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A asa de uma flor

Era uma vez uma flor que vivia num campo onde se
encontrava uma colmeia. O campo era verdejante e as
suas flores eram como o nascer do sol, metiam inveja a
toda a vizinhança.
Num certo dia, ao entardecer, apareceu no campo
uma abelha para procurar pólen para fazer o mel.

5º C

Esta abelha chamava-se Maia. Andava à procura do


seu amigo António, um simpático grilo, e aproveitou
também para colher algum pólen. O seu desejado amigo foi
encontrado perto de um límpido lago, à beira de uma linda
flor, que parecia estar triste.
– Olá! – disse a Maia.
– Olá, Maia. Fiz uma nova amiga. Esta é a Bela.
– Olá, Maia – disse a Bela com a voz entristecida.
– Ei!... O que se passa contigo? Por que motivo estás
triste? – perguntou a Maia, preocupada
É que eu vejo sempre as outras flores a brincar e eu
não tenho ninguém com quem brincar…
Com pena da pobre flor, a Maia tentou lembrar-se de
alguma brincadeira engraçada e veio-lhe à mente uma:
– Podíamos fazer uma espécie de competição de voo.
Eu chamo as minhas amigas abelhas e vós os dois podeis
ser o júri.
Claro que os dois concordaram com a feliz ideia da
pequena abelha e, enquanto a Maia foi à procura das
companheiras, eles ficaram a preparar o local.
Pouco depois, lá chegou um belo esquadrão de
simpáticas abelhinhas. Pronto o local, começaram as
“audições”. Primeiro, foi a melhor amiga da Maia, a Juju,
que fez um incrível voo com pétalas de rosas. Outra, a Neli,
realizou encantadoras piruetas com água. E, uma atrás da
outra, todas apresentaram belíssimas exibições… Chegou,
então, a vez da Maia. Esta deliciou todos os presentes com
um voo maravilhoso com pólen, deixando um rasto
incrivelmente brilhante.
Acabadas as exibições, António e Bela tiveram de
decidir quem iria ganhar o prémio, o belo colar feito de
luminosas pérolas feitas do mais rico pólen.
8C – Prof. Francisco Magalhães

Os dois ficaram indecisos. Contudo, acharam o voo da


Maia o mais incrível, sendo, por isso, a vencedora.
Entretanto, cada um regressou às suas casas e a Bela
ficou de novo sozinha e triste.
No caminho para casa, a Maia teve uma ideia e o
António perguntou:
– Qual é a tua ideia, Maia?
– Vamos tentar tirar a Bela da terra. O que achas?
– Eu acho uma ótima ideia, mas há um problema!
– Qual é?
– Como vamos tirar a Bela da terra? – questionou o
António.
– Com o pólen mágico que veio da casa abandonada
da bruxa que vivia numa clareira da floresta perto do lago
Cristal.

Todo se assustaram, pois o pólen mágico podia ser


perigoso. Assim, guardaram-no numa caixa bem fechada.
No dia seguinte, a Maia decidiu ir brincar para junto
da Bela mas ela não podia brincar, apenas ver os voos da
sua amiga abelha.
Subitamente, a Maia lembrou-se do pólen mágico que
tinha guardado dentro de uma caixa.
Voou até casa, mergulhou dentro da caixa e carregou
o pólen mágico nas suas asas.
Maia voou sobre a Bela, sacudiu as asas e deixou cair
o pólen nas suas pétalas tristes.
De imediato, sobre as pétalas da Bela aconteceu
uma explosão de brilho e de cor!
As pétalas transformam-se e a Bela esvoaça num
voo deslumbrante!
M – prof.ª Eduarda Macedo
Amor (im)provável

Um dia, estava eu poisada numa flor, a observar a


paisagem, quando avistei um pássaro num ramo de uma
árvore. Ele, atraído pelo colorido das minhas asas,
aproximou-se de mim e exclamou:
– És tão bonita! Como te chamas?
– O meu nome é Margarida – respondi eu. – Sou a
borboleta mais nova da minha família.
– Sabes, eu ando a pensar fazer uma viagem para
conhecer o mundo e gostaria de levar alguém comigo.
Queres acompanhar-me?
5ºB

– Sim! – respondi. – E como te chamas?


