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Pacatuba 2016

Querido Nélson;
de madrugada os jovens com os quais convivi na Fazenda da Esperança vem visitar minha alma.
Vejo o rosto deles, os chamo pelo nome, comemos no mesmo prato, compartilhamos dores e alegrias,
trabalhamos juntos, brincamos, saboreando o gosto de sermos irmãos. Impossível conhecer o Pai
se não atravez do PODER de sermos irmãos “nao pela carne, pelo sangue, pela vontade do homem,
porque de Deus nascemos”.
Mas aonde esta a maioria deles os Gilailsons, os Cavalcantes, os Adrianos, os Edilsons,
os Juniors, os Johns, os Nonatos, os Franciscos, etc.? Ontem estavam conosco, alegres na luta, fortes
na sobriedade. E hoje? De novo no túnel do vicio, da solidão, do desespero. Crucificados com
suas próprias mãos na cruz do individualismo. Ainda não descobrimos a dimensão social da fé. Nossa
fé é egocêntrica, individualista: Salva a TUA alma? Cadê a fé aplicada no social, transformadora de
todas as realidades humanas, não só do individuo? Passam e repassam na minha alma os rostos deles,
escuto a voz deles: “Porque nos abandonastes, caídos, recaídos? Tu também esta satisfeito com tua fé
individualista? Procura a salvação da tua alma mais do que das nossas?”. 
 
Vocês estavam jogados num mar em tempestade, náufragos, enganados pelo mundão, reduzidos
a lixo, comendo lixo, viraram lixo. Um belo dia nós passamos perto de vocês numa balsa: pegamos
vocês, puxamos a bordo. Oferecemos um tempo de graça, de recuperação no santuário de Deus.
No coração Dele vocês acharam aquilo que procuravam na química, numa pedrinha, num pozinho, que
dava a ilusão da felicidade. Acolhemos vocês como irmãos numa especie de UTI. Descobrimos juntos
os remédios da terapia intensiva do coração e da alma: espiritualidade, convivência, trabalho. Uma
caminhada na academia do espirito, treinando o amor fraterno, a partilha da alma. Fizemos a
experiência que se não vai pelo amor, vai pela dor.  
 
“Nós eramos infectados pelo desamor e vocês nos injetaram a vacina do Amor. E agora vocês
podem nos jogar de novo naquela sociedade que nos infeccionou?  Depois de um ano a gente voltou
no mundão. Será que estávamos preparados, equipados para enfrentar a luta numa sociedade selvagem
aonde triunfa a lei da floresta, o mais forte devora o fraco? Tentações, seduções, vaidades, ciumes,
invejas, orgulhos: nosso pão de cada dia. Não era algo além das nossas forças? Como sobreviver num
mundo aonde não achamos mais irmãos mas inimigos, exploração, engano, ganancia de ter e de poder,
corrupção, violência, etc.? Da UTI voltamos ao campo de batalha, à derrota nossa e... da fazenda?
Nem conseguimos nos recuperar por completo e já devíamos enfrentar a força todo poderosa do vicio,
do mal que voltou nos atacar feito mais forte. Como não cair de novo?
 
Voltamos a engrossar as filas dos 185 milhões de usuários de entorpecentes para esquecer de
sermos miseráveis, inúteis, desprezados, lixo, etc. Será que não tinha um jeito diferente deste inferno
social estruturalmente constituído no egoismo? Se em lugar de voltar para o mundão alguém tivesse
nos oferecido uma realidade social alternativa, baseada nos princípios evangélicos vividos a
nível social, de forma livre e voluntaria? Será que a fazenda não tem condição de nos oferecer
uma  comunidade alternativa, evangélica aonde em lugar da exploração haja a partilha dos bens e dos
meios de produção? Voltar no mundão não significa voltar a ser cúmplices, corresponsáveis de todas
as vitimas da sociedade? Vale a pena relembrar que no mundo são nossos irmãos não números os 
- 165 milhões de filhos abandonados -  10 milhões de prostitutas
- 10 milhões de presos  - 185 milhões de usuários de crack
- 40 milhões de aidéticos - 100 milhões de sem teto
- 250 milhões de meninos trabalhadores - 20 milhões mortos de droga (nos últimos 10 anos)
- 10 milhões vitimas do terrorismo - 50 milhões de prófugos
-  200 milhões de favelados na América Latina - 50 milhões de escravos
- 800 milhões de desnutridos, etc.
 
