araponga, Arapuá,
Araújos, Arcos/MG, Baldim, Bambuí, Barão de Cocais, Barra Longa, Bela Vista
de Minas, Belo Horizonte, Belo Vale, Bernardo Monteiro, Betim, Biquinhas,
Bom Despacho, Bom Jesus do Amparo, Bom Sucesso, Bonfim, Bonfinópolis de
Minas, Brás Pires, Brumadinho, Cabeceira Grande, Cachoeira da Prata,
Cachoeira do Campo, Caetanópolis, Caeté, Caiana, Cajuri, Camacho, Campo

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Belo, Campos Altos, Cana Verde, Canaã/MG, Candeias, Caparaó, Capela


Nova, Capim Branco, Caputira, Caranaíba, Carandaí, Carangola, Carmésia,
Carmo da Mata, Carmo do Cajuru, Carmo do Paranaíba, Carmópolis de Minas,
Casa Grande, Catas Altas da Noruega, Catas Altas, Cedro do Abaeté,
Cipotânea, Cláudio, Coimbra, Conceição do Mato Dentro, Conceição do Pará,
Confins, Congonhas do Norte, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Contagem,
Cordisburgo, Coronel Xavier Chaves, Córrego Danta, Córrego Fundo, Couto de
Magalhães de Minas, Cristiano Otoni, Crucilândia, Cruzeiro da Fortaleza,
Cruzeiro do Sul, Datas, Desterro de Entre Rios, Diogo de Vasconcelos,
Divinésia, Divino, Divinópolis, Dom Joaquim, Dom Silvério, Dores de Campos,
Dores do Indaiá, Dores do Turvo, Doresópolis, Durandé, Entre Rios de Minas,
Ervália, Esmeraldas, Espera Feliz, Estrela do Indaiá, Faria Lemos, Felício dos
Santos, Felixlândia, Ferros, Fervedouro, Florestal, Formiga, Fortuna de Minas,
Funilândia, Furnas, Gouveia, Guaraciaba, Guarda-Mor, Guimarânia, Guiricema,
Ibiá, Ibirité/MG, Ibituruna, Igarapé, Igaratinga, Iguatama, Inhaúma, Inimutaba,
Itabira, Itabirito, Itaguara, Itambé do Mato Dentro, Itanhandu, Itapecerica,
Itatiaiuçu, Itaúna, Itaverava, Jaboticatubas, Japaraíba, Jeceaba, Jequeri,
Jequitibá, João Monlevade, Juatuba, Lagamar, Lagoa da Prata, Lagoa
Dourada, Lagoa Formosa, Lagoa Grande, Lagoa Santa, Lajinha, Lambari,
Lamim, Leandro Ferreira, Luisburgo, Luz, Major Porto, Manhuaçu, Manhumirim,
Maravilhas, Mariana, Mário Campos, Martinho Campos, Martins Soares,
Materlândia, Mateus Leme, Matipó, Matozinhos, Matutina, Medeiros,
Miradouro, Moeda, Moema, Monjolos, Morada Nova de Minas, Morro do Pilar,
Nova Lima, Nova Serrana, Nova União, Oliveira, Onça de Pitangui, Oratórios,
Orizânia, Ouro Branco, Ouro Preto, Paineiras, Pains, Papagaios, Pará de
Minas, Paraopeba, Passa Quatro, Passa Tempo, Passabém, Patos de Minas,
Paula Cândido, Pedra Bonita, Pedra do Anta, Pedra do Indaiá, Pedra Dourada,
Pedro Leopoldo, Pequi, Perdigão, Piedade de Ponte Nova, Piedade dos
Gerais, Pimenta, Piracema, Piranga, Pitangui, Piumhi, Pompéu, Ponte Nova,
Porto Firme, Prados, Pratinha, Presidente Bernardes, Presidente Juscelino,
Presidente Kubitschek, Presidente Olegário, Presidente Soares, Prudente de
Morais, Quartel Geral, Queluzito, Raposos, Raul Soares, Reduto, Resende
Costa, Ressaquinha, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Casca, Rio Doce, Rio
Espera, Rio Manso, Rio Paranaíba, Rio Piracicaba, Rio Vermelho, Ritápolis,
Rosário da Limeira, Sabará, Sabinópolis, Santa Bárbara, Santa Cruz do
Escalvado, Santa Luzia, Santa Margarida, Santa Maria de Itabira, Santa Rosa
da Serra, Santana de Piracema, Santana de Pirapama, Santana do Jacaré,
Santana do Manhuaçu, Santana do Riacho, Santana dos Montes, Santo
Antônio do Amparo, Santo Antônio do Grama, Santo Antônio do Itambé, Santo
Antônio do Monte, Santo Antônio do Rio Abaixo, Santo Hipólito, São Brás do
Suaçuí, São Francisco de Paula, São Francisco do Glória, São Geraldo, São
Gonçalo do Abaeté, São Gonçalo do Pará, São Gonçalo do Rio Abaixo, São
Gotardo, São João do Manhuaçu, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa,
São José da Varginha, São Miguel do Anta, São Pedro dos Ferros, São Roque
de Minas, São Sebastião do Oeste, São Sebastião do Rio Preto, São Tiago,
Sarzedo, Sem-Peixe, Senador Firmino, Senador Modestino Gonçalves,

