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Economia Internacional 1

Primeira Prova (P1) – 21/11/2013

RESPONDA A TODAS QUESTÕES NA FOLHA DE RESPOSTAS

1a Questão (20 pontos) – Para responder à questão 1a) abaixo, considere o texto
extraído da reportagem “País é dos que mais perdem com acordo de EUA e Europa”
(Folha de S. Paulo, 16 de novembro de 2013): “Um acordo de livre-comércio entre
Estados Unidos e União Europeia pode ter o Brasil como um dos grandes prejudicados.
Caso seja de fato concluído, o tratado pode levar o país a experimentar uma queda nas
suas exportações, equivalente a 2,1% do PIB. Outros países de fora do novo bloco
também perderão receitas, como a África do Sul, Índia e China. Os países europeus terão
ganhos de 10% no PIB e os EUA serão os maiores vitoriosos, com 13% do PIB.
Empresários brasileiros defendem que, diante destas negociações, o país deveria se
adiantar e fazer um acordo de livre-comércio com os EUA.”

a) (10 pontos) Como se chamam os efeitos positivos da criação de um acordo de


livre-comércio entre EUA e UE sobre àquelas economias? Como se chamam os
efeitos negativos da criação de um acordo de livre-comércio entre EUA e UE sobre
a economia brasileira e da África do Sul, Índia e China? Dê a definição de tais
efeitos positivos e negativos. Por que o Brasil “deveria se adiantar e fazer um
acordo de livre-comércio com os EUA”, conforme defendem os empresários
brasileiros?

b) Calcule o efeito líquido do acordo de livre-comércio sobre o bem-estar da UE no


setor de automóveis se sua tarifa antes do acordo era de 100%, e os preços
médios dos automóveis que a UE podia importar dos EUA e do Japão eram de
US$ 30.000 e US$ 20.000, respectivamente. Antes do acordo de livre-comércio, a
produção local era de 100 unidades por ano e as importações de automóveis do
Japão eram de 5000 unidades por ano. Após o acordo de livre-comércio, as
importações de automóveis passaram a ser dos EUA, aumentando para 6000
unidades por ano, sendo que a produção local caiu para 50 unidades por ano.

1a Questão – a) Efeitos positivos: criação de comércio; efeitos negativos: desvio de


comércio. Criação de comércio = troca da produção de um fornecedor ineficiente nacional
pela importação de um fornecedor mais eficiente de um país do bloco. Desvio de
comércio = troca da importação de um fornecedor eficiente não membro do bloco pela
importação de um fornecedor menos eficiente de um país do bloco. O Brasil sofre com o
desvio de comércio da criação da ALC entre UE e EUA (perde exportações para a UE,
que agora viriam dos EUA), de modo que se o Brasil faz um acordo para implementar
uma ALC com a UE, minimiza a perda e até mantém uma boa parte das exportações para
aquele bloco.
b) Criação líquida de comércio = área b + área d – área e
área b = 1/2(100 - 50)((20.000(1+1) - 30.000) + 1/2(6.050 - 5100)((20.000(1+1) - 30.000) –
(5.000)(30.000 – 20.000) = 250.000 + 4.750.000 –50.000.000 = - 45.000.000

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2a Questão (20 pontos) – Com relação à política comercial e seus efeitos:

a) (10 pontos) Um notebook tem um preço no mercado internacional de $20 a


unidade. A produção nacional é de 5.000 unidades e o consumo local é igual a
10.000 unidades. Com a introdução de uma tarifa para a importação de notebooks
de 20 por cento, a produção nacional aumenta em 20 por cento e o consumo local
cai em 25 por cento. Qual é o efeito quantitativo da introdução da tarifa sobre o
bem-estar das partes interessadas, e sobre o bem-estar do país como um todo?

b) (10 pontos) Se foi decidido que a proteção deve ser dada a um dado setor, os
representantes daquele setor geralmente preferem quotas e os analistas
econômicos em geral defendem tarifas. Do ponto de vista do bem-estar do país,
qual dos dois grupos tem razão? Por quê?

