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Brazilian Journal of Development 1

ISSN: 2525-8761

Capacitismo no ambiente escolar: implicações para


alfabetização científica do estudante com deficiência

Empowerment in the school environment: implications for


scientific literacy of students with disabilities

DOI:10.34117/bjdv7n9-042

Recebimento dos
originais: 02/08/2021
Aceitação para
publicação: 02/09/2021

Natanniele Felício dos Santos


Graduanda do curso de licenciatura em Ciências Biológicas, da
Universidade Federal de Alagoas/Campus Arapiraca/Unidade
Educacional Penedo e integrante do Grupo de Estudos em
Educação Cognitiva, Interação e Aprendizagem.
Endereço: Av. Beira Rio, s/n – Centro Histórico, cep:
57200-000, Penedo – AL. E-mail: natanniele@hotmail.com

Janayna Souza
Doutora em Educação; Professora Adjunta da Universidade
Federal de Alagoas/Campus Arapiraca/Unidade Educacional
Penedo, coordenadora do Grupo de Estudos em Educação
Cognitiva, Interação e Aprendizagem, vinculado ao Grupo de
Pesquisa Educação, Currículos e Diversidades (CNPq/UFAL).
Endereço: Av. Beira Rio, s/n – Centro Histórico, cep:
57200-000, Penedo – AL. E-mail:
souzajanaynapaula@gmail.com

RESUMO
Apesar de termos as leis que defendem a inclusão como direito de
todas as pessoas com deficiência, ainda existe a visão capacitista
que define as pessoas com deficiência como sendo menos aptas
ou até mesmo incapazes de gerir a própria vida. Dessa forma, o
principal objetivo deste trabalho é compreender porque o
capacitismo ainda persiste em ambiente escolar e impede a
formação científica do estudante com deficiência. A metodologia
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utilizada foi por meio de um estudo qualitativo e bibliográfico.


Essa pesquisa fundamentou-se teoricamente através da pedagogia
inclusiva, essencialmente, a partir de Mantoan (2015), e da
Alfabetização Científica, seguindo Sasseron (2008). O principal
resultado foi que os licenciandos das áreas de Ciências (Ciências
Biológicas, Física, Matemática e Química) precisam ser inseridos
no processo de pensar sobre a inclusão escolar dentro de um
espaço que haja reflexões acerca da formação da consciência
cidadã de todos os sujeitos, sendo essencial que o professor não
seja multiplicador do discurso capacitista que enaltece a exclusão
dentro e fora da escola.

Palavras-Chave: Educação Inclusiva, Ensino de Ciências,


Alfabetização Científica.

ABSTRACT
Despite the laws that defend inclusion as a right for all people
with disabilities, there is still a capacitating vision that defines
people with disabilities as less able or even unable to manage
their own lives. Thus, the main goal of this paper is to understand
why capacitism still persists in the school environment and
hinders the scientific education of students with disabilities. The
methodology used was a qualitative and bibliographic study. This
research was theoretically based through inclusive pedagogy,
essentially,

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from Mantoan (2015), and Scientific Literacy, following Sasseron


(2008). The main result was that undergraduates in the areas of
Science (Biological Sciences, Physics, Mathematics and
Chemistry) need to be inserted in the process of thinking about
school inclusion within a space where there are reflections on the
formation of citizen awareness of all subjects, being essential that
the teacher is not a multiplier of the capacitating discourse that
praises the exclusion inside and outside of school.

Keywords: Inclusive Education, Science Teaching, Scientific


Literacy.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A prática do ensino de Ciências, dentro de um contexto
social capitalista e conservador, se caracteriza como limitada a
apresentação de conteúdos científicos fragmentados e
desvinculados das vivências dos alunos. Essa condição do ensino
se propagou durante muito tempo e se faz presente, inclusive,
atualmente.
Com as transformações políticas que ocorrem com o passar
dos anos, surge a expansão do ensino público visando, além da
formação de cientistas, a formação de cidadãos a partir da
possibilidade de usar os conhecimentos científicos para fazer
conexões com os aspectos políticos, econômicos e culturais
presentes na sociedade e relevante para a vida de cada sujeito
(KRASILCHIK, 2000).
Essa perspectiva de ensino de Ciências segue as trilhas da
Alfabetização Científica, caminhos que levam a prática do ensino
por investigação e da argumentação em sala de aula e para além
dos muros da escola. Nesse sentido, Sasseron (2015, p. 52) afirma
que o ensino de Ciências tendo como objetivo a Alfabetização
Científica tem a função de oportunizar às pessoas a possibilidade
de construção de entendimento sobre o mundo e seus fenômenos,
para que se tornem aptas a interagir e participar com autonomia e
criticidade dos acontecimentos sociais que a cercam.
É certo que existem desafios na construção de aulas que
contemplem a Alfabetização Científica, pois exige dos
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professores habilidades de condução e instrução, sendo mediador


