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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n9-042
Recebimento dos
originais: 02/08/2021
Aceitação para
publicação: 02/09/2021
Janayna Souza
Doutora em Educação; Professora Adjunta da Universidade
Federal de Alagoas/Campus Arapiraca/Unidade Educacional
Penedo, coordenadora do Grupo de Estudos em Educação
Cognitiva, Interação e Aprendizagem, vinculado ao Grupo de
Pesquisa Educação, Currículos e Diversidades (CNPq/UFAL).
Endereço: Av. Beira Rio, s/n – Centro Histórico, cep:
57200-000, Penedo – AL. E-mail:
souzajanaynapaula@gmail.com
RESUMO
Apesar de termos as leis que defendem a inclusão como direito de
todas as pessoas com deficiência, ainda existe a visão capacitista
que define as pessoas com deficiência como sendo menos aptas
ou até mesmo incapazes de gerir a própria vida. Dessa forma, o
principal objetivo deste trabalho é compreender porque o
capacitismo ainda persiste em ambiente escolar e impede a
formação científica do estudante com deficiência. A metodologia
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ABSTRACT
Despite the laws that defend inclusion as a right for all people
with disabilities, there is still a capacitating vision that defines
people with disabilities as less able or even unable to manage
their own lives. Thus, the main goal of this paper is to understand
why capacitism still persists in the school environment and
hinders the scientific education of students with disabilities. The
methodology used was a qualitative and bibliographic study. This
research was theoretically based through inclusive pedagogy,
essentially,
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A prática do ensino de Ciências, dentro de um contexto
social capitalista e conservador, se caracteriza como limitada a
apresentação de conteúdos científicos fragmentados e
desvinculados das vivências dos alunos. Essa condição do ensino
se propagou durante muito tempo e se faz presente, inclusive,
atualmente.
Com as transformações políticas que ocorrem com o passar
dos anos, surge a expansão do ensino público visando, além da
formação de cientistas, a formação de cidadãos a partir da
possibilidade de usar os conhecimentos científicos para fazer
conexões com os aspectos políticos, econômicos e culturais
presentes na sociedade e relevante para a vida de cada sujeito
(KRASILCHIK, 2000).
Essa perspectiva de ensino de Ciências segue as trilhas da
Alfabetização Científica, caminhos que levam a prática do ensino
por investigação e da argumentação em sala de aula e para além
dos muros da escola. Nesse sentido, Sasseron (2015, p. 52) afirma
que o ensino de Ciências tendo como objetivo a Alfabetização
Científica tem a função de oportunizar às pessoas a possibilidade
de construção de entendimento sobre o mundo e seus fenômenos,
para que se tornem aptas a interagir e participar com autonomia e
criticidade dos acontecimentos sociais que a cercam.
É certo que existem desafios na construção de aulas que
contemplem a Alfabetização Científica, pois exige dos
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2.1 O
CAPACITISMO NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
O olhar social para as pessoas com deficiência sempre foi
marcado com traços de preconceitos, sobretudo quando a
abordagem médico-terapêutica predominava. Segundo Diniz e et
al (2009, p. 66) essa abordagem “sustenta que há uma relação de
causalidade e dependência entre os impedimentos corporais e as
desvantagens sociais vivenciadas pelas pessoas com deficiência”,
um pensamento contestado pela visão social da deficiência, na
qual as causas das desigualdades têm raízes num ambiente não
acessível. Dessa forma, não é um corpo com impedimento que
gera a exclusão, são as barreias sociais e arquitetônicas que
impedem a participação plena e efetiva das pessoas, uma vez que
o grau de interação da pessoa com deficiência com o ambiente
difere a depender do nível de acessibilidade social presente nos
ambientes (DINIZ e et al, 2009).
Todas essas situações de preconceito e negação dos direitos
das pessoas com deficiência representam atitudes que constituem
o capacitismo, que de acordo com Marchesan e Carpenedo (2021,
p. 50) “é uma forma de preconceito, de discriminação contra a
pessoa com deficiência, faz parte da sociedade e envolve as
capacidades que uma pessoa possui ou não (...) o imaginário traz
à tona que essas pessoas não são capazes simplesmente por terem
uma deficiência.” E apesar de existirem leis que defendem a
inclusão como direito de todas as pessoas com deficiência, essa
visão capacitista define as pessoas com deficiência como sendo
menos aptas ou até mesmo incapazes de gerir a própria vida, se
perpetua a cada dia em situações de constrangimento e
humilhação devido a presença da deficiência.
O capacitismo nasce de uma perspectiva pré-concebida e
limitante, e carrega consigo pensamentos preconceituosos
construídos socialmente ao longo do tempo, que atingem todas as
instâncias da vida e se reproduzem na sociedade de modo a
definir as pessoas com deficiência como incapacitadas, limitadas
(MARCHESAN; CARPENEDO, 2021, p. 54)
No âmbito escolar, essas limitações e incapacidades trazidas
pelo conceito capacitista são reproduzidas muitas vezes tanto
pelos alunos típicos como pelos professores e comunidade escolar
em geral. Exemplo disso é a não valorização dos princípios de
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4 METODOLOGIA
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo dos desafios enfrentados pelos professores das
disciplinas de Ciências nas tentativas de alfabetizar
cientificamente o aluno com deficiência, os resultados
encontrados nesta pesquisa, expõem ser evidente que essas
dificuldades se originam especialmente na ausência da efetivação
de políticas públicas voltadas para a formação docente, inicial e
continuada, bem como todas as ações necessárias para tornar as
escolas um ambiente acessível.
Os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que as
buscas nos documentos selecionados, nos possibilitaram
compreender como se caracterizam o ambiente escolar e a
presença do aluno com deficiência num espaço marcado pelo
capacitismo e a maneira como esses aspectos influenciam na
aprendizagem científica desses alunos, bem como as
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REFERÊNCIAS