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Controle de

Processos

Aula 01
Sistemas de Automação

1º Semestre/2023

Profa. Mariana Moretti


OBJETIVOS

• Definir as etapas de um projeto de automação

• Especificar sistemas de automação

• Definir o contexto para desenvolvimento e


implantação de um sistema de automação

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ELEMENTOS ESSENCIAIS

Implantação,
Segurança,
Identificação Design e operação,
confiabilidade e Especificação
e contexto construção manutenção e
disponibilidade
descarte
Processo produtivo Características críticas Requisitos Solução técnica Implantação
Benefícios Riscos Atividades
Requisitos gerais subsequentes

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO

1. O que deve e pode ser automatizado?


2. Características e necessidades do sistema produtivo
3. Lista inicial de sensores e atuadores
4. Papel dos operadores e características da interface
humano-computador (HCI)
5. Questões operacionais (apoio a registros necessário,
precisões requeridas)

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 1

1. O que deve ser automatizado?

• Esta questão envolve várias outras:


• Como é o sistema atual?
• Trata-se de uma evolução de sistema manual para
automático?
• Trata-se de uma evolução tecnológica?

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 2

2. Características e necessidades do sistema produtivo

• Compreender a relação tipo de produção versus tipo de automação

• Verificar os parâmetros flexibilidade versus produtividade

• Verificar as características de infraestrutura do local, instalações elétricas (tensões,


potência disponível) devem ser conhecidas, assim como os mecanismos
operacionais do processo (envolvendo as características hidráulicas, pneumáticas,
mecânicas, eletrônicas) e a sequência de operação típica pretendida

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 3
3. Lista inicial de sensores e atuadores

• Que sensores são necessários? Onde medir as


grandezas?

• O que deverá ser comandado automaticamente?

• Que atuadores são necessários?

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 4

4. Papel dos operadores e interface humano-sistema

• Papel dos operadores

• Há um padrão de interface utilizado na empresa? É possível usar


esse padrão nesse novo sistema?

• Quais as principais características de usabilidade devem ser


respeitadas?

• Qual a criticidade do sistema?

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 5

5. Questões operacionais

• Vai ser utilizado um sistema tipo SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition)?

• Que registros devem ser realizados no sistema? Com que frequência?

• Quais os ciclos de trabalho?

• Que informações são necessárias para o controle e a gestão do sistema?

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IDENTIFICAÇÃO E CONTEXTO: 5

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SEGURANÇA, CONFIABILIDADE E DISPONIBILIDADE
Segurança contra incidentes randômicos (safety)
A proteção contra incidentes randômicos indesejáveis (que podem acontecer como resultado de uma ou mais
coincidências).
Pontos a considerar:
• Seguir legislação
• Definir paradas de emergência
• Proteção contra energização incidental
• Boas práticas de aterramento
• Materiais adequados (risco de fogo)

Segurança contra incidentes intencionais (security)


A proteção contra incidentes intencionais (que podem ocorrer devido a um resultado de ação deliberada e planejada).
Este tipo de segurança visa à proteção contra incidentes planejados, maliciosos e criminosos advindos de uma larga
gama de ameaças – em que são protegidos todos os tipos de valores para uma organização/indivíduo – e incidentes
ocorridos devido ao desejo de uma saída/consequência desejada por um atacante.
O estabelecimento e a aplicação de garantias para proteger dados, software e hardware contra modificações,
destruição ou divulgação.
Medidas e controles que asseguram a confidencialidade, a integridade, a disponibilidade e a responsabilidade sobre
os processos de informação armazenados por um sistema.
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SEGURANÇA, CONFIABILIDADE E DISPONIBILIDADE
Confiabilidade (reliability)

Refere-se à habilidade de um componente de hardware ou software para consistentemente desempenhar suas


funções de acordo com a especificação. Na teoria, um produto confiável é totalmente livre de erros. Na prática, os
vendedores comumente expressam a confiabilidade de produto como uma porcentagem.

