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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro


Universidade Federal Fluminense
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ

Disciplina: Lugar, ambiente e artes.


Coordenador: José Maurício Saldanha Alvarez
APX2– 2020/2

Aluno: Hugo Leonardo de Moraes Melo


Matrícula: 16113120111
Polo: Paracambi
Questão 1
Em 1565 Estácio de Sá funda o Rio de Janeiro num povoado nos morros Cara de Cão
e Pão de Açúcar, contudo Mem de Sá em 1567 transfere o arraial para morro de São Januário,
depois chamado de Descanso e Castelo devido à amplitude do local.
A localidade escolhida, fins de segurança é uma fortificação que se igualava a um
castelo e cidade portuguesa da reconquista. Entre algumas construções existe a casa da
câmara, casa da cadeia, casa do governador e colégio dos jesuítas.
Para isto, Sá destrói a mata nativa daquele lugar que é riquíssima, conforme relato:
“Escolhi hum sítio que parecia mais conveniente para hedificar nelle a cidade de São
Sebastião o qual sítio hera de um grande mato espeço cheo de muitas arvores grossas em
que se levou asaz de trabalho em as cortar e alimpar o dito sítio e hedificar huma cidade
grande serquada de muro por sima com muitos baluartes e fortes cheo de artelharia, e fiz a
igreja dos padres de jhesus onde agora residem telhada e bem consertada. (Mem de Sá)

Com a prosperidade do Rio de Janeiro no final do Século XVI, devido os negócios na


Bahia da Guanabara e nos recôncavos da cidade os habitantes iniciam uma migração para a
parte baixa. Isto a contra gosto das autoridades, pois descentraliza a segurança do local.
Devido o progresso da cidade do Rio de Janeiro junto à vinda da família real, o Morro
do Castelo se torna o reduto dos pobres, uma vez que a moradia no morro dispõe de preço
popular.
Através do tempo o Morro do Castelo é esquecido pelos cidadãos e pelas autoridades,
visto que não ocorrem investimentos, tornando um local parado no seu tempo. Em
contrapartida, na parte de baixo acontece o progresso com bondes, jornais, vapores, mas no
Morro do Castelo representa o Brasil colônia, o atraso. Em 1921 o prefeito Carlos Sampaio
decreta o seu fim em nome do progresso.
O Morro é perto e longe, em razão do esquecimento. Perto e longe no tempo devido o
retrocesso. Como escreveu Machado de Assis sobre o morro no livro Esaú e Jacó: “Muita
gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais nascerá e
morrerá sem lá pôr os pés”.

Questão 2
Em 04 de setembro de 1850 foi promulgada a Lei Eusébio de Queirós, Lei nº 581, que
proibia o tráfico de escravos negreiros.
Além disso, o Brasil recebia cerca de cinco milhões de africanos escravos que
representava todo trabalho de mão de obra. Com a Lei o tráfico foi cessando aos poucos, pois
o país dependia destes escravos para a movimentação econômica.
Como resultado, muitos empresários que investiam no tráfico de escravos procuravam
outras vias de investimentos. Com isto houve a abertura de várias atividades: industrias,
companhia de transportes. Esta época é marcada com grande crescimento na cidade.
A cidade se encontrava insalubre com rede de esgoto inexistente, ou seja, mais uma
vez o ser humano não conseguia um bom relacionamento com o ambiente natural e, através
da mão de obra escrava, jogava o esgoto nas praias, rios, provocando uma degradação
ambiental.
Entendendo a precariedade do Centro o cidadão buscava uma qualidade de vida longe
do barulho, mal cheiro, agitação e malefícios da cidade e procurava usufruir as conquistas da
revolução industrial e encontrava em lugares afastados do Centro tal ansiedade por uma
habitação tranquila e natural.
O romance de Machado de Assis “A mão e a Luva” descreve como era a casa retirada
do Centro do Rio de Janeiro. Percebe a presença imponente da fauna e flora, o silêncio e a
tranquilidade de um lugar realmente digno de descanso.
“ficava quase no fim da Praia de Botafogo, tendo ao lado direito outra casa, muito maior e
de aparência rica. A noite estava bela, como as mais belas noites daquele arrabalde. Havia
luar, céu límpido, infinidade de estrelas e a vaga a bater molemente na praia, todo o
material, em suma, de uma boa composição poética, em vinte estrofes pelo menos,
obrigadas a rima rica, com alguns esdrúxulos rebuscados nos dicionários. (...) A manhã
estava fresca e serena; era tudo silêncio, mal quebrado pelo bater do mar e pelo chilrear dos
passarinhos nas chácaras da vizinhança”(Machado de Assis)
Diante deste ambiente favorável o sistema de transporte é incorporado. A malha
ferroviária e os bondes puxados por dois burrinhos se tornam uma realidade, pois lugares
como a Zona Sul são atendidas pelos transportes, devido a demanda desta migração para
regiões retiradas.

