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Os valores do Reino de Deus

A relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo

Lição 9 : Orando e jejuando como Jesus ensinou

TEXTO ÁUREO

“[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a

obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo

sobre eles as mãos, os despediram.”(At 13.2,3).

VERDADE PRÁTICA

A oração e o jejum são disciplinas espirituais que potencializam

sensivelmente a vida piedosa do crente.

LEITURA DIÁRIA

Quarta— 1Rs 8.47; Ne 1.6; Dn 9.3-15

A oração em forma de verdadeira confssão

Quinta — Sl 45.1,8; Mt 14.33; Ap 4.11

A oração em forma de verdadeira adoração


Sexta — Êx 15.20,21; 2Sm 23.1-7

A oração em forma de verdadeiras ações de graças

Sábado — Mt 6.5,6

A oração do cristão deve ser humilde e discreta

Domingo — Lc 2.37; At 13.2,3

Oração e Jejum: uma combinação divina

Segunda — 2Co 6.5; 11.27

O jejum como um ato deliberado e voluntário

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Mateus 6.5-18.

5 — E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se

comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas,

para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já

receberam o seu galardão.

6 — Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua

porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que

está oculto, te recompensará.


7 — E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que

pensam que, por muito falarem, serão ouvidos.

8 — Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que

vos é necessário antes de vós lho pedirdes.

9 — Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,

santificado seja o teu nome.

10 — Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra

como no céu.

11 — O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

12 — Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos

nossos devedores.

13 — E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu

é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!

14 — Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também

vosso Pai celestial vos perdoará a vós.

15 — Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas,

também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.

16 — E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os

hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça

que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

17 — Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,

18 — para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai,

que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.

INTRODUÇÃO
Nesta lição, aprenderemos acerca da oração conforme ensinada

por Jesus Cristo, bem como as lições espirituais do jejum. O Divino

Salvador nos assegura que, orando e jejuando ao Pai em secreto, Ele

não estará indiferente às aspirações da alma, isto é, às nossas

orações. Contudo, é imprescindível que a oração e o jejum sejam

realizados da maneira que Jesus ensinou. Por isso, estudaremos o

modelo verdadeiro de oração e jejum ensinado pelo Senhor Jesus no

Sermão do Monte.

I. A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1. A natureza da oração. Podemos dizer que a oração é o

diálogo da alma com Deus, a qual aparece na Bíblia Sagrada em

diversas formas como confssão (1Rs 8.47; Ne 1.6; Dn 9.3-15),

adoração (Sl 45.1,8; Mt 14.33; Ap 4.11), comunhão (Gn 18.33; Êx

25.22; 31.18), ações de graças, feito de modo belo por Miriã (Êx

15.20,21), Débora (Jz 5) e Davi (2Sm 23.1-7). No Novo Testamento,

Paulo exortou os cristãos a fazerem sempre esse tipo de oração (Fp

4.6; Cl 4.2; Ef 5.20).

Pelo exposto, e em primeiro lugar, o que deve marcar

prioritariamente nossas orações é a busca da glorifcação do Pai (Mt

6.9). Mas também devemos pedir, suplicar e perseverar em nosso

pedido, como Daniel (Dn 6.10) e a mulher siro-fenícia fzeram (Mt

15.21-28). Há resposta de Deus para quem o busca incessantemente

(Lc 18.1-8), conforme o apóstolo Paulo nos incentiva a fazer (Ef 6.18;

1Tm 2.1,2). Finalmente, podemos ainda pontuar a oração

intercessória com o exemplo de Samuel (1Sm 12.23), bem como o da

Igreja Primitiva (At 12.5).


2. Como os homens de Deus viam a oração? A Bíblia nos

incentiva a orar porque há poder nesse maravilhoso recurso

espiritual, o qual não podemos desprezar. Logo que lemos a Bíblia,

percebemos que a oração é apresentada como uma ordem (Lc 18.1;

1Ts 5.17; 1Tm 2.8). No Antigo Testamento, por exemplo, Esdras via a

oração como um recurso mais poderoso que o exército do rei

Artaxerxes (Ed 8.21-23). No Novo Testamento, o Senhor Jesus tinha a

oração como tão necessária quanto o sono e o alimento (Mt 4.2; Lc

6.12; Mc 1.35); e os apóstolos também perseveravam em oração (At

6.4).

