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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

FLUMINENSE QUISSAMÃ

TÉCNICO EM ELETROMECÂNICA 3º ANO

AGDA NOBERTO, EMILLY BARRETO, LUCAS DE SOUZA E THIAGO


NEVES

SIMBOLISMO:
Resgate do símbolo

Orientador: Prof. Erica Nascimento

QUISSAMÃ/CARAPEBUS - RJ
2023
Contexto histórico:

O movimento simbolista surge nas últimas décadas do século XIX na


França, num momento em que o continente Europeu assistia à
ascensão da burguesia industrial. Com isso, o capitalismo se fortalecia
com a 2º Revolução Industrial, permitindo a industrialização de diversos
países, gerando um aumento na economia mundial. Porém, esse
progresso capitalista gerou uma grande desigualdade social, levando à
insatisfação dos trabalhadores mais pobres.

No meio desse contexto o tipo de pensamento que predominava era o


cientificismo, de origem positivista. Tal linha filosófica era extremamente
racional, que procurava entender e explicar a realidade de forma
objetiva, valorizando a ciência em detrimento da espiritualidade e das
teorias metafísicas se contrapondo às ideias do romantismo que tem o
foco nas emoções e subjetividade, ao naturalismo que seu foco é o
determinismo e a zoomorfização e parnasianismo onde seu objetivo
eram obras perfeitas.

Os simbolistas questionaram as conclusões racionalistas e mecânicas


em voga na época, pois elas não davam espaço à existência do sujeito,
servindo apenas como combustível para a ascensão da burguesia
industrial. Buscavam algo além do materialismo e além do empirismo:
um sentido de universalidade, que seria recuperado por meio da
linguagem poética. Buscavam, ao contrário da impessoalidade numérica
e tecnológica, os valores transcendentais — o Bom, o Verdadeiro, o
Belo.

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Características literárias do Simbolismo:

● Decifrar símbolos: uma linguagem que compreendesse uma


universalidade. O poeta é, aqui, um decifrador dos símbolos que
compõem a natureza ao seu redor;

● Sinestesia: construção de versos que descrevem sons, aromas e


cores, pois os cinco sentidos são instrumentos de captação dos
símbolos ao redor;

● Descrições crepusculares: presença simultânea de luz e sombra;

● Subjetividade: varia de acordo com o julgamento de cada pessoa,


consistindo num tema que cada indivíduo pode interpretar da sua
maneira..

● Transcendência: A transcendência trata-se daquilo que está além


do mundo material, refere-se aos fenômenos de natureza
metafísica;

● Espiritualidade: o conjunto de crenças que traz vitalidade e


significado aos eventos da vida.

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Textos do período literário do Simbolismo e análise dos textos:

A eternidade:

De novo me invade.
Quem? — A Eternidade.
É o mar que se vai
Como o sol que cai.

Alma sentinela,
Ensina-me o jogo
Da noite que gela
E do dia em fogo.

Das lides humanas,


Das palmas e vaias,
Já te desenganas
E no ar te espraias.

De outra nenhuma,
Brasas de cetim,
O Dever se esfuma
Sem dizer: enfim.

Lá não há esperança
E não há futuro.
Ciência e paciência,
Suplício seguro.

De novo me invade.
Quem? – A Eternidade.
É o mar que se vai
Com o sol que cai.”

(Arthur Rimbaud)

A musicalidade dos versos, o trabalho com o domínio do simbólico


(noite, fogo, mar, sol) e a temática da existência mortal com a dimensão
transcendental da Eternidade e da alma são características do
simbolismo nesse poema de Rimbaud.

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Uma Carniça:

Lembra-te, meu amor, do objeto que encontramos


Numa bela manhã radiante:
Na curva de um atalho, entre calhaus e ramos,
Uma carniça repugnante.
[...]

Ardia o sol naquela pútrida torpeza,


Como a cozê-la em rubra pira
E para ao cêntuplo volver à Natureza
Tudo o que ali ela reunira.

E o céu olhava do alto a esplêndida carcaça


Como uma flor a se entreabrir.
O fedor era tal que sobre a relva escassa
Chegaste quase a sucumbir.

Zumbiam moscas sobre o ventre e, em alvoroço,


Dali saíam negros bandos
De larvas, a escorrer como um líquido grosso
Por entre esses trapos nefandos.
[...]

— Pois hás de ser como essa coisa apodrecida,


Essa medonha corrupção,
Estrela de meus olhos, sol de minha vida,
Tu, meu anjo e minha paixão!

Sim! tal serás um dia, ó deusa da beleza,


Após a bênção derradeira,
Quando, sob a erva e as florações da natureza,
Tornares afinal à poeira.

Então, querida, dize à carne que se arruína,


Ao verme que te beija o rosto,
Que eu preservei a forma e a substância divina
De meu amor já decomposto!

(Arthur Rimbaud)

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“Uma carniça”, o eu lírico faz a mulher amada se lembrar do “objeto”
que eles encontraram numa “bela manhã radiante”, isto é, uma “carniça
repugnante”. Ele a descreve com repulsivos detalhes, e, ao final, conclui
que sua interlocutora, um dia, será como tal carniça"

A Vampira:

Tu que, como uma punhalada


Invadiste meu coração triste,
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado


Encontrar o leito ao ascendente,
– Infame a que eu estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como a seu jogo o jogador,


Como à garrafa o beberrão,
Como aos vermes a podridão
– Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz


Dar-me a liberdade, um dia,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.

Mas não! O veneno e o punhal


Disseram-me de ar zombeiro
“Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro

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Ah! imbecil – de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!

O texto nos mostra através dos “objetos” do texto (cobra, veneno,


demônios, apunhalaste) que o amor pode ser perigoso. Podendo como
tornar um vício que nos fere se não prestarmos atenção no que estamos
nos metendo.

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Referências bibliográficas:

https://www.todamateria.com.br/simbolismo-caracteristicas-e-contexto-hi
storico/

https://www.culturagenial.com/simbolismo/

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/simbolismo.htm#Caracter%C3%
ADsticas+do+simbolismo

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/simbolismo.htm#Caracter%C3%
ADsticas+do+simbolismo

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/charles-baudelaire.htm

https://poeticadebotequim.com/2016/05/19/vampiro-de-charles-baudelair
e/

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