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Senhora de Oliveira, Senhora do Carmo, Senhora do Porto, Senhora dos


Remédios, Sericita, Serra Azul de Minas, Serra da Saudade, Serra do Salitre,
Serro, Sete Lagoas, Simonésia, Tapira, Tapiraí, Taquaraçu de Minas,
Teixeiras, Tiros, Tombos, Unaí, Uruana de Minas, Urucânia, Vargem Bonita,
Varjão de Minas, Vazante, Vespasiano, Viçosa e Vieiras.

Possui carta sindical desde 08 de abril de 1981, sendo


apostilado em 21 de março de 1983, conforme documentos inseridos no
sistema eletrônico neste ato.
Insere-se, ainda, a ata de posse da atual diretoria, o termo
de posse, a ata de distribuição de cargos e o estatuto.
O artigo 8º da Constituição Federal, no seu inciso III,
estabelece que cabe ao Sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.

Neste sentido, o Direito do Trabalho surgiu e se


desenvolveu sob o manto das lutas incessantes da classe trabalhadora contra
as arbitrariedades de toda sorte praticadas contra os trabalhadores, quer
enquanto indivíduo, quer enquanto componentes de um grupo social
juridicamente desprotegido e, em especial, contra as mazelas econômicas
advindas de uma exploração desenfreada que, via de regra, aviltavam a própria
condição de ser humano do trabalhador.

Neste cenário, coube ao Direito Processual encontrar


meios adequados para proporcionar uma resposta rápida e eficaz às lesões
típicas deste novo modelo social, atendendo, assim, os interesses difusos e
coletivos, já que o processo, como instrumento da função jurisdicional do
Estado, tem que ter sempre por escopo a restauração da paz social, quando
conturbada por conflitos de interesses.

São substituídos nesta ação todos os auxiliares de


administração escolar da reclamada (todo trabalhador da instituição de
ensino que não leciona, vez que estes são professores), com contrato na
data do ajuizamento desta ação e que não receberam o Adicional por
Tempo de Serviço nos moldes das CCT’s da categoria, nos últimos 5
anos (período imprescrito).

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O réu possui como atividade preponderante a Educação,


conforme CNAE anexo. Logo, não restam dúvidas de que seus funcionários,
que não professores, pertencem à categoria dos Auxiliares de Administração
Escolar representada pelo SAAEMG, ora autor.

A Entidade Autora teve conhecimento de que a Ré não tem


pago para alguns trabalhadores o adicional por tempo de serviço (ATS)
previsto nas CCT’s da categoria.

