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Sumário

INFORMAÇÕES UTÉIS .........................................................................................05

1. CONHECENDO A INSTITUIÇÃO E MEU CONTEXTODE


TRABALHO............................................................................................................06

1.1História do Lar Davis.........................................................................................07

1.2 Missão, Visão e Valores...................................................................................08

1.3 De onde vem o sustento do Lar Davis..............................................................09

1.4 Organograma....................................................................................................10

1.5 Apoio e ensino espiritual- Base Bíblica.............................................................11

1.6 O que é Acolhimento Institucional....................................................................11

1.7 Como as crianças e adolescentes chegam no Lar Davis.................................13

1.8 Nossos Norteadores.........................................................................................14

1.9 Quais órgãos acompanham o trabalho do Lar.................................................14

1.10 Sigilo...............................................................................................................14

2. O PERFIL E AS ATRIBUIÇÕES DO CUIDADOR..............................................15

2.1 O perfil do cuidador...........................................................................................16

2.2 As atribuições do cuidador................................................................................18

2.3 As atribuições do auxiliar...................................................................................21

3. ORIENTAÇÕES INTERNAS...............................................................................22

3.1 Orientações Internas.........................................................................................23

4.REGRAS DE CONVIVÊNCIA E BOAS MANEIRAS...........................................24

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4.1 Regras de convivência e boas maneiras.........................................................25

5. TRABALHO EM EQUIPE....................................................................................29

5.1 Trabalho em Equipe..........................................................................................30

6. COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS............................................................33

6.1 O que são competencias socioemocionais.......................................................34

6.2 Habilidades socioemocionais e sua importância..............................................34

6.3 Quais são essas habilidades............................................................................35

6.4 Qual a importância dos cuidadores serem capacitados nesse tema e como
ajudar a desenvolver essas habilidades nas crianças e adolescentes
...............................................................................................................................36

6.5 Como favorecer o desenvolvimento das compteências socioemocionais das


crianças e adolescentes do Lar Davis...................................................................37

6.6 Indicadores de observação que os cuidadores podem ficar atentos para


anotações de acompanhamento diário.................................................................38

7. COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA....................................................................40

7.1 Comunicação Não Violenta.............................................................................41

8. DESENVOLVIMENTO INFANTO JUVENIL.......................................................45

8.1 Desenvolvimento Infanto Juvenil......................................................................46

8.2 Fases do desenvolvimento cognitivo infantil.....................................................48

8.3 Caracterisitcas da adolescência ......................................................................52

9.CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS ENTRE

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ACOLHIDO(AS)......................................................................................................54
9.1 Construção e fortalecimento de vínculos entre acolhidos (as) e cuidadoras
mediante o desenvolvimento de atividades em grupo e/ou individual para
promover a autoestima das crianças e adolescentes ...........................................55

9.2 Desenvolvimento de atividades individual/grupal com o objetivo de construir e


fortalecer vínculos entre os acolhidos e cuidadoras...............................................57

10. DISCIPLINA PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DE ACOLHIMENTO –


REVISANDOOS NÍVEIS.........................................................................................59

10.1 Disciplina pedagógica no contexto de acolhimento - revisando os níveis


................................................................................................................................60

11. PREPARAÇÃO PARA O DESLIGAMENTO/ADOÇÃO/AUTONOMIA.............63

11.1Preparação para o desligamento/adoção/autonomia......................................64

ANEXOS.................................................................................................................67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................72

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INFORMAÇÕES ÚTEIS

Site: www.lardavis.org.br
Facebook: lardavisbrasil
Instagram: @lardavisbrasil

Coordenação Geral: Ivone Moreira dos Santos – (85) 99188.6539

Aquiraz:
Telefone fixo (85) 3361.9098
Coordenação Social: Maria da Penha Oliveira Dias – (85) 99188.6554
Assitente Operacional: Clara Lima Ribeiro – (79) 98807.9136

Eusébio:
Telefone fixo: (85) 3260.3241
Coordenação Social: Antonia Marlene de Sousa – (85) 99185 3297
Coordenação Operacional: Márcio Maciel Gomes – (85) 99188.6620

Realização:

Lar de Crianças Sara e Burton Davis

Idealização:

Coordenação e Equipe Técnica do Lar Davis

Apoio:
Coordenação e Diretoria do Lar Davis

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TREINAMENTO PARA
CUIDADOR(A) INICIANTE

MÓDULO 01

CONHECENDO A INSTITUIÇÃO E MEU


CONTEXTO DE TRABALHO

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1.1 A HISTÓRIA DO LAR DAVIS
A ideia de iniciar um abrigo surgiu de uma senhora chamada Betty Brown, que
ao visitar o Brasil, juntamente com um grupo de médicos missionários americanos,
ficou impressionada e sensibilizada com a quantidade e situação das crianças
vítimas de vulnerabilidade social. Ao retornar ao seu país, ela decidiu doar parte de
sua herança para construir um abrigo que cuidasse dessas crianças.
O nome da instituição, Lar de Crianças Sara e Burton Davis, foi uma
homenagem feita a um casal de missionários que trabalharam muito anos no Brasil,
defendendo causas sociais de defesa de direitos dos mais vulneráveis.
O casal de missionários Mark Dean Anderson e Paige Anderson veio residir
no Brasil, para iniciar o projeto idealizado por esse grupo de americanos. No início,
devido ao idioma, eles enfrentaram algumas dificuldades, mas procuraram uma
escola americana que facilitassem a compreensão do idioma brasileiro e, logo
aprenderam a língua portuguesa, iniciando um projeto sólido e marcante, sendo que
até hoje é visível todo o trabalho que realizaram e deixaram em andamento.
Todo o sustento necessário para a instituição até o ano de 2016 derivava de
doações americanas, no entanto as doações eram resultantes de vínculo moral, sem
nenhum compromisso legal. Porém, nesse mesmo ano, o casal que bravamente
administrava a instituição necessitou se afastar da instituição questões de saúde e
retornar aos Estados Unidos.
No ano de 2018, todos os que compõem a instituição lamentaram
profundamente a partida e falecimento precoce do seu fundador e diretor Mark em
decorrência disso a esposa Kimberly, optou em se desligar definitivamente da
direção do Lar Davis.
Atualmente Kimberly atua coma mesma dedicação na captação de recursos
financeiros no país em que reside (Estados Unidos da América), cooperando assim
de forma significativa na continuidade desse trabalho.
Foi diante de tais circunstâncias tãodolorosas do falecimento do diretor
quetivemos a diminuição acentuada das doações americanas, entretanto uma

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parcela da diretoria que também é composta por brasileiros decidiu dar continuidade
ao trabalho iniciado pelo casal, assumindo assim a responsabilidade financeira e a
direção geral do Lar Davis.
No ano de 2009, o prefeito do município de Eusébio, na ocasião, o Dr. Acilon
Gonçalves, convidou o Lar Davis para que o município tivesse um serviço de
acolhimento, evitando assim, que as crianças em situação de vulnerabilidade fossem
para outro município, para que isso ocorresse o gestor municipal fez a doação de
um terreno no território como forma de dar iniciativa ao serviço de acolhimento,que
inicialmente era apenas para adolescentes do sexo masculino. Foi então, que surgiu
a unidade do Lar Davis no município de Eusébio.
Cabe ressaltar que atualmente se faz necessário que os serviços de
acolhimento fiquem situados no município de origem da criança e /ou adolescente
considerando a importância do fortalecimento dos vínculosfamiliares. Diante de tal
questão realizamos uma reorganização das unidades deixando os acolhidos
residindo em suas Jurisdições de Origem e hoje a unidade de Eusébio atende
crianças eadolescentesdeambos os sexos.
Diante do desafio financeiro, a coordenação procurou novas parcerias e
estabeleceu convênio com as prefeituras dos municípios em que o Lar Davis oferece
o serviço de acolhimento, ou seja, Aquiraz e Eusébio, na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF).
1.2 MISSÃO, VISÃO E VALORES
Missão
Acolher e propiciar cuidado integral, às crianças e adolescentes que
sofreramnegligência e violência, oportunizando que se tornem cidadãos dignos e
produtivos, priorizando o seu encaminhamento à uma convivência familiar saudável.
Visão
Ser uma instituição de atendimento às crianças e adolescentes que estão em
situação de vulnerabilidade social.
Valores
 Fidelidade aos princípios bíblicos;

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 Respeito à integridade humana;
 Cultura de Paz;
 Reconhecimento do direito a uma convivência familiar saudável;
 Ética e Legalidade;
 Profissionalismo e comprometimento;
 Exercíciopleno da cidadania.

1.3 DE ONDE VEM O SUSTENTODO LAR DAVIS?


A manutenção do Lar de Crianças Sara e Burton Davis, vem de muitas
parcerias e ajuda voluntária, atualmente aproximadamente 40% dos recursos vêm
do exterior, por meio de uma Organização Não Governamental americana, Davis
Lar Childrens Home, que doa um valor mensal através do crédito em conta corrente
jurídica pelo Banco Bradesco.
Os demais recursos, são provenientes de parceria com empresas como por
exemplo: a USIBRAS, CONMAX, FEBRACIS, BIONEXO, e captação através do
Fundo Municipal da Criança e do Adolescente -FMDCA, com pessoas físicas que
contribuem voluntariamente, contribuições de diversas igrejas e termos de
colaboração com as Prefeiturasdos Municipiosde Eusébio e de Aquiraz.
A destinação de todo recurso arrecadado vai para um investimento geral da
instituição, que incluem o pagamento de despesas como: alimentação, vestuário,
lazer, medicação, folha de remuneração dos colaboradores, além das despesas
fixas relacionadas com os vencimentos de energia elétrica, internet, água, telefone
e investimento/reparos na estrutura física.