– Luke – respondeu o pássaro. – Podemos marcar já
a viagem?
– Claro! – exclamei. – Podemos partir no sábado. O
que achas?
– Por mim está ótimo – respondeu Luke – então até
sábado!
– Até!
Passaram uns dias e já era sábado. Eu nem
acreditava. Os dias passaram a voar! Estava um dia lindo,
um céu azul brilhante, sem nuvens, um sol tão radiante que
fazia reluzir a água dos poços. O campo onde tínhamos
combinado encontrar-nos estava verde, mas um verde
intenso, e o cheiro das flores era tão profundo que até me
apetecia ficar ali.
E ali estava eu pousada numa flor, à espera do meu
companheiro de viagem. “Será que ele se esqueceu?
Será que só estava a brincar comigo? E se ele está por
aí, perdido, porque se esqueceu do lugar que
marcámos?” Bem... vou parar de delirar e esperar mais
um pouco, enquanto aprecio a paisagem.
Mas não tardou muito. Ele chegou.
– Olá, Margarida! – cumprimentou-me o Luke. – Estás
cada vez mais bonita!
– Olá, Luke! Oh! Obrigada! – agradeço – Pensava que
te tinhas esquecido da viagem. Coloquei até a hipótese de
tu estares só a brincar comigo.
– Eu, brincar? Claro que não! Eu era incapaz de fazer
isso a uma borboleta tão bela quanto tu!
– Se o dizes... – respondi eu com uma certa
desconfiança, pois não era todos os dias que aparecia um
pássaro a querer passear pelo mundo e a tratar-me tão
bem. Há que duvidar. – Já vi que hoje alguém acordou
muito bem-disposto!
– Estou sempre bem-disposto. Então, quando se trata
de viagens e descobertas, reúno todas as minhas energias
– respondeu-me o Luke, muito alegremente.
– Tudo pronto? – perguntei.
– Sim. Podemos ir. – afirmou, com uma certa ânsia.
Levantámos voo. Ia ser um longo percurso, mas
estávamos preparados.
– Nunca me imaginei a voar pelo mundo na
companhia da borboleta mais bela que já vi! – exclamou o
Luke, enquanto admirava as minhas lindas asas, umas
asas, em vários tons de azul, mas que, nos seus extremos,
tinham um tom esverdeado e um verdadeiro retoque de
perfeição.
– Pois... Eu também nunca me imaginei a voar com
um pássaro. Isto dava uma história, não dava? “A borboleta
e o pássaro à descoberta do mundo”. Poético! – ironizei.
Ele riu-se. Para ser sincera, é uma experiência nova,
mas até estava a gostar. Ele é super simpático, um amor
em pessoa.
– Já estamos quase em Nova York. Queres parar um
pouco? – perguntou.
– Sim. Confesso que estou a ficar um pouco cansada.
– desabafei. – E se parássemos na Estátua da Liberdade?
– Oh!, sim! É uma bela ideia. Também já está a
escurecer.
Quando estávamos a aterrar, o Luke deu um jeito e
partiu uma asa. Foi um desastre. Então, decidi procurar
uma ave que nos pudesse ajudar.
– Luke! – exclamei. – Aguenta um pouco! Vou em
busca de ajuda.
– Obrigado, Margarida! – agradeceu.
Eu estava de rastos, mesmo muito cansada, quase
sem forças para voar, mas não podia abandonar o meu
companheiro. Foi então que vi um pássaro fêmea, vestido
de enfermeira.
– Olá, senhora enfermeira! Poderia ajudar-me?
– Sim, claro! Qual é a emergência? Parece estar
preocupada!
– Então, o meu amigo pássaro, ao aterrar, partiu uma
asa e precisamos de o curar!
Vi a expressão de preocupada da enfermeira, que me
disse:
– Por favor, mostre-me o caminho!
Quando chegámos, ela foi rapidamente em direção ao
Luke.
– Olá, senhora enfermeira!
– Olá! Vou começar a tratar da sua asa. Se estiver a
magoá-lo, diga.
– Compreendido.
Eu estive sempre ao lado dele… A única coisa em que
ele conseguia pensar era na sua enfermeira, muito bonita!
Não parava de falar das suas lindas penas cor-de-laranja e
dos seus olhos verdes como os campos de onde partimos.
– Pronto! Finalmente acabei.
– Obrigado! – agradeceu. – Mas, antes de ir, como se
chama?
– Serena. E, já agora, podes tratar-me por “tu”.
– Serena!... Que nome lindo! – exclamou ele,
envergonhado. – E se amanhã fosses dar uma volta
comigo e com a Margarida? Aposto que ias gostar.
– Uau! Que boa ideia! Então, amanhã, aqui às 10
horas. Ok?
– Sim. Concordo – respondemos em coro.
– Então, até amanhã! – despediu-se a Serena.
– Até amanhã!
Passadas umas horas, já era manhã. O Luke ainda
está a dormir e eu aproveitei para ir em busca de alguma
coisa para comermos.
Fui procurando, até que vi uma loja chamada
“Almondine Bakery”, que me despertou muito a atenção,
com uma montra cheira de doces, chocolates, pastéis e um
pão quentinho, a sair do forno… Vinha de lá um aroma tão
apetitoso que, se ficasse ali mais alguns minutos, sem
comer um bocadinho, ia acontecer-me como ao cão do
Pereirinha. Aproveitei o facto de estar ali para comer e levei
um pouco para o Luke. “Acho que estou a começar a
gostar dele, mas é quase impossível um romance entre
uma borboleta e um pássaro…”.
Quando voltei ao cimo da Estátua, para meu espanto,
a enfermeira já lá estava e eles estavam muito juntinhos!
“Estão a beijar-se??!! Isto é possível??!!”
– Desculpem! Estou a interromper alguma coisa? –
perguntei, envergonhada.
– Na…a…n…na…não… Então, o que trazes aí? –
perguntou o Luke.
– Nada de mais. Só um pedaço de pão quente para o
nosso pequeno-almoço.
– Obrigado, Margarida! – agradeceu-me ele.
A partir desse dia, as coisas começaram a ficar muito
estranhas. Ele só queria saber da sua nova namorada, já
não quis continuar a viagem e eu, literalmente, sentia-me
uma vela no meio deles.
Já se tinham passado alguns dias e, de acordo com
as minhas contas, eu só tinha mais 3 dias de vida e o meu
melhor amigo praticamente nem para mim falava. Estava
na hora de ter uma conversa com ele.
Decidida, fui à procura dele e, quando o encontrei, ele
estava a chorar. Fiquei realmente muito preocupada.
– O que se passa, Luke?
– Foi ela… a Serena… Ia ter com ela e encontrei-a
com outro pássaro. Foi uma desilusão. Não acredito que
me fui apaixonar por uma bruxa daquelas! – respondeu,
sem conseguir conter as lágrimas.
– Oh!... Que pena! Estavas tão feliz com ela…
Também te trago notícias tristes… Vou morrer dentro de 3
dias…
– Nãoooo!!!... Não é possível!!.... Isso não pode
acontecer!!... Por favor… não vás!!... Preciso de ti…
Desculpa, Margarida – implorou.

