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Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 08 – SENDO VERDADEIROS - 2º TRIMESTRE 2022


(Mt 6.1-4)
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre a necessidade de sermos súditos do reino, verdadeiros em intenções e ações; destacaremos
também, os erros e perigos da falsa espiritualidade combatida pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte; e, por fim, iremos
ressaltar as características da autêntica espiritualidade evidenciada pelo discípulo de Cristo, e a sua devida recompensa.

I - O ERRO DA FALSA ESPIRITUALIDADE


Neste trecho do Sermão do Monte, o Senhor Jesus adverte contra a hipocrisia nas três principais atitudes religiosas
do judaísmo: a) dar esmolas (Mt 6.2), b) orar (Mt 6.5), e c) jejuar (Mt 6.16). Para o judeu, a esmola era um dos mais
sagrados de todos os deveres religiosos. Para alguns destes dar esmola e ser justo eram uma e a mesma coisa. No Sermão do
Monte, Jesus vai mais uma vez deixar claro que, não espera dos súditos do reino, atos puramente externos, sem essência,
desprovidos da verdadeira motivação, marcados pela hipocrisia, acentuando o perigo da falsa espiritualidade.

1.1 Definição do termo hipócrita. A palavra “hypokrites” é a palavra grega para: “alguém que interpreta num palco, ou
um ator”. diz respeito a “um ator que usa máscaras”. O termo adquiriu o significado de “responder sobre um palco,
interpretar um papel, atuar”. Desse modo, agir como hipócrita, é fingir ser o que não se é, com o intuito de enganar: “E,
trazendo-o debaixo de olho, mandaram espias que se fingiam de justos, para o apanharem em alguma palavra e o
entregarem à jurisdição e poder do governador” (Lc 20.20). Os religiosos da época de Jesus, profanavam a prática
religiosa, transformando-a em peça de teatro, chegando ao cúmulo de atrair as multidões, que aplaudiam o espetáculo
(CHAMPLIN, 2002, Vl 01, p. 319 – acréscimo nosso).

1.2 Uma advertência contra a hipocrisia. O Senhor Jesus inicia exortando: “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante
dos homens [...]” (Mt 6.1-a). O termo guardai-vos advém do grego: “prosechõ” que significa: “deter a mente, prestar
atenção a; tomar cuidado com; dar atenção, prestar atenção, acompanhar, tomar cuidado com; ser devotado a; levar em
consideração”. O fato de sermos solicitados a nos guardar indica que, assim como devemos fazer melhor que os escribas e
fariseus (Mt 5.20), evitando os pecados do coração, o adultério do coração (Mt 5.28), e o assassinato do coração (Mt 5.22),
devemos igualmente manter e seguir a justiça do coração, fazendo o que fazemos a partir de um princípio interior e vital,
para que possamos ser aprovados por Deus (Mt 5.16,20), e não para sermos aplaudidos pelos homens. Isto é, devemos vigiar
contra a hipocrisia, que era o fermento dos fariseus, bem como contra sua doutrina (Lc 12.1).

II - PERIGOS DA FALSA ESPIRITUALIDADE

2.1 Exibicionismo: “para ser visto pelos homens” (Mt 6.1-a). O termo hipócrita, conforme já vimos, refere-se à pessoa que
faz boas obras só por aparência, não por compaixão. Suas ações podem ser boas, mas seus motivos são maus. Embora os
discípulos devam ser vistos praticando boas obras (Mt 5.16), eles não devem fazê-las, como objetivo de serem vistos (2Tm
3.5).

2.2 Vangloria: “para ser honrado pelos homens” (Mt 6.2-b). O ensino que fica claro, é que os súditos do Reino não devem
realizar boas obras para glória pessoal, e sim, que glorifiquem ao Pai celestial (Mt 5.16; 1Co 10.31). A auto glorificação é
um erro frontal, para quem quer viver a ética do reino os céus (Jo 5.44), e não condiz com quem nutre a verdadeira
espiritualidade: “Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios” (Pv 27.2).