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1.4 ORGANOGRAMA

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1.5 APOIO E ENSINO ESPIRITUAL - BASE BIBLICA

“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se
desviará dele”. Provérbios 22:6

O Lar Davis é uma instituição cristã evangélica que respeita todas as


denominações religiosas, no entanto, o ensino predominante na instituição, são os
princípios da Igreja Batista.Considerando os princípios norteadores da missão, visão
e valores do Lar Davis, prezamos pelas seguintes práticas:
 Oração antes das principais refeições em gratidão ao alimento e antes de
dormir;
 A cuidadora deverá realizar devocional semanalmente nas casas utilizando o
material sugerido pela coordenação;
 Trabalhar um versículo semanalmente incentivando a aplicação pessoal dele;
 Semanalmente temos um momento devocional para os funcionários com
apoio de pastores, missionários e voluntarios para o suporte espiritual.

“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês', diz o Senhor,
'planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês
esperança e um futuro”. Jeremias 29.11

1.6 O QUE É O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL?


O acolhimento institucional ou familiar, é um local que acolhe crianças e
adolescentes que sofreram violação de direitos, pela condição de risco pessoal em
que se encontravam, podendo ser o acolhimento em umainstituição ou família.
O termo Acolhimento Institucional entrou em vigor bem recentemente, em
2009, através da alteração do artigo 101, inciso VII da Lei n. 8069 de 13 de julho de
1990, do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Anteriormente, esta medida

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de proteção era denominada de “abrigo em entidade”. Basicamente as diferenças
entre orfanato, abrigo e acolhimentosão as seguintes:
Orfanato era a nomenclatura utilizada antigamente para determinar um
estabelecimento que recebia crianças e adolescentes em situação de abandono. As
crianças abandonadas tinham ali uma estadia permanente, até encontrarem uma
nova família. O ambiente era institucionalizado, ou seja, os atendimentos eram feitos
em grandes grupos, sem levarem consideração a individualidade.
Abrigo em entidade foi o termo utilizado anteriormente, período em que o
Código de Menores foi substituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Esta
instituição era regulamentada pelo ECA e tinha como diferenciação do orfanato o
oferecimento de moradia provisória para crianças e adolescentes, com foco no
retorno destas às famílias ou encaminhamento para famílias substitutas.
Acolhimento Institucional é a nomenclatura utilizada para este tipo de serviço
desde 2009 em função da alteração do artigo 101 do ECA. Esta nova modalidade
trouxe com o diferencial em seu serviço algumas mudanças significativas, como a
diminuição do tempo de acolhimento (sendo o ideal até 18 Meses), atendimentos
individualizados de acordo com o perfil de cada acolhido (Plano de Atendimento
Individual), inclusão das crianças destituídas do poder familiar na relação do
Cadastro Nacional de Adoção e a ampliação da inserção comunitária através de
serviços públicos e parcerias nos atendimentos prestados.
A medida protetiva de acolhimento institucional de crianças e adolescentes
que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade em decorrência da violação
de seus direitos e de sofrimento, provocado pela violência intrafamiliar de diversas
ordens, é prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA ( 1990). O ECA
prevê que essa medida protetiva é de caráter excepcional e temporário, tem o
objetivo da proteção integral e garantia dos vínculos familiares e comunitários
possíveis.

Dessa forma, fica claro que as instituições de acolhimento, possuem um


caráter transitório, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Nesse momento as instituições que compõem a rede de proteção à infância e

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adolescência devem unir esforços na busca do restabelecimento do direito à
convivência familiar e comunitária dos acolhidos.

Conforme citado no parágrafo anterior compreendemos que, o acolhimento


institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias, utilizáveis como forma
de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação
em família substituta, não implicando privação de liberdade.
O acolhimento ocorre em caráter excepcional como preconiza o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA) no artigo101, conforme incisos e parágrafo abaixo:
VII - acolhimento institucional; VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
De acordo com artigo 101, o acolhimento institucional e familiar, são medidas
provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração
familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não
implicando privação de liberdade.
De acordo com o mencionado nos paragrafos anteriores, descreveremos
abaixo os parâmetros existentes para organização dos diferentes tipos de serviços
de acolhimento disponíveis.
 Abrigo Institucional: Recebe até 20 crianças e adolescentes;
 Casa-lar: Recebe até 10 crianças e adolescente;
 República: Até 24 jovens (em até quatro quartos diferentes);
 Família Acolhedora: uma criança/adolescente por família ou grupo de irmãos
conforme a legislação local.

1.7 COMO AS CRIANÇAS OU ADOLESCENTES CHEGAM NO LAR DAVIS


As crianças e/ou adolescentes chegam no Lar Davis através do Conselho
Tutelar, autorizado pela Vara da Infância. O acolhimento pode acontecer de forma
emergencial ou após o acompanhamento do caso pela Rede de Proteção dos
Direitos da Criança e do Adolescente.
As crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que
executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária.

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1.8 NOSSOS NORTEADORES
 Bíblica Sagrada;
 Estatuto da Criança e do Adolescente;
 Livro de Orientações Técnicas para o Serviço de Acolhimento.
1.9 QUAIS ÓRGÃOS ACOMPANHAM E/OU TRABALHAM EM PARCERIA COM
O TRABALHO DO LAR.
 Vara da Infância, Defensoria Pública, Ministério Público, ConselhoTutelar,
Centro de Referência Especializada Assistência Social, Centro de Referência em
Assistência Social, Centro de ApoioOperacional da Infância e da Juventude,
Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitoshumanos,
Secretaria de Educação, Centro de AtençãoPsicossocial.
1.10SIGILO
Os acolhidos do Lar Davis, estão sob medida protetiva, deste modo é nosso
dever proteger e respeitar sua identidade, sendo assim o objetivo do sigilo é de
garantir a proteção da pessoa atendida. Diante dessa informação não é autorizado
nenhum funcionário postar ou repassar imagens ou informações da instituição, dos
acolhidos em redes sociais pessoais. As únicas postagens autorizadas são
publicadas nas redes sociais oficiais do Lar Davis (facebook e instagram).
A ausência de sigilo por parte dos funcionários é medida passiva de
advertência escrita ou até o seu desligamento, na tentativa de garantir a efetividade
dessa orientação o funcionário irá assinar um Termo de Compromisso onde se
compromete a manter sigilo sobre toda e qualquer informação relacionada a história
de vida dos acolhidos.

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2.1 O PERFIL DO CUIDADOR

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Se você é um cuidador atuando no Lar Davis, isso significa que você é uma
pessoa muito especial, porque faz um trabalho peculiar que requer algumas
habilidades, tais como: disponibilidade para amar as crianças e adolescentes
independente das circunstâncias.
A seguir conversaremos um pouco sobre o perfil que o cuidador deve ter, sua
postura e cuidado a serem realizados com os acolhidos. Para uma melhor
compreensão listamos para você algumas orientações importantes:
 O educador/cuidador residente não deve ocupar o lugar da mãe ou da família
de origem, no entanto deve contribuir para o fortalecimento de vínculos
familiares, favorecendo o processo de reintegração familiar;
 O termo “mãe/pai social” foi substituído por educador/cuidador residente, de
modo a evitar ambiguidade de papéis, disputa com a família de origem, ou
fortalecimento da ideia de permanência indefinida da criança/adolescente no
serviço resultando no investimento insuficiente na reintegração familiar;
 Esteja pronta para ouvir as crianças quando essas lhe confiarem suas
histórias de vida, mas você deve estar preparada para não deixar suas
emoções e valores particulares interferirem negativamente, por exemplo ao
tentar exercer um papel de substituição em detrimento a família da criança;
 Você deve compartilhar com a coordenação social as informações colhidas
em conversas particulares e diálogos em grupo nas casas-lares. Esses
elementos são importantes para elaboração de relatórios e preenchimento de
documentos de uso da equipe técnica de modo a oferecer um atendimento
mais adequado;
 É importante que a cuidadora seja discreta com sua história pessoal de modo
a não envolver as crianças e/ou adolescentes em suas vidas particulares,
principalmente em conversas telefônicas ou durante o acesso a internet;
 A autonomia dos acolhidos implica que esse seja estimulado a ter uma certa
independência para realizar determinadas tarefas. Um dos passos para o
desenvolvimento da autonomia é a participação das crianças e adolescentes
nas decisões e na construção das regras de convivência da instituição.

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Desenvolver a autonomia dos acolhidos é importante para que eles possam
planejar e ter qualidade de vida fora da instituição;
 Respeitar as necessidades individuais das crianças, de modo a compreender
que elas não são iguais e que sua individualidade deve ser respeitada;
 Estabelecer um vínculo afetivo entre os cuidadores e as crianças. Em estudo
sobre a vinculação afetiva e institucionalização, Spitz (1988) afirma que não
é suficiente um ambiente com higiene e alimentação satisfatórias se não
houver afeto por parte dos cuidadores. Segundo ele, “crianças que vivem em
instituições estão mais propensas a serem acometidas por quadros
infecciosos e outras doenças”. Conversaremos com mais profundidade desse
assunto no módulo Construção e Fortalecimento de Vínculos entre acolhidos
e cuidadores para promoção da autoestima;
 Manter se calma na hora de desequilibrio da criança/ adolescente e não se
envolver emocionalmente no momento crítico da criança;
 Sempre proporcionar momentos de conversa descontraída com os acolhidos,
o benefício do diálogo é mútuo e proporciona fortalecimento de vínculos;
 Procurar sempre a coordenação social em caso de dúvida a respeito de
qualquer situação;
 As medicações e curativos devem ser sempre em conformidade com as
orientações da coordenação, que realizam a dispensa conforme receituário
médico, e jamais realizar procedimentos utilizando do senso comum, como
por exemplo: usar pó de café, pasta de dente, vinagre etc;

 Respeitar rigorosamente os horários das medicações dos acolhidos, e jamais


em nenhuma hipótese suspender o uso dela sem a orientação da
coordenação social que segue protocolo médico;
 Comunicar imediatamente qualquer acidente ocorrido com os acolhidos e na
dúvida sobre a gravidade do caso optar sempre em informar;
 Participar de todos os treinamentos, capacitações e devocionais ofertados
pela instituição;
 Ser pontual nos horários de entrada e saída. Vale lembrar que o horário de

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saída nas sextas feira é às 12 horas (meio-dia) e eventualmente quando não
houver qualquer outro compromisso relacionado a reuniões e capacitações,
esse horário poderá ser reduzido para às11horas (onze horas).