Não é Ele que clama por uma nova sociedade, por um mundo novo, a nova criação que Ele
prometeu? Para que Ele nos deu uma nova lei, um novo pão, uma nova terra e um novo céu? Será
que  nos falta ainda, como cristãos, descobrir a aplicação da fé a nível social, que se torne fermento
capaz de transformar todas as realidades da vida: trabalho, uso dos bens, família, sociedade,
ecologia? Utopia transformar o mundo? Mas utopista seria o Filho de Deus, inútil a cruz dele e de
todas as vitimas da historia? Ou somos incapazes de aplicar a fé, a força do “impossível ao homem”,
mas “possível” para quem acredita de ser filho de Deus? O que nos impede de fazer uma experiência,
uma tentativa? Por exemplo: seria impossível começar a implantar uma fazenda que seja uma proposta
de vida alternativa, um exemplo de vivencia social do evangelho, daquela palavra de vida que não
pode ficar só no intimo do coração mas deveria transformar todos os aspectos da vida humana?
Será que no mundo do nosso Deus já não tem alguma experiência desse tipo?
 
E’ suficiente dizer que o mundo não presta, não é o lugar aonde viver segundo o evangelho,
ficar na critica negativa sem oferecer uma alternativa, uma sociedade fraterna? Me parece de ouvir a
voz de uma multidão: “Tu me salvastes da tempestade, do mar da solidão, do desespero e o que me
ofereces senão voltar para aquele mar de instintos desenfreados? Eu sei, que você me convida a ser
missionário, salvador de outros náufragos, mas para aonde vai a nossa balsa se não há o porto seguro
de uma nova sociedade? Não tenham medo de fazer milagres sociais. Precisamos de amor social, de
justiça social: dar o irmão ao irmão. Se amar sozinhos é muito bom, imagine amar juntos, nos tornar
um amor de povo para sermos imitadores de Cristo a nível social.
 Nélson, eu sei que tudo isso pode ser considerado utopia. Como foi para a gente antes de tocar
com as mãos a experiência de viver o evangelho como lei de vida social na comunidade
de Nomadelfia. Hoje eu sei que a sociedade nova tem um endereço, um telefone, uma fazenda com 50
famílias voluntarias. E’ impossível transmitir sentimentos e emoções que se vive nela por que é outro
mundo. Imagina só um filho abandonado que é entregue a uma mãe com as mesmas palavras de
Cristo: “Mae, eis aqui teu filho; filho eis aqui tua mãe”. E essa “resurreição” se repetiu na capela da
comunidade mais de 5.000 vezes. O objetivo de Nomadelfhia não é salvar abandonados, mas viver a
vida de Cristo como povo, mostrar que é possível viver um “Jesus social”, experienciado socialmente,
isto é nas famílias, no trabalho, na comunhão dos bens e dos meios de produção.
O importante não é que todos façam essa escolha, mas que haja esta chance para quem se sente
chamado a fazer esta experiência. Precisamos de sinais, de oração, de inspirações, mas vamos levar
em conta o clamor dos nossos recuperandos, os anseios deles, o sonho que esta no coração deles
embora seja ainda uma semente, uma faísca no inconsciente deles.
 
Obrigado pela sua paciência e atenção, fausto

Pacatuba 15.01.2016
 
 Por favor, Nélson, aquilo que segue não quer ser um sermão. Não quero ensinar ao
padre rezar a Missa! E´ um desabafo, uma tentativa de comunhão de alma, de fazer unidade
com um irmão. Envio, rezando para que Deus nos ilumine. Obrigado.
 
Querido Nélson,
 
desde aquela nossa conversa a minha alma vive irrequieta, angustiada.
No enquanto procuro aprofundar a mensagem de Don Zeno, de madrugada vem visitar
minha alma os jovens com os quais convivi na Fazenda. Uma turma, uma galera muito
grande. Vejo os rostos deles, os chamo pelo nome, convivemos, comemos no mesmo prato,
compartilhamos dores e alegrias, trabalhamos juntos, brincamos, vivemos num mundo
apartado mas saboreamos o gosto de sermos homem novo, uma nova criação. Vivendo junto
do Pai, descobrimos de sermos irmãos, de ter muitos irmãos. Experimentamos a alegria de
sairmos de nós mesmos e de encontrarmos, pela primeira vez na vida, não inimigos
mas irmãos.
 