2a Questão – a) Bem estar consumidores: - (área a + área b + área c + área d) = -


(1/2(6000 + 5000)(4) + 1/2(1000)(4) + 1500(4) + ½(2500)(4) ) = - 35.000
Bem estar produtores: + (área a) = 1/2(6000 + 5000)(4) = + 22.000
Bem estar governo: + (área c) = 1500(4) = + 6000
Bem estar do país: - (área b + área d) = - (1/2(1000)(4) + ½(2500)(4)) = - 7.000
b) Os representantes do setor preferem quotas pois estas os protegem quantitativamente
das importações tendo um efeito de aumentar os preços do produto internamente. Já os
analistas econômicos defendem as tarifas porque, além de o fato de estas serem mais
transparentes, os analistas sabem (e apontam) os efeitos negativos maiores sobre o bem
estar do que as tarifas: embora sejam equivalentes do ponto de vista da proteção (efeito
quantitativo e aumento dos preços), as quotas têm um efeito adicional de perda de bem-
estar para o governo (que não recolhe receita tarifária), que não está presente na tarifa
(pois neste caso o governo recolhe receita tarifária).

3a Questão (20 pontos) – Com relação às teorias modernas do comércio internacional:

a) (10 pontos) O que é comércio intra-indústria e o que é comércio inter-indústria?


Explique como funciona o índice que avalia quão significativo é o comércio intra-
indústria entre dois países.

b) (10 pontos) Resuma em algumas frases a Teoria do Ciclo do Produto e seus


estágios. Quais produtos poderiam ser exemplos de bens que atualmente estão
passando ou passaram pelos vários estágios esboçados por esta teoria?

3a Questão – a) comércio intra-indústria: comércio entre produtos diferenciados dentro do


mesmo setor; comércio inter-indústria: comércio entre produtos de diferentes setores. O
principal índice de comércio intra-indústria é o Índice de Grubel-Lloyd (IGL), nos dá a
participação do comércio intra-indústria no comércio total do setor. Quanto mais próximo
de 100% for o IGL, mais significativo é o comércio intra-indústria naquele setor. De fato,
se o IGL estiver entre 70% e 100%, predomina o comércio intra-indústria entre dois
países em um determinado setor.
b) A Teoria do Ciclo do Produto foca no papel da inovação tecnológica como determinante
do padrão de comércio de produtos industrializados. Vernon (1966) observou que os bens
manufaturados passam por ciclos comerciais bem previsíveis. Durante o ciclo de vida de
um bem manufaturado, este passa por estágios: i) O bem manufaturado é produzido e
lançado no mercado local, como uma inovação tecnológica, que dá à empresa a liderança
de mercado; ii) bem manufaturado começa a ser exportado para mercados com demanda,

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gostos e níveis de renda semelhantes, o que reforça a liderança de mercado à empresa;
iii) O bem manufaturado começa a ser produzido no exterior através de investimento
direto externo, aproveitando vantagens de localização. Porém, a liderança começa a ser
questionada, uma vez que o produto começa a ficar maduro e tecnologia de produção
começa a se tornar mais difundida; iv) a empresa começa a perder vantagem competitiva,
uma vez que empresas no exterior conseguem reproduzir o bem manufaturado com
vantagens de custos através da imitação, o lucro declina e a empresa começa a perder a
liderança; v) a empresa começa a sofre concorrência das importações de imitadores no
mercado mundial, uma vez que o produto padronizado se torna padronizado e facilmente
copiável, tendo a empresa perdido a vantagem da inovação tecnológica; a liderança e o
lucro se tornam seriamente ameaçados. Exemplos: celulares: passaram pelas cinco fase,
tendo a finlandesa Nokia iniciado com a vantagem da inovação tecnológica, que foi
perdida à medida que concorrentes como Motorola, LG e Samsung copiaram e até
superaram o produto original. Em um ciclo atualidado do produto (smart phone), as
coreanas LG e Samsung saíram na frente na inovação tecnológica.

4a Questão (20 pontos) – Com relação às teorias neoclássicas do comércio internacional:

a) (10 pontos) Se a razão capital/trabalho para a Bélgica é mais elevada do que para
a França, que tipo de produtos a Bélgica poderia exportar para a França, e poderia
importar da França?

b) (10 pontos) O que você espera acontecer com os salários e com os juros na
Bélgica e na França à medida que o comércio ocorra entre os dois países? Quais
grupos são mais afetados pelo comércio na Bélgica e na França?