• MTBF (Mean Time Between Failure), o tempo médio entre falhas de um sistema ou subsistema de automação.
• MTTR (Mean Time to Recovery), o tempo médio de reposição ou de recuperação de um sistema ou subsistema
de automação. Também denominado Mean Time to Repair.

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SEGURANÇA, CONFIABILIDADE E DISPONIBILIDADE

Disponibilidade (availability)

Razão entre o tempo que um sistema ou componente está em funcionamento e o tempo total que é requerido ou
esperado para funcionar. Isso pode ser expresso como uma proporção direta ou uma porcentagem (exemplo, 9/10
ou 0,9 ou 90%).

MTBF
D=
MTBF + MTTR
O grau em que um sistema (ou elemento de sistema) é operacional e acessível quando requerido para uso.

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ESPECIFICAÇÃO
A especificação de sistemas de automação compreende o levantamento, a documentação e a gestão dos seus requisitos.
Requisitos são as características do sistema, ou descrições de algo que o sistema é capaz de realizar, para atingir os seus
objetivos. Descrevem o que deve ser implementado e as restrições do sistema.

O processo que engloba todas as atividades que contribuem para a produção de um documento de requisitos e sua
manutenção ao longo do tempo é chamado de Engenharia de Requisitos. Essa disciplina envolve as seguintes atividades
principais:
• Desenvolvimento de requisitos: identificação e documentação dos requisitos.
• Gestão de requisitos: planejamento e gerência de requisitos, visando manter consistência entre os requisitos e os
planos e os componentes do sistema.

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ESPECIFICAÇÃO - REQUISITOS

• Especificação de requisitos não técnicos: aspectos contratuais (prazos, custos etc.)


que têm impacto sobre as características do sistema a ser desenvolvido.
• Especificação de requisitos funcionais: declarações de funções que o sistema deve
realizar
• Especificação de requisitos não funcionais
• Dispositivos de controle (entrada e saída de dados)

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ESPECIFICAÇÃO – REQUISITOS NÃO TÉCNICOS

Aspectos contratuais que têm impacto dobre as características do sistema


a ser desenvolvido
• Prazos
• Custos

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ESPECIFICAÇÃO – REQUISITOS FUNCIONAIS

1. Supervisão: subsistemas e funções de supervisão.


2. Controle manual: subsistemas e comandos de controle manual.
3. Controle automático: subsistemas, ações e regras para controle automático.

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ESPECIFICAÇÃO – REQUISITOS NÃO FUNCIONAIS
1 Expansibilidade (para sistemas sempre em atualização ou implantados em etapas): capacidade máxima e folga (20%? 10%?) de
I/Os; integração com redes; capacidade de memória disponível.
2 Precisão exigida nos cálculos e resultados.
3 Desempenho: tempo de ciclo exigido dos CLPs; I/Os imediatas (tratadas em emergência, independentemente do ciclo dos
CLPs); comunicação (tipos e velocidades).
4 HCI (Interação humano-computador): exigências de usabilidade e apreensibilidade.
5 Restrições ou predefinições técnicas: contadores rápidos, cálculos avançados, controles PID, troca de cartões a quente, rede
especificada etc.
6 Confiabilidade: normas para equipamentos, envolvendo exigências relativas à robustez de equipamentos (alimentação,
vibração, temperatura, umidade, ventilação etc).
7 Segurança: CPUs redundantes, preparação para falha segura etc.
8 Vida útil dos equipamentos.
9 Tamanho e peso: exigências para componentes e subsistemas.
10 Restrições e exigências decorrentes das características da área de implantação: condições ambientais, presença de gases, pó,
líquidos etc.
11 Treinamento e apoio técnico necessários para o desenvolvimento do projeto.
12 Treinamento e assistência técnica necessários em tempo de operação.
13 Restrições de custos: equipamentos e acessórios, software (CLPs, sistemas supervisórios e controle, rede), mão de obra.
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ESPECIFICAÇÃO – DISPOSITIVOS DE ENTRADA E SAÍDA