Levando em consideração que somos exemplo, é necessário que o cuidador


esteja alinhado com as regras da instituição segundo consta no Regimento Interno.
Teremos um momento posterior para compreensão do Regimento Interno.
2.2 AS ATRIBUIÇÕES DO CUIDADOR
Antes de falarmos das atribuições vamos nos encorajar para esse trabalho
relembrando a história biblica da Mulher Samaritana, lendo texto descrito no
evangelho de João no capítulo 04.
Resumidamente essa história nos remete a lembrar o que é necessário, antes
de tudo devemos buscar em Jesus o renovo diário de nossas forças para que com
alegria e leveza desenvolvamos o nosso trabalho. Lembre-se que precisamos
transbordar, buscar todos os dias para termos em Jesus o que oferecer as nossas
crianças.
“VOCÊ NÃO CONSEGUE DAR O QUE VOCÊ NÃO TEM”
Conforme falamos anteriormente seu trabalho é muito especial por isso é
importante deixar bem claro as atribuições específicas do cuidador. Vejamos a
seguir algumas competências acerca do trabalho a ser executado pelo cuidador:
 Oferecer cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção;
 Fazer os registros fotograficos das atividades especiais ocorridas nas casas-
lares e enviar para a coordenação para serem arquivados e utilizados
posteriormente na construção dos álbuns de história de vida;

 Acompanhar os serviços de saúde, escola e outras necessidades requeridas


no cotidiano. Quando se mostrar imprescindível e pertinente, um outro profissional
da instituição (Coordenação e Equipe Técnica) deverá também participar deste
acompanhamento;

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 Apoiar na preparação da criança ou adolescente para o desligamento, sendo
para tanto orientado e supervisionado por um profissional da coordenação e equipe
técnica. (Momentos de despedida e nas conversas informais);

 Organizar a rotina doméstica e do espaço residencial junto com a equipe


multidisciplinar;

 Estabelecer uma relação afetiva personalizada e individualizada com cada


criança e/ou adolescente;

 Zelar pelo bem-estar das crianças e adolescentes dedicando-lhe carinho,


exercendo disciplina com amor e estimulando o desenvolvimento de suas
potencialidades;

 Organizar o ambiente (espaço físico e atividades adequadas ao estágio de


desenvolvimento de cada criança ou adolescente);

 Auxiliar à criança e ao adolescente para lidar com sua história de vida,


fortalecendo sua autoestima e construção da identidade;

 Ensinar com sua vida e palavras as verdades bíblicas;

 Orar com as crianças e adolescentes diariamente;

 Participar do culto doméstico semanalmente com as crianças e adolescentes


e acompanhá-las ao templo;

 Supervisionar os acolhidos sempre estando atento para onde estão indo e o


que estão fazendo (Observar as músicas, aparelhos celulares, “conteúdo
consumido”);

 Prestar assistência contínua em suas responsabilidades escolares, solicitar


apoio da coordenação quando necessário;

 Procurar manter-se sempre na imparcialidade com os acolhidos;

 Ensinar o trabalho doméstico e conceder-lhes responsabilidades com


sabedoria de acordo com as capacidades de cada um;

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 Proporcionar aos acolhidos momentos de lazer e diversão observando a
rotina da casa;

 Providenciar alimentação adequada para criança ou adolescente quando


houver uma necessidade de saúde;

 Comunicar ao coordenador as necessidades especificas dos acolhidos e da


casa em todas as áreas (saúde, alimentação, educação, vestuário, etc);

 Comunicar a coordenação operacional as necessidades patrimoniais da casa;

 Cumprir a rotina de atividades e horários das casas;

 Comunicar imediatamente à coordenação os casos graves de indisciplina;

 Fazer os registros diariamente no Livro de Ocorrências;

 Realizar a passagem da casa para o cuidador que entrará de serviço na


semana;

 Fazer a avaliação semanal dos acolhidos junto com coordenador quando


necessário e adolescente conforme as regras do Programa;

 Cuidar da aparência física da criança (cabelo, unhas, combater os piolhos);


 Receber a criança e/ou adolescente em início de acolhimento, realizar a
acolhida, apresentação do local(físico), seu espaço privado (cama, armário,
vestuário e material de higiene) e regras de convivência;
 Não permitir aos acolhidos usar roupas rasgadas, manchadas, propagandas
políticas e etc... (Sempre observando o Regimento Interno);
 Fazer periodicamente revistas nos armários;
 Orientar que todos os acolhidos devem estar calçados, prioritariamente nos
eventos e passeios externos;

2.3 ATRIBUIÇÕES DO AUXILIAR


Quando você estiver como cuidadora na companhia de uma auxiliar, esta é
uma funcionária capaz de dar apoio e suporte às funções do cuidador:

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 Cuidados com a moradia (organização e limpeza do ambiente e preparação
dos alimentos, dentre outros).
Ela está apta para somar e é extremamente importante que haja um bom
diálogo e intereção entre cuidador e auxiliar para termos sucesso no dia a dia. Por
fim, lembre -seque ela é apenas auxiliar, a responsável pela casa será sempre a
cuidadora.

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3.1 ORIENTAÇÕES INTERNAS

O Lar de Crianças Sara e Burton Davis, pela seriedade de estabelecer


padrões éticos geradores de consenso interno e externo instituiu e/ou criou seu Guia
de Orientações Internas.
As Orientações Internas é um documento com um conjunto de normas e
regras definidaspela Coordenação e Equipe Técnica aprovados pelo Conselho
Gestor do Lar Davis para regulamentar o funcionamento da instituição.
Compreendemos que essas regras são pertinentes para garantir o bom andamento
de toda a operação institucional.
Nesse módulo exclusivo para conhecermos as ORIENTAÇÕES INTERNAS
do Lar Davis, te convido para mergulharmos numa leitura minuciosa desse
documento que será disponibilizado em arquivo isolado para que você possa
trabalhar com segurança e tranquilidade seguindo os direcionamentos institucionais.

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4.1 REGRAS DE CONVIVÊNCIA E BOAS MANEIRAS

Educar é cansativo e demanda trabalho, mas é tão importante quanto


qualquer atividade diária, todas as crianças podem aprender todavia necessitam ser
direcionados de maneira que possam adquirir boas maneiras para viver de forma
adequada em sociedade e compreender o conceito de cidadania, dessa forma
sabemos que todo individuo devem possuir direitos e exercer deveres para que
conviva em sociedade, e respeito ao meio em que habitam.
Como falamos nos módulos anteriores somos exemplos e seremos imitados
diariamente por nossos acolhidos. Pensando assim a melhor forma de ensinar boas
maneiras é praticando.
Como cuidadora você deve fazer a sua parte ao estimular alguns
comportamentos nas crianças/adolescentes como por exemplo, exigir que todas as
refeições sejam realizadas sentados à mesa, compreendendo que tal ambiente deve
estar devidamente arrumado, estimulando o uso correto dos talheres e utensilios
domésticos.
Listaremos a seguir algumas regras de boas maneiras que devem ser
ensinadas e consequentemente devem ser exigidos cotidianamente às crianças.

Regras básicas para o dia a dia


1.Diga sempre por favor e obrigado ou obrigada ;
2.Não esqueça do bom dia, boa tarde e boa noite;
3.Peça desculpas quando fizer algo que incomode alguém;
4.Agradeça sempre quando receber um presente, mesmo que não goste
5.Fale em tom baixo com as pessoas, não grite;
6.Não interrompa as conversas dos adultos e pergunte: Posso falar um
minutinho? e aguarde a atenção do adulto;
7.Jogar sempre o lixo no lixo -nunca no quintal o na rua;
8.Não limpe o nariz na frente das pessoas, se precisar vá ate ao banheiro;
9 Ao espirrar coloque a mão na frente e lave com sabão em seguida;

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10.Não mexa nas coisas dos outros sem permissão;
11.Recolha e guarde os brinquedos após usá-los;
12. Não fale palavrões;
13. Antes de entrarem algum lugar, bata na porta e peça licença para entrar;
14.Seja pontual nos compromissos;
15.Não fazer xixi em locais errados, somente no banheiro;
16 Arrume sua cama ao se levantar;
17. Retire seu prato da mesa e também lave;
18. Escove os dentes após todas as refeições;

Visitando os amigos
1.Peça licença antes de entrar nas casas dos outros;
2.Não mexa em nada sem autorização do dono da casa;
4.Não coloque os pés no sofá;
5.Não faça barulho;
6. Agradeça quando lhe servirem alguma coisa;
7. Arrume a cama, retire seu prato e guarde seus pertences como se estivesse
em sua casa;

Respeitando os mais velhos


1. Ajude os mais velhos a sentar e levanter das cadeiras;
2. Ofereça lugar para sentar se estiver no ônibus ou qualquer outro lugar que
precisar;
3. Trate os mais velhos como: “senhor e senhora”;

Ordem no banheiro
1.Dê descarga corretamente;
2.Jogue o papel soemnte no cesto de lixo;
3.Lave corretamente as mãos sempre que usar o banheiro;
4.Seque o banheiro após banho;

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5. Coloque as roupas sujas sempre no cesto;
6. Estenda sua toalha;
Comportamento na escola
1.Empreste seu material e brinquedos aos colegas, quando solicitado;
2.Divida seu lance se for necessário;
3.Peça licença ao passar, não fique correndo dentro da escola;
4.Não fure as filas do banheiro ou cantina na hora da merenda ;
5.Não brigue;
6.Respeite o professor ;
7. Respeite as regras da escola ;
8.Levante a mão quando desejar falar durante a aula ;
9.Não sai da sala de aula sem autorização do professor;
10.Elogie seus amigos quando realizarem boa tarefa;
11.Se receber elogio agradeça;
12.Não fale mal dos colegas;
13.Devolva tudo que pegar emprestado;
14. Seja gentil com todos.

