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Universidade de Coimbra

Faculdade de Letras

Departamento de Geografia e Turismo

Climatologia Analítica
Exercícios

Docente: Nuno Ganho 1ºAno – 1º Semestre

Diogo Amaral
Exercícios de Climatologia Analítica

Sumário:

1. Exercícios sobre Esferas Celestes - introdução


1.1. Esfera Celeste: como projetar e determinar a altura do sol na
culminação, nos dias solsticiais de junho e dezembro;
1.2. Representação Geométrica;
1.3. Determinação Geométrica;
1.4. Determinação Analítica;
2. Exercícios sobre Diagramas Aerológicos – introdução
2.1. Tefigramas: o que são e os constituintes;
2.2. Tefigramas: como fazer;
2.3. Tefigramas: CIN, CAPE, LFC e LI;
2.4. Efeito de Föhn;
2.5. Tefigramas: Exercícios;

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Exercícios de Climatologia Analítica

1. Exercícios sobre Esferas Celestes – introdução

Neste primeiro ponto, o objetivo é que seja possível representar, em projeção


ortogonal, e determinar, tanto de forma analítica como geométrica, o círculo
descrito pelo sol nos dias solsticiais de junho e dezembro, bem como a altura
máxima atingida pelo sol, na culminação (meio-dia solar), nesses mesmos dias
solsticiais.
Tentarei explicar, numa primeira instância, todos os processos para a
determinação analítica e geométrica da altura do sol. De seguida, serão colocados
uma série de exercícios para se colocar em prática os conhecimentos adquiridos.

1.1. Esfera Celeste: como projetar e determinar a altura do sol na


culminação, nos dias solsticiais de junho e dezembro;

Z
SJ
PN E

H H’

E’ PS

Z’
Figura I – Esfera Celeste em projeção ortogonal para a latitude de 45ºN

H e H’ – Pontos em que a linha do horizonte toca na Esfera Celeste


H a H’ – Linha do Horizonte

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PN e PS – Polos do mundo
PN a PS – Eixo do Mundo (meridiano do lugar)
E e E’ – Pontos em que a linha do equador toca na Esfera Celeste
E a E’ – Linha do Equador
Z – Zénite
Z’ ou N – Nadir
Z a Z’ – Vertical do Lugar

Para ser fácil entender, todos os pontos (H, H’, Z, Z’, E, E’, etc.) correspondem
ao lugar onde as linhas (podem ser o eixo do mundo, meridiano do lugar, linha
do horizonte, etc.) tocam na esfera celeste. Os pontos, por si só, não são as linhas
(do horizonte, etc.) que nos são pedidos, contudo, se os conectarmos, obtemos
as linhas que procurámos (vertical do lugar, linha do equador, etc.).

Quando nos pedem para projetarmos em projeção ortogonal o círculo descrito


pelo sol no dia solsticial de junho ou dezembro temos, logo de início, de desenhar
a esfera celeste. Começamos por desenhar um círculo e dividimos o mesmo
círculo a meio, obtendo, desde logo, a linha do horizonte (e onde ela toca na
esfera celeste ou nos limites do círculo, colocamos os pontos H e H’). De seguida,
traçamos perpendicularmente (90º) a vertical do lugar; aqui, onde existe a
interceção com a esfera celeste, colocamos o Zénite (Z) e o Nadir (Z’ ou N), que
correspondem à altura máxima do sol de dia (Zénite) e de noite (Nadir).
Após desenharmos a esfera celeste, traçamos o eixo do mundo à latitude que
nos é pedida (no caso da fig. I são 45ºN). Como nos é dita em que hemisfério está
a latitude (neste caso é norte, porque foi-nos dada a letra N depois da latitude),
após traçarmos o meridiano do lugar em relação à linha do horizonte (ou então
o eixo do mundo), colocamos o PN na parte superior e o PS na parte inferior (a
latitude com a letra que nos dão corresponde ao polo elevado ou hP). Assim,
como para traçar a vertical do lugar, marcamos 90º em relação aos polos (uma
vez que a linha do equador é perpendicularmente oposta ao eixo do mundo) e
obtemos a linha do equador.
Tendo o equador determinado, como na fig. I, sabemos que o movimento que
o sol descreve ao longo do ano, em relação à linha do equador, é de 23º27’ a -
23º27’. Também sabemos que o movimento que o sol descreve durante o dia é
paralelo à linha do equador, então, as linhas que correspondem a 23º27’ e -
23º27’ são paralelas ao equador e não o intercetam. Para sabermos qual das
linhas corresponde ao dia solsticial de junho e dezembro, vemos qual está mais
próxima do zénite (se for no hemisfério norte, a mais próxima do zénite é o
solstício de junho; no hemisfério sul, é o solstício de dezembro). Para vermos isso,