Descobrimos a intimidade de Deus e vimos, vivemos na pele que é Pai de verdade
quando a gente procura aceitar os outros como irmãos. Impossível conhecer o Pai se não atra
vez dos irmãos. Essa é nossa descoberta: Ele, sendo Pai, nos deu o PODER de
sermos irmãos “nao pela carne, pelo sangue, pela vontade do homem, porque de Deus
nascemos...”. Mas hoje em dia aonde esta a maioria deles? Aonde estão os Wellitons,
os Eduardos, os Gilailsons, os Cavalcantes, os Adrianos, os Edilsons, os Juniors, os Johns, os
Nonatos, os Franciscos, os Antônios, etc. etc.? Ontem estavam aqui conosco, alegres na luta,
fortes na sobriedade, fazíamos comunhão de alma, procurávamos a unidade. E hoje? De novo
no túnel da droga, do álcool, do vicio, da solidão, do desespero, da cruz, da morte.
Crucificados com suas próprias mãos na cruz do individualismo, egoismo, egocentrismo.
 
Ainda não descobrimos que a fé tem uma dimensão social. Ao contrario é uma fé muito
fraca, muito individualista (“Salva a TUA alma!”), egocêntrica, egoísta, para uso e consumo
próprio não para o bem de todos? Cadê a fé aplicada no social, transformadora de todas as
realidades humanas, fermento capaz de fermentar a massa, não só o individuo?
Passam e repassam na minha alma os rostos deles, escuto a voz deles, que me chama,
me questiona: “Fausto, porque nos abandonastes? Cadê tu que se dizia nosso irmão, nosso
companheiro de caminhada, que jurava de nos amar mais do que a se mesmo?
Nós caídos, recaídos, cadê o amor que tu nos prometestes? Tu também esta satisfeito com a
tua fé, o teu amor individualista? Procura a salvação da tu alma mais do que das nossas?”. 
 
Me deixem recorrer a uma imagem. Amigos, irmãos: um belo dia nós passamos perto
de vocês com uma balsa. Vocês estavam jogados num mar em tempestade, náufragos,
enganados pelo mundão, entregue à solidão, à marginalização. Na rua, reduzidos a lixo,
comendo lixo, viraram lixo, vivenciaram o inferno. Nós pegamos vocês pelos braços, tiramos
a bordo na nossa balsa que passou por São Paulo, por Fortaleza, por Manaus,
vos oferecemos um tempo de graça, um amparo, uma recuperação no santuário de Deus.
No coração Dele vocês acharam aquilo que procuravam numa pedrinha, num pozinho, que
dava a ilusão da felicidade em 8 segundos para alcançar o céu e 8 segundos para cair no
inferno. Acolhemos vocês como irmãos numa especie de “UTI”. Descobrimos juntos
os remédios da terapia intensiva do coração e da alma: espiritualidade, convivência, trabalho.
Uma luta, uma caminhada na academia do espirito, treinando o amor fraterno, a partilha da
alma. Fizemos a experiência que se não vai pelo amor, vai pela dor. As nossas custas.
 
Nós eramos infectados pelo desamor e vocês nos injetaram a vacina do Amor. E agora
vocês podem nos jogar de novo naquela sociedade que nos infeccionou?  A resposta de vocês
é bem clara: “Depois de um ano a gente voltou no mundão. Será que estávamos preparados,
equipados para enfrentar aquela luta sem igual numa sociedade selvagem aonde triunfa a lei
da floresta, o mais forte devora o fraco? Tentações, seduções, vaidades, ciumes, invejas,
orgulhos: o nosso pão de cada dia. Não era algo além das nossas forças? Como sobreviver
num mundo aonde não achamos mais irmãos mas inimigos, concorrentes, exploração, engano,
ganancia de ter e de poder, corrupção, violência, etc.? Da “UTI” voltamos ao campo de
batalha, à derrota nossa e... da fazenda? Nem conseguimos nos recuperar por completo e já
devíamos enfrentar os poderes do mundo, a força todopoderosa do vicio, do mal que voltou
nos atacar feito mais forte. Como não cair de novo, jogados ao leu da tempestade
dos instintos selvagens?
 