Em 24 de agosto de 2021 o autor notificou o réu, conforme


documento anexo. Em resposta, o réu, embora afirme que cumpre com a CCT
para todos aqueles auxiliares que fazem jus a tal benefício, confessa que há
trabalhadores que não estão recebendo, juntando uma planilha com nomes,
que, embora seja juntada neste ato por fazer parte da Contranotificação, está
expressamente impugnada por ser um documento unilateral, não podendo ser
utilizada como prova para elencar quem são os substituídos. É apenas uma
confissão, não significando que não existam outros trabalhadores sem receber
referido benefício.

Nesta Contranotificação a ré aduz que os empregados que


antes eram lotados nas obras da Notificada e exerciam atividades próprias da
construção civil eram enquadrados em outro sindicato. Em fevereiro de 2017,
com o final das obras, os mesmos foram transferidos para o setor de
Manutenção Patrimonial e enquadrados na categoria do Autor.

No entendimento do réu, os trabalhadores terão direito ao


ATS apenas após 5 anos no setor novo.

Diante disso, o SAAEMG requereu uma mediação junto ao


Ministério da Economia no sentido de resolver o impasse, conforme
documentos também anexo. Contudo não foi possível chegar em uma
composição. Desta forma, não restou outro caminho que não a via judicial.

4.1 – DO ATS

Em função da prescrição quinquenária, vamos trabalhar


com os anos de 2016 em diante.

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Todas as CCT’s (2015/2017 e seu aditivo, 2017/2019 e


seus aditivos, 2019/2020, 2020/2021 e 2021/2022), na cláusula sétima,
exceto a CCT de 2020/2021 que é a cláusula sexta, preveem o pagamento
do ATS, nos mesmos termos.

Desta forma, peço venia para transcrever a redação das


citadas cláusulas, ressaltando que todas as CCT’s estão anexadas a esta
exordial e a redação é a mesma:

“Quando o estabelecimento de ensino não pagar iguais ou


maiores adicionais por tempo de contratação, o auxiliar de
administração escolar fará jus ao acréscimo dos seguintes
percentuais:

I - 5% (cinco por cento) da parte fixa do salário mensal quando


completar 5 (cinco) anos de efetivo e ininterrupto exercício no
estabelecimento;

II - respectivamente substituição do percentual previsto no inciso I


por 10 (dez), 15 (quinze), 20 (vinte), 25 (vinte e cinco) e 30 (trinta)
por cento quando completar de efetivo e ininterrupto exercício no
mesmo estabelecimento, 10 (dez), 15 (quinze), 20 (vinte), 25
(vinte e cinco), 30 (trinta), ou mais anos.

Parágrafo único - Aos auxiliares que, na data da assinatura deste


Instrumento, já percebam, a título de adicionais por tempo de
serviço, remuneração em percentuais superiores, fica garantido
que tais percentuais não sofrerão qualquer alteração.” (grifos
nossos)

Em uma leitura simples percebe-se que o benefício


leva em consideração o tempo de contratação, tempo de serviço no
mesmo estabelecimento, independentemente se houve alteração de
função, setor e até mesmo de sindicato. Ressalte-se que se considera
a data de contratação para fins de cálculo do benefício mesmo se
houver sucessão trabalhista.

A cláusula é clara e expressa não permitindo outra


interpretação. Completou 5 anos de contrato de trabalho faz jus ao ATS
de 5%, completou 10% faz jus a 10% e assim sucessivamente.

O réu confessa que os trabalhadores sempre foram


contratados pela instituição, logo, para fins de cálculo do ATS
considera-se a data da contratação.

Desta forma, todos os auxiliares de administração


escolar com 5 anos ou mais de contrato na instituição, fazem jus ao
ATS previsto nas CCT’s da categoria, nos percentuais previstos nas
CCT’s, a ser calculado com base na data da contratação.

Assinado eletronicamente por: Flávia Mendonça Cenachi - Juntado em: 27/01/2022 13:31:32 - 767ef6b
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Como não foram pagos a tempo e modo, os


substituídos que não receberam o ATS fazem jus à diferença salarial
em função do não pagamento do ATS, bem como seus reflexos em
férias + 1/3, 13º salário, horas extras, adicional noturno, FGTS 8% +
40% (para aqueles que forem dispensados no curso desta ação) a
serem calculados considerando o tempo de contratação, ou seja, data
de início do contrato, nos termos das CCT’s.