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quando as linhas de 23º27’ e -23º27’ tocam na esfera celeste, vemos qual delas
está mais próxima do zénite.
Desta forma, obtemos a projeção ortogonal a 45ºN, bem como o movimento
descrito pelo sol nos dias solsticiais de junho e dezembro.

Para determinarmos geometricamente a altura do sol na culminação no dia


solsticial de junho, devemos calcular a setinha laranja. Sabemos que a linha do
horizonte corresponde a 0º e sabemos que os polos estão a 45º. Se os polos estão
a 45º e o equador o interceta de forma perpendicular (isto é, a 90º), sabemos que
o ângulo da linha do equador corresponde a 45º (se fosse 30º, na linha do
horizonte, o ângulo da linha do equador era, também, 30º). Se sabemos que até
à linha do equador são 45º, só nos falta o ângulo entre a linha do equador e a
linha que descreve a movimentação do sol no solstício de junho. Contudo,
sabemos que a linha que descreve o círculo descrito pelo sol no solstício de junho
é feita através da linha do equador. E se é feita através da linha do equador
(setinha azul superior), sabemos ainda que é 23º27’. Logo, se temos o ângulo da
linha do equador (setinha verde) que é 45º e se temos o ângulo do círculo descrito
pelo sol no solstício de junho (setinha verde), que é 23º27’, então:

h = 45º + 23º27’
h = 68º27’

Assim, a altura do sol, na culminação, no dia solsticial de junho é 68º27’.

Para determinarmos geometricamente a altura do sol na culminação no dia


solsticial de dezembro, fazemos o mesmo processo. Sabemos que o ângulo da
linha do equador em relação à linha do horizonte (setinha verde) é 45º e que o
ângulo do círculo descrito pelo sol no dia solsticial de dezembro em relação ao
equador é -23º27’ (setinha azul inferior), então:

h = 45º + (-23º27’)
h = 45º - 23º27’
h = 21º33’

Assim, a altura do sol, na culminação, no dia solsticial de dezembro é 21º33’.

Quando nos é pedida apenas para determinar geometricamente a altura do


sol, na culminação, num dos dias solsticiais, é fazer apenas o que fizemos até aqui.

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Recomendo, porém, numa folha de rascunho, confirmarem de forma analítica o


que vos der geometricamente. Pode acontecer de se enganarem nas contas
geométricas e perderem pontos desnecessariamente.
Para calcular de forma analítica, seguimos a seguinte fórmula:

Latitude = hP
hP = δ +/- dz

Assim, a latitude é igual à altura do polo elevado (o polo elevado, neste caso,
é o Norte). A altura do polo elevado, ou latitude, por sua vez, é igual à declinação
do sol (+23º27’ e -23º27’) +/- a distância zenital (distância do sol ao zénite). Nós
sabemos que a latitude é 45º e sabemos as declinações. O que não sabemos é a
distância zenital… para junho a distância zenital é:

Lat. = hP
hP = δ +/- dz
45º = 23º27’ +/- dz
45º - 23º27’ = +/- dz
44º60’ – 23º27’ = dz
21º33’ = dz

A distância do sol ao zénite é de 21º33’. Na resolução da equação, o – da


distância zenital foi retirado. Isto acontece porque a distância do sol ao zénite
não pode ser negativa (o sol não pode estar acima do zénite, uma vez que ele é o
ponto mais alto que existe). Assim, devemos colocar um x no – e escrever, ao
lado, equação impossível. Agora que temos a distância zenital, fazemos:

h = 90º – dz
h = 90º - 21º33’
h = 68º27’

Como vemos, a forma analítica comprovou a forma geométrica. Assim,


sabemos que acertamos.
Para a altura do sol, na culminação, no dia solsticial de dezembro fazemos:

Lat. = hP
hP = δ +/- dz
45º = -23º27’ +/- dz
45º + 23º27’ = dz
68º27’ = dz

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Agora que obtemos a distância zenital:

h = 90º - dz
h = 90º - 68º27’
h = 21º33’

Assim, a altura do sol, na culminação, no dia solsticial de dezembro é de 21º33’.