Voltamos a engrossar as filas dos 185 milhões de usuários de entorpecentes para
esquecer de sermos miseráveis, inúteis, desprezados, lixo, etc. Será que não tinha outro jeito,
outra oportunidade diferente deste inferno social estruturalmente constituído no sinal do
egoismo, do egocentrismo, do individualismo? Se em lugar de voltar para o mundão alguém
tivesse nos oferecido uma realidade social alternativa, baseada nos princípios
evangélicos vividos a nível social, de forma livre e voluntaria? Será que à fazenda falta um
pedaço de se, isto é nos oferecer uma realidade de vida concretamente evangélica,
comunidades alternativas aonde em lugar da exploração haja a partilha dos bens e dos meios
de produção, em lugar do individualismo exasperado a alegria de vivermos juntos
como irmãos? Voltar no mundão não significa voltar a ser cúmplices, corresponsáveis de
todas as vitimas da sociedade? Vamos relembrar que no mundo são nossos irmãos não
números os 

- 165 milhões de filhos abandonados 


- 10 milhões de prostitutas –
- 10 milhões de presos
 - 185 milhões de usuários de crack
- 40 milhões de aidéticos 
- 100 milhões de sem teto
- 250 milhões de meninos trabalhadores
- 20 milhões mortos de droga (nos últimos 10 anos)
- 10 milhões vitimas do terrorismo
- 50 milhões de prófugos
-  200 milhões de favelados na América Latina
- 50 milhões de escravos
- 800 milhões de desnutridos, etc.
 
Não é Ele que grita, que clama por uma nova sociedade, por um mundo novo, a nova
criação que Ele prometeu? Para que Ele nos deu uma nova lei, um novo pão, uma nova terra e
um novo céu? Será que  nos falta ainda, como cristãos, descobrir a aplicação da fé a nível
social, que se torne fermento capaz de transformar todas as realidades da vida: trabalho, uso
dos bens, família, sociedade, ecologia? Impossível, inimaginável, utopia transformar o
mundo? Mas neste caso utopista seria o Filho de Deus, inútil a cruz dele e de todas as vitimas
da historia? Ou somos incapazes de aplicar a fé, a força do “impossível ao homem”, mas
“possível” para quem acredita de ser filho de Deus? O que nos impede de fazer uma
experiência, uma tentativa? Por exemplo: seria impossível começar a implantar uma cidadela,
uma fazenda que seja uma proposta de vida alternativa, um exemplo de vivencia social do
evangelho, daquela palavra de vida que não pode ficar só no intimo do coração mas deveria
transformar todos os aspectos da vida humana? Será que no mundo do nosso Deus já não tem
alguma experiência desse tipo?
 
E’ suficiente dizer que o mundo não presta, não é o lugar aonde viver segundo o
evangelho, ficar na critica negativa sem oferecer uma alternativa, uma sociedade fraterna? Os
EIS (=os que se recuperaram) não poderiam criar algo diferente do mundão? O GEV em lugar
de ser um dia por semana não poderia ser todos os dias, escola permanente de esperança viva,
de vida fraterna, de comunhão?
Me parece de ouvir a voz de uma multidão: “Tu me salvastes da tempestade, do mar da
solidão, do desespero e o que me ofereces senão voltar para aquele mar de instintos
desenfreados? Eu sei, que você me convida a ser missionário, salvador de outros náufragos,
mas para aonde vai a nossa balsa se não há um porto seguro, uma terra nova, uma nova
sociedade? Não estão vendo que a sociedade anseia para um mundo novo, a própria criação
sofre dores de parto por que quer renascer pela água e pelo espirito justamente como
SOCIEDADE? Por favor, não tenham medo de fazer milagres sociais. Precisamos de amor
social, de justiça social: dar o irmão ao irmão. Se amar sozinhos é muito bom, imagine amar
juntos, nos tornar um amor de povo para sermos imitadores de Cristo a nível social!”.
 
Nélson, eu sei que tudo isso pode ser considerado utopia. Como foi para a gente antes
de tocar com as mãos a experiência de viver o evangelho como lei de vida social na
comunidade de Nomadelphia. Mas hoje sei que a sociedade nova tem um endereço, um
telefone, uma fazenda com 50 famílias voluntarias. E’ impossível transmitir sentimentos e
emoções que se vive nela por que é outro mundo. Imagina só um filho abandonado que é
entregue a uma mãe com as mesmas palavras de Cristo: “Mae, eis aqui teu filho; filho eis aqui
tua mãe”. E essa “resurreição” se repetiu na capela da comunidade mais de 5.000 vezes.
Embora o objetivo de Nomadelphia não seja salvar abandonados, mas ser um povo
fundamentado no evangelho, viver a vida de Cristo como povo, mostrar que é possível viver
um “Jesus social”, experiençiado socialmente.
O importante não é que todos façam esse tipo de escolha, mas que haja esta chance para
quem se sente chamado a fazer esta experiência. Precisamos de sinais, de oração, de
inspirações, mas, por favor, vamos levar em conta o clamor dos nossos recuperandos, os
anseios deles, o sonho que esta no coração deles embora seja ainda uma semente, uma faísca
no inconsciente deles.
 