1. Número de I/Os e suas classificações (analógicas, digitais etc).


2. I/Os digitais (sensores, acionamentos): número para cada nível de tensão AC e DC
3. I/Os analógicas (sensores, acionamentos): analisar o range e a resolução.
4. Características técnicas dos dispositivos de entrada: tensão de operação (24, 120 ou 240
volts, AC ou DC), corrente requerida etc.
5. Características técnicas dos dispositivos de saída: tensão de operação (24, 120 ou 240 volts,
AC ou DC), consumo de corrente, ciclo de trabalho, faixa de temperatura e de umidade
operacionais, dimensões da montagem etc.

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DESIGN E CONSTRUÇÃO

Design:
Estabelece uma solução técnica economicamente viável para atender às
especificações estabelecidas.

Construção:
Reúne todas as atividades voltadas para a implementação física da solução,
preparando o sistema para implantação, operação e manutenção.

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DESIGN E CONSTRUÇÃO
Design:
• Planejamento e definição da sequência de operação.
• Definição da arquitetura do sistema: definição dos subsistemas e componentes do
sistema, envolvendo hardware, software e mecânica, tanto quanto suas interconexões
físicas e lógicas.
• Decisão sobre desenvolvimento próprio ou aquisição de cada subsistema.
• Detalhamento dos subsistemas e componentes do sistema. Inclui:
o Apresentação dos dispositivos, desde os de alta até os de baixa voltagem, com uso de
esquema predefinido.
o Layout dos painéis.
o Modelagem de software (estática, funcional e dinâmica).
o Verificação (revisões técnicas, peer review) da arquitetura e dos elementos críticos
concebidos.
• Explosão de materiais (bill of materials).

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DESIGN E CONSTRUÇÃO
Construção:
• Análise e teste das condições prévias para implantação especificadas (especialmente as especificações
elétricas e de proteção).
• Construção dos subsistemas e componentes, de acordo com o plano de implantação.
• Verificação (testes) e integração desde as unidades até os componentes maiores.
• Preparação do ambiente técnico para o sistema.
• Conversão de dados a partir dos sistemas legados.
• Validação do sistema. Avaliação do grau em que o sistema atende a todos os requisitos, opera de acordo
com os parâmetros estabelecidos e satisfaz a todos os stakeholders de negócio, técnicos e gerenciais.
Assegura também que o sistema opera como descrito nos manuais de operação.

Stakeholder: Um grupo ou indivíduo que é afetado por ou é de alguma


maneira responsável pelo resultado de um projeto.

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IMPLANTAÇÃO,OPERAÇÃO,MANUTENÇÃO, DESCARTE
Implantação:
• Planejamento de implantação.
• Planejamento de segurança da operação (safety e security).
• Documentação de recomendações para usuários.
• Integração e instalação paulatina dos subsistemas e componentes, e integração destes com os
demais sistemas de produção.
• Educação e treinamento dos usuários e demais envolvidos com o sistema.

Na indústria costuma-se denominar essa fase de partida do sistema de comissionamento (commissioning), que
é uma transição entre a engenharia da empresa que coordenou o projeto e acompanha a implantação e a
produção, que passará a utilizar o sistema. É uma fase onde os fornecedores colocam em funcionamento o
sistema com um todo, realizam-se as atividades de validação e o treinamento das pessoas que deverão utilizá-lo
e mantê-lo. Na Norma NBR ISO 15288 há um processo específico denominado Transição.

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IMPLANTAÇÃO,OPERAÇÃO,MANUTENÇÃO, DESCARTE

Operação:
Requer projeto detalhado, para que sejam mitigados riscos operacionais. A operação envolve,
tipicamente, as seguintes atividades:
• Planejamento e gestão contínuos da operação.
• Monitoração do desempenho do sistema.
• Continuação de apoio aos usuários e demais envolvidos com o sistema, através de educação,
treinamento e documentação.