1.2. Representação Geométrica;


1.3. Determinação Geométrica;
1.4. Determinação Analítica;

1. Represente, em projeção ortogonal, o círculo descrito pelo sol, no dia


solsticial de junho e dezembro a:
1.1. 30ºN;
1.2. 25ºS;
1.3. 66º33’N
1.4. 23º27’S
1.5. 0º
1.6. 90ºN
2. Para as latitudes suprarreferidas, projete ortogonalmente e determine,
geometricamente:
2.1. A altura máxima do sol no dia solsticial de junho;
2.2. A altura máxima do sol no dia solsticial de dezembro;
2.3. Comprove-as analiticamente.
3. Alguma das latitudes representadas nas questões infra, coincide com a
linha do horizonte ou o zénite? Se sim, a que corresponde isso?

2. Exercícios sobre Diagramas Aerológicos – introdução

Os diagramas aerológicos, ou Tefigramas, permitem-nos demonstrar a curva


do estado da atmosfera, bem como a curva dos pontos de saturação. Através
destas, é possível uma série de outras determinações, que mais à frente
abordaremos.

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Exercícios de Climatologia Analítica

Nestes exercícios, à semelhança da Esfera Celeste, procurarei explicar


teoricamente e praticamente como se constrói, explica e determina um e através
dum tefigrama. No final, elaborarei uma série de exercícios para testar os
conhecimentos obtidos.

2.1. Tefigramas: o que são e os seus constituintes;

Os Tefigramas permitem-nos estudar a estabilidade vertical da atmosfera. Por


outras palavras, os tefigramas dão-nos, após a introdução dos dados, a
possibilidade de determinar a curva de estado da atmosfera, a curva dos pontos
de saturação, bem como se o ar está estável, instável, entre outros. Para os
construirmos, utilizamos uma atmosfera standart, ou, por outras palavras, uma
atmosfera delimitada por um conjunto de valores médios da atmosfera.
Os tefigramas são constituídos, por um eixo das coordenadas (y) e um eixo das
abcissas (x). A estes eixos correspondem as isóbaras e isoípsas (para o y) e as
isotérmicas e as equisaturadas (para o eixo x). As isóbaras são pontos de igual
pressão (1000 hPa; 500 hPa; etc.) e estão em linha reta, ou seja, paralelas ao eixo
x. São representadas pela unidade de pressão de hectopascais (hPa). As isoípsas,
por sua vez, estão do outro lado do tefigrama e correspondem às diferentes
altitudes (para cada altitude, num tefigrama, corresponde um determinado valor
de pressão atmosférica). No eixo das abcissas, as isotérmicas correspondem aos
valores de temperatura; são representadas em forma de linha reta, inclinada a
45º do eixo das abcissas. Nestas, o valor 0º corresponde ao nível de
congelamento, ou seja, quando a água congela. De seguida, as equisaturadas
correspondem a valores iguais de razão de mistura (ws). Os valores de razão de
mistura, ou ws, são valores que tem valores iguais de quantidade de vapor de
água por kg de ar seco. Exemplificando, uma equisaturada com uma razão de
mistura de 16, tem 16 gramas de água por kg de ar seco. O tefigrama comporta
ainda as adiabáticas secas (αs) e saturadas (αh). Estas adiabáticas dizem-nos qual
a velocidade que o ar arrefece quando está seco ou saturado. É importante saber
que o ar, em estado constante da atmosfera arrefece 0,6º por 100m. Contudo,
como a atmosfera não está em estado constante ou parada, arrefece e aquece
segundo as adiabáticas. Quando o ar sobe, ou convexa, arrefece 1º/100m, se for
seco; quando atinge o nível de condensação (humidade relativa de 100%), mas
continua a subir, arrefece segundo a adiabática saturada, isto é, 0,5º/100m. O ar
arrefece apenas 0,5º/100m uma vez que liberta calor latente que tinha
armazenado aquando da sua evaporação (para a água evaporar, tem de atingir o
estado de ebulição, ou seja, 100º. As moléculas da água armazenaram o calor que

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absorveram quando evaporaram e quando condensam, libertam esse calor que


corresponde a 0, 5º. Assim, a adiabática saturada só arrefece 0,5º/100m uma vez
que os outros 0,5º são compensados pelo calor que a água liberta).