8 B – Prof. Francisco Magalhães

Ao saber daquela triste notícia, Margarida desatou


num pranto sem fim. Ia perder o seu adorável amigo, por
quem nutria uma paixão secreta.
Passado o impacto daquela triste revelação, limpou as
lágrimas e pensou «Se assim é, o melhor é parar de chorar
e revelar-lhe os meus verdadeiros sentimentos!»
Se melhor o pensou, melhor o fez. Um pouco encabulada,
olhou-o na maior profundeza do seu olhar e confessou-lhe:
– Sabes, Luke, eu... eu...
– Tu?! Tu, o quê? – perguntou ele, temendo que a sua
revelação lhe roubasse aquela bela amizade. E, muito
ansioso, exclamou:
– Já percebi! Por causa do que te disse, já não queres
conhecer o mundo comigo. Afinal, só te restam três dias de
vida, o que é muito pouco tempo para tão grande viagem.
Ao ouvir estas palavras, Margarida criou coragem e
disse:
– Agora que sei o teu segredo, vou revelar-te outro.
Estou apaixonada por ti e sei que um pássaro não ama
uma borboleta, mas como prova do meu amor vou
acompanhar-te nessa viagem até ao último momento da
minha existência.
R8 - CER
As folhas no outono
Era outono e o tempo tinha-se tornado frio e cinzento.
Pelo ar, esvoaçam folhas coloridas que se desprendiam
das árvores. Um lápis e uma folha estavam a conversar
dentro de uma sala de aula, numa sexta-feira de chuva. A
sala era grande, quente e tinha muitas mesas e cadeiras.
Era um local acolhedor para estudar.
O lápis estava continuamente a escrever na folha.