Bons modo à mesa


1. Lave as mãso antes de sentar – se à mesa;
2. Nãoarrote, se acontecer por acaso, peça desculpas;
3. Mastigue devagar e de boca fechada;
4. Não fale enquanto mastiga;
5. Coloque pequenas porções na boca de cada vez;
6. Não bata os talheres na mesa, no prato ou no copo;
7. Não pegue a comida com a mão. Utilize os talheres corretamente;
8. Não chupe o macarrão. Enrole no garfo para facilitar;
9. Evite derrubar comida para for a do prato ou no chão;
10. Não converse sobre coisas nojenta e nem assuntos desagradáveis na hora
das refeições;

27
11. Agradeça quem preparou a comida e faça elogios;
12. Não sentar a mesa sem camisa.

Por fim, as regras de convivência e de boas maneiras permitem que as


crianças aprendam a interagirem com outras pessoas e terem um comportamento
adequado.

28
29
5.1 TRABALHO EM EQUIPE

Nesse módulo vamos relembrar que nós somos referencias para as crianças
e adolescentes o tempo todo, até nos mínimos detalhes do nosso dia a dia devemos
ter sempre em mente que estamos sendo observados, ou seja “alvo de espiões”
diariamente.
Eles copiam nossos gestos, hábitos ou palavras e isso acontece porque as
crianças e/ou adolescentes se inspiram nas pessoas que estão ao seu redor para
compreender o mundo. Por isso a importância da educação pelo exemplo.
Até mesmo quando não percebemos deixamos transparecer para os
acolhidos quando alguns pontos não estão ajustados entre as cuidadoras e
demais parceiros de trabalho. Essa ausência de ajustamento é
demasiadamente prejudicial ao trabalho na casa-lar.
Diante desse tema, preparamos um módulo para pensarmos especialmente
sobre a importância do trabalho em equipe.
Trabalhar em equipe possibilita a troca de conhecimento e agilidade no
cumprimento de metas e objetivos compartilhados, uma vez que otimiza o tempo de
cada pessoa e ainda contribui para conhecer outros indivíduos e aprender novas
tarefas. O trabalho em equipe é importante para alcançarmos nossos objetivos com
mais tranquilidade.
Agora que já sabemos a importância dessa boa comunicação e entrosamento
entre os pares, listaremos a seguir algumas orientações importantes para que você
cuidadora, desenvolva um bom trabalho em qualquer casa-lar que você estiver
atuando.
Quando uma boa parceria existe, o resultado desse trabalho reflete no bom
desenvolvimento da casa-lar, dos acolhidos e da instituição no geral. Segue algumas
recomendações do que achamos importante para bom andamento do trabalho
realizado pelas cuidadoras:
 Respeito mútuo/ diálogo;

30
 Humildade para aprender e ensinar;
 Cooperar e valorizar o esforço uma da outra em manter a casa limpa e
organizada para o momento da troca de turnos semanais;
 Acordarem acerca das mudanças que queiram realizar no contexto da
casa-lar, na tentativar de preservar a rotina estabelecida;
 Ao transferir a casa para a colega, façam a troca em lugar reservado
para que nessa troca seja possível tratar as pendências, todavia nunca
na frente das crianças;
 Evitar a competitividade que acaba nos levando a concorrer com nossa
colega, ou seja, tentar ser melhor depreciando o trabalho alheio;
 Não aceitar triangulação (transmissão de informação divergente) entre
acolhidos e cuidadoras;
 Evitar a “barganha” e flexibilização de algumas regras na tentativa de
ser bem aceita no grupo dos acolhidos, pelo contrário devemos buscar
o equilíbrio entre o que é estabelecido pela instituição de forma a
sermos justas e democráticas com todos(as);
 Ser cordial e profissional com todos os acolhidos, funcionários,
voluntários e visitantes;
 Acolher bem as candidatas que chegam para fazer experiência/
dialogue, compartilhe vivências, aprendizados e tenha empatia;
 As candidatas que estão em período de estágio devem estar em
observação da rotina da casa e caso realize alguma intervenção
precisa ser com supervisão da cuidadora;
 A ferista não pode realizar mudanças no ambiente da casa sem antes
trocar informação com a cuidadora permanente;
 Manter SEMPRE as regras da casa já estabelecidas.

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Parâmetros para novas cuidadoras
Cuidador Titular Cuidador Novato
Boa acolhida Ser ensinavel
Boa comunicação Tirar dúvidas
Compartilhar demandas Conhecer o fluxo da rotina
Apresentar pastas de saúde Não tratar os acolhidos como coitadinhos
Equilibrio em compreender a aceitação na
Apresentar fluxo da rotina da casa
casa e esperar o retorno do trabalho
Ensinar sobre as regras da casa Trabalho em equipe na casa
Empatia Humildade
Prevenir a competitividade Prevenir a competitividade

Parâmetros para novas cuidadoras


Possiveis expectativas das novatas Causas que podem gerar frustração
Vontade de ser aceita logo Expectativas falsas
Acertar sempre Retorno lento da doação
Atender as carências dos acolhidos Rejeição por parte dos acolhidos
Mostrar serviço Pular etapas do aprendizado

32
33
Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras,
notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e
lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música,
ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas
escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical.
A experiência da beleza tem de vir antes.

Rubem Alves

6.1 O QUE SÃO COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS?

As habilidades socioemocionais pertencem a um conjunto de competências


que o indivíduo tem para lidar com as próprias emoções.

“Essas competências são utilizadas cotidianamente nas diversas situações da


vida e integram o processo de cada um para aprender a conhecer, conviver, trabalhar
e ser. Em resumo, elas apontam para dois tipos de comportamento: a sua relação
consigo mesmo (intrapessoal) e também a sua relação com outras pessoas
(interpessoal).
6.2 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA.
Até poucas décadas, o quociente intelectual (QI) era tratado como o melhor e
único a prever o sucesso pessoal, social, acadêmico e profissional das pessoas.
Atualmente se sabe que existe um fator muito mais determinante para saber se a
pessoa realizará seu projeto de vida e de bem-estar: as habilidades socioemocionais.
São precisamente estas habilidades que ganharão trajetórias longas, frutíferas e
proveitosas.
No entanto, há algumas décadas, diferentes autores colocaram em evidência
como eram outros fatores que melhor permitiam o desenvolvimento vital das
pessoas: Gardner falou “inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal” e
Goleman, baseando-se nos trabalhos de Gardner, cunhou o termo “inteligência
emocional”.

34
Estes novos conceitos, junto com outros definidos posteriormente,
começaram a constituir as chamadas habilidades socioemocionais, as quais
poderiam prever as conquistas vitais muito melhor que os testes de inteligência
cognitiva.
Planejar o desenvolvimento positivo destas habilidades desde cedo permitirá
às crianças e adolescentes expressar seu potencial e se desenvolver segundo suas
necessidades, de maneira saudável e em harmonia com os outros, garantindo
satisfação pessoal e um bom projeto de vida.
6.3 QUAIS SÃO ESSAS HABILIDADES?
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura) organizou as habilidades do século XXI em três categorias:
 Habilidades pessoais: Aquelas características pessoais que
permitem ao indivíduo agir de maneira afetiva em sua vida.
 Habilidades sociais: Aquelas que facilitam relações pessoais
satisfatórias e positivas.
 Habilidades de Aprendizagem: Aquelas que permitem às pessoas
conhecimento significativo e útil, para sua vida e para a sociedade.
A seguir exporemos uma lista de exemplos de competências
socioemocionais, a partir da classificação realizada pela UNESCO:
 Habilidades Pessoais:
Iniciativa: Habilidade importante para empreender algo novo.
Resiliência: Permite superar obstáculos e seguir em frente com novos
objetivos.
Responsabilidade: Leva a realizar o esforço necessário para completar um
projeto.
Criatividade: criar coisas de modos novos, úteis para nossos fins.
Autorregulação: habilidade importante, que permite aplicar nossa força
quando está no potencial máximo e descansar quando precisamos;
Adaptabilidade: flexibilidade necessária para nos ajustarmos ao grupo social
e ao meio no qual nos relacionamos, sem cair na anulação.

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Gestão do tempo:nos permite priorizar e ser eficientes.
Autodesenvolvimento: necessário para evoluir junto com a vida e não
ficarmos estagnados.
 Habilidades sociais:
Trabalho em equipe: fundamental para integrar em um projeto comum todas
as habilidades pessoais. O resultado deste modo é muito proveitoso.
Empatia: imprescindível para fomentar um clima agradável de relações
pessoais.
Compaixão: Nutre e une as pessoas.
Comunicação: aspecto necessário para transmitir objetivos e colocá-los em
prática.
Liderança: favorece em grande medida a gestão e efetividade do trabalho em
grupo.
 Habilidades de Aprendizagem:
Organização: todo projeto requer planejamento e organização.
Solução de problemas: permite superar obstáculos e criar a partir de novas
perspectivas.
Pensamento crítico: base sobre a qual se faz um trabalho cognitivo criativo,
eficiente e útil.
6.4 QUAL A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADORES SEREM CAPACITADOS NESSE
TEMA E COMO AJUDAR A DESENVOLVER ESSAS HABILIDADES NAS
CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
Tendo em conta a importância das habilidades socioemocionais, para o
desenvolvimento pessoal e profissional, é necessário enfatizar a importância de seu
desenvolvimento desde cedo.
Assim como os pais são pontes para os filhos, os cuidadores são pontes
provisórias para os acolhidos.
É de suma importância o cuidador fortalecer e desenvolver suas habilidades
socioemocionais junto ao cuidado oferecido às crianças e adolescentes, seguido da

36
compreensão da importância de ser APOIO no desenvolvimento dessas habilidades
no dia a dia dos acolhidos.
6.5 COMO FAVORECER O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO LAR DAVIS?
Sugerir debates, jogos e propostas de atividades lúdicas que envolvam a
autoanálise e a representação dos acolhidos, como música, teatro e escrita.
Incentivar um ambiente acolhedor

A Casa Lar também deve ser acolhedora e ensinar valores e princípios


importantes para a vida pessoal e profissional dos acolhidos. Quando a instituição
garante um espaço acolhedor de escuta, estes se sentem mais à vontade para
formar vínculos e fazer amizades, inclusive com a própria comunidade.

