Economia Internacional

Primeira Prova (P1) – 21/05/2019

RESPONDA A TODAS QUESTÕES NA FOLHA DE RESPOSTAS

1a Questão (25 pontos) – Para um país A, temos dois produtos, C e D, e dois fatores
utilizados na produção, K e L (capital e trabalho, respectivamente). A tecnologia
disponível para a produção de C e D é tal que: a KC = 6; aLC = 2; aKD = 8; aLD = 4. Os
salários e os juros são w e r, respectivamente, e o estoque de capital e de trabalho, são
380 e 180, respectivamente.
a) (5 pontos) Qual produto é mais intensivo no uso de capital? Justifique.

b) (5 pontos) Se tivermos um outro país B, onde o estoque de capital e trabalho é 500 e

200, respectivamente, ele será mais abundante ou mais escasso em capital em relação
ao país A? Justifique.

c) (10 pontos) Se os dois países forem submetidos ao livre comércio, qual o padrão de
comércio entre os países A e B? Explique também o que aconteceu em cada país com os
salários e com os juros.

d) (5 pontos) O que acontece com o padrão de comércio internacional do item c) se a

oferta de mão de obra no país A aumenta para 720? Justifique.

1a Questão – a) Como aKC / aLC = 6/2 = 3 é maior que aKD / aLD = 8/4 = 2, o produto C é
relativamente mais intensivo no uso de capital do que o produto D.
b) Temos que K/L (país A) = 380/180 = 2,1, e K/L (país B) = 500/200 = 2,5. Como K/L
(país A) é menor que K/L (país B), o país B será relativamente mais abundante em capital
em relação ao país A.
c) Se os dois países forem submetidos ao livre comércio, como o país B é relativamente
mais abundante em capital em relação ao país A, ele irá exportar o produto relativamente
mais intensivo no uso de capital, isto é, o produto C, e irá importar o outro produto, isto é,
o produto D. Como o país A é relativamente mais abundante em trabalho em relação ao
país B, ele irá exportar o produto relativamente mais intensivo no uso de trabalho, isto é, o
produto D, e irá importar o outro produto, isto é, o produto C.
Com relação aos salários e juros em cada país, no país A, que exporta o produto
intensivo no uso de trabalho, o retorno do trabalho, isto é, os salários, irão aumentar,
enquanto os juros irão diminuir. No país B, que exporta o produto intensivo no uso de
capital, o retorno do capital, isto é, os juros, irão aumentar, enquanto os salários irão
diminuir.
d) Se a oferta de mão de obra no país A aumenta para 720, temos que K/L (país A) =
380/720 = 0,525. K/L (país A) ainda é menor que K/L (país B), e o país B continuará
sendo relativamente mais abundante em capital em relação ao país A, e padrão de
comércio não mudará, só se aprofundará ainda mais.

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2a Questão (25 pontos) – Suponha que em Portugal o custo laboral unitário para a
produção de vinho seja igual a 5 horas de trabalho e o mesmo custo para a produção de
tecido seja igual a 5 horas de trabalho. Na Inglaterra, estes mesmos custos são iguais a 4
horas de trabalho e 1 hora de trabalho, respectivamente (foi este o exemplo usado, com
exceção dos números, por David Ricardo para ilustrar o princípio das vantagens
comparativas).
a) (5 pontos) Se ambos países forem submetidos ao livre comércio, qual é o padrão de
comércio entre os dois países? Explique.

b) (10 pontos) Suponha que a relação entre os salários da Inglaterra e de Portugal é igual
a 2, e que agora temos, além de vinho e tecido, três novos produtos, bananas, açúcar e
café. Se as produtividades do trabalho na produção destes três produtos forem igual a 8,
6 e 3 em Portugal, e 8, 2 e 6 na Inglaterra, descreva o novo padrão de comércio entre
Inglaterra e Portugal. Explique.

c) (10 pontos) Se em 2006 as exportações de automóveis da Inglaterra para Portugal e

para todos os países foram de US$4 bilhões e US$70 bilhões, respectivamente, e as
exportações totais da Inglaterra para Portugal e para todos os países foram de US$20
bilhões e US$700 bilhões, respectivamente, mostre se a Inglaterra tem vantagem
comparativa revelada na exportação de automóveis para Portugal naquele ano.