4.2 - DOS DOCUMENTOS A SEREM APRESENTADOS

Para apuração de quem são os substituídos na presente


ação, requer seja a reclamada compelida a apresentar a RAIS de 2020, bem
como CAGED’s de janeiro a dezembro de 2021 (caso já tenha a RAIS de 2021,
que esta seja apresentada em substituição aos CAGED’s).

Requer seja a reclamada compelida a apresentar os


contracheques e/ou folhas de pagamento, bem como recibos de férias de todos
os substituídos, de dezembro de 2016 a dezembro de 2021(período
imprescrito).

Tais informações encontram-se em poder da reclamada,


motivo pelo qual requer seja observado o princípio da aptidão para aprova,
uma vez que tais documentos são necessários para garantia dos direitos dos
trabalhadores substituídos.

Vale ressaltar, que o SAAEMG requereu estes documentos


desde a notificação extrajudicial e não teve acesso.

Desta forma, o autor requer seja a ré condenada a


apresentar os documentos acima elencados, sob pena de confissão, multa
diária a ser arbitrada por Vossa Excelência, busca e apreensão, ofícios a
órgãos públicos, sem prejuízos de outras medidas.

4.3- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Os advogados do sindicato autor fazem jus aos


honorários de sucumbência, no importe de 15% sobre o valor da liquidação
da sentença, nos termos do art. 791-A da CLT, inserido pela Reforma
Trabalhista.

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Esclarece que requer no importe de 15% considerando o


zelo dos procuradores, bem como o tempo despendido com esta ação,
considerando ainda toda a fase extrajudicial e judicial, na busca de se evitar
esta demanda. Vale ressaltar que toda demanda coletiva exige mais cautela e
mais trabalho, em função de envolver vários trabalhadores e análise de um
grande número de documentos.

4.4 - DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS

Todas as condenações em pecúnia deverão ser corrigidas


monetariamente e acrescidas de juros, na forma da legislação em vigor.

Nos termos do art. 95 do Código de Defesa do


Consumidor, aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do
artigo 769 da CLT, em especial quanto às ações de natureza coletiva, cujos
direitos e garantias são metaindividuais, a sentença proferida em fase cognitiva
pode ser genérica e a individualização dos créditos e fixação do quantum
debeatur poderão ser analisadas e efetivadas em sede de liquidação.

As ações civis coletivas trabalhistas, como é o


presente caso, devem observar as normas processuais que integram o
microssistema de tutelas coletivas, constantes do CDC e do CPC.

Uma destas normas próprias encontra-se no artigo 324,


§1º, III, do Código de Processo Civil, abaixo reproduzido:

Art. 324. O pedido deve ser determinado.


§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
(...)
III - quando a determinação do objeto ou do valor da
condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu.

No caso em tela, a documentação hábil para a


liquidação dos pedidos é de posse da ré, motivo pelo qual esta ação se
enquadra na exceção do inciso III, §1º do art 324 do CPC, aplicável na
Justiça do Trabalho.

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Ademais, com o devido respeito, a ausência de


documentos hábeis para indicação do valor dos pedidos não pode constituir
óbice para a busca e obtenção de tutela jurisdicional, sob pena de ofensa ao
art. 5º, incisos XXV e LV, art. 8º, inciso III, e art. 93, IX, todos da Constituição
Federal, principalmente no caso em tela em que a Ré não apresentou referida
documentação, mesmo após notificação extrajudicial e mediação junto ao
Ministério da Economia.

O exercício do direito de ação, in casu, está amparado pelo


artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal, que possibilita a defesa ampla e
irrestrita dos direitos e interesses individuais ou coletivos da categoria pelas
entidades sindicais, inclusive em sede judicial.

Ademais, em sede de ação coletiva, a identificação dos


titulares dos direitos e a individualização de cada crédito é postergada
para a fase de liquidação, em razão da principiologia inerente ao direito
processual coletivo, incidindo na hipótese a exceção contida no inciso III,
do §1º do artigo 324 do CPC.