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IMPLANTAÇÃO,OPERAÇÃO,MANUTENÇÃO, DESCARTE

Manutenção:
Voltada para alterar ou criar funcionalidades, configurações, parâmetros, códigos-fontes, base de dados ou
condição de instalação em sistemas já homologados. Envolve as seguintes atividades:
• Definição de uma Política de Manutenção (normalmente estabelecendo planos e datas para
manutenções preventivas, minimizando interveniências corretivas).
• Gestão das mudanças do sistema para apoiar os usuários finais.
• Realização de atividades voltadas para segurança, como backups, planos de contingência e auditorias.
• Registro de dados de falhas para acompanhamento do desempenho do sistema.
• Controle dos elementos de reposição para minimizar falta de peças.

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IMPLANTAÇÃO,OPERAÇÃO,MANUTENÇÃO, DESCARTE

Desativação:
Requer planejamento e um conjunto de cuidados, em especial quando o sistema tem grande impacto sobre
pessoas, equipamentos e o ambiente. São atividades típicas da desativação:
• Notificação dos técnicos, operadores, usuários e gestores de processos produtivos e sistemas que têm
relação com o sistema sendo desativado.
• Os elementos do sistema ou produtos residuais são destruídos, armazenados, recuperados ou reciclados.
• O ambiente volta a seu estado original ou ao estado acordado.
• Arquivamento de dados e componentes do sistema.
• Registros que permitam a retenção de conhecimento das ações de desativação e análise de impactos a longo
termo são tornados disponíveis.

A NBR ISO15288 apresenta os chamados Processos do Ciclo de Vida de Sistema que tratam de todas as atividades que envolvem um sistema desde a identificação da
necessidade até sua desativação. Essa Norma é útil para quem deseja organizar os processos em uma organização particularmente as atividades de projeto. O modelo CMMI
também possui processos para o projeto de sistemas e é outra referência importante para essa atividade.

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EXERCÍCIO
Especificação de Sistema de Automação

Contexto:
Cada grupo deve estudar o sistema de automação referente a uma modalidade de esporte e fazer a sua especificação,
seguindo o roteiro proposto. Identificar as tecnologias possíveis de serem utilizadas, avaliar os quesitos de especificação e
especificar o sistema de automação.
1. Automação da competição - Natação
2. Automação da competição - Atletismo – corrida 100m
3. Automação da competição - Vôlei
4. Automação da competição - Fórmula 1
5. Preparação de atletas para a modalidade motocross
6. Preparação de atletas para a modalidade ginástica olímpica

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EXERCÍCIO
Etapas:
1 Identificação do sistema 5 Requisitos não funcionais
a) Características e necessidades a) Expansibilidade
b) Lista de sensores e atuadores b) Desempenho
c) Papel dos envolvidos na operação e características da c) Restrições e exigências para a implantação de
interface homem-máquina equipamentos
d) Levantamento operacional (informações a serem d) Vida útil dos equipamentos
armazenadas e) Planejamento do treinamento e apoio técnico
2 Segurança, confiabilidade e disponibilidade (desenvolvimento)
a) Safety f) Treinamento e assistência técnica (operação)
b) Security g) Restrições de custo
c) Confiabilidade 6 Dispositivos de entrada e saída (I/O)
d) Disponibilidade a) Número e tipo de I/Os digitais
3 Requisitos não técnicos b) Número e tipo de I/Os analógicas
a) Informações contratuais (prazos, custos, etc) c) Características técnicas dos dispositivos de I/Os
4 Requisitos funcionais 7 Subsistemas
a) De supervisão a) Identificação de subsistemas
b) De controle manual b) Decisões sobre contratação de fornecedores para
c) De controle automático desenvolvimento e implantação

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