2a Questão – a) Temos que CVT (Portugal) = aPORVINHO / aPORTECIDO = 5/5 = 1. Temos

também que CVT (Inglaterra) = aINGVINHO / aINGTECIDO = 4/1 = 4. Se Portugal e Inglaterra
forem submetidos ao livre comércio, como CVT (Portugal) é menor que CVT (Inglaterra),
temos que Portugal exportará vinho e importará tecido, e a Inglaterra exportará tecido e
importará vinho.
b) Temos que wING / wPOR = 2; note que a Inglaterra se especializará nos produtos em que
aPORproduto / aINGproduto > wING / wPOR. Já Portugal se especializará nos produtos em que
aPORproduto / aINGproduto < wING / wPOR :
aPORBANANA / aINGBANANA = 8/8 = 1; aPORAÇÚCAR / aINGAÇÚCAR = 6/2 = 3; aPORCAFÉ / aINGCAFÉ =
3/6 = 0,5; aPORVINHO / aINGVINHO = 5/4 = 1,25; e aPORTECIDO / aINGTECIDO = 5/1 = 5. Assim,
Portugal exportará vinho, banana e café, e importará tecidos e açúcar. Já a Inglaterra
exportará tecidos e açúcar, e importará vinho, banana e café.
c) IVCR = 4/20 / 7/70 = 2, portanto a Inglaterra tem vantagem comparativa revelada na
exportação de automóveis para Portugal naquele ano.

3a Questão (25 pontos) – Com relação à política comercial e seus efeitos:

a) (10 pontos) Quais as principais diferenças (em termos de objetivos de

desenvolvimento econômico) entre a prática recente da política comercial dos
países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento?

b) (15 pontos) Nas últimas décadas, as barreiras comerciais não tarifárias ganharam
importância como dispositivos protecionistas. Quais são as principais barreiras
comerciais não tarifárias? Explique resumidamente e exemplifique cada uma delas.

a) Os países em desenvolvimento, por estar em um estágio de desenvolvimento

econômico diferente dos países desenvolvidos, têm objetivos de desenvolvimento
econômico diferentes destes últimos. Enquanto o primeiro grupo de países tem como

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objetivos o desenvolvimento da indústria manufatureira, a promoção do crescimento
econômico rápido e a diminuição das desigualdades, o segundo grupo de países tem
como objetivos a melhora da competitividade de seus produtos, a promoção do
desenvolvimento dos setores de alta tecnologia e a proteção de seus setores não
competitivos. Conseqüentemente, as políticas comerciais de suporte às políticas de
desenvolvimento econômico são diferentes. Os países em desenvolvimento têm usado
instrumentos de proteção comercial (como tarifas altas e quotas) aos setores
manufatureiros (aliado a metas de exportação e qualidade dos produtos e políticas
industriais, no caso de alguns países) e subsídios à produção agrícola e à educação para
diminuir as desigualdades. Já os países desenvolvidos têm utilizado de instrumentos
como P&D conjunta (governo-empresas) e compras governamentais nos casos da
melhora da competitividade de seus produtos e da promoção do desenvolvimento dos
setores de alta tecnologia, e o uso de subsídios à produção e à exportação no caso da
proteção de seus setores menos competitivos como agricultura e siderurgia.

b) Quotas de importação; Restrições Voluntária às Exportações (RVEs); Subsídios às

exportações; Necessidade de requisitos locais; Compras governamentais locais; Crédito
subsidiado às exportações; Barreiras burocráticas. Exemplos...

4a Questão (25 pontos) – Suponha que o preço de um bem sob o livre comércio é igual a
$100 e que uma tarifa ad valorem de 10% seja imposta. Como resultado, a produção
doméstica em um país pequeno aumenta de 2 mil unidades para 2300 unidades e as
importações caem de 600 para 200 unidades. Calcule os efeitos sobre o bem estar da
sociedade da imposição daquela tarifa. Quem perde e quem ganha com a aplicação da
tarifa? Qual o tamanho da quota equivalente àquela tarifa? Explique. Por que a cota é pior
que a tarifa? Explique.

4ª Questão – Bem estar consumidores: - (área a + área b + área c + área d) = -

(1/2(2000 + 2300)(10) + 1/2(300)(10) + 200(10) + ½(100)(10) ) = - 24.500
Bem estar produtores: + (área a) = 1/2(2000 + 2300)(10) = + 21.500
Bem estar governo: + (área c) = 200(10) = + 2000
Bem estar do país: - (área b + área d) = - (1/2(300)(10) + ½(100)(10)) = - 2.000
a cota equivalente seria aquela que faria a quantidade igual àquela induzida a um preço
somado ao valor da tarifa, isto é, Q=+200 unidades. A cota resulta em maior perda de
bem-estar para a economia do país, uma tarifa de importação equivalente. Na tarifa temos
um ganho de receita para o governo, além de ganho de bem estar do produtor e perda de
bem estar do consumidor. Na cota, temos o mesmo ganho de bem estar do produtor e
perda de bem estar do consumidor, porém sem o ganho de receita do governo.