3. A maneira de orar. A Bíblia nos ensina que a oração tem um

interlocutor direto: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás

nos céus, santifcado seja o teu nome” (Mt 6.9). Por isso, não

podemos orar de qualquer maneira. É preciso ter a mesma atitude

dos discípulos a respeito da forma de orar: “Senhor, ensina-nos a

orar” (Lc 11.1). E a Palavra de Deus nos ensina a respeito da maneira

de orar:

a) A quem a oração dever ser dirigida? A oração deve ser dirigida

a Deus Pai em nome de seu Filho, Jesus Cristo (Ne 4.9; Jo 16.23,24).

b) A postura do corpo na oração. Não há uma exigência específca

na Bíblia a respeito da postura do crente no ato da oração, pois as

Escrituras revelam formas diversas de orar: em pé, deitado,

prostrado, assentado, andando, de joelhos, com as mãos estendidas

etc. (Is 38.2; 1Rs 8.54).

c) O horário da oração. Ter um horário regular para falar com

Deus é bíblico e bom (Sl 55.17; Dn 6.10; At 3.1), mas a Bíblia também

diz que devemos orar sempre (Lc 18.1; Ef 6.18).

d) O lugar da oração. Jesus disse que podemos orar secretamente

em nosso aposento (Mt 6.6) ou noutro lugar solitário (Mc 1.35). A


ideia é de intimidade, de momentos a sós com Deus. O apóstolo Paulo

diz que podemos orar em todo lugar (1Tm 2.8).

e) O decoro na oração. O decoro diz respeito à sinceridade,

decência e reverência no ato de orar (At 2.1,2).

f) O estado do coração na oração. Se o coração estiver

transformado e cheio da Palavra de Deus, nossa oração será ouvida

(Jo 15.7).

II. A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

1. Jesus não condenou a oração em público. No texto bíblico

em estudo, o Senhor Jesus não condenou a oração pública, visto que

pelo aspecto bíblico ela é aceitável e recomendada (2Cr 6.12-42; At

4.24-31). O que Jesus condena é a oração, quer individual, quer

coletiva, dominada pelo espírito de exibição, ostentação, cuja

intenção do “orador” é ser visto e louvado pelos homens, o que os

hipócritas fariseus buscavam (Mt 6.5; Lc 18.9-14).

Um cristão transformado por Jesus anda em sinceridade com

Cristo, não busca glória para si e age com humildade.

2. Jesus quer que sejamos discretos. As expressões “entra no

teu aposento” e “fechando a tua porta” (Mt 6.6) não signifcam que

devemos ter um quarto só para a oração. É claro que podemos fazer

de algum cômodo de nossa casa um local particular para falarmos

com o Pai. Contudo, no ensino de Cristo em Mateus 6.5,6, sua ênfase

não é o lugar, mas a atitude de quem ora. Esse lugar secreto traz o

sentido de que quem tem a mente e coração transformados orará a

Deus de modo humilde e sincero, sem buscar o aplauso dos homens.

Para o cristão, o lugar secreto é visto como especial a fm de se

afastar do mundo e estar sozinho com Deus. Ele sabe que a sua

recompensa não vem de homens, mas do Pai que está nos céus.
3. Não useis de vãs repetições nas orações. Quando a oração é

balbuciada apenas em palavras vazias perde o foco, que é Deus, e se

frma nas vãs repetições. Sobre esse assunto, Cristo novamente

combate os escribas, os quais faziam longas orações (Mc 12.40; Lc

20.47). Não é verdade que o Senhor desprezava longos períodos de

oração, pois na Bíblia encontramos esse tipo de oração (2Cr 6.14-42;

Ne 9; Sl 18); mas o que Ele contraria aqui é a atitude de alguém

achar que quanto mais fzer barulho, Deus lhe ouvirá. Esse

procedimento era peculiar dos pagãos, como bem se observa no caso

dos profetas de Baal (1Rs 18.25-29). Ora, na Bíblia encontramos

orações curtas feitas pelos homens de Deus, com verdadeiro

sentimento, e que foram respondidas prontamente, como por

exemplo: Salomão (1Rs 3.6-12); Ezequias (2Rs 19.14-20). Oração que

tem repetição, mas que não envolve futilidade, mecanicismo, tem seu

valor e é aceitável, pois assim Jesus orou (Mt 26.36-46). Quando

entregamos tudo nas mãos de Deus em oração sincera e humilde, Ele

cuida de nós.