4a Questão – a) Se a razão K/L é maior para a Bélgica em termos relativos à França,


então ela poderá exportar para a França produtos intensivos no uso de capital e poderá
importar produtos intensivos no uso de trabalho.
b) Se a razão K/L é maior para a Bélgica em termos relativos à França, então os juros são
relativamente mais baixos e os salários são relativamente mais altos do que na França, e
o oposto ocorre na França. Assim, com o aumento do comércio entre os dois países, a
tendência é que os juros aumentem e os salários caiam na Bélgica, e o oposto ocorreria
na França. È de se esperar assim que os grupos mais afetados na Bélgica sejam os
assalariados, e na França sejam os detentores do capital.

5a Questão (20 pontos) – Com relação às teorias clássicas do comércio internacional:

a) (10 pontos) Os salários no país B são, em média, cinco vezes maiores que os
salários no país A. A produtividade do trabalho (isto é, o número de horas para se
produzir um produto) na produção de quatro produtos, K, X, Y e Z é igual a 5, 5, 4 e
10 no país B e 20, 40, 40 e 30 no país A. Descreva o padrão de comércio
internacional entre o país A e o país B para os quatro produtos.

b) (10 pontos) Baseado na tabela abaixo, em quais setores o Brasil tem vantagem
comparativa com relação à Argentina? Por quê?

5a Questão – a) wB / wA = 5. O país B se especializa nos produtos em que:


aAproduto / aBproduto > wB / wA; país A se especializa nos produtos em que a Aproduto / aBproduto <
wB / wA. Assim, aAK / aBK = 4; aAX / aBX = 8; aAY / aBY = 10; aAZ / aBZ = 3; Assim o país A
exporta os produtos K e Z e importa os produtos X e Y. Já o país B exporta os produtos X
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e Y e importa os produtos K e Z.
b) O Brasil tem vantagem comparativa com relação à Argentina nos setores em que o
IVCR é maior que zero, portanto nos setores de minérios (código SH=26), ferro e aço
(código SH=72), reatores (código SH=84) e máquinas elétricas (código SH=85).

Tabela 1: Comércio Internacional do Brasil com a Argentina, IGL e IVCR, 2012

Cód. IGL IVCR


SH Descrição do Capítulo Exp. 2012 Imp. 2012 2012 2012
02 CARNES E MIUDEZAS,COMESTIVEIS 78.848.185 98.851.771 0,89 -0,19

03 PEIXES E CRUSTACEOS,MOLUSCOS 1.669.284 106.415.553 0,03 -0,89

04 LEITE E LATICINIOS,OVOS DE AVES,MEL NATURAL,ETC. 2.049.002 287.217.200 0,01 -2,41

10 CEREAIS 11.821.143 1.607.088.934 0,01 -13,50

12 SEMENTES E FRUTOS OLEAGINOSOS,GRAOS,SEMENTES,ETC. 5.045.827 18.484.942 0,43 -0,12

25 SAL,ENXOFRE,TERRAS E PEDRAS,GESSO,CAL E CIMENTO 17.105.923 38.769.956 0,61 -0,19

26 MINERIOS,ESCORIAS E CINZAS 823.763.734 10.569 0,00 6,75

27 COMBUSTIVEIS MINERAIS,OLEOS MINERAIS,ETC. 674.226.761 1.320.247.358 0,68 -5,65

72 FERRO FUNDIDO,FERRO E ACO 805.344.895 196.026.899 0,39 4,94

84 REATORES NUCLEARES,CALDEIRAS,MAQUINAS,ETC., 1.821.578.579 572.892.309 0,48 10,09

85 MAQUINAS,APARELHOS E MATERIAL ELETRICOS, ,ETC 1.017.389.225 149.514.419 0,26 7,08

87 VEICULOS AUTOMOVEIS,TRATORES,ETC.SUAS PARTES 6.938.676.990 7.420.219.393 0,97 -5,91

Totais: - 12.197.519.548 11.815.739.303 - -

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