Isso gera resultados positivos e pode contribuir para a melhora do


desempenho educativo como um todo. Esse é um dos aspectos mais fundamentais
de se trabalhar as competências socioemocionais, uma vez que os acolhidos criam
mais sentido para a sua própria trajetória, tendo a chance de aprender habilidades
para a vivência em sociedade.

Trabalhe a relação cuidador e acolhido

Os cuidadores têm contato direto com os acolhidos. Por isso, é essencial


desenvolver uma boa convivência para garantir um ambiente saudável e propício ao
processo de aprendizagem.Assim, quanto mais convidativo for o espaço, mais fácil
será a comunicação com a criança ou adolescente, que se sentirá seguro para
arriscar, questionar e expressar suas emoções.

Planeje momentos

37
Para trabalhar as competências socioemocionais é necessário que os
cuidadores insiram atividades focadas no autoconhecimento, na empatia e na
resolução de conflitos.Dessa forma, conciliando a parte cognitiva com a emocional,
a capacidade de aprendizado é potencializada, auxiliando no desenvolvimento de
uma formação integral que colabora para a criação de cidadãos mais conscientes e
responsáveis socialmente.

Autoavaliação e planejamento
Semanalmente os cuidadores devem se autoavaliar no que podem melhorar,
e do que realizaram ao longo da semana, buscando se conhecerem em suas
potencialidades para as explorarem seus pontos a desenvolver, para que busquem
melhorar, ao perceberem suas limitações devem buscar apoio da equipe técnica
para suporte, orientação e sugestão.

6.6 INDICADORES DE OBSERVAÇÃO QUE OS CUIDADORES PODEM FICAR


ATENTOS PARA ANOTAÇÕES DE ACOMPANHAMENTO DIÁRIO
Quais os motivos comuns recorrentes que levam a estar no vermelho?
Quais as maiores dificuldades das crianças e adolescentes no dia a dia?
Faça reuniões de avaliação das competências socioemocionais de forma
qualitativa

A instituição deve inserir as reuniões de avaliação no cronograma. Nelas,


deve-se discutir os resultados e, principalmente, avaliar os pontos que são
fundamentais para o desenvolvimento.

Utilize um sistema de avaliação

Para que as reuniões (passagem de casa) sejam produtivas, é preciso que


esses dados estejam organizados. Uma análise baseada em uma boa ferramenta de

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avaliação ajuda na tomada de decisões estratégicas, pois os mecanismos de
controle dequalidade são observados com mais pertinência. Exemplo: livro de
ocorrências e ficha de avaliação de níveis.

Converse com os acolhidos

Os acolhidos precisam ter conhecimento dos resultados. Por isso, uma


apresentação formal, um vídeo informativo ou uma boa conversa com eles consolida
as iniciativas e garante a manutenção de novos projetos de desenvolvimento. Além
do mais, os deixam cientes do seu próprio desenvolvimento, isto pode ser uma
excelente estratégia para mantê-los próximos, interessados e empenhados no
processo de aprendizagem.

39
40
7.1 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

Esse capítulo inicia-se de maneira a compreender que através da


comunicação, nós partilhamos diariamente de diversas informações com as pessoas
com as quais convivemos, tornando o ato de comunicar essencial para a vida em
sociedade.

Então, o que é comunicação?

É uma palavra derivada do termo latino “communicare”, que significa partilhar,


participar algo, tornar comum. O ato de comunicar-me diz a respeito de compartilhar
todo e qualquer tipo de informação com meu próximo.

Para Maldonado (1998), ouvir com atenção, consideração e sensibilidade


amplia a capacidade de escuta sensível, sendo possível entender o que está por trás
das palavras, na linguagem do corpo e dos atos.

Pensando sobre as definições e conceitos de comunicação, iremos pensar um


pouco sobre a forma que Jesus costumava conversar com as pessoas que conviviam
com ele:

"a vossa maneira de falar seja sempre agradável e bem temperada com sal,
a fim de saberdes como deveis responder a cada pessoa"(Colossenses 4.6)

Jesus tinha um jeito simples e especial para tratar as pessoas mesmo nas
situações mais complicadas. Sua linguagem era firme, mas temperada com
misericórdia. Sua comunicação com as pessoas ia além da fala, suas ações eram
cheias de ternura e sem julgamentos.

Ele andava e falava com pecadores sem que esses se sentissem diminuídos.
Suas palavras traziam consolo e paz até para os corações mais duros, fazendo até
com que aqueles que andavam errantes, encontrassem de volta o caminho.

41
Diariamente possuímos dificuldades relacionadas com o ato de comunicar-se,
que ora acontece pela falta de sensibilidade e ausência de escuta ou pela celeridade
de respostas que o cotidiano nos exige. Em vários momentos acabamos dando
respostas verbais e não verbais que “ferem” o nosso próximo e que caso contrário
poderiam contribuir na percepção de questões maiores e apontar possibilidades de
intervenção neste processo.

No dia- a- dia, os profissionais acabam dando respostas de distanciamento


pessoal diante dos problemas cotidianos, contribuindo para que atos de violência
sejam praticados sem que sejam percebidos.

Para compreender o termo violência, iremos utilizar a definição usada pela


Organização Mundial de Saúde, que caracteriza pelo uso intencional da força física
ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra
um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha a possibilidade de resultar em
lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (Krug et
al., 2002).

Trazendo para nossa realidade profissional, fica evidente a importância do


diálogo na relação entre cuidadora e acolhido, uma vez que nossos acolhidos são
vítimas de violências em suas diversas frações. Dessa forma nosso público-alvo não
traz consigo somente o ferimento físico, sexual, mas também a angústia, o medo, o
constrangimento.

Neste sentido, reforçamos a necessidade do "olhar para o todo", entendendo


que não devemos mediar nosso atendimento pautado no distanciamento e na frieza
emocional, mas sim que tenhamos a capacidade de colocar-se no lugar dos nossos
acolhidos e percebê-los integralmente, agindo em prol do seu bem-estar físico,
emocional e social.

Boa parte dos conflitos que temos com outras pessoas podem ser causados
mais pela forma como expomos nossas idéias do que propriamente pelas diferenças

42
de opinião. Dessa forma, o psicólogo Marshall Rosenberg desenvolveu o conceito
de Comunicação Não-Violenta (CNV), que seria capaz de estimular a compaixão e
a empatia (também por isso chamada de Comunicação Empática) diante dessa
realidade, e considerando-se que a formação de crianças e adolescentes se reflete
na assistência recebida durante seus estágio e/ou fases de vida. (Entenderemos
sobre esses estágios no módulo que trata das Fases do Desenvolvimento Infanto
Juvenil).

A CNV, nas palavras de Marshall Rosenberg, “começa por assumir que somos
todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – se verbais ou físicas
– são ensinadas e apoiadas em nossas ações diárias”. Ou seja, em um ambiente
que estimule a competitividade, a dominação e a agressividade, nos comportamos
violentamente. O contrário acontece se agirmos com generosidade criamos
ambientes acolhedores e cooperativos. Para aplicar a comunicação não violenta em
nossos relacionamentos, Marshall criou um método baseado em quatro pilares:

1. Observação (em vez de Julgamento);

2. Sentimentos (em vez de Avaliações);


3. Necessidades (em vez de Estratégias);

4. Pedidos (em vez de Ordens);

Usar o princípio da comunicação não violenta por vezes não é uma tarefa fácil,
depende de vontade, disposição e de um desejo de melhorar a si mesmo e as
relações que desenvolvemos em nossa vida diariamente. É um exercício, um
aprendizado consigo mesmo e com os outros.

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Como podemos modificar nossos padrões de comunicação e desenvolvermos
uma comunicação não-violenta?
Veja alguns exemplos:
Comunicação Violenta Comunicação Não- Violenta
“Você não consegue fazer nada certo” “Você precisa de ajuda para fazer?”
“Você nunca faz o que eu peço” “Porque você não me diz não quando lhe
peço para fazer algo?”
“Não fale desse jeito comigo” “Podemos nos acalmar e continuar a
conversa depois”

Para ajudar na compreensão e fixação do conteúdo exposto acrescentamos


abaixo alguns exemplos que te ajudarão na comunicação com as criançase
adolescentes:

 Nunca gritar com os acolhidos mesmo nos momentos de “ira”;


 Abaixe-se ao conversar com criança para que assim você consiga ficar
no mesmo nível para conversar com elas, isso gera sentimento de
igualdade;
 Ao solicitar um trabalho, peça por favor e agradeça no final;
 Elogiar sempre na frente dos demais acolhidos e funcionários;
 Tratar com cada criança suas dificuldades em particular para não expor
e envergonhá-los.

Por fim trabalhe diariamente a empatia, tente imaginar como você gostaria de
ser tratada, repreendida ou orientada e assim você terá ferramentas para trabalhar
com nosso público-alvo.

44
45
8.1 DESENVOLVIMENTO INFANTO JUVENIL

Nos dias de hoje é inaceitável para nós que uma criança não tenha o direito
de ser assistida pela família, ou pelo Estado, ou simplesmente não tenha nome, ou
saiba de cor o seu nome e sua idade. Igualmente ficamos estarrecidos com casos
de abandon em lixeiras, em ruas desertas; nos assustamos com as denúncias de
trabalho infantil. O mais espantoso de tudo isso é saber que esse espanto antes não
existia; ele foi construído culturalmente e é produto de anos e anos de relações
sociais travadas em torno das concepções sobre infância.
Antes do século XVI as crianças ao nascerem eram vistas como “uma coisinha
engraçadinha”, e não se dava muita atenção a elas. Se morressem, logo eram
substituídas por outras (ARIÈS, 1981). Época de grande mortalidade infantil, em
grande medida causada pela falta de práticas de higiene.
Foi somente a partir do século XVI que as crianças passaram a ser tratadas
de maneira diferente, necessitando de algum preparo para a entrada na vida adulta.
É nessa época que surge a escola como a concebemos hoje (HEYWOOD, 2004).
Os pais passaram a se interessar pela vida dos filhos e a família passou a ser
organizada em torno da vida da criança. Isso fez com que ela (a criança) saísse de
vez do anonimato (ARIÈS, 1981).
Passou-se a fixar grande expectative sobre o futuro dos rebentos e a sua
perda, agora, passou a representa grande dor. A ideia de infância nasce, portanto,
junto com o sentimento de infância. A criança deve ser vista, portanto, como um ser
que está em formação, mas que interage com o mundo à sua volta na medida em
que estabelece o seu contato com o mundo.
Ela vem de desenvolver, que quer dizer “desenrolar, que se forma pelo prefixo
des-, de oposição + envolver.
O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas,
cognitivas, sociais e biológicas em todo ciclo de vida. Desta forma faz interface como

46
diversas áreas do conhecimento como: a biologia, aantropologia, a sociologia, a
educação, a medicina, entre outras” (MOTA, 2005, p. 106).
“Compreender como o comportamento individual entra em contato com os
outros elementos significativos do seu entorno, além de descrever as características
desses contatos que são relevantes para o desenvolvimento”. Fatores essenciais
para o desenvolvimento humano:

HEREDITARIEDADE: carga genética que estabelece o potencial do


indivíduo.

