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Mais tarde, a informação seria desmentida por Rondon – “afirmou que ele não
apresentou o inglês a Pessoa, e também não teria solicitado a audiência como
dizia a nota oficial; o presidente o teria convocado à reunião, como
conhecedor da região a que Fawcett queria acesso, e Rondon teria dado a sua
opinião: ‘apresentei, então, a ideia de formação de uma comissão brasileira, à
qual Fawcett seria agregado; oficiais do nosso Exército dela participariam e
Fawcett, assistido por nós, faria os seus estudos”.
O então embaixador inglês, Ralph Paget, foi quem solicitou a audiência.
“O que ele pretendia, antes de tudo, era afirmar que a região já havia sido
colonizada pelos europeus antes, e, portanto, desestabilizar as pretensões
nacionais dos países amazônicos, à sua posse exclusiva; ele é mais um
precursor do discurso de internacionalização da Amazônia que um defensor da
‘civilização’ indígena”, ilustra Ramos Júnior.
PRECEDENTES
Muribeca teve um filho chamado Robério Dias, que se tornaria homem ambicioso
e amargurado por não ser considerado "branco" por ser filho de mãe índia; em
Portugal, foi questionado pelo rei sobre a localização das minas de seu pai, a qual
ele aceitou revelar, em troca do título de marquês. O rei concordou.
Cerca de 200 anos depois, desde o surgimento dessa possível história, o naturalista
Manuel Ferreira Lagos, encontrou na Livraria Pública da Corte, um
manuscrito datado à época com aproximadamente cem anos: ‘Manuscrito 512’ -
carta de um bandeirante que durante anos estivera à procura das minas de
Muribeca.
MANUSCRITO 512
Havia dez anos que a comitiva viajava pelos sertões em busca das minas de prata
de Muribeca.
Depois de uma longa peregrinação, incitados pela incansável cobiça por riqueza
por todos esses anos, estávamos quase perdidos pelo vasto sertão baiano quando
descobrimos uma cordilheira de montes muito elevados. Ela brilhava muito,
principalmente quando o sol batia ali diretamente, parecendo ser composta de
cristais e tudo aquilo era tão bonito e admirável que apreciamos aquela vista por
um bom tempo.
Gastamos mais de três horas na subida até chegarmos a um campo, onde pouco
mais de meia légua nos foi possível avistar o que parecia uma cidade.
Não nos aproximamos e esperamos dois dias na tentativa de fazer contato, porém,
ficamos confusos quando percebemos que ali não havia habitantes.
Um índio de nossa comitiva resolveu se arriscar e foi até a cidade, voltando pouco
depois afirmando não ter descoberto sequer rastros de habitantes.
Fomos todos, então, explorar a cidade, cuja entrada se dava por um portal dividido
em três arcos, sendo o do meio maior. E nele haviam inscrições que não
conseguimos ler pois estava muito alto.
Logo após o arco, havia uma rua larga com muitas casas em ambos os lados.
Entramos em algumas dessas casas e não achamos móveis ou qualquer objeto que
pudesse nos dar alguma informação sobre quem habitou aquela cidade.
Quando chegamos no fim da rua, nos deparamos com uma grande praça, onde, no
centro, sobre uma alta coluna de pedra preta, havia a estátua de um homem que
apontava o Norte com seu braço.
No lado direito dessa praça há um enorme edifício, como se fosse a casa principal,
onde encontramos, talhado em alto relevo a figura de um jovem com peito nu e
uma coroa de louros sobre a cabeça.
Do outro lado há outra grande construção em ruínas que parece ter sido o templo
que fora destruído, talvez, por um terremoto
Na frente da dita praça corre um rio largo e bonito, com campos de flores à sua
volta.
Encontramos uma grande casa. Subimos por uma escada que nos levou a uma
grande sala, onde vimos mais inscrições misteriosas.
CIDADE ABANDONADA
“A História é uma grande mentira; mas nem por isso deixa de ser verdadeira”.
Ninguém descobriu até os dias atuais quem foi o autor deste documento e o que
aconteceu com ele posteriormente. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
publicou o manuscrito em sua revista, atraindo caçadores de tesouros.
Quando o manuscrito chegou até Fawcett, ele sabia que deveria ir atrás daquela
cidade, a qual chegou até a imaginar se não seria Atlântida ou uma nova criação
dos sobreviventes da mítica e avançada urbe.
EXPEDIÇÃO
Mas tudo isso foi visto com muito ceticismo pela Real Sociedade Geográfica
britânica, o que dificultou muito para que o coronel conseguisse um financiamento
para a expedição. Após algumas tentativas, anos depois Fawcett conseguiu algum
dinheiro e foi atrás da chamada cidade perdida.
Convidou Jack Fawcett, seu filho mais velho, e um amigo dele chamado Raleigh
Rimmel, para participar da perigosa aventura. E como os recursos arrecadados
eram poucos, aquele foi o reduzido número de integrantes que levou à expedição.
“Foi com grande alívio e comemoração que Fawcett, Jack e Rimell tomaram o
navio S.S. Vauban, da empresa Lamport and Holt Line, nos primeiros dias de
1925, com destino ao Rio de Janeiro”, narra o jornalista Hermes Leal no livro
“Coronel Fawcett: a verdadeira História do Indiana Jones”.
