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OUTRAS HISTÓRIAS DE ORIGEM E

TRANSFORMAÇÃO
MITOS E LENDAS
ENSINO FUNDAMENTAL 2
OUTRAS HISTÓRIAS DE ORIGEM E TRANSFORMAÇÃO:MITOS E LENDAS

Mito Enawenê-nawê
Contam os Enawenê-nawê que os povos antepassados, de cujos
“restos" eles são originários, habitavam, inicialmente, o interior de
uma pedra. Graças ao auxílio de um pica-pau, que fez um buraco
na pedra, abrindo uma passagem ao mundo exterior, os povos se
espalharam pela superfície da terra. Essas populações se
apresentavam, invariavelmente, como culturas incompletas ou
defeituosas. Em uma delas, por exemplo, todos os seus objetos eram
de palha de buriti, em outra, os homens não portavam alguns
enfeites, em outra ainda, as aves eram o único alimento consumido.
OUTRAS HISTÓRIAS DE ORIGEM E TRANSFORMAÇÃO:MITOS E LENDAS

Uma série de catástrofes provocadas pela ação dos espíritos


subterrâneos sob a forma de ataques de onças, monstros aquáticos,
povos inimigos, epidemias etc., quase as dizimou totalmente. Os
poucos sobreviventes dessas populações, guiados pelos espíritos
celestes e subterrâneos de seus respectivos clã, foram um por um se
dirigindo a uma determinada aldeia, a dos formadores do
aweresese, um dos clãs principais.
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À proporção que chegavam, dirigiam-se à casa-dos-clãs, onde


depositavam suas flautas em uma determinada posição que,
segundo os Enawenê-nawê, se mantém idêntica até hoje. Uma vez
reunidos, os remanescentes de cada uma dessas populações se
envergonharam de algumas de suas particularidades culturais e
ensinaram uns aos outros os seus bons costumes. Assim, por
exemplo, os anihiare aprenderam com os outros a não comer mais
carne de caça, mas ensinaram aos outros a usar alguns enfeites.
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Os Enawenê-nawê “históricos",
isto é, tornados idênticos aos
atuais, depois da reunião dos
povos e das flautas dos clãs em
uma aldeia circular, apreendem
assim o seu universo cultural como
uma combinação de bom gosto
de tradições distintas originárias do
tempo dos Enawenê-nawê (Marcio Silva, 1998.)(Disponível em: pt/povo/enawene-nawe/486>)

“míticos", os que saíram da pedra.


OUTRAS HISTÓRIAS DE ORIGEM E TRANSFORMAÇÃO:MITOS E LENDAS

Mito da Costa do Marfim - A árvore de cabeça para baixo


Nos primórdios da vida, o Criador fez surgir tudo no mundo. Ele criou
primeiro o baobá, e só depois, continuou a fazer tudo existir.
Mas ao lado do baobá havia um charco. O Criador havia
plantado o primogênito bem perto de uma religião algadiça. Sem
vento, a superfície daquelas águas ficava lisa como um espelho. O
baobá se olhava, então, naquele espelho d’ água. Ele se olhava, se
olhava e dizia insatisfeito
— Por que não sou como aquela outra árvore?
Ora, achava que poderia ter os cabelos mais floridos, as folhas,
talvez um pouco maiores.
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O baobá resolveu, então, se queixar ao Criador, que escutou por


uma, duas horas as suas reclamações. Entre uma queixa e outra, o
Criador comentava: — Você é uma árvore bonita. Eu gosto muito
de você. Me deixe ir, pois preciso continuar meu trabalho.
Mas o baobá mostrava outra planta e perguntava:
Por que suas flores não eram assim tão cheirosas? E sua casca?
Parecia mais a pele enrugada de uma tartaruga. E o Criador insistia:
— Me deixe ir, você para mim é perfeito. Foi o primeiro a ser criado
e, por isso mesmo, tem o que há de melhor em toda a criação.
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Mas o baobá implorava:


— Me melhore aqui, e um pouco mais
ali...
O Criador, que precisava fazer os
homens e os outros seres da África, saía
andando. E o baobá o seguia onde quer
que ele fosse. Andava pra lá e pra cá (e é
por isso que essa árvore existe por toda a
África).
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O baobá não deixava o Criador dormir. Continuava, e


continuava, e continuava, sempre a implorar melhorias.
Justo a árvore que o Criador achava maravilhosa, pois não era
parecida com nenhuma outra, nunca ficava satisfeita! Até que um
dia, o Criador foi ficando irritado, irritado, mas muito irritado, pois
não tinha tempo pra nada. Ficou irado mesmo. E aí, então, se virou
para o baobá e disse:
— Não me amole mais! Não encha mais a minha paciência! Pare
de dizer que na sua vida falta isso ou aquilo. E cale-se agora!
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Foi então que o Criador agarrou o baobá, arrancou-o do chão e


o plantou novamente. Só que... dessa vez, foi de ponta-cabeça,
para que ele ficasse de boca calada.
Isso explica sua aparência estranha; é como se as raízes ficassem
em cima, na copa. Parece uma árvore virada de ponta-cabeça!
Até hoje, dizem que os galhos do baobá, voltados para o alto,
parecem braços que continuam a se queixar e a implorar melhorias
para o Criador. E o Criador, ao olhar o baobá, enxerga a África. 