CRESCIMENTO ORGÂNICO: aspecto físico e biológico.

MATURAÇÃO NEURO-FISIOLÓGICA: desenvolvimento de Sistema nervoso


que se reflete no aspecto fisiológico, tornando possível determinados padrões de
comportamento.

MEIO: conjunto de influências e estimulações ambientais (físicas e sociais).

Qual a importância do estudo do desenvolvimento humano?

Em cada fase do desenvolvimento existem formas diferentes de perceber,


compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária. Teorias
do Desenvolvimento Humano

• PSICANÁLISE DE SIGMUND FREUD: desenvolvimento afetivo-emocional


(sexualidade).

• TEORIA PSICOGENÉTICA DE JEAN PIAGET: desenvolvimento intelectual


(cognição).

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• ENFOQUE SOCIO-INTERACIONISTA DE VYGOTSKY: desenvolvimento
social (interações).

• PSICOGÊNESE DA PESSOA CONCRETA (afetividade e cognição) DE


HENRI WALLON: desenvolvimento emocional.

Iremos nos desdobrar na teoria psicogenética de Piaget

8.2 FASES DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL

Durante o desenvolvimento infantil, a criança passa por diversas fases com


suas peculiaridades, descobertas, comportamentos e transformações físicas e
cognitivas.

A partir do nascimento até os três anos de vida a criança vive a primeira


infância, período conhecido como a fase das descobertas do mundo externo e o
desenvolvimento das habilidades motoras básicas como a aquisição da fala, andar
e comer sem exigir auxílio. A segunda infância se dá entre os três e seis anos, fase
que corresponde a pré-escola e o aperfeiçoamento das habilidades motoras, como
desenhar, escrever, praticar esportes e expressar de forma mais equilibrada as suas
emoções. A Terceira infância se inicia aos seis culminando aos onze anos, fase
intermediária entre a infância e a adolescência, período onde se dá início a
puberdade (período das transformações hormonais e corporais), logo em seguida
surge a adolescência (período dos conflitos afetivos e busca de uma identidade).

Para Jean Piaget (1896 -1980) psicólogo, biólogo suíço reconhecido


mundialmente por suas pesquisas, estudos e trabalhos sobre o desenvolvimento
cognitive e infantil. Essa fase ocorrem e diante quatro estágios, para uma melhor
compreensão veremos logo em seguida.

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Estágio sensório-motor (0- 02 anos)

Estágio sensório-motor, a primeira das etapas do ● Ausência da função semiótica (não evoca
desenvolvimento infantil e envolve o
mentalmente os objetos);
reconhecimento de si enquanto ser que pensa,
sente e faz. Essa fase pode durar até os dois anos, ● Ação direta sobre os objetos;
período que o bebê leva para ter consciência do
● Inteligência trabalha com as percepções
seu corpo como um todo, dos seus movimentos e
da interação com o meio social. (sensório-sentidos) / ação (motor);
● Assimilação acontece a partir da ação da
criança sobre o meio;
● Linguagem = monólogo;
● Organização social = individual;
● Representação gráfica = rabiscação
Representação corporal = imitação com modelo.

Os bebês em seu 1º ano de vida estão restritos aos reflexos inatos. Piaget
destaca os reflexos de sucção, visão, audição, preensão(segurar) e fonação.

49
Estágio pré-operatório (02 – 07 anos)

Já se tratando das etapas do desenvolvimento infantile e criativo, o pré-operatório é a mais marcante,


representando toda a faixa dos dois aos sete anos - e sendo percebidas pelas invenções de
brincadeiras, pelo “faz de conta” e, especialmente, pela comunicação mais clara e efetiva por meio da
fala. Essa fase também e conhecida como fase do egocentrismo, a criança percebe tudo e todos sobre
sua perspectiva. Existem duas sub-fases inseridas no estágio pré-operatório:

SIMBÓLICO; . INTUITIVO.

● Aparecimento da função semiótica (evoca ● Interesse pelas causas dos fenômenos;


mentalmente os objetos); ● Idade dos por quês;
● Idade da Fantasia = “faz de conta”. ● Artificialismo – explicar fenômenos da
● Brinca e conversa sozinha; natureza através de atitudes humanas;
● Assimilação a nívelsimbólico; ● Distingue a fantasia da realidade;
● Fase da: Imitação sem modelo, ● Extremamente centrada em seu próprio
dramatizações, desenhos, pinturas, historinhas; ponto de vista;
● Linguagem = Monólogo coletivo; ● Jogos com algumasregras- Reconta
● Organização social = pares móveis (não histórias, descreve cenas;
compreendem regras sociais e os conflitos são ● Socialização - Pares fixos (jásabe o que é
frequentes); seu e o que é do outro);
● Egocentrismo (reconhece, assume,
percebe o seuponto de vista).
● Finalismo – Não aceita a ideia do acaso e
tudo deve ter uma explicação. - Animismo –
características humanas a seres inanimados.
Realismo – materializer suas fantasias.

Na sub fase simbólico, a criança apresenta-se sem Reversibilidade.


Exemplos:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas
forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois
as formas são diferentes. Não relaciona as situações.

50
Estágio operatório concreto (08-12 anos)
● É capaz de ver uma situação por diferentes ângulos;
● Organiza o mundo de forma lógica;
● Capaz de concentrar-se por longos períodos;
● Executam tarefas que envolvam sequências e
regras;
● Jogos mais complexos: xadrez, futebol;
As etapas do desenvolvimento infantil e começam a ficar ● Adivinhações, enigmas, charadas;
mais consolidadas com a chegada dos oito anos e ● Mantém diálogo mas não é capaz de discutir
permanece mas sim até cerca dos 12 anos. É aí que o diferentes pontos de vista;
raciocínio fica ágil e coerente, estágio perfeito para ● Organização social = bandos;
introduzir conceitos mais complexos nas tarefas escolar ● Reorganiza, interioriza, antecipaações;
e se intensificar o aprendizado. ● Criam histórias com enredos;
● Dramatização. Reproduz textos e representa-os a
partir de situações vividas.
● Diferencia real e fantasia;

● Estabelece relações e admite diferentes pontos de


vista; Tem noções de tempo, velocidade, espaço,
causalidade.

Estágio operatório formal (12 em diante)

Depois dos 12 anos estima-se que as ● A criança libera-se inteiramente do objeto;


etapas do desenvolvimento infantile e ● Liberta-se do concreto;
estejam voltadas a aperfeiçoar alguns ● Pensamento hipotético-dedutivo;
conceitos sociais, bem como assimilá-los ● Interesse pelas transformações sociais;
com clareza as concepções mais ● Mantém diálogos, cooperação;
abstratas o que inclui perceber que sente ● Linguagem: discussão, debate temas, considera pontos
amor pelos pais e raiva diante de de vista e chega a conclusões;
situações de injustiça. Além disso, vale ● Socialização= grupos (leis discutíveis, e transformáveis.
ressaltar que o senso de empatia ganha Moral de cooperação);
bastante força nessa época. ● Representação corporal e gráfica mais complexa:
profundidade, proporções, personagens, vozes;
● Esquemas conceituais abstratos;
● Valores pessoais.

51
Piaget defendia em suas pesquisas que o desenvolvimento do indivíduo se
dava a partir de sua ação sobre o meio em que este estava inserido, recebendo
influências também de fatores biológicos em seu desenvolvimento mental.
Exemplos:
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o
papo", a criança trabalha com a lógica da ideia (metáfora) e não com a imagem de
uma galinha comendo grãos.

8.3 CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA

A adolescência não tem uma idade cronológica exata para os teóricos desta
fase, mas em relação as características que correspondem esse período do
desenvolvimento, algumas teorias concordam em muitos aspectos e se
complementam em outros. Como o ser humano é um ser em evolução, as pesquisas
sobre o desenvolvimento biopsicossocial de crianças e adolescentes estão sempre
sendo acrescidas de novas informações e descobertas.

Sobre estas bases, e levando em consideração o critério evolutivo da


psicologia, considero que a adolescência, mais do que uma etapa estabilizada, é
processo, desenvolvimento, e que, portanto, deve se admitir e compreender a sua
aparente patologia, para situar seus desvios no contexto da realidade humana que
nos rodeia.

O adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas de acordo


com o que conhecemos dele. Em nosso meio cultural, alternando com audácia,
timidez, descoordenação, urgência, desinteresse ou apatia, que se sucedem ou são
concomitantes com conflitos afetivos, crises religiosas nas quais se pode oscilar do
ateísmo anárquico ao misticismo fervoroso, intelectualizações e postulações
filosóficas, ascetismo, condutas sexuais dirigidas para o heterossexualidade e até a
homossexualidade ocasional. Tudo isto é o que aautora chamou de entidades

52
emipatológica ou, preferindo, "uma síndrome normal da
adolescência"(Aberastury,1981).

A síndrome da adolescência normal, descreve a seguinte sintomatologia que


integra esta síndrome:
1) busca de simesmo e da identidade;
2) tendência grupal;
3) necessidade de intelectualizar e fantasiar;
4) crises religiosas, que podem ir desde o ateísmo mais intransigente até o
misticismo mais fervoroso;
5) deslocalização temporal, onde o pensamento adquire as características de
pensamento primário;
6)evolução sexual manifesta, que vai do auto-erotismo(masturbação) até a
heterossexualidade genital adulta;
7) atitude social reivindicatória com tendências anti ou associais de diversa
intensidade;
8) contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta, dominada
pela ação, que institui forma de expressão conceitual mais típica deste período da
vida;
9) uma separação progressiva dos pais ou cuidadores;
10) constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.

53
54
9.1 CONSTRUÇÃO E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS ENTRE ACOLHIDOS
(AS) E CUIDADORAS MEDIANTE O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES EM
GRUPO E/OU INDIVIDUAL PARA PROMOVER A AUTOESTIMA DAS CRIANÇAS
E ADOLESCENTES.

No módulo anterior tratamos sobre as diversas fases que envolve o


desenvolvimento cognitivo infanto juvenil e suas peculiaridades, aqui falaremos
sobre as necessidades que envolvem esse processo de crescimento e maturação
do indivíduo.
A fase de desenvolvimento infantil é reconhecida como uma importante janela
de oportunidades para o investimento no desenvolvimento das potencialidades da
criança. Logo, estímulos, cuidado e muito afeto serão super bem-vindos. Para o bebê
e a criança a criação de vínculo afetivo, seja com a mãe ou outro adulto que a
represente, é fundamental, aqui podemos citar a figura da cuidadora.
É por meio das trocas de afeto que a criança desenvolve suas primeiras
relações, aprende a interagir, a se comunicar e também inicia a capacidade de
desenvolver empatia.

Os primeiros anos de vida de uma criança requerem cuidados especiais nos


quais o afeto, também conhecido como criação com apego, pode trazer muitos
benefícios ao desenvolvimento infantil e será refletido na forma como essa criança
se relacionará com os outros quando adulta.

Como cuidadores muitas vezes nos preocupamos se dar muito afeto, deixará
a criança com “mau costume”. Mas é importante lembrar de alguns pontos:

● Carinho e afeto nunca são demais;


● Pesquisas mostram que crianças que possuem vínculos afetivos na primeira
infância são mais seguras e autônomas;
● E talvez o mais importante, não há uma receita que sirva para todos e todas!
As crianças são diferentes umas das outras e as famílias também;

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● O importante é garantir que compreendemos as fases e necessidades que
cada etapa de desenvolvimento demanda e dar o melhor que pudermos para garantir
que nossos meninos e meninas terão seu pleno desenvolvimento e proteção;

Neste módulo abordaremos esse assunto a partir da Teoria da Hierarquia das


Necessidades de Maslow (1908-1970) psicólogo americano de referência na
psicologia humanista.
Para Maslow, o indivíduo pode ser motivado a partir da satisfação das cinco
necessidades básicas que estão na seguinte ordem: fisiológica, segurança, social,
autoestima e realizações pessoais e essas devem ser atendidas de acordo com a
sua prioridade.
Considerando essa organização das necessidades
básicas do ser humano, podemos perceber que à
medida que as necessidades que se encontram na
base são atendidas, as necessidades do topo vão
surgindo de forma gradativa.
Neste módulo sobre construção de vínculos e
autoestima, daremos ênfase ao terceiro nível Amor
e Pertencimento, sendo esse tópico necessário
para o próximo nível.
O indivíduo tem necessidade de pertencimento, ou
seja, de fazer parte de grupos para se sentir
valorizado e importante como elemento que compõe
a sociedade, para se desenvolver de forma saudável
e integral.
A seguir daremos exemplos de relacionamentos que produzem o senso/sentimento
de pertencimento:
● Família;
● Amigos/Namoro;
● Escola;
● Comunidade;

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● Trabalho.

AUTOESTIMA
Para a psicologia a Autoestima é a confiança que o indivíduo tem no seu
próprio potencial, e essa confiança pode se dar de maneira elevada ou baixa, ou
seja, sendo autoestima alta ou autoestima baixa, ambas são autoestima.
Quando o indivíduo se percebe como alguém que tem valor e potencial, ele
possui uma autoestima saudável. Contudo isso é algo construído a partir de
relacionamentos onde as suas qualidades são valorizadas e o seu potencial
reconhecido pelo seu próximo. Ao construir esses vínculos de forma saudável o
indivíduo conquista as seguintes características:
● Auto confiança;
● Aceitação de si mesmo;
● Respeito por si mesmo;
● Respeito aos outros;
● Reconhecimento pelos outros.

9.2 DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES INDIVIDUAL/GRUPAL COM O

OBJETIVO DE CONSTRUIR E FORTALECER VÍNCULOS ENTRE OS

ACOLHIDOS E CUIDADORAS.

Cada casa lar tem sua rotina diária, que envolve a organização/conservação
do ambiente e o dos pertences pessoas de cada acolhido (a) e cuidadora. Neste
módulo desejamos sugerir atividades que favoreçam a construção e fortalecimento
de vínculos para uma convivência saudável e harmoniosa. Atualmente de forma
sistemática já realizamos devocionais semanais que acontecem em grupos e a
avaliação dos níveis. Dentre as atividades para fortalecer os vínculos entre cuidador
e acolhido, sugerimos:

● Contação de histórias (Trabalhar valores e princípios morais);

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● Jogos educativos (Participação das cuidadoras nesses momentos);

● Atividades culinárias (Desenvolver habilidades gastronômicas);

● Cinema em casa (Programação com a educadora);

● Conversas individuais (Tratar comportamentos inadequados e


compartilhamento de experiências positivas).

O acolhimento institucional é uma medida protetiva excepcional e deve ser de


caráter provisório, mas por conta de alguns fatores como a morosidade da justiça, a
falta de promoção social de algumas famílias e a ocorrência da orfandade, muitas
crianças e adolescentes crescem e até chegam a atingir a maioridade
institucionalizada. Diante dessa realidade tão difícil, buscamos proporcionar o melhor
atendimento possível para os nossos acolhidos, sabendo que só o fato deles estarem
crescendo e se desenvolvendo dentro de uma instituição já trazem sequelas, que
talvez nunca sejam superadas. Consciente dessas informações e realidade, que
sejamos facilitadores dos processos que envolvem o desenvolvimento deles, como
cuidadoras e demais colaboradores.

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MÓDULO 08

DISCIPLINA PEDAGÓGICA NO
CONTEXTO DE ACOLHIMENTO -
REVISANDO OS NÍVEIS

10.1 DISCIPLINA PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DE ACOLHIMENTO -


REVISANDO OS NÍVEIS

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O módulo a seguir, trata de maneira continuada a respeito da disciplina
pedagógica realizada dentro do Lar Davis, apresentaremos esse módulo através de
três perspectivas: primeiramente, descrevemos a importância das normas e rotinas
avançando pela determinação delimites e tendo como referência a centralidade no
processo de avaliação diante do comportamento esperado.
Durante nosso dia-a-dia somos vivemos seguindo algumas normas de
convivência, hábitos de higiene e organização que nos seguem desde a infância até
a vida adulta durante a realização de qualquer tipo de atividade. Diante disso, o
cuidador precisa ter consciência que estas questões precisarão ser discutidas muitas
vezes com as crianças e/ou adolescentes durante a semana. Trata-se de um
processo de aprendizado continuo sem qualquer tipo de interrupção, no qual a
criança aprende com o tempo e com a repetição. É preciso ter paciência, constância
e perseverança.
Ao trabalhar a disciplina precisamos analisar alguns aspectos: a idade do
nosso público, quais são as suas capacidades e como iremos organizar as atividades
que pretendemos realizar com eles. É interessante que, ao propor uma atividade,
pensemos adequá-la de acordo com as capacidades da criança e/ou adolescente e
tendo consciência que tal ação necessita do estabelecimento de algumas regras.
A compreensão do trabalho pedagógico e a linha de pensamento que a
instituição segue é fundamental para todos os envolvidos desde os acolhidos,
cuidadores, demais profissionais e familiares.
Contudo, muitas vezes a criança e/ou adolescente descumpre as regras
estabelecidas sendo dessa forma necessário impor alguns limites para um bom
convivio social e institucional, que determinam o que pode e o que não pode ser feito
em diferentes situações. O ideal é que não precisemos corrigir a criança e/ou
adolescente e sim, consigamos fazê-la compreender o porquê de algumas
proibições.
O processo de avaliação é uma constante em um cotidiano institucional, onde
se tem um ambiente com um número relevante de pessoas. Pensemos que são

60
inúmeras as interações cotidianas, nas casas lares, em nossa trajetória profissional,
durante o lazer e dessa forma o processo de avaliação sempre se faz necessário
para aferir sobre o que estamos fazendo, bem como sobre o resultado de nossas
ações diárias.
A avaliação deve ser melhorada diariamente, mas dentro do conjunto das
práticas educativas do qual ela faz parte, no caso dentro da realidade do Lar Davis.
O Lar Davis possui um sistema de avaliação do comportamento dos acolhidos
que facilita no cuidado diário, porque a criança vai conhecer regras e
normas.Sabendo que o semáforo é compreendido praticamente por todas as
pessoas como uma linguagem universal devido sua funcionalidade no trânsito,
realizamos uma adaptação onde os níveis alteram-se por cores que variam entre
verde, amarelo e vermelho.A opção por usar essa metodologia se deu pela facilidade
de compreensão através das cores utilizadas no semáforo, porquenão importa onde
estamos ou para onde vamos, sabemos que o vermelho indica parar, amarelo
significa atenção e o verde, seguir em frente.
O momento de avaliação tem como objetivo produzir uma compreensão dos
atos que o acolhido realiza semanalmente, para que as ações possam ser
entendidas e avaliadas, os conflitos ocorridos possam ainda servir de base para
aprendizado e correção.O acolhido passa a conhecer os níveis e dessa forma
entender que não os colocamos em nenhuma posição, na verdade eles que se
colocam.
Assim, a avaliação nos possibilita a revertermos os conflitos e as repetições
inadequadas, identificando aquilo que é suscitado nas relações que se estabelecem
na rotina institucional, com as crianças, com as famílias e entre os profissionais.