desse processo. Quando nos referimos ao processo de alfabetizar
cientificamente os alunos com deficiência os desafios são
intensificados, isso acontece porque um aluno com deficiência
incluso numa sala comum desafia o professor a repensar as suas
práticas pedagógicas e elaborar estratégias diferentes das que ele
vem desenvolvendo.
Além das dificuldades de levar o ensino científico de
qualidade para a sala de aula através da articulação dos
conhecimentos pedagógicos e científicos em diferente

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situações e contextos (SCARPAS; CAMPOS, 2018, p. 33), há a


forte presença e aprofundamento do capacitismo, que fere a
dignidade do aluno com deficiência.
De maneira geral, pode-se definir capacitismo, de acordo
com Marchesan e Carpenedo (2021, p. 49) como atitudes que
expressam discriminação e preconceito referente às pessoas com
deficiênciasurgiu numa cultura que nega as diferenças e é
marcada por exaltar as características de aptidão ao modo de
produção do mundo industrializado exigido por classes
dominantes, visando atender interesses políticos e sobretudo
econômicos. A cultura capacitista se dissemina por todos os
âmbitos sociais e se faz presente em qualquer instância da vida
das pessoas com deficiência.
Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho é
compreender porque o capacitismo ainda persiste em ambiente
escolar e impede a formação científica do aluno com deficiência.
A metodologia utilizada foi por meio de um estudo
qualitativo e bibliográfico. Essa pesquisa fundamentou-se
teoricamente através da pedagogia inclusiva, essencialmente, a
partir de Mantoan, e da Alfabetização Científica.
A escolha do tema dessa pesquisa se relaciona com a
necessidade de entender o cenário no qual as condições de
exclusão presentes no ensino de Ciências não contempla a
Alfabetização Científica dos alunos público-alvo da Educação
Especial. A dificuldade em encontrar estudos que apresentem uma
discussão para solucionar os problemas da inclusão escolar sob a
ótica da Alfabetização Científica, tendo em vista que o tema em
questão é relativamente novo, nos mostra que ainda há um
caminho a ser construído em busca da formação científica dos
alunos com deficiência.
Buscar respostas para entender a interferência do
capacistismo no ensino de Ciências, exibido pelas dificuldades de
alfabetizar cientificamente o aluno com deficiência através das
aulas de Ciências Naturais e Biologia, é de suma relevância para o
processo de formação como futura docente, visto que o professor
tem o papel de encurtar a distância entre a Ciência e a realidade
do aluno. O ensino de Ciência inclusivo e na perspectiva da
Alfabetização Científica tem o potencial de promover a formação
científica do aluno com deficiência para a atuação na sociedade
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como cidadão ativo, exalta a importância social de estudos nessa


área, de modo a fortalecer a luta contra a propagação do
capacitismo e a importância de ensinar Ciências para a formação
cidadã de todas as pessoas.
O texto é organizado em cinco seções: num primeiro
momento abordamos discussões entre o capacitismo e a
educação inclusiva; a segunda seção envolve uma

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discussão sobre as possibilidades de inclusão escolar nas


perspectivas da Alfabetização Científica; seguindo numa
apresentação da metodologia utilizada na pesquisa; na quarta
seção exibimos as discussões dos resultados encontrados acerca
da ensino de Ciências visando alfabetizar cientificamente os
alunos com deficiência; e, por fim, apresentamos as considerações
finais.

2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O CAPACITISMO


A educação de pessoas com deficiência vem buscando
encontrar espaços para a construção de um entendimento social
sobre os direitos que as pessoas com deficiência têm de acesso à
educação. As concepções de pessoas com deficiência e a posição
que esse público tem ocupado historicamente é resultado de uma
prática social que se baseia nos acontecimentos difundido pelas
classes representantes.
A busca por um espaço com direito de igualdade parte de
um cenário completamente marcado por exclusão, entre os anos
de 1854 e 1956 nascem, no Brasil, as primeiras tentativas de
inclusão escolar (MAZZOTTA, 2003, p. 27).
Na trajetória em busca da inclusão escolar das pessoas com
deficiência, na maioria dos casos a exclusão presenciada era e
ainda é considerada como resultado das concepções negativas
sobre a deficiência, tanto em termos médicos quanto sociais. As
tentativas de romper com a abordagem médico-terapêutica, que
mantinham a escolarização dessas pessoas isolada em escolas
especiais (DAMASCENO, 2011), resultou na vagarosa
introdução do público-alvo da Educação Especial nas escolas de
ensino regular, proposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, nº 9.394 de 1996 (LDBEN). No entanto, o cenário
ainda era marcado por exclusão, uma vez que, mesmo dentro das
escolas regulares, os alunos com deficiência eram mantidos em
salas de aulas separadas dos demais alunos da escola. Esta
situação, denominada de integração, se perpetua até os dias atuais
e é confundida com o processo de inclusão.
Sobre essa situação, Mantoan (2003, p. 15) destaca que:

O uso do vocábulo “integração” refere-se mais


especificamente à inserção de alunos com
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deficiência nas escolas comuns, mas seu


emprego dá-se também para designar alunos
agrupados em escolas especiais para pessoas
com deficiência, ou mesmo em classes
especiais, grupos de lazer ou residências para
deficientes.

A inclusão, diferente da integração, não estabelece


mudanças que visam prioritariamente pessoas com deficiência, as
mudanças nela estabelecidas beneficiam a

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todos, a inserção é total e incondicional, não disfarça as


limitações e promove a interação social com o grupo. Nesse
sentido, o processo de inclusão escolar do aluno com deficiência
na escola regular tem o objetivo principal de proporcionar o
desenvolvimento das potencialidades em busca de autonomia para
uma vida digna. Esse objetivo não difere do que é esperado como
resultado da educação regular sob a perspectiva da legislação.
A inclusão não é compatível com a integração justamente
por promover uma mudança de perspectiva educacional, pensada
para atingir todos os alunos, com um sistema educacional
organizado sob a consideração das necessidades específicas de
cada aluno, ao invés de se preocupar apenas em manter dentro da
escola um grupo que já foi excluído, como mostra Mantoan
(2003, p. 16) em sua pesquisa.
Lev Vygotsky, psicólogo bielo-russo, afirma que a interação
é um fator essencial para o processo de ensino e aprendizagem, e
que sem ela a construção de funções cognitivas superiores se
torna pouco eficaz, dificultando a aprendizagem. Por isso, não
basta a presença do aluno com deficiência na escola, a interação
entre os alunos típicos e atípicos é uma das várias condições
essenciais para a efetivação do processo de inclusão escolar do
aluno com deficiência.
Considerando a proposta de uma educação para todos
apresentada no conceito de Educação Inclusiva, sem excluir os
alunos do ensino regular na condição de considerar as
necessidades específicas de cada um, o processo de inclusão
escolar tem o potencial de beneficiar alunos típicos e atípicos,
haja vista que, os alunos com deficiência na condição de plena
inclusão garantem o desenvolvimento das suas potencialidades e
autorrealização, enquanto que, na perspectiva de Capellini (2001,
p. 39) os alunos típicos podem desenvolver nessas circunstâncias
sentimentos que respeitem as diferenças, bem como o
entendimento sobre cooperação e solidariedade numa sociedade
heterogênea, eliminando a prática da aceitação de convívio por
plena misericórdia.
Analisando os desafios que podem ser encontrados quando
se busca transformar a escola num espaço inclusivo, o que mais
se enfrenta, conforme destaca Martins (2011,
p. 116), é a condição de impedir que qualquer aluno seja excluído
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dentro do ambiente escolar. E para efeitos de inclusão total o


ambiente escolar deve apresentar, além de estruturas arquitetônica
e curricular adaptadas, uma comunidade que não pratique o
discurso rotulador e as posturas assistencialistas, pois a percepção
desses comportamentos pelos alunos reflete no entendimento de
como eles consideram serem vistos pelas outras pessoas apenas
por apresentarem uma deficiência. A percepção dos

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alunos com deficiência sobre a visão da comunidade escolar, pode


resultar em fracasso escolar e exclusão desses alunos (MARTINS,
2011).
No que se refere a educação especial na perspectiva da
educação inclusiva, a Declaração de Salamanca (1994) mostra
que as questões envolvendo as mudanças necessárias na escola
para a efetivação da inclusão desse público abordam mudanças na
sua organização buscando melhorar os setores que envolvem
pedagogia, currículo, avaliação, instalações, pessoal, além da
questão ética, visto que a promoção da educação inclusiva não se
faz apenas pela presença do aluno na escola, sem existir um
comprometimento com o seu envolvimento, desenvolvimento e
aprendizagem.
A Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015, intitulada Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou ainda
Estatuto da Pessoa com Deficiência, no Art. 28, expõe o dever do
poder público de ofertar um sistema educacional inclusivo,
considerando todos os fatores necessários para a contemplação
desse sistema com a oferta de programas de formação inicial e
continuada que desenvolva práticas voltadas para o atendimento
educacional especializado; espaços educacionais com estrutura
arquitetônica acessível; o desenvolvimento e a utilização de
tecnologia assistiva; a adaptação curricular para garantir o acesso
e a participação em condição de igualdade, e todas as mudanças
necessárias para os fins referidos.
A mesma lei, assegura no seu Art. 4º que “toda pessoa com
deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as
demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”,
e ainda assim a realidade exibe comportamentos contraditórios
que contribuem com a disseminação da discriminação e da visão
de incapacidade de viver de acordo com a dignidade da pessoa
humana.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência, no capítulo IV, que
trata do direito à educação, relata em parágrafo único que “é
dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com
deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência,
negligência e discriminação”, no entanto a cultura capacitista
ainda se faz presente no ambiente escolar, compondo um espaço
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que dificulta e por vezes até impede a aprendizagem científica do


aluno com deficiência e contribui para o fracasso escolar.

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2.1 O
CAPACITISMO NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
O olhar social para as pessoas com deficiência sempre foi
marcado com traços de preconceitos, sobretudo quando a
abordagem médico-terapêutica predominava. Segundo Diniz e et
al (2009, p. 66) essa abordagem “sustenta que há uma relação de
causalidade e dependência entre os impedimentos corporais e as
desvantagens sociais vivenciadas pelas pessoas com deficiência”,
um pensamento contestado pela visão social da deficiência, na
qual as causas das desigualdades têm raízes num ambiente não
acessível. Dessa forma, não é um corpo com impedimento que
gera a exclusão, são as barreias sociais e arquitetônicas que
impedem a participação plena e efetiva das pessoas, uma vez que
o grau de interação da pessoa com deficiência com o ambiente
difere a depender do nível de acessibilidade social presente nos
ambientes (DINIZ e et al, 2009).
Todas essas situações de preconceito e negação dos direitos
das pessoas com deficiência representam atitudes que constituem
o capacitismo, que de acordo com Marchesan e Carpenedo (2021,
p. 50) “é uma forma de preconceito, de discriminação contra a
pessoa com deficiência, faz parte da sociedade e envolve as
capacidades que uma pessoa possui ou não (...) o imaginário traz
à tona que essas pessoas não são capazes simplesmente por terem
uma deficiência.” E apesar de existirem leis que defendem a
inclusão como direito de todas as pessoas com deficiência, essa
visão capacitista define as pessoas com deficiência como sendo
menos aptas ou até mesmo incapazes de gerir a própria vida, se
perpetua a cada dia em situações de constrangimento e
humilhação devido a presença da deficiência.
O capacitismo nasce de uma perspectiva pré-concebida e
limitante, e carrega consigo pensamentos preconceituosos
construídos socialmente ao longo do tempo, que atingem todas as
instâncias da vida e se reproduzem na sociedade de modo a
definir as pessoas com deficiência como incapacitadas, limitadas
(MARCHESAN; CARPENEDO, 2021, p. 54)
No âmbito escolar, essas limitações e incapacidades trazidas
pelo conceito capacitista são reproduzidas muitas vezes tanto
pelos alunos típicos como pelos professores e comunidade escolar
em geral. Exemplo disso é a não valorização dos princípios de
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uma escola inclusiva, como o fato de o aluno ter que se adaptar a


escola ao invés desta mudar as suas práticas para acolhê-lo,
situação que não se limita e nem é exclusiva ao estudante dito
com deficiência, e para todo caso a escola deveria ser um espaço
de comunicação e partilha aberto à diversidade.

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Pacheco (2016) diz que: “O educador não deve apresentar


justificações genéticas, sociológicas, históricas ou filosóficas,
para explicar o insucesso. Porque, para além de reproduzirem
insucesso, muitas escolas continuam produzindo exclusão.” Nesse
sentido, alunos com deficiência que se caracterizam como
desmotivados pelo isolamento de ordem física, psicológica e
sociocultural ainda se fazem quando, em aulas que produzem
práticas que selecionam e rotulam, são excluídos e acabam
interiorizando essa exclusão, o que pode impactar diretamente no
seu processo de desenvolvimento e aprendizagem resultando em
insucesso escolar.
Nas circunstâncias da atual crise sanitária, econômica, social
e humanitária provocada pelo novo coronavírus, a cultura do
capacitismo se exibe com a precariedade de medidas
governamentais para o atendimento das pessoas com deficiência
no enfrentamento da Covid-19. Essa situação provoca um
retrocesso nas lutas pelos diretos dos alunos com deficiência de
estarem em condição de igualdade e inclusão escolar.
O cenário atual na educação brasileira se caracteriza com
milhares de crianças e adolescentes sem acesso às escolas,
certamente essas dificuldades também acometem a todos os
alunos, mas se agravam e causam prejuízos ainda maiores quando
nos referimos às pessoas com deficiência devido, entre várias
questões, a desigualdade de acesso à internet já que há um certo
tempo que a proposta das escolas era inicialmente o ensino
exclusivo pelas plataformas on-line (OLIVEIRA; SILVA, 2021).
Mas independente da crise que atualmente nos acomete, as
barreiras enfrentadas pelos alunos com deficiência dentro da
escola há muito tempo se fazem presentes. Além das barreias
arquitetônicas existente na maioria das escolas públicas,
certamente eliminadas com a execução de projeto de
infraestrutura adequada, existem ainda as barreias atitudinais.
Essas envolvem situações como a falta formação inicial e
continuada de docente visando contemplar a inclusão escolar dos
alunos com deficiência nas classes regulares.
Segundo Santos, Cavalcante e Sobral (2018, p. 11), a
formação de professores e o espaço de trabalho desse profissional
são pontos cruciais para a promoção da inclusão escolar do aluno
com deficiência. E seguindo os princípios da Declaração de
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Salamanca (1994): “40. A preparação adequada de todo o pessoal


educativo constitui o factor-chave na promoção das escolas
inclusivas”. Nesse sentido, entende-se que é de suma relevância
nos cursos de formação inicial de professores nas áreas de
Ciências (Ciências Biológicas, Física, Matemática e Química),
bem como em qualquer outra área de conhecimento, a

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existência doo processo de pensar sobre a inclusão escolar dentro


de um espaço que haja reflexões acerca da formação da
consciência cidadã de todos os sujeitos.

3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E ALFABETIZAÇÃO


CIENTÍFICA: É POSSÍVEL?
As discussões sobre a Alfabetização Científica surgem
quando se percebe a importância de a população compreender os
fenômenos socias sob a ótica da Ciência e os processos nos quais
esses fenômenos participam da construção da sociedade.
Nessa perspectiva, a Alfabetização Científica é necessária
para o desenvolvimento de um perfil crítico social do aluno para
fins de participação ativa na sociedade, e se caracteriza como um
processo progressivo tendo em vista as mudanças repentinas que
ocorrem na sociedade.
A Alfabetização Científica tem um caráter
multidimensional, envolvendo as várias relações existentes entre
ciências, tecnologia, meio ambiente e sociedade. Tendo em vista a
dinamicidade dessas áreas é importante que o aluno seja inserido
no processo de alfabetizar cientificamente desde o início da sua
escolarização, considerando que isso é o que vai inserir os sujeitos
na sociedade atual (SASSERON, 2008, p. 15).
A Alfabetização Científica é atingida quando o aluno
consegue construir um processo de análise e interpretação de
situações que influenciam a tomada de decisões e o
posicionamento perante os acontecimentos na sociedade
(SASSERON, 2015, p. 56). Para tanto, faz-se necessário a
transformação da linguagem científica numa forma de diálogo
mais acessível e compreensível por parte do aluno. Para a
construção dessa capacidade de analisar situações-problema é
desencadeada através do ensino por investigação.
O ensino por investigação trata-se de uma abordagem
didática, conforme destaca Sasseron (2015, p. 58) na sua
pesquisa, que ao ser adotada pelo professor, inclusive em
qualquer área de conhecimento, tem o potencial de promover o
desenvolvimento de habilidades de análise e resolução de
problemas que estão relacionados com as questões socias de
ordem, histórica, cultural, política, ambiental e tecnológica.
A proposta do ensino por investigação em aulas de Ciências
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exige do professor conhecimentos acerca da composição da


linguagem científica, que é formada por leis, teorias, conceitos,
princípios e estruturas próprias (VILELA-RIBEIRO; BENITE,
2013). No entanto, para atingir o processo de Alfabetização
Científica dos alunos com deficiência, o professor necessita de
mais que a compreensão da linguagem científica.
De acordo com Vilela-Ribeiro e Benite (2013, p. ??),

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Quando nos atemos à questão de ensinar


ciências em salas de aulas inclusivas, a
complexidade do problema é evidenciada pela
falta de preparo dos professores e das escolas
em realizar a transposição da linguagem
científica para as pessoas com diferentes
necessidades de aprendizagem, uma vez que a
escola, professores e os próprios estudantes
foram e estão preparados para padrões
predeterminados de comportamentos e atitudes
(a formação por competências e habilidades).

As dificuldades encontradas pelos professores para a


Alfabetização Científica de alunos com deficiência têm origem
numa formação precária no que se refere, especialmente, ao
desenvolvimento de habilidades necessárias para se trabalhar em
ambientes compostos por grupos de pessoas heterogêneas. Além
da bagagem trazida pela escola de contextos passados que não
valorizam as diferenças e escondem a diversidade, a ausência de
uma formação inicial e continuada pensando na diversidade
social, bem como a propagação da cultura do capacitismo
dificulta e até mesmo impede a formação científica dos alunos
com deficiência.
Nesse sentido, pensando sobre as possibilidades de fazer
Alfabetização Científica na perspectiva da educação para todos, é
da nossa compreensão que antes da tentativa de alfabetizar
cientificamente o aluno com deficiência e para além dos
conhecimentos do professor sobre a linguagem científica, são
imprescindíveis um espaço escolar acessível e uma prática
docente inclusiva.

4 METODOLOGIA

Este trabalho está sustentado a partir do embasamento


bibliográfico e parte do seguinte problema: “porque o capacitismo
ainda persiste em ambiente escolar e impede a formação científica
do estudante com deficiência?”
A coleta de dados foi realizada na plataforma Google
Acadêmico, através de descritores como “Capacitismo e escola”,
“Inclusão escolar e deficiência”, “Educação Inclusiva e
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Alfabetização Científica”, “Deficiência e Alfabetização


Científica”.
Com os trabalhos encontrados foi realizada, para fins de
seleção, uma análise dos artigos que contemplem a temática
estudada, os critérios para a seleção inclui os que abordam a
inclusão escolar do aluno com deficiência dentro da escola
regular, o capacitismo no ambiente escolar, o ensino de Ciências
da Natureza sob a perspectiva da Alfabetização Científica e a
Alfabetização Cientifica de alunos com deficiência.
Durante a seleção dos trabalhos a serem analisados, foram
excluídos os textos que não abordaram de maneira específica a
temática em estudo e que possivelmente não contribuíam para a
resolução do problema da pesquisa.

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Com os trabalhos selecionados, espera-se que contemple a


compreender de como o capacitismo se apresenta na educação
regular de alunos com deficiência comprometendo o processo de
ensino e aprendizagem, de modo que os achados possam refletir
na construção de práticas pedagógicas voltadas para a promoção
da inclusão escolar.

5 ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA PARA


ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NA PERSPECTIVA
DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
As aulas de Ciências se tornam cada vez mais desafiantes
quando tem como intuito aproximar os conhecimentos
científicos às vivências cotidianas dos alunos, e a partir disso a
Alfabetização Científica se torna o principal objetivo do ensino de
Ciências. Nesse sentido, a maneira como as escolas que seguem
uma pedagogia baseada no método tradicional de ensino vêm
ofertando as disciplinas da área de Ciências, de forma
descontextualizada, isto é, sem vínculo com o que o aluno
presencia na sua esfera social,
não satisfaz as necessidades educacionais exigidas pela nova
demanda social.
Os textos analisados na realização dessa pesquisa, todos sob
a abordagem da pesquisa qualitativa, trazem uma discussão sobre
os caminhos do ensino de Ciências inclusivo na perspectiva da
Alfabetização Científica.
Acerca da necessidade de se alfabetizar cientificamente, no
único dos estudos analisados baseado em entrevista e que não
contempla a revisão de literatura, Vilela- Ribeiro e Benite (2013)
revelam em sua pesquisa, sobre a concepção de professores
envolvendo Alfabetização Científica e educação inclusiva, que a
maioria dos professores entrevistados reconhecem as dificuldades
de promover discussões sobre os temas relacionados à Ciência
dentro da sala de aula e relatam achar necessário que todas as
pessoas sejam alfabetizadas cientificamente, independente das
suas necessidades educacionais e peculiaridades.
Nesse sentido, Rodrigues (2020, p. 151) destaca que:

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É imprescindível compreender que, no contexto


atual, a escola não pode estar separada do
mundo, mas deve pensar, propor ações e adotar
novos métodos de ensino para auxiliar o aluno,
a construir gosto pelas Ciências, a utilizar os
saberes aprendidos em sala de aula para resolver
problemas do cotidiano, a desenvolver novas
habilidades e a construir novas competências,
independente das suas condições físicas e
intelectuais.

Na perspectiva de Rodrigues (2020) é relevante que a


Base Nacional Comum Curricular apresente estratégias
significativas para a promoção da Alfabetização

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Científica e da inclusão escolar, no entanto, relata que o


documento menciona apenas a importância de se alfabetizar
cientificamente e de formar cidadãos apropriados dos
conhecimentos científicos.
É de nosso conhecimento que construir uma trilha rumo a
Alfabetização Científica dos alunos com deficiência implica
diretamente em esbarrar em barreiras que desafiam a prática dos
professores no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, o
processo de ensino e aprendizagem de Ciências de acordo com
Souza (2019, p. 29520), que relata os desafios da contemplação
da Alfabetização Científica nas aulas de Ciências Naturais para o
aluno autista, mas são reflexões que atingem a todo o público-
alvo da educação especial e em qualquer disciplina, tem
limitações que vão além do âmbito de trabalho dos professores
como, por exemplo,

a o desconhecimento dos professores de


Ciências Naturais acerca do processo de ensino
e aprendizagem voltado para a Alfabetização
Científica;
b a falta de preparo didático-pedagógico dos
professores de Ciências Naturais para atuar com
o estudante autista em sala de aula regular;
c ausência de adaptação do currículo e das
atividades de Ciências para atender as
especificidades do processo de aprendizagem
dos estudantes autistas; e,
d ausência de ações políticas para concretizar a
legislação nas escolas públicas, principalmente,
como a implantação do Atendimento
Educacional Especializado, a contratação de
professores especializados e a garantia da
formação de professores continuada na
perspectiva da educação inclusiva.

Dessa forma, compreendemos que a liberdade de atuação do


professor em sala de aula por si só, pode não ser condição
suficiente para a promoção de aulas de Ciências que contemplem
a Alfabetização Científica de alunos com deficiência, tendo em
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vista a relevância de ações que se encontram além do alcance do


professor, mas que são essências para completar o trabalho
docente.
Dos nove textos encontrados, os cinco que foram
selecionados para análise abordam as dificuldades de incluir os
alunos com deficiência e necessidades educativas especiais nas
aulas de ciências do ensino regular. As dificuldades apresentadas
vão desde as questões referentes a estrutura física da escola à
formação dos profissionais da comunidade escolar e a estrutura
curricular sob a qual a escola desenvolve as suas atividades, além
da concepção de deficiências que as pessoas trazem com elas.
A maneira de enxergar a pessoa com deficiência se relaciona
com as concepções pré-concebidas a partir de uma visão
embasada em preconceitos trazidos de um contexto sócio-
histórico que se caracteriza de maneira diferente do contexto atua,
como aborda a pesquisa realizado por Marchesan e Carpenedo
(2021).

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Trazendo a discussão para o contexto atual, Oliveira e Silva


(2021) relatam em sua pesquisa que a atual crise aprofunda as
desigualdades enfrentadas pelas pessoas com deficiência,
sobretudo no âmbito escolar, devido à falta de acessibilidade à
comunicação e às tecnologias usadas para sustentar o ensino
remoto.
Levando em consideração os objetivos dessa pesquisa,
foram descartados os quatros trabalhos que não apresentaram de
maneira específica discussões que nos possibilitassem a
compreensão sobre a implicância do capacitismo no ensino de
Ciências.
A partir da identificação e do estudo dos trabalhos que
foram analisados, acerca dos desafios existentes na educação
inclusiva na perspectiva da Alfabetização Científica de alunos
com deficiência, visando entender como a presença da prática
capacitista no ambiente escolar pode interferir no processo de
formação científica do aluno com deficiência, e diante das
condições nas quais se encontra a educação brasileira, ainda com
vestígios de uma prática muito conservadora, os estudos nos faz
refletir sobre a necessidade de uma educação que seja capaz de
oferecer a possibilidade de o aluno refletir sobre a sua condição
de sujeito, e sob a liberdade de viver a experiência da autonomia e
da participação ativa das atividades que constroem a sociedade.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo dos desafios enfrentados pelos professores das
disciplinas de Ciências nas tentativas de alfabetizar
cientificamente o aluno com deficiência, os resultados
encontrados nesta pesquisa, expõem ser evidente que essas
dificuldades se originam especialmente na ausência da efetivação
de políticas públicas voltadas para a formação docente, inicial e
continuada, bem como todas as ações necessárias para tornar as
escolas um ambiente acessível.
Os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que as
buscas nos documentos selecionados, nos possibilitaram
compreender como se caracterizam o ambiente escolar e a
presença do aluno com deficiência num espaço marcado pelo
capacitismo e a maneira como esses aspectos influenciam na
aprendizagem científica desses alunos, bem como as
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possibilidades de inclui-los nas aulas de Ciências num ensino


voltado para a Alfabetização Científica.
Consideramos que a metodologia utilizada, por nos
possibilitar alcançar os objetivos, foi adequada para a pesquisa, e
pela revisão bibliográfica, o principal resultado, foi que os
licenciandos das áreas de Ciências (Ciências Biológicas, Física,
Matemática e Química) precisam ser inseridos no processo de
pensar sobre a inclusão escolar para

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conhecimento das necessidades educativas especiais e do


processo de ensino e aprendizagem do estudante com deficiência,
ou seja, é necessário que exista durante o processo de formação
desses professores, especialmente na graduação, mas não
unicamente, espaço para que haja reflexões acerca da formação da
consciência cidadã de todos os sujeitos.
Se tratando a Educação Inclusiva de uma concepção de
escola para todos, faz-se justo ofertar condições de igualdade para
o acesso e a permanência da pessoa com deficiência na escola a
fim de dar-lhes condições para o desenvolvimento de autonomia.
Assim, é essencial que o professor não seja multiplicador do
discurso capacitista que enaltece a exclusão dentro e fora da
escola. Para tanto, a descoberta desta pesquisa nos indica que há
um caminho para alfabetizar cientificamente o aluno com
deficiência, no entanto, este é marcado por desafios que
dificultam e muitas vezes impedem a efetivação desse processo.

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