III. ORAÇÃO E JEJUM

1. Oração e jejum: uma combinação perfeita. Em inúmeras

passagens bíblicas podemos notar que a oração e o jejum estão bem

combinados (1Sm 7.5,6; 2Cr 20.3,5; Ed 8.21-23; Ne 1.4; 9.1; Lc 2.37;

At 13.2,3). Por meio das Escrituras, podemos dizer que a oração e o

jejum são vistos como atos que revelam disciplina, autonegação e

humilhação, e mostram também dependência total de Deus em

momentos mais extremos, quando precisamos buscá-lo para resolver

um problema específco ou receber uma determinada orientação.


2. O aspecto bíblico sobre o jejum. Na Bíblia, há três eventos

que caracterizam a necessidade do jejum: o ato de humilhar-se, que,

por meio da confssão, acontecia por causa da tristeza do pecado (Dt

9.18; Jn 3.5); o da lamentação, fosse por causa de um mal sofrido,

fosse por alguma praga, uma derrota sofrida em uma batalha ou uma

ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o evento espiritual de grande

concentração de féis, como no caso do envio de missionários e a

escolha de homens para obra (At 13.2,3; 14.23).

Pela Lei Mosaica havia um jejum anual, no dia da expiação (Lv

16.29-34; Nm 29.7-11; At 27.9). Essa prática se multiplicou em

diversas formas: do nascer ao pôr do sol (Jz 20.26); jejum de sete dias

(1Sm 31.13); de três semanas (Dn 10.3); de quarenta dias (Êx

34.2,28; 1Rs 19.8); nos meses quinto e sétimo (Zc 7.5). Diante disso,

os judeus decidiram jejuar duas vezes por semana, que se tornou uma

prática degenerada por causa do orgulho, como no caso dos fariseus

(Lc 18.12). Entretanto, o Senhor Jesus não estabeleceu dias fxos

sobre o jejum. Ele jejuou de modo espontâneo, tendo como objetivo

principal estar mais preparado e sensível à missão para a qual fora

enviado pelo Pai (Mt 4.2), jamais por mera tradição.

3. O ensino de Jesus sobre o jejum. Segundo o Sermão do

Monte, entendemos que a prática do jejum é livre, um ato voluntário,

espontâneo, isso porque deve nascer do desejo genuíno da alma com

motivos especiais, quer seja diante do perigo, quer seja diante da

tristeza ou da tentação (Mt 9.14,15). No texto de Mateus 6.16-18, o

ensino do jejum também é a respeito da humildade e descrição na

prática. Para jejuar não é preciso desfgurar o rosto e ostentar

espiritualidade, pois nosso Senhor ensina: “unge a cabeça e lava o

rosto” (Mt 6.17). Assim como a oferta e a oração, o jejum não pode

ser usado para atrair os olhares humanos, pois trata-se de uma


prática piedosa diante do Pai. Toda prática verdadeiramente piedosa

busca a glória de Deus.

CONCLUSÃO

O cristão que conhece a Palavra de Deus sabe da importância da

oração e do jejum como exercícios espirituais (1Tm 4.8). Pela prática

de ambos, o crente estará mais sensível ao Espírito Santo, de modo

que sua realização traz constantes benefícios para a nossa vida

espiritual, especialmente diante de um mundo materialista e

utilitarista.

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Segundo a lição, o que é oração?

2. Por que a Bíblia nos incentiva a orar?

3. Em relação à oração, o que Jesus condena?

4. O Senhor Jesus condenou períodos longos de oração?

Justifique.

5. Cite os três eventos que justificam o jejum segundo a lição.

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