Neste sentido, de se notar que a nova redação do


artigo 840, § 1º, da CLT, que impõe a indicação de valor já na petição
inicial, data venia, é incompatível com a sistemática processual adotada
no âmbito das ações coletivas - assim entendida como um gênero, já que
referidas demandas, em razão de suas particularidades, tem como
principais fontes processuais a Lei 7.347/85 (LACP) e a Lei 8.078/90
(CDC), sobretudo nas fases de liquidação e execução.

O valor do pedido, indicado na inicial, ademais, é,


meramente, a expressão econômica que se considera advir do pedido (daí
a expressão “indicação”), sendo que mesmo essa indicação não poderá ser
exigida quando for impossível (ou bastante difícil, dada a complexidade dos
cálculos trabalhistas que muitas vezes se apresentam) fazê-lo no momento
da propositura da ação, considerando-se, como deve ser, que em muitas
situações isso não é possível, vez que as informações e documentações
estão de posse exclusivamente da ré. Inteligência do § 1º do art. 324, CPC.

Ainda, as mudanças introduzidas pela Lei 13.467/2017 não


retiraram do processo do trabalho o momento próprio para liquidar os pedidos,
ao contrário, já que referendou a liquidação processual ao alterar a redação do
artigo 879 da CLT.

Dar às ações coletivas idêntico tratamento processual que


as ações individuais, com o devido respeito a quem entenda de outra maneira,
seria um equívoco e um retrocesso sob a perspectiva jurídica, legal e até
histórica, porquanto as discussões e entornos da substituição processual pelos
sindicatos no âmbito administrativo e judicial encontram-se absolutamente

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superadas, diante do atual e iterativo posicionamento do C.STF e C.TST


acerca da interpretação do artigo 8º, III, da Constituição Federal, prevalecendo
hoje o entendimento de que a atuação e representação e tais entidades na
defesa dos direitos e interesses de seus representados é AMPLA e
IRRESTRITA.

Este tem sido o entendimento do Tribunais no que tange a


esta questão, inclusive deste Tribunal da 3ª Região, senão vejamos:

SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL. AÇÃO COLETIVA.


DESNECESSIDADE DE LIQUIDAÇÃO DOS PEDIDOS NA
EXORDIAL. Em ação de natureza coletiva, na qual o sindicato atue
na condição de substituto processual, não é exigível a indicação dos
valores dos pedidos iniciais, restando autorizada a formulação de
pedido genérico (art. 324 do CPC, aplicável subsidiariamente).
Eventual condenação, consequentemente, será genérica, devendo
os valores devidos a cada trabalhador prejudicado ser
individualizados somente na fase de liquidação (95 e 97 da Lei nº
8.078/90 - Código de Defesa do Consumidor). (TRT12 - ROT -
0000816-51.2019.5.12.0003 , Rel. ROBERTO BASILONE LEITE , 6ª
Câmara , Data de Assinatura: 26/06/2020)
(TRT-12 - RO: 00008165120195120003 SC, Relator: ROBERTO
BASILONE LEITE, Data de Julgamento: 16/06/2020, Gab. Des.
Roberto Basilone Leite)

AÇÃO COLETIVA. LIQUIDAÇÃO DOS PEDIDOS. DISPOSITIVOS


APLICÁVEIS. Tratando-se de demanda proposta na vigência da Lei
nº 13.467/2017, aplicam-se-lhe as inovações trazidas pela Reforma
Trabalhista. No entanto, considerando-se que os pedidos
formulados nas ações coletivas são, pela sua própria natureza,
genéricos e, muitas vezes, dependentes de documentos que se
encontram na posse da parte contrária, devem ser observadas as
disposições do Código de Defesa do Consumidor (art. 95) e,
subsidiariamente, a previsão contida nos incisos do § 1º do art. 324
do CPC, afastando-se a obrigatoriedade de liquidação dos pedidos.
(TRT-3 - RO: 00115013420195030144 MG 0011501-
34.2019.5.03.0144, Relator: Jesse Claudio Franco de Alencar, Data
de Julgamento: 09/07/2020, Nona Turma, Data de Publicação:
09/07/2020. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 1589. Boletim: Não.)