Então, um convite: eu vou ter que voltar para Itália (13 de fevereiro) para resolver
vários problemas. Não poderíamos ir junto paraNomadelphia, para ver um evangelho vivido a
nível social, nada de fantasia, nem utopia? Acho que o pessoal de Nomadelphia nos espera de
braços abertos, dispostos a colaborar de todo coração.
 
Obrigado pela sua paciência e atenção, fausto

Pacatuba 25.01.2016
Querido Nélson e Frei Hans:
na conversa que tivemos em novembro se me recordo bem acenamos que estavamos
em contato com pe. Renato da Casa do Menor. Nao se trata de capricho, mas a tentativa de
atender a um pedido de Nomadelphia que nos convidou de procurar e reunir um nucleo de
familias, visando uma experiencia do tipo da primeira comunidade crista na partilha dos bens,
educaçao dos filhos, vivencia comunitaria. Thiago nao chegou ao punto de dizer: “A
verdadeira religiao é acolher orfaos e viuvas em tribolaçao”? (...)
Essas conversas despertaram em nos o desejo de sermos “familia-presença” (como diz
pe. Renato) para os menores abandonados. Experiencia vivida por seis anos no Maranhao
onde acolhemos em nossa casa 27 crianças com apoio de uma equipe de educadores. Foi uma
experiencia muito profunda.
A vivencia de quase dois anos com os recuperandos da Fazenda da Esperança nos deu a
chance de tocar com as maos e o coraçao as mesmas chagas de Jesus, e isso nos impulsionou
a refletir que seria melhor prevenir do que remediar
Questionados pela realidade emergencial das crianças nao mais na rua, mas a serviço
dos traficantes nos sentimos impulsionados a colaborar com a Casa do Menor com intensao
de devolver aquele Amor que nunca tiveram;
A dor e o clamor destes pequeninos chega até Deus, clamando por um amor que é além
dos vinculos da “carne, do sangue, da vontade do homem por que vem de Deus;
Na tentativa de responder aos apelos de Deus que grita e chora nos abandonados,
gostariamos de nos colocar a disposiçao da “Casa do Menor” com o objetivo de:
- ser Presença amorosa de Deus/Pai/Mae na acolhida e convivencia com crianças e
adolescentes em situaçao de risco;
- colaborar com o exemplo de vida na articulaçao e formaçao de novas familias que se
sintam impulsionadas pelo Espirito a acolher filhos abandonados como filhos proprios os
quais a mae de Jesus continua entregando aos pes da cruz: “Mae eis aqui teu filho, filho eis
aqui tua mae”.
Somos extremamente gratos à Familia da Esperança por nos ter dado a chance de
descobrir e partilhar o Calvario de tantos jovens que se entregam ao vicio e que estao
descobrindo que so o Amor responde aos anseios do coraçao humano. Eles foram para nos
uma escola de humanidade, emquanto a carne crucificada deles é a mesma do Cristo.
Gostariamos de contar com a comprensao e o apoio de voces. Pedimos de nos
considerar sempre vossos irmaos e é por isso mesmo que para nos seria uma graça e uma
alegria poder partilhar com as familias da Fazenda da Esperança nossa experiencia como
familia “renascida pela agua e pelo espirito”. Neste sentido seria importante crescer junto
desfrutando a experiencia e a cultura da comunidade de Nomadelphia que desde 1931 esta
nesta caminhada, dando, a 5.000 filhos abandonados. Pois nao basta dar uma familia
biologica que passa, mas uma familia- comunidade-povo que permanece para sempre. O
individuo morre a Comunidade continua viva.
Com nossas mais sinceras e calorosas saudaçoes.
Fausto e Luiza
Resposta do Nelson
Caríssimo Fausto e Luiza,
Vocês sabem que aquilo que mais procuramos buscar para nossa vida e para vida dos
outros é a vontade de Deus. E ela se descobre na paz e serenidade do coração. 
Se vocês sentem que possuem  paz e serenidade para esta nova experiência de vida 
não temos o direito de impedir , mas somente de respeitar. 
Devemos dizer que a presença de vocês e também do Joao fez muito bem para os jovens
desta Fazenda. O mesmo vai acontecer para esta experiência na Casa do Menor, que também
precisa muito e, como vocês sabem,  são carentes de pessoas gratuitas. 
Paz e Bem ! 
Nelson Giovanelli

 
 

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