Questão 3
Em 1643 é coroado o Rei da França e Navarra, Luís XIV, mais conhecido como “O
Grande” e “Rei Sol”. Reinou por 72 anos com grande esplendor, pois nenhum monarca
ocupou por tanto tempo o trono na França. Além de possuir um exército de 500.000
(quinhentos mil) soldados, a sua liderança é marcada por centralizar o poder absoluto da
Europa em um lugar, a França.
Foi a partir da influência do Rei Sol que surgem as cidades e os grandes centros de
poder.
Portanto, quando uma cidade cresce, há um núcleo e ao derredor a periferia. Por isso a
cidade é a grande centralizadora de poder, pois ela dita, por representar uma ordem social, a
cultural, a política, a literatura, a moda.
Outra característica é a dinâmica da cidade comparada a periferia. Nesta, suas práticas
ligadas ao solo natureza dão o ar de mais vagarosa, calma, enquanto aquela, a velocidade dos
negócios a correria do dia a dia são inerentes a esta localidade.
O escritor Milton Hatoum na obra “Relato de um certo Oriente” conta sobre o
curandeiro chamado Lobato “o pai da magia branca”, semelhante a um cabloco, que se
destaca em sua cidade por encontrar pessoas e curar o povo de todas as doenças.
A relação centro X periferia; cidade X roça culmina quando um médico graduado em
outro país se depara com tamanha sabedoria de Lobato:
“Tive de ir a Londres para constar e aceitar, que a terapêutica de muitas enfermidades daqui
se deve a profunda compreensão das plantas regionais, por parte dos moradores da floresta.
Eu e Dorner, amigos íntimos de Hector, pensamos que a presença do curandeiro, nas horas
de sofrimento iria ferir os brios de um médico diplomado na universidade da Bahia,e com
curso de especialização na London School of Tropical Medicine” (Milton Hatoum)
Há na literatura brasileira dois sertões, o de Euclides da Cunha e Guimarães Rosa. Os
dois sertões se aproximam pela identidade nacional e pela concepção de um retrato do
sertanejo. Os dois sertões se associam, também, por voltar-se para o marginalizado, aquele
que é só, mas diante de uma riqueza infinita, a cultural no sertão.
Entretanto Euclides com olhar jornalístico sobre o massacre de Canudos, denuncia as
violências daquela época e mostra duas raças no sertão: a “civilizada e a “semi-raça”. Já Rosa
rompe as fronteiras regional e mostra um sertanejo universal, ou seja, aquele sertanejo,
homem da roça é o mesmo que é capaz de trazer a luz questões ontológicas, questões sem
respostas, desmistificando aquele sertanejo burro, desajustado, sem sentimentos e que só sente
fome.

Questão 4
Ao “flanar” pela cidade há um descortinar da alma arquitetônica, onde cada estilo da
arquitetura se revela uma vida social.
A parte externa aponta para o estilo de época, o contexto cultural e a conexão
histórico-social vivido. Já o interior com valores individuais aponta para as diversas
predileções particulares.

Questão 5
As viagens iniciam quando mergulhamos nos livros e deparamos com um multi-
universo. Daí surge o anseio de dilatar os horizontes por estes locais, reproduzindo histórias,
passeando por ruas que tais personagens andaram, comparar tais paisagens daquela descrição,
todos com características únicas, criadas pelos autores. Com isso há o vínculo entre a ficção e
a realidade, o passado e o presente por meio da literatura.
Por exemplo, o escritor português Eça de Queiróz e o americano Mark Twain descreve
a Terra Santa de maneira peculiar usando as mesmas paisagens e indivíduos. O que permite
imergir em duas percepções de cidades e ambientes de um mesmo local.

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