AÇÃO COLETIVA. ART. 840, § 1º, DA CLT. LIQUIDAÇÃO DOS


PEDIDOS. DESNECESSIDADE. A Lei n. 13.467/17 conferiu nova
redação ao art. 840, § 1º, da CLT, o qual passou a exigir, também
nas ações submetidas ao rito ordinário, que o pedido seja certo,
determinado e com indicação de seu valor.Entretanto, a
interpretação do mencionado dispositivo, não pode ser realizada de
maneira isolada, mas sim de forma sistemática e harmônica com as
demais normas do ordenamento jurídico pátrio que regem o tema.
Com efeito, ante a especificidade da ação coletiva, torna-se inviável
a liquidação individualizada do pedido, pois não se sabe, de início,
quais e quantos serão os trabalhadores beneficiados pela decisão.

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(TRT-3 - RO: 00108732420185030033 MG 0010873-


24.2018.5.03.0033, Relator: Des.Antonio Gomes de Vasconcelos,
Data de Julgamento: 23/07/2020, Decima Primeira Turma, Data de
Publicação: 24/07/2020. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 1887.
Boletim: Não.)

Isso posto, requer a condenação da reclamada para:

1 – Pagar aos auxiliares de administração escolar que não receberam o


ATS, com contrato na data do ajuizamento desta ação, a diferença salarial
em função do não pagamento do ATS previsto nas CCT’s da categoria,
período dezembro de 2016 a dezembro de 2021, bem como seus reflexos
em férias + 1/3, 13º salário, horas extras, adicional noturno, FGTS 8% +
40% (para aqueles que forem dispensados no curso desta ação).
ATS a ser calculado considerando o tempo de contratação, ou seja, data de
início do contrato, com os percentuais estabelecidos nas CCT’s, quais
sejam: 5 (cinco), 10 (dez), 15 (quinze), 20 (vinte), 25 (vinte e cinco) e 30
(trinta) por cento quando completar 5 (cinco), 10 (dez), 15 (quinze), 20
(vinte), 25 (vinte e cinco), 30 (trinta), ou mais anos de contratação.

A APURAR

2 – Apresentar a RAIS de 2020, bem como CAGED’s de janeiro a dezembro de


2021 (caso já tenha a RAIS de 2021, que esta seja apresentada em
substituição aos CAGED’s). Apresentar, ainda, os contracheques e/ou folhas
de pagamento, bem como recibos de férias de todos os substituídos, de
dezembro de 2016 a dezembro de 2021(período imprescrito). Todos os
documentos sob pena de confissão, multa diária a ser arbitrada por Vossa
Excelência, busca e apreensão, ofícios a órgãos públicos, sem prejuízos de
outras medidas

OBRIGAÇÃO DE FAZER

3 – Pagarem honorários sucumbenciais no importe de 15% nos termos da


legislação vigente.

A APURAR

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DEMAIS REQUERIMENTOS:

A) Que se digne Vossa Excelência, de determinar a notificação da


reclamada, para comparecer à audiência que for designada, a fim de
responder, querendo, aos termos da presente reclamação, contestando-
a, sob pena de confissão com os efeitos da revelia.

B) Que sejam julgados procedentes os pedidos constantes da inicial, para


condenar a reclamada a cumprir as obrigações de fazer, pagar o valor
principal, custas, correção monetária, juros e demais cominações de
direito.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, inclusive com ulterior juntada e exibição de documentos,
depoimento pessoal da representante legal do requerido, com testemunhas,
perícia e com os demais meios de prova em direito permitido e moralmente
legítimos, o que desde já fica requerido.

Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil


reais) para fins de alçada.

Termos em que,
Pede e espera deferimento

Belo Horizonte, 27 de janeiro de 2022.

Flávia Mendonça Cenachi


OAB/MG – 106.903

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https://pje.trt3.jus.br/pjekz/validacao/22012713265761800000141314154?instancia=1
Número do documento: 22012713265761800000141314154

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