5º D

Era apenas mais uma das muitas conversas que


pareciam infinitas. A determinada altura, foi mais longe,
escrevendo ternas palavras de amor: “Minha querida folha,
nem imaginas o quanto eu te amo. Prometo nunca mais te
riscar. Pelo contrário, sempre que te escrever e folhear,
será com imenso carinho.”
“Também eu te amo, querido lápis!” – respondia ela,
extremamente alegre e feliz. Porém, ele nem ouvia. Estava
a olhar lá para fora.
Não percebendo porquê, perguntou: “Para onde
olhas?”
“Para aquelas lindas folhas, lá fora. Já reparaste nas
belas cores que têm? Especialmente aquela.” – redigia ele,
enquanto apontava para uma das folhas. Era uma folha
pequena que, devido ao outono, tinha ficado com uma cor
vermelha, com alguns traços de verde e amarelo.
A pobre folha ficou um pouco triste, pois não era
colorida como as outras nem mudava de cor, consoante a
estação do ano. “Também me achas bonita, certo?” –
questionou.
“Sim. Só não tanto como aquela ali.”
Como não esperava tal resposta, ela ficou muito
preocupada. Porém, como o lápis continuou a insistir que
não queria nada com ela, nem ela fazia o seu género e
apenas se importava com a sua companheira, esta ficou
um pouco mais tranquila.
Contudo, no instante em que o Artur, o dono dos dois,
foi abrir a janela, a pedido da professora, a folha da árvore
aproveitou para entrar e não tardou muito para que a
borracha fosse dizer à folha branca: “Amiga, põe-te à
tabela, que o lápis anda a trair-te com aquela, filha! Se
fosse a ti, apagava a vossa história!”
8 D – Prof. Francisco Magalhães

A folha de papel não concordou com a borracha,


porque eles já estavam juntos há muito tempo.
– Eu confio nele – dizia ela para si.
O tempo foi passando e o lápis aparecia cada vez
menos. Este andava a namorar às escondidas com a folha
de outono.
Um dia, como a folha já não via o lápis há uma
semana, resolveu procurá-lo pela sala. Deslizou e caiu para
trás de uma cadeira. Encontrou-o debaixo da mesa com a
folha de outono. Escondeu-se atrás da cadeira e ouviu a
conversa. Ficou tão triste com o que ouviu que, logo logo,
foi chorar para o canto da sala.
Ao abraçar a folha de outono, o lápis virou-se e
reparou nela. Foi, então, ter com ela e perguntou o que se
passava. Ela ignorou-o e virou-lhe as costas. O lápis não
sabia o que fazer, mas desconfiou que ela tinha descoberto
a sua traição.
Durante algum tempo, a folha refletiu e acabou por
não o perdoar, porque ele tinha prometido amá-la e foi
desleal. A partir desse momento, não o deixou escrever
mais nada e pediu à borracha para apagar tudo o que ele
tinha escrito até então. Assim, ficou toda branquinha e
pronta para encontrar um novo amor.
– Não te preocupes! Ouvi dizer que há alguém que
gosta de ti e que gostaria de te desenhar – coscuvilhou a
borracha.
– Quem?
– O lápis azul. Ele adora desenhar e pintar,
principalmente em folhas branquinhas.
Entretanto, a folha de outono foi ficando castanha e
cada vez mais seca. O Artur, sem querer, ao sentar-se,
pisou-a e ela desfez-se. No dia seguinte, já não existia a
folha de outono. Tinha ido para o caixote do lixo.

