Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Juiz de Fora, MG
agosto de 2006
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................ 3
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................ 72
ANEXOS ...................................................................................... 79
FOTOGRAFIAS........................................................................ 80
MAPAS................................................................................. 89
TABELA
Tabela 1: O ciclo das estações enawene-nawe ............................................... 30
Tabela 2: Série histórica da população enawene-nawe ................................... 35
Tabela 3: Mudanças culturais 1974–1997 ........................................................ 43
FIGURA
Figura 1: Povos indígenas no noroeste de Mato Grosso .................................. 16
Figura 2: A aldeia enawene-nawe.................................................................... 25
Figura 3: Interior de uma casa enawene-nawe ............................................... 26
Figura 4: Proposta de limites da MIA, 1986 ...................................................... 48
Figura 5: A delimitação da FUNAI, 1991............................................................ 49
GRÁFICO
Gráfico 1: Crescimento demográfico dos Enawene-Nawe ................................ 36
2
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
INTRODUÇÃO
3
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
4
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Por último, cabe citar a tese de doutorado de Maria Clara Weiss (1998),
defendida na Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz, na
qual propõe um modelo de atenção primária de saúde para as populações
5
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
6
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
7
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
8
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
9
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
10
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
genérica e generalizante, índios (cf. Ribeiro, 1970). Assim, por exemplo, diz a
certa altura Cardoso de Oliveira:
11
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
12
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
13
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
14
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Quesitos da FUNAI
1) Qual o grupo indígena ameríndia ocupante da terra indígena Enawene-Nawe?
2) Quais os traços culturais e identitários que caracterizam a cultura desse
grupo (lingüística, cosmovisão, economia e apropriação cultural do território)?
3) De quando data o contato desse grupo indígena com a sociedade nacional?
4) Em que condições foram travados os contatos entre o grupo indígena e a
sociedade nacional?
5) Registram-se conflitos entre o grupo indígena e nacionais após o contato?
6) Caso positivo o quesito anterior, como se deu o conflito e suas
conseqüências, tanto para os índios como para os nacionais?
15
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“Os Tamaré [Waimare, provavelmente, um dos ramos dos índios Paresi] dominam
as adjacências do rio Juyna, primeiro ramo notável dos que engrossam o Juruena
pela margem ocidental: os Paccahás vivem ao norte dos derradeiros; os
Sarummás mais ao Setentrião, encostados no mesmo Juruena; e mais abaixo os
Uhayhás” (Casal, 1817).
16
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
foram dadas pelos índios Paresi (ou Haliti, como se denominam) ao Coronel
Cândido Mariano Rondon - além dos subgrupos Kaxiniti, Kozarini e Waimare,
existiriam ainda dois outros, de paradeiro então desconhecido:
“Para terminar o estudo da divisão da grande tribo dos Paricí convém dizer que
os Uaimaré ainda falam em 2 grupos seus parentes, que não sabem dizer para
onde foram: o grupo Salumá e o grupo Oazané. Durante a expedição de 1909 o
Major Libânio [Coluizorocê, o principal guia paresi da expedição] esperava
encontra-los. Acrescenta o Major que os Oazané eram filhos de Kamaicôrê e os
Salumá seus netos. Ambos viviam na margem esquerda do Juruena. Os Oazané
faziam canoas da casca do jatobá, comiam peixes e algumas aves (mutum, jacu,
inhambu) e não comiam ‘bicho de pêlo’. Salumá comia tudo, como Uaimaré”
(Rondon, 1946: 72; ver tb. Anônimo, 1916: 267).
“Na altura do rio Camararé, afluente pela margem esquerda do rio Juruena, índios
deram sinal de presença. Os índios do Camararé, conforme informação do Pe.
Thomaz de Aquino Lisboa, foram chamados pelos Paresí de Salumã (...). Mas nos
primeiros contatos por sinais, não ficaram os seringueiros sabendo com que
grupos indígenas lidariam” (Dornstauder, 1975: 11).
17
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“nas imediações dos rios Camararé e Doze de Outubro, Juruena acima (...),
moravam uns índios de índole pacífica, pois não hostilizavam os trabalhadores.
Mas esses índios trancavam os córregos, a fim de que os brancos não se
aproximassem de suas moradias” (Lisbôa, 1985: 10).
“Um relato sobre a descoberta (...) de uma aldeia indígena da forma – incomum
– de uma estrela de sete pontas, está causando espanto entre os indigenistas
(...).
Além de suas cabanas estarem dispostas como se fossem pontas de uma
estrela, a aldeia tem no centro uma estranha construção do formato de uma
torre (...).
Como desconhecia a existência da aldeia naquela região, pediu ao piloto que
voasse em círculos sobre o local, ficando então surpreso com a disposiç ão das
cabanas e com a torre central” (Correio do Povo, 1972a).
18
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“Localizamos uma aldeia velha com várias casas e muita capoeira à volta. Um
pouco à frente, localizamos uma aldeia nova, pequena, com derrubada recente,
ainda não queimada, situada na margem esquerda do rio Juruena. A aldeia
situava-se acima da barra do rio Camararé, logo abaixo da barra do rio Juína.