Figura II – Tefigrama

Na figura II podemos encontrar todos os elementos que constituem o


tefigrama: a pressão atmosférica (círculo vermelho), a temperatura (círculo azul),
a altitude (o círculo dourado), as equisaturadas (setinhas azuis), a adiabática seca
(linha verde), as adiabáticas saturadas (setinha laranja). As isóbaras
correspondem à seta vermelha; as isotérmicas à seta azul e as isoípsas não são
representadas (apenas na lateral do tefigrama).

2.2. Tefigramas: como fazer

Mesmo não saindo em exame, é sempre útil saber como fazer um tefigrama.
Se soubermos como o fazer, podemos responder, com maior facilidade, às
perguntas que nos colocarem.

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Para se fazer um tefigrama são fundamentais três dados: a pressão


atmosférica, a humidade relativa e a temperatura. Estes dados estão numa
tabela, com diferentes temperaturas, pressões atmosféricas e humidades
relativas e, tendo todos os pontos assinalados, após ligarmos os mesmos,
obtemos a curva de estado da atmosfera.

Figura III – Diagrama Aerológico da estação de Sta. Maria, 27/11/2021, 12h00

Pressão Atmosférica Temperatura (ºC) Humidade Relativa


(hPa)
1000 13 ºC 70%

Podemos ver no tefigrama infra, a curva de estado da atmosfera bem como a


curva dos pontos de saturação e o percurso seguindo as adiabáticas, seca e
saturada (αs e αh). Mas como chegar até aqui? O processo é fácil!

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Figura II-1

Primeiramente, o que se deve fazer é marcar um ponto no lugar onde a isóbara


e a isotérmica pretendida se encontram. No caso de 14ºC, o ponto que devemos
marcar é o que está a vermelho. Podemos ver que passa uma equisaturada,
apontada com a seta verde, que corresponde a 10. Assim obtemos a razão de
mistura de saturação (ws), ou seja, para 14ºC, a 1000 hPa, o ar contém 10 gramas
de água por kg de ar seco.
De seguida, temos de calcular a razão de mistura, ou seja, o w. Este valor irá
permitir-nos descobrir, para a pressão existente, onde teremos 100% de
humidade relativa e a temperatura a que ela está. Para tal, seguimos a seguinte
fórmula:

U = w x 100
Ws
Sabemos a humidade relativa (U) e a razão de mistura de saturação (ws). Então
70 = w x 100
10
70 x 10 = w
100

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W=7
Agora que temos a razão de mistura, conseguimos marcá-la no tefigrama.
Seguimos a equisaturada que corresponde a 7; logo que a encontremos,
descemos por ela até chegarmos à pressão atmosférica que nos é pedida. Neste
caso, são 1000 hPa. Logo que encontremos o ponto em que a equisaturada toque
na isóbara, marcamos o ponto de saturação (ponto verde), assinalado na seta
amarela. Assim, sabemos que para 100% de humidade relativa, a 1000 hPa,
temos 7 gramas de água por kg de ar seco, a 8ºC.
Após fazermos todos os processos dados na tabela, conseguimos uma série
de pontos que, ao unirmos, tem este aspeto:

Figura III-1
A linha azul corresponde à curva de estado da atmosfera, ou seja, ao
comportamento da atmosfera no sentido vertical. A linha verde, por sua vez,
corresponde à curva dos pontos de saturação. No meio delas, encontramos uma
linha reta na base e uma linha curvilínea que a segue. A curva reta, assinalada
pela seta preta corresponde à adiabática seca, traçada sempre de forma paralela
às adiabáticas existentes (setinhas azuis). Quando esta se encontra com a
adiabática saturada mais próxima, segue-se por ela, representando o nível de

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condensação na transição de uma para outra (linha verde). Aqui, constatamos


que o ar se tornou saturado, ou seja, caso haja mais convecção (subida de ar),
este dará origem a nuvens.
Assim, a tabela deverá ter este aspeto:
hPa T (ºC) U Ws W Td
1000 14 70 10 7 8

2.3. Tefigramas: CIN; CAPE; LFC; LI

Após concluirmos o tefigrama, podemos determinar o CIN, o CAPE, o LFC, o


LI e ainda dizer a orientação do vento!
O CIN, ou Convective Inhibition, corresponde ao lugar onde uma partícula de
ar, que foi forçada a subir por algum mecanismo, volta à posição inicial
(subsidência), uma vez que é mais densa que o ar à sua volta (por exemplo, uma
partícula de ar que sobe e arrefece 5ºC; esta partícula que já não é forçada a subir,
como é mais densa que o ar à sua volta, uma vez que tem uma temperatura
inferior à ambiente e, por isso, mais densa, volta à sua posição inicial, aquecendo
e ficando igual ao que era antes de subir). O CAPE, ou Convective Available
Potential Energy, nada mais é que a energia potencial disponível para convecção.
Por outras palavras, é a energia que a partícula de ar dispõe para ascender, uma
vez que é mais leve que o ar à sua volta; assim, sobe e arrefece até encontrar uma
camada de ar com as mesmas propriedades que esta ou infinitamente. O LFC, ou
Level of Free Convection, corresponde ao nível em que uma partícula de ar pode
ascender infinitamente, sem qualquer tipo de entrave, estando sempre à
esquerda das adiabáticas, uma vez que a sua ascensão é superior à das mesmas
(a máxima que é 1º/100m, que é a adiabática seca).
Para sabermos o LI, ou Lifted Index, temos de usar a seguinte fórmula:

LI = T – Ta a 500hPa

O LI calcula-se através da subtração entre a temperatura de uma


determinada partícula de ar que segue a linha da adiabática a 500 hPa e a
temperatura ambiente a 500hPa, de igual forma. Se for maior que 0, estamos
numa situação de estabilidade absoluta, ou seja, uma partícula de ar volta à sua

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posição inicial. Se for menor que 0, estamos numa situação de instabilidade


absoluta, ou seja, uma partícula de ar sobe, encontrando-se à esquerda das
adiabáticas.
Ainda é possível determinar, através dos tefigramas, os exageros de
gradiente e as inversões térmicas. Os exageros de gradiente correspondem a
situações em que a subida do ar, ou seja, a descida de temperatura, é superior à
da adiabática seca (1º/100m); por exemplo, uma partícula de ar que arrefece
1.2º/100m corresponde a um exagero térmico. As inversões térmicas
correspondem a subidas de temperatura tanto em superfície como em altitude,
contrariando a tendência de descida; por exemplo, quando uma partícula de ar a
500 hPa está a -6ºC e a 700 hPa está a -3ºC.
Para determinarmos a trajetória do vento, são-nos dados os dados. Na figura
III-1 corresponde ao círculo vermelho e explica, tanto a intensidade a que o vento
vai (de forma aproximada), como de onde vem. Não é objetivo saber para onde
vai, apenas de onde provém. Para o representarmos devemos, em primeira
instância, desenhar, de forma imaginária o norte geográfico (não se pode
representar no exame!). De seguida, em sentido horário, ver o ângulo que nos é
dado e representar, apresentando o ponto cardeal. Por último, representar a sua
intensidade através dos seguintes valores: meia bárbula – 5 nós; bárbula – 10 nós;
bandeirola – 50 nós.
Exemplificando:
ddd ff
060 03
270 81

1 2
NE

O
Para representarmos uma meia bárbula fazemos um traço mais pequeno que
na bárbula (caso não exista nenhuma bárbula ou bandeirola, como no 1, faz-se
com uma pequena distância do início da seta). A bárbula, à semelhança da meia
bárbula, é feita através de um traço maior. A bandeirola é um triângulo retângulo.