3.º ano- SC2


Férias inolvidáveis

Era agosto, pleno verão! A temperatura estava


altíssima, não corria uma única brisa e o céu estava tão
azul que parecia um oceano de águas límpidas e
tranquilas. Contudo, Joana não estava tranquila. Naquele
momento, encontrava-se muito inquieta, ansiosa e
aborrecida, pois a escola já tinha terminado há algum
tempo e ela não sabia o que mais poderia fazer para
ocupar os seus dias. Precisava distrair-se, mas não sabia
como.
A Joana era uma jovem bonita, alta e elegante. Tinha
uns longos cabelos negros e sedosos. Os olhos eram
bastante expressivos, de um verde esmeralda, iguais aos
de sua irmã Alícia. As suas faces suaves estavam
completamente salpicadas com pequenas sardas que a
tornavam ainda mais engraçada.
6º E

Após alguns dias a refletir sobre a sua vida,


inesperadamente, chegou uma carta dos seus avós a
convidá-las a ir passar as férias de verão na quinta de que
eram proprietários. Sem pensar duas vezes, ambas
aceitaram o convite e decidiram, então, começar a preparar
as suas malas.
Chegadas à quinta, no dia combinado, Joana e Alícia
foram recebidas com muito entusiasmo por parte dos seus
avós. Contudo, a alegria que as mesmas sentiam durou
pouco, assim que se aperceberam de que não havia rede
wifi. As redes sociais eram indissociáveis das suas vidas
pessoais!
Assim, os dias eram monótonos e aborrecidos,
fazendo com que elas estivessem cada vez menos bem-
dispostas. Logo que o seu avô se apercebeu dessa
situação, decidiu preparar uma viagem surpresa ao
Algarve.
– Meninas, tenho uma surpresa fantástica para vocês!
– propôs o avô.
– A sério, avô? Qual!? – questionou a Joana,
entusiasmada.
– Sim, meninas. Eu e a vossa avó tivemos a brilhante
ideia de vos levar a passear ao sul de Portugal. Como
vocês tiraram boas notas na escola, resolvemos preparar
uma sequência de atividades: ir à praia, ao Zoomarine, ao
shopping, entre outras.
– Obrigada, avô! – disseram em uníssono.
Na manhã seguinte, partiram eles em rumo ao
Algarve. No entanto, enquanto circulavam na autoestrada,
faltando poucos kilómetros para chegarem ao destino, foi
detetado um problema mecânico, o que os obrigou a uma
paragem forçada. Sem saberem o que fazer, tentaram
obter ajuda. Eis que parou um carro, cujo condutor os
auxiliou, tentando imediatamente sinalizar a avaria da
viatura.
Após estar tudo resolvido, seguiram a viagem. Por
volta das 17 horas, chegaram ao hotel que os ia albergar
durante a sua estadia, tendo sido recebidos de uma forma
simpática pelos responsáveis do hotel.