Dessa forma os adolescentes são avaliados semanalmente pelos cuidadores


e permanecerão no nível estabelecido durante uma semana, informa-se que cada
nível corresponde a um padrão de conduta que o acolhido vem mantendo durante a
semana; quanto melhor o comportamento, maior é o nível e maiores serão os

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privilégios a serem desfrutados. Diante de má conduta, o adolescente poderá cair
diretamente para níveis mais baixos.
A avaliação acontecerá da seguinte forma:
 Toda quinta-feira durante o dia a cuidadora tratará de forma individual
com os acolhidos;
 Todos os acolhidos serão avaliados sistematicamente pela cuidadora,
no momento que chamamos de Papo com o Cuidador;
 A cuidadora em conversa com a criança realizará um momento de
avaliação pautado em instrumental já disponibilizado pela instituição. No final da
avaliação o acolhido identificará em qual nível estará diante das suas respostas e
seus atos semanais;
 É importante destacar que nenhuma cuidadora coloca qualquer criança
e/ou adolescente em um determinado nível, todavia o próprio acolhido é responsável
por suas ações;
 As crianças até 10 anos serão avaliadas por cores em quadro descritivo
em cada casa-lar, no entanto no final de cada dia o acolhido acumulará pontos que
poderão ser trocados mensalmente por premiações especiais.
Só será possível desfrutar de algumas recompensas oferecidas pela
instituição aos acolhidos que realizaram todas as tarefas definidas em sua rotina,
desde rotina escolar até rotina desenvolvida dentro da casa lar.
Por fim, é de fundamental importância se atentar para as dificuldades enfrentadas
no decorrer da semana, considerando que tais questões devem ser levadas a
Coordenação Social nos momentos de reunião semanal para que assim você receba
o apoio necessário para lidar com suas angústias e conflitos decorrentes da rotina
de trabalho.

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TREINAMENTO PARA
CUIDADOR(A) INICIANTE

MÓDULO 09

11.1 PREPARAÇÃO PARA O DESLIGAMENTO/ADOÇÃO/AUTONOMIA

Vamos refletir e apresentar nesse capítulo o processo que envolve o começo,


meio e fim desse acompanhamento integral.

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Para entrarmos no tema proposto, é necessária uma breve reflexão sobre as
emoções e sentimentos que rodeiam o acolhimento institucional e público-alvo em
questão. Um acolhido não se resume em um número de processo, ele é uma criança
que possui as mesmas necessidades que as outras. O ambiente de acolhimento
institucional traz vários questionamentos aos acolhidos “A quem pertenço?”, Qual é
meu lugar no mundo” (interrogação),” Por que estou aqui” (interrogação). Cabe a
todos nós, construirmos um processo individual e coletivo e buscar respostas. E esta
é uma importante tarefa da política social e também do acolhimento. Como diz o
ditado Africano, “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”.
Esta análise irá nos permitir observar os principais motivos para a
desligamento das crianças e adolescentes que residem provisoriamente em
instituições. Sugere-se que o desligamento institucional deve ser discutido com base
no conceito de saída da instituição, ou seja, desinstitucionalização, pois o
desligamento não deve ser visto apenas como a saída do acolhimento. Essa
necessidade acentua-se ainda mais quando se trata de períodos longos de
institucionalização. Esseprocessose diferencia da ideia de desligamento, pois não
significa apenas a saída do indivíduo da instituição, mas a construção da
independência com relação à mesma. Para muitos, o acolhimento é seu verdadeiro
lar, além disso, a saída do acolhimento não deve estar atrelada ao desamparo do
sujeito fora da instituição.
Por fim, analisaremos as atividades que são realizadas para promover a
preparação para vida fora da instituição.

Durante o período de acolhimento, a instituição deverá realizar ações com


periodicidade de modo a promover a preparação para o desligamento das crianças.
O desligamento de uma instituição de acolhimento pode acontecer dentro de alguns
pontos, a saber:

 Reintegração Familiar, quando a criança retorna a morar com a família


biológica;

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 Fortalecimento da Autonomia e/ou Maioridade Civil,chamamos de
autonomia , a capacidade do indivíduo de se desenvolver e se responsabilizar por
si e por seus atos e comportamentos, de tomar decisões sobre si próprio e de manter
relacionamentos com outras pessoas, respeitando os sistemas sociais e culturais (
família,valores,leis);

 Família Substituta se dá por Adoção ou Extensa (tio e outros), a medida


de adoção é um ato jurídico pelo qual se estabelece um vínculo de paternidade e
filiação entre adotante e adotado, independente de relação natural ou biológica de
ambos;
Dessa maneira, todo o trabalho executado dentro da instituição de
acolhimento deve-se pautar primeiro no bem-estar da criança e do adolescente e
seguindo no esforço de se manter o convívio com a família, a fim de que o acolhido
retorne o mais breve possível para o ambiente familiar, seja esse local em família
biológicaou substituta.

Para que esse retorno familiar aconteça num período mais breve possível, é
imprescindível algumas ações que potencializem essa medida. Por isso é preciso
que fique compreendido que no decorrer do acolhimento a equipe técnica da
instituição irá realizar algumas ações e/ou estratégias para fortalecer os vínculos
familiares, preparar o adolescente para processo de autonomia e inserção em família
substituta.
 Visitas Familiares na instituição;
 Visitas Domiciliares com ou sem a companhia dos acolhidos;
 Preparação para adoção;
 Acompanhamento de vinculação para adoção;
 Ligações telefônicas via chamada de áudio e/ou vídeo;
 Permitir a privacidade e intimidade da criança e adolescente com os
familiares;
 Fortalecer a presença dos familiares nas atividades externas que
envolvem escolaridade, documentação e acompanhamento de saúde;

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 Prestar orientações sobre cuidados biopsicossociais (cuidado integral);
 Dar orientações sobre a importância de manutenção de cuidados e
rotinas estabelecidas na instituição;
 Orientações sobre a rede socioassistencial para acompanhamento
familiar e benefícios sociais;
 Orientação profissional e encaminhamento para cursos
profissionalizantes e primeiro emprego.

Portanto, essas ações são realizadas na tentativa de reverter a situação de


fragilidade e/ou nulidade dos vínculos familiares e assim promover a reinserção das
crianças e adolescentes que outrora permaneciam acolhidos e fomentar a autonomia
para a vida, formando pessoas éticas e de responsabilidade cidadã.

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ICHA DE AVALIAÇÃO DE NIVEIS

67
FICHA DE AVALIAÇÃO DE NIVEIS

ACOLHIDO:_________________________________ PERÍODO: ____/____/____ A ____/____/____

INDICADORES DO COMPORTAMENTO ESPERADO

Cumpri a rotina de estudos?


O Lar Davis recebeualgumareclamação da minha escola essa
semana?*
Participei das aulas sem gazear, sem me atrasar e perder a sprinter?
Comportei-me respeitosamente com as pessoas sem nenhuma
agressão física, verbal e sem fazer nenhuma ameaças ?*
Participei de alguma ação que danificou o patrimônio do lar?*
Cometi algumas atitudes de vandalismo? (pulei muro, joguei pedras
nos carros, invadi terreno alheio, arremessei objetos ou pulei pela
janela, joguei objetos em cima da casa, cortei tela das janelas ou subi
nos telhados) *
Comuniquei-me cordialmente com as pessoas, sem uso de
vocabulário de baixo calão (palavrões)?
Cumpri minha rotina diária? Fiz todas as minha tarefas?
Fiz alguma coisa fora da rotina sem autorização do cuidador? (corte
radical, roupa?)
Entrei nos demais quartos ou usei objetos dos colegas sem
permissão?*
Zelei pelos meus pertences pessoais (roupas, material escolar)?
Fiz minha a higiene pessoal corretamente? Mantive minha cama e meu
o armário organizados?
Participei e me comportei nas reuniões/encontros oferecidos pelo Lar
e fora do Lar?

OBS.: 1. Poderá ficar no nível verde aquele que possuir apenas uma marcação no amarelo e nenhuma no
vermelho;
2. Se tiver assinalado no Vermelho nos itens identificados com o *, o acolhido estará automaticamente no nível vermelho;
3. O acolhido entrará automaticamente no vermelho se cometer algum ato grave em qualquer dia da semana;
4. O acolhido permanecerá no nível amarelo se tiver até três marcações no amarelo e nenhuma no vermelho, a partir de
quatro marcações no amarelo o acolhido ficará no vermelho.

Observações:________________________________________________________________________________________
_

AVALIAÇÃO FINAL: __________________

________________________________ ________________________________
Visto do cuidador Visto do acolhido

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Privilégios
Verde Amarelo Vermelho
 Assistir televisão  Acesso a TV e  Assistir televisão somente o
 Jogar bola rádio por período que os demais escolherem para
 Usara internet estipulado pelo cuidador; assistir
(conforme a escala)  Uso do computador  Receber visitas dos familiares
 Usar o vídeo-game (por apenas para trabalhos  Acessar a área externa, porém
período estipulado pelo escolares; sem piscina e campo
cuidador)  Jogar bola;  Participar de programações de
 Usar a piscina;  Utilizar área grupos visitantes dentro da unidade
 Participar de passeios e externa para fins de mediante autorização do cuidador;
atividades fora do Lar Davis; lazer(não pode piscina);
 Fazer ligações  Participar das
telefônicas para familiares; programações dos grupos
 Participar das atividades de visitantes
recreativas dos voluntários e
visitantes .
 Usar caixa de som com
fone de ouvido

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71
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS:

_____. Lei Orgânica da AssistênciaSocial.SecretariaEstadual de Assistência e


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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm>. Acessoem 28/09/2021.

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1990. Dispõesobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dáoutrasprovidências.
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https://www.fazendohistoria.org.br/blog-geral/2019/10/16/o-papel-do-educador-nos-
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