(Heloisa Pires Lima, George Gneka e Mário Lemos – A semente que veio da África. São Paulo:
Salamandra, 2005.)
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Baobá
OUTRAS HISTÓRIAS DE ORIGEM E TRANSFORMAÇÃO:MITOS E LENDAS

Heloisa Pires de Lima é brasileira,


educadora, autora de livros
infanto-juvenis e antropóloga.
Escreveu A semente que veio da
África, com Mário Lemos, que
mora em Moçambique, e Georges
Gneka, nascido na Costa do
Marfim.
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Mito da Grécia Antiga


Os gregos, em um determinado momento de sua história,
sentiram necessidade de explicar o mundo. Na sua mitologia, a
terra, o céu, o mar e os diferentes titãs e deuses foram criados muito
antes do homem.
São muitas as histórias que criaram para isso. Com relação à
origem do homem, acredita-se que foi o titã Prometeu que o criou,
modelando-o em barro. Porém, em outras versões, Prometeu não
teria sido o criador do homem, mas seu benfeitor.
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Esse titã teria tentado beneficiar os homens ludibriando o deus do


Olimpo, Zeus. Em um momento solene de ofertar um touro a Zeus,
Prometeu dividiu o animal em duas partes: de um lado, colocou a
carne e as entranhas cobertas pelo ventre do animal; de outro
lado, dispôs apenas ossos cobertos com uma bela capa de gordura
branca para disfarçar. Pediu que Zeus escolhesse a sua parte, o
resto daria aos humanos. Zeus escolheu a bela capa de gordura
branca, mas quando percebeu que havia sido propositalmente
enganado, ficou furioso com Prometeu e com os humanos mortais,
e não quis dar o fogo aos humanos.
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Prometeu, no entanto, para beneficiar mais uma vez os humanos,


roubou as sementes do fogo, trazendo-as para a terra. Para punir
Prometeu, Zeus o acorrentou no alto de uma montanha, e para
punir os homens, mais uma vez, Zeus deu de presente ao irmão de
Prometeu, Epimeteu, uma mulher belíssima e com muitas
qualidades.
Este a aceitou. Essa mulher, chamada Pandora, com sua
curiosidade, descobriu um vaso que continha encerrados todos os
males. Ela o abriu e espalhou os males pela humanidade.
(Pierre Grimal. A Mitologia Grega. São Paulo: Brasiliense,1982.)
HORA DO DESAFIO
Depois de ler todos os mitos, escolha um deles para estudar
e identificar suas características.
1. Indique aqui a sua escolha.
2. O que chamou sua atenção nesse mito para que você o
escolhesse?
3. O mito relata uma história de transformação ou de origem.
Qual é essa história?
4. Quem realiza ações nesse mito?
5. Quem é o autor do mito?
HORA DO DESAFIO
6. Que comprovação(ões) dos fatos estão explicitados no texto
escolhido.
7. Quando (em que data) e onde ocorreram esses fatos?
GABARITO
HORA DO DESAFIO
RESPOSTAS

1. Resposta pessoal do aluno;


2. Resposta pessoal do aluno;
3. Resposta pessoal do aluno
4. Mito africano: Deus e baobá.
Mito indígena: Pica-pau, espíritos celestes e espíritos subterrâneos.
Mito grego: Prometeu, Zeus, Epimeteu e Pandora.
HORA DO DESAFIO
RESPOSTAS

5. Não temos indicação de nenhum autor do mito. Eles são


transmitidos por tradição oral e são recolhidos e registrados por
algumas pessoas. No caso do mito africano, foi recolhido por
Georges Gneka, da tradição da Costa do Marfim. No caso do mito
indígena, trata-se da tradição Enawenê-nawê e foi recolhida pelo
antropólogo Márcio Silva. No caso do mito grego, foi lido em livro,
escrito por Pierre Grimal.
HORA DO DESAFIO
RESPOSTAS

6. Não há comprovação;
7. Não há menção de um lugar, nem data definida. Trata-se
sempre do início dos tempos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARCONI, Cassia. Projeto Presente. Volume 1,2,3 e 4, 6ª edição,


Editora Moderna, São Paulo, 2013.

BRAICK, Patrícia. História - Das cavernas ao 3° milênio, Volume 1, 9ª


edição, Editora Moderna, São Paulo, 2013.

BOULOS, Júnior. História. Sociedade e Cidadania Volume 1, Editora


FTD, São Paulo, 2013.

Panazzo, Silvia. História. Jornada. Editora Saraiva, São Paulo, 2013.

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