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Figura III-2

De seguida, vamos representar no tefigrama, o CIN, CAPE, os exageros de


gradiente bem como as inversões térmicas. O CIN, corresponde a um movimento
de subsidência do ar, isto é, quando uma partícula de ar que é forçada a subir de
forma mecânica, volta à posição original. No tefigrama, o CIN é quando a curva
de estado da atmosfera se encontra à direita das duas adiabáticas (αs e αh). No
tefigrama, encontramos um pequeno lugar onde isso acontece, marcado pelo
círculo vermelho. O CAPE, por sua vez, é quando temos uma convecção originada
pelo potencial energético de convecção da mesma partícula de ar. Também
encontramos apenas um no tefigrama, demonstrado pelo círculo verde.
Os exageros de gradiente, como o nome indica, é quando existe uma descida
de temperatura maior que a das adiabáticas. No tefigrama, não encontramos
nenhum exagero de gradiente de relevo. As inversões térmicas, por outro lado,
acontece quando temos uma subida de temperatura em relação à tendência das
adiabáticas. Temos um exemplo, entre 850 hPa e 825 hPa, aproximadamente,
que está indicada pela seta laranja.

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2.4. Efeito de Föhn;

O Efeito de Föhn é um dos fenómenos mais marcantes no contacto entre o


relevo e a atmosfera.
O efeito de Föhn verifica-se quando temos uma encosta montanhosa, por
onde sopram ventos de forma perpendicular a esta. Estes ventos, ao contactarem
com a encosta montanhosa (barlavento), são obrigados a subir, arrefecendo
drasticamente e condensando. Verifica-se uma perda substancial de vapor de
água, podendo chover. Quando este desce (sotavento), segue-se pela linha
adiabática, aquecendo rapidamente e ultrapassando a temperatura inicial.

Figura IV – Efeito de Föhn

Exemplificando, temos uma massa de ar que se desloca a 1000 hPa


(aproximadamente 150m) com a temperatura (T) de 21 ºC e uma razão de
mistura (w) de 8g de vapor de água por kg de ar seco e humidade relativa (U) de
50%. Esta massa de ar foi obrigada a subir, uma vez que se encontrou com uma
encosta montanhosa (barlavento) que atinge os 700 hPa (aproximadamente

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2900m). Quando a mesma partícula de ar atinge os 700 hPa, a sua razão de


mistura é 4g de vapor de água por kg de ar seco, com uma humidade relativa de
100%.
Como a parte descendente da encosta (barlavento), isto é, a parte da encosta
que não está de frente ao vento, não apresenta nenhuma força mecânica que
obrigue a massa de ar a subir, esta volta à sua posição original, seguindo a
adiabática seca (uma vez que logo de seguida já tem 99% de humidade relativa,
não podendo seguir-se pela adiabática saturada), ou seja, 1º/100m. Como o ar
quando subsede comprime-se e aquece, esta massa de ar aquece até à
temperatura de 26ºC, aproximadamente.

2.5. Tefigramas: Exercícios;

1. Uma partícula de ar encontra-se a 700 hPa (2900m, aproximadamente)


com uma temperatura (T) de 3ºC, uma razão de mistura (w) de 6g/kg e
uma humidade relativa (U) de 100%. Esta foi obrigada a subsidir até 1000
hPa (150m, aproximadamente).
Sem recurso a um tefigrama, determine:

1.1. A temperatura a que chega a este nível;


1.2. Qual o valor de razão de mistura que chega neste nível? Justifique;
1.3. Qual a humidade relativa desta partícula de ar a 1000 hPa?

2. Considere uma curva de estado da atmosfera, com um traçado retilíneo,


entre uma temperatura de nível 1013 hPa (0m) e temperatura (T) de 30ºC
e o nível 400 hPa (7000m) e temperatura de 3ºC.
Sem recurso a um tefigrama, determine:

1.1. O gradiente térmico vertical entre estes dois pontos. Apresente os


cálculos e explique o raciocínio;
1.2. É possível determinar o Lifted Index com os dados apresentados?
Justifique.
1.3. Caraterize o estado termodinâmico do ar entre 1013 hPa e 400
hPa. Justifique.

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3. Para uma determinada curva de estado da atmosfera, a temperatura de


uma determinada partícula de ar a 500 hPa é -21ºC e seguindo a
adiabática saturada correspondente, a temperatura é de -25ºC.
Sem recurso a um tefigrama, determine:

3.1. O Lifted Index.

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