2.3 Recompensa puramente terrena: “para receber o galardão dos homens” (Mt 6.2-c). Tal como Jesus o entendia, não
pode duvidar-se que esta forma hipócrita de agir, tem em si certo tipo de recompensa. Três vezes Jesus repete a frase: “Em
verdade vos digo que eles já receberam a recompensa” (Mt 6.2,5,16). Jesus, portanto, quer dizer o seguinte: “Se você der
esmolas para demonstrar sua generosidade, você obterá a admiração de seus semelhantes, mas isso é tudo o que você
receberá como recompensa”. A força plena da afirmação de Jesus é que aquele que almeja e obtém o louvor dos homens, dá
virtualmente um recibo: “Totalmente pago”. Não haverá nenhum outro galardão aguardando por ele no céu: “[...] não tereis
galardão junto de vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6.2) e ainda, sofrerá de Deus penalidade (Mt 23.13,14).
III - CARACTERÍSTICAS DA VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE

3.1 Exerce a justiça da forma correta. Quando Jesus diz: “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o
que faz a tua direita” (Mt 6.3), quer significar que nossos motivos para boas ações, devem ser puros. É fácil dar com
motivos mistos, fazer algo em favor de alguém se for beneficiado de alguma maneira. Isso significa que é errado ofertar
abertamente? Todas as ofertas devem ser anônimas? Não necessariamente, pois os cristãos da Igreja primitiva sabiam que
Barnabé havia doado o valor recebido da venda de suas terras (At 4.34-37). Quando os membros da igreja colocavam seu
dinheiro aos pés dos apóstolos, não o faziam em segredo. É evidente que a diferença está na motivação interior. Vemos um
contraste no caso de Ananias e Safira (At 5.1-11), que tentaram usar sua oferta para mostrar aos outros uma espiritualidade
que, na verdade, nenhum dos dois possuía.

3.2 Exerce a justiça pela motivação correta. Dar esmolas aos pobres, orar e jejuar eram disciplinas importantes para o
judaísmo. Jesus não condenou essas práticas, mas advertiu que era preciso ter uma atitude interior correta ao realizá-las. Os
fariseus usavam as esmolas como forma de obter o favor de Deus e a atenção dos homens, duas motivações erradas. Não há
oferta, por mais generosa que seja, capaz de comprar a salvação, pois a salvação é um presente de Deus (Ef 2.8,9). Jesus diz
que devemos revisar nossos motivos quanto a: a) generosidade (Mt 6.4), b) oração (Mt 6.6) e c) jejum (Mt 6.18). Não deve
ser motivado pela popularidade e pelo aplauso vazio da multidão. Procuremos agradar a Deus, e desejarmos fervorosamente
sua aprovação e certamente receberemos tesouros no céu (Mt 5.12; Lc 14.14).

3.3 Exerce a justiça com o propósito certo. É tolice viver em função do reconhecimento humano, pois a glória do homem
não dura muito tempo: “Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e
caiu a sua flor” (1Pd 1.24). O que importa é a glória e o louvor de Deus! É muito fácil dar por reconhecimento e louvor.
Para nos assegurar de que nossos motivos não são egoístas devêssemos realizar nossas boas obras quieta e silenciosamente,
sem esperar recompensa (Cl 3.22,23). Estas obras não devem ser egocêntricas, a não ser teocêntricas, e não para nos fazer
luzir bem, a não ser para fazer a Deus luzir bem. Jesus não disse que não deveríamos deixar que alguém visse as nossas boas
obras. Ele já havia admoestado os seus discípulos: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). É com o propósito que ele está lidando aqui,
devemos buscar a glória de Deus, não a nossa própria (Rm 11.36).

3.4 Não exerce a misericórdia por ostentação. O verbo “ostentar” significa: “mostra-se; exibir-se com aparato; alardear”
(HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude
(Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos
necessitados da igreja (At 4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés dos apóstolos (At
5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi
inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At 5.9,10).
3.5 É devidamente recompensada. O Senhor Jesus deixa claro que, quando as boas obras são realizadas pelas razões certas,
ainda que não vista pelos homens, serão devidamente recompensadas: “Mas, quando tu deres esmola [...] teu pai, que vê em
secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6.3,4). Há promessa de retribuição para os que vivem uma vida justa e piedosa,
diante de Deus e dos homens e por tudo que realizam para a glória de Deus (Mt 10.41,42; 16.27; Mc 9.41), como afirma o
Senhor: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).

CONCLUSÃO
A sinceridade de coração é uma marca distintiva do autêntico discípulo de Cristo, sendo necessário este ser verdadeiro, no
que diz respeito às suas intenções, bem como às suas práticas ou ações religiosas.

REFERÊNCIAS
• ADEYEMO, Tokunboh. et al. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
• BARCLAY, William. Comentário do Evangelho de Mateus.
• EARLE, Ralph. Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol 6. CPAD.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
• GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: A relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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