Começo daquele ano, os três aventureiros seguiram até Cuiabá e lá se juntaram aos
guias contratados. Subiram o alto Xingú a cavalo até o Posto Bacairi, que era um
posto avançado que Fawcett dizia ser "o último vestígio de civilização" que
encontrariam antes de prosseguir.
Nas correspondências do coronel, ele informava que tudo estava bem, com
exceção do amigo de Jack que adoeceu. Relatos de constantes ataques de animais
selvagens e insetos indicavam que a expedição estava difícil. No entanto, Fawcett
possuía bastante conhecimento em sobrevivência na selva e sobre as culturas
indígenas, sabendo até mesmo como impressionar indígenas hostis com
instrumentos musicais e ganhar, assim, sua simpatia.
SUMIÇO
Isso aos 29 de maio daquele ano, quando o trio foi visto pela última vez.
“Essa foi a última notícia real da expedição. Passaram-se um, dois, três meses
sem informações de onde se encontravam. Mais seis meses e nada de notícias.
Um ano depois a possibilidade de fracasso aumentou. Fawcett enganara todo
mundo mais uma vez. Para despistar quem fosse atrás dele, dava mais uma
vez informações erradas de sua localização. Em oito dias jamais teria como
chegar ao campo do Cavalo Morto, próximo ao rio Manitsauá. A distância a
ser percorrida entre o campo e o posto era muito grande e levaria cerca de um
mês para ser percorrida, além de que o local ficava dentro de uma mata
fechada, por onde não se viaja a cavalo. Quando enviou as cartas para
Londres, Fawcett não estava realmente no campo. Ele andou com sua
caravana pelos rios Paranatinga e Curisevo, e tomou o rumo de sua Cidade
Abandonada depois de passar alguns dias com os índios nafuquás. Em seguida
rumou para o leste, na direção dos kalapalos e dos valentes suiás. Após passar
por essas aldeias, os índios silenciaram-se sobre o destino certo de Fawcett.
Tudo indicava ter a expedição chegado até o rio Culuene, ficando com os
kuicuros e com os kalapalos a missão de indicar a direção tomada pela
expedição a partir daquele ponto. Mas nada se ouviu”, registra Hermes Leal.
Um jornal inglês ofereceu dez mil libras para quem fornecesse provas do que
havia acontecido ao explorador. Mas ninguém sabia do paradeiro dos três
exploradores.
Uma das ordens do coronel orientava que, se ele não retornasse, não deviam fazer
nenhuma tentativa de resgate, pois se ele, com toda a experiência e conhecimento
da selva, fosse vencido no inferno verde, pouco provável que outros
sobrevivessem.
Com medo de roubarem a descoberta dele, a rota que planejava seguir foi mantida
no mais absoluto segredo, podendo ter rumado para qualquer lugar da gigantesca
selva, o que dificultou mais ainda a tentativa de os encontrar.
ESPERANÇA
O suíço contou que ele e mais dois amigos estavam em uma expedição de caça e
chegaram até uma aldeia indígena no noroeste do Mato Grosso, sendo recebidos
pelos nativos que, em determinado momento, ficaram bêbados; um homem branco
mais velho de cabelos amarelados longos, vestindo peles de animais se aproximou
do suíço e disse que era um coronel britânico e que era mantido prisioneiro ali,
pedindo para que Rattin pedisse socorro ao Major Paget na embaixada britânica.
Sir Ralph Paget era o antigo embaixador e poucas pessoas sabiam da amizade de
Fawcett com ele. Isso ajudou a convencer o cônsul, mesmo se questionando como
os indígenas deixaram o suíço sair dali enquanto mantinham outro homem branco.
OSSADAS
Contudo, as arcadas dentárias e as estaturas dos esqueletos não batiam com as dos
exploradores, e posteriormente, por algum motivo, os descendentes de Fawcett se
recusaram a fazer o exame de DNA.
Villas-Boas insistiu até o fim de sua vida que aqueles ossos eram de Percy
Fawcett.
Não demorou para que mais teorias malucas surgissem, inclusive a de que o
coronel Percy Harrison Fawcett teria encontrado a cidade perdida e por lá
permanecera.
MISTÉRIO
Nos anos 1990, século passado, saiu na última expedição atrás do coronel Fawcett.
James tinha uma equipe de especialistas, jipes preparados para a selva, barcos,
GPS, rádios e uma grande quantidade de equipamentos tecnológicos e máquinas
que Fawcett sequer poderia imaginar em sua época.
Ele chegou até próximo do ponto onde Fawcett foi visto pela última vez.
Porém, para prosseguir precisou deixar grande parte do equipamento e parte da
equipe para trás, seguir de barco pelo Rio Xingú, e, quando achasse área propícia
para pouso, enviaria as coordenadas por rádio para um avião levar o equipamento.
Ao correrem, perceberam que estavam sendo cercados por indígenas com arcos e
antigos rifles. Ao que tudo indicava, outras tribos também puderam ouvir o avião
pousando. O cerco ficava cada vez mais fechado e cinco membros da expedição
correram em desespero até a aeronave, pulando para dentro do avião, gritando para
que o piloto decolasse.
James Lynch assistia a tudo aquilo boquiaberto, até que foi informado que a partir
daquele momento, ele e o resto da equipe eram prisioneiros.
CINEMA