Você está na página 1de 1

A QUÍMICA DO AMOR – Sua contextualização

Ao longo dos tempos, o amor tem sido cantado por poetas, pintado por artistas,
celebrado por pessoas. Há quem jure a pés juntos que, recorrendo a um
“preparado especial” (um «elixir do amor»), qualquer homem se pode tornar
irresistível, despertando nas mulheres à sua volta uma incontrolável atração.
Ficção científica? Banha da cobra? Ou em vez da flecha e do arco, Cupido usa
armas químicas?
A ideia de um «elixir do amor» percorre o imaginário ocidental. Por isso, quando
se coloca a hipótese científica de os humanos serem influenciados
inconscientemente por uma espécie de perfume secreto, a curiosidade popular
não resiste. Repare-se na “receita” da bebida que selou o amor entre Tristão e
Isolda – continha testículos de um galo branco de dois anos, flores de
mandrágora, trufas, tomilho e cominhos…
Também as essências mais clássicas andaram sempre de mãos dadas com as
histórias de amor. «Vinha-lhe até por ela uma indefinida repulsão física: devia
ser intolerável toda uma noite o seu cheiro exagerado de verbena», escreveu
Eça de Queirós, descrevendo as meditações de Carlos sobre Gouvarinho, no
livro “Os Maias”.
Aquilo a que se chama «química do amor» ultrapassa os cinco sentidos de que
temos consciência. O amor surpreende-nos quando menos esperamos (e, às
vezes, com quem menos se espera). Também os cientistas se debruçaram sobre
este grande mistério da vida – a atração entre duas pessoas – e foi na atuação
das feromonas, sinais químicos que permitem a membros da mesma espécie
comunicarem à distância, que encontrou a chave que permite abrir algumas
portas. E, já agora, corações.
No entanto, por muito que se aprofundem os estudos sobre os cinco (ou seis?)
sentidos, a descrição total dos sentimentos que juntam duas pessoas permanece
difícil de concretizar. Defende Clara Pinto Correia: «Nós, os cientistas, podemos
falar da cascata química que é o orgasmo, podemos descrever os sensores do
cheiro, do tato, do paladar... Podemos descrever toda a artilharia química, mas
a ciência não pode responder totalmente à pergunta `porque é que nos
apaixonamos?'».

Poderá a Química ajudar-nos a perceber os mecanismos envolvidos? Nesta


palestra, iremos abordar quais os principais compostos que atuam nas diferentes
fases do amor (a paixão, o enamoramento, o casamento, o porquê da fidelidade
ou da (tristemente) famosa crise dos sete anos (no casamento), serão assuntos
aqui abordados. Veremos ainda do porquê se poder falar “do amor à primeira
vista”, mas também de alguns distúrbios relacionados com este sentimento. E
porque não abordar algumas equações matemáticas que procuraram estudar a
durabilidade de uma relação?

Você também pode gostar