8E – Prof. Sílvio

Mal entraram no seu quarto, verificaram que existia


uma estante cheia de livros. A Joana, como gostava muito
de ler, procurou, de imediato, o seu livro preferido. E
encontrou-o. Só que, mal lhe tocou, ouviu um barulho
estranho e a estante abriu-se.
Nisto, foi à procura da sua irmã Alícia. Passaram,
então, pela entrada secreta da estante e desceram umas
escadas em espiral. Ao chegar a meio, mais ou menos, o
ranger da madeira de um degrau chamou-as à atenção de
uma brecha corroída já pelo tempo. Espreitaram e viram
um velho livro. Como qualquer jovem curioso, pegaram no
achado e sacudiram-no do pó entranhado. Era um
momento único. O coração de Alícia batia apressado e os
olhitos castanhos mais pareciam dois faróis, não de carro,
mas faróis daqueles altos que avisam os navios que se
aproximam da costa. Era, de facto, um diário e começaram
a lê-lo. A caligrafia era bonita, porém notava-se que as
últimas páginas tinham sido escritas à pressa, o que
causou nas meninas uma enorme curiosidade para
perceberem este mistério. Palavra a palavra, frase a frase,
perceberam que pertencia a uma menina que tinha sido
raptada e encontrava-se presa numa gruta perto da praia
da Foz.
– Gruta? – questionou Alicia, preocupada.
– Sim, a gruta da praia da Foz. Aquela praia junto às
rochas do barco abandonado! – respondeu a Joana,
assertivamente.
As miúdas conheciam a praia, desde o tempo em que
o seu avô as levava para observar o pôr do sol, ao
entardecer. Mas da gruta, nada sabiam, aliás nunca
imaginaram a existência de grutas nas redondezas.
Decididas, deslocaram-se a toda a velocidade até
àquela praia, à procura da tal gruta. Procuraram,
procuraram, mas nada encontraram.
Regressaram ao hotel e perguntaram ao rececionista
se havia alguma gruta perto da praia, ao que este,
prontamente, lhes explicou onde ficava a suposta gruta do
Conde. Era assim o nome pela qual era conhecida.
– Do Conde? – perguntaram, em coro, as duas
raparigas, estupefactas.
O homem lá lhes explicou a lenda daquela gruta, de
facto muito pouco acolhedora e envolvida em piratarias e
contrabandos.
Depois de o rececionista pôr ao corrente do que se
estava a passar, foram aconselhadas a denunciar o caso
às autoridades locais, pois seria demasiado arriscado
aventurarem-se sozinhas numa zona perigosa como
aquela. Mais a mais, a maré estava a subir e as nuvens
cinzentas ameaçavam a proximidade de uma tempestade.
– Então o melhor é ligar à polícia! – sugeriu a Joana,
muito preocupada.
– É e tem de ser, já. A menina corre perigo! – afirmou
Alícia, determinada.
Assim, depois de contactada, no espaço de dez
minutos, compareceram a polícia e as meninas no areal da
Praia da Foz.
O vento soprava com alguma força, o que fazia saltar
para o rosto das meninas algumas areias. O mar, esse,
chegava já quase ao barco carcomido pelas marés e
encalhado nas rochas. A Joana parou e olhou, como que
imaginando o dia da primeira viagem daquele que, outrora,
fora um navio de luxo a transportar pessoas importantes e
senhoras bem vestidas e perfumadas, com as suas sacolas
pretas e muito brilhantes ao ombro, quando foi
interrompida:
– Menina, saia daí, é perigoso, as ondas são
traiçoeiras! – era o sargento Emanuel da esquadra da vila.
Na encosta escarpada que dava à praia, a vegetação
dançava raspando os ramos uns nos outros. E as gaivotas,
agitadas, esvoaçavam as suas asas a raspar a água na
esperança de pegarem algum peixe para seu sustento.
Armados com paus, os polícias desbastavam a
folhagem densa, na esperança de encontrarem a tal gruta
do Conde, quando, de repente, ouviram gritos vindos de
dentro do monte.
– Vêm dali os gritos, junto àqueles arbustos! – avisou
o agente Emanuel.
E assim, com agilidade e força, foram cortando o
mato que, aos poucos, ia dando visibilidade às rochas
pontiagudas, algumas, outras mais arredondadas e com
fissuras da escarpa da praia. A certa altura, rompeu por
detrás de uns ramos, secos e cheios de espetos, uma
cobra acastanhada a assobiar para os homens. As
meninas deram um grito, arrepiando de medo, pois o caso
não era para menos. Logo o réptil fugiu, rastejando por
entre a verdura. Com isto, aquele ramo seco descaiu e
viram um buraco para dentro da parede. Aos poucos,
retiraram pedra por pedra, até a abertura ficar maior e mais
larga. Fez-se um silêncio ensurdecedor, quando
começaram a ver a gruta do Conde. Repleta de estalactites
e estalagmites, onde gotas de água desciam, se calhar há
centenas ou até há milhares de anos. Foram caminhando e
um pouco mais à frente, já de lanternas ligadas, repararam
que o teto estava infestado de morcegos que
descansavam, recuperando forças para mais uma noite de
trabalho. Bem num cantinho, junto à parede, uma menina
cor de pele castanha, nariz arredondado, cabelos longos e
lindamente cacheados, levantou-se e abraçou
apertadamente Alícia e Joana.
– Estou tão feliz! Obrigado por me salvarem…
Rapidamente, com a ajuda da polícia, conseguiram
retirá-la daquela gruta fria e húmida.
Anita, como se chamava, estava aterrorizada,
esfomeada, cheia de frio e com a roupa rasgada. Contou
que andava a passear e, vendo a gruta, tentou explorá-la,
mas perdera-se. Não tendo iluminação, decidiu pedir
socorro.
Já segura e mais tranquila, a polícia levou-a a sua
casa, não antes de combinarem ir ao Zoomarine, no dia
seguinte com a família e os avós.

R1 4.º ano – Emília Pimentel


Presenças amigas
Sou uma flor e, durante muito tempo, vivi num jardim
muito bonito, cheio de vida. Havia árvores enormes, plantas
de cores variadas, borboletas que voavam de flor em flor,
relva fofa e algumas casas.
Numa destas casas, vive um menino que, todas as
tardes, depois da escola, vai ao jardim brincar. Descobri
que se chama António. Um dia, a sua bola caiu junto de
mim e ele descobriu-me. Achou-me muito bela e especial.
5ºA
O António também despertou a minha atenção. Era
um menino encantador, cheio de alegria. Por isso, quando
ele começou a visitar-me, diariamente, os meus dias
ganharam cor, pois eu sabia que, ao fim da tarde, ele
apareceria para conversarmos. Eu amava as nossas
conversas. Lembro-me duma em específico:
– Olá, flor! Como correu o teu dia? – questionou ele. É
óbvio que eu não conseguia responder-lhe mas, o facto de
ele não se importar, alegrava-me. – O meu foi bem
cansativo – continuou. – Estudei muito na escola. Além
disso, senti muitas saudades tuas. As manhãs são tão
chatas sem ti!... Pelo menos, posso falar contigo todas as
tardes.
Dava-me imensa felicidade saber que era importante
para ele, mas ficava triste por não lho poder dizer. É tão
deprimente não poder falar!
Os dias iam passando e, em todos eles, o António
falava comigo. De certa forma, eu comecei a apegar-me
muito a ele. Por isso, quando um dia ele não apareceu, eu
senti muito a falta dos seus desabafos e dos seus elogios.
Ele voltou, no dia seguinte, mas diferente dos outros
dias. Não me elogiou, não falou sobre o que se tinha
passado na escola. Falou sobre outra flor, que tinha
encontrado num jardim vizinho e o quanto ele era bela…
Comecei a perceber, cada vez mais, a sua ausência
e, de pouco em pouco, deixou de me visitar
definitivamente. Só então me convenci de que tinha sido
trocada por outra… e logo uma papoila!... Até parece que
elas são muito lindas!...
Mas a vida continua e, com o passar do tempo, o
lugar que outrora tinha sido ocupado por ele naquele jardim
estava agora a ser conquistado por uma linda menina, a
Isabela.
8 A – Prof. Francisco Magalhães

Isabela é uma menina muito bonita. Tem olhos verdes,


cabelos longos e dourados. É muito meiga, brincalhona e
conversadora. Tal como o António, é uma menina
impecável. Ela fala sobre a escola e outros assuntos.
Sabem? A Isabela gosta mesmo muito de mim. Todos
os dias, à tarde, vem visitar-me com a sua mãe e o seu cão
Tobias. Ela mora aqui bem perto do jardim.
Existem algumas diferenças entre Isabela e o António,
porque ela chegava sempre muito contente. Ela adora a
escola! Está a dar uma matéria, em Estudo do Meio, que
muito aprecia: Os Planetas. Até me contou que a Terra gira
à volta do Sol e explicou-me os movimentos de rotação e
translação da Terra.
O grande problema é quando chega o inverno…
Começa a chover muito e a ficar frio e, por isso, os pais da
menina não a deixam encontrar-se comigo, pois pode
adoecer. Fico triste e a pensar que a Isabela também me
irá abandonar para sempre.
As minhas folhas começam a cair com o frio e fico
doente.
Contudo, para surpresa minha, eis que ouço uma voz
familiar… É a Isabela. Traz um vaso na mão com terra fofa
para me meter lá dentro e me levar para casa dela. Explica-
me que vai tratar de mim no inverno, para eu não morrer de
frio e assim podermos estar, sempre, juntas.

R7 - CER

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