Divisamos uma grande lagoa nas adjacências da aldeia nova e esses foram os
pontos tomados como referência para uma futura expedição por terra, para a
atração desse novo grupo indígena” (Lisbôa, op. cit.: 11).
“Entramos nas casas, para ver os objetos. Havia panela de barro, alguns xires
[cestos] de pesca, feixes de urucu, e pouco mais do que isso. As casas eram
pequenas e mal-acabadas. Logo deduzimos que era uma simples aldeia de caça
e pesca, uma aldeia de passagem, para onde os índios desconhecidos vinham de
tempos em tempos” (id., ibid.: 14).
“Era aldeia de moradia, pois fora servida por imensas capoeiras de antigas roças.
Reconheci nela a aldeia velha que vimos no sobrevôo. Dentro das casas,
enormes panelas de barro, pilões, cabaças” (id., ibid.: 16).
19
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“O índio mais idoso, a certo momento, retirou-se para o mato. Depois de algum
tempo voltou, trazendo três mulheres, mais dois homens e um menino de uns dez
anos. Um dos homens era velho, apoiava-se num bastão. As mulheres tinham
cabelos compridos, aparados acima das orelhas, tal como os homens. Usavam
cintos com muitas voltas, feitos de tucum. Traziam minissaias feitas de algodão
e tingidas de urucu. Na barriga das pernas traziam argolas de borracha. À altura
do umbigo, tinham muitos traços desenhados, tatuagens. Como os homens,
traziam tiras finas de algodão apertando o bíceps. Nas orelhas, brincos iguais
aos dos homens. Uma era bem velha, a outra, de meia-idade e a outra, mais
jovem. (...) Elas foram buscar beiju e trouxeram mais de dez bolos. Mostraram-
se muito expansivas, alegres e comunicativas” (id. ibid.: 20, 24).
20
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“O primeiro contato oficial dos Enawenê Nawê com os brancos foi em 1974, com
os jesuítas Vicente Cañas e Tomáz de Aquino Lisboa. Nessa época, a Missão
Anchieta estava revendo sua forma tradicional de atrair e civilizar populações
indígenas pela educação. A aproximação com os Enawenê Nawê foi lenta e
guiada por uma nova filosofia, que buscava mantê-los isolados da sociedade
nacional e concentrar as atividades na convivência com um mínimo de
interferência, no atendimento à saúde e na proteção do território. As
enfermeiras que mais tarde vieram a trabalhar com os Enawenê Nawê, por
exemplo, moravam nas casas comunais e aprenderam a língua. Foram
introduzidos apenas alguns instrumentos de ferro: facão, machado e anzóis,
procurando reduzir ao máximo a dependência de bens industrializados.
Essa postura da Missão Anchieta produziu alguns resultados positivos. Os
Enawenê Nawê não foram vítimas das tradicionais epidemias que, na maioria das
vezes, assolam os grupos indígenas logo após o contato e produzem efeitos
deletérios. Ao contrário, houve crescimento demográfico e os Enawenê Nawê
mantiveram intacto seu modo de vida tradicional e seus belos rituais” (Valadão
1998).
21
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
22
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
23
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
24
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
25
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
26
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
27
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
28
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
29
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
colheita de
venenos
aldeia rituais mandioca (roça
vegetais
coletiva)
roças de milho
(queimada e
acampamento plantio); colheita mel
da fava,
tubérculos etc.
aldeia rituais
SALUMÃ/KATEOKÕ
filhotes de
pássaros
mel;
(papagaio,
anzóis, frutos
periquito
venenos (bacaba,
acampamento etc.);
vegetais, castanha,
artefatos de
armadilhas jenipapo);
argila,
insetos
algodão e
outros
colheita de milho preparativo
verde e s para a
aldeia rituais
mandioca (roças estação
familiares) yãkwa
Tabela 1: O ciclo das estações enawene-nawe
(Fonte: Mendes dos Santos, 2001: 65)
30
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
31
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
32
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
33
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
34
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
35
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Demografia Enawene-Nawe
500
450
População
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
Ano
36
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
relato dos acontecimentos feito pelo padre Thomaz Lisbôa (1985: 88-95),
depois de plantarem suas roças de milho, um grupo de homens seguiu em
suas canoas rio Iquê acima, e avistou na margem esquerda um picadão com
cerca de arame. Alarmados com a invasão, foram ao acampamento mas não
havia ninguém no local – apenas um trator de esteira que danificaram. No
início de setembro, retornaram ao local, quando mataram dois homens e
feriram outros dois que ali faziam trabalhos de medição. Os fatos foram
noticiados pelo jornal “O Globo”, na edição de 10 de setembro de 1984:
Cuiabá - Os índios que mataram dois topógrafos e feriram dois picadeiros terça-
feira passada no município de Juína, norte de MT, são da tribo Salomá. A
informação é do coordenador da Operação Anchieta (OPAN) em Mato Grosso,
Ivar Busatto que conseguiu entrar em contato por rádio com Vicente Canhas, da
Missão Anchieta. Canhas vive com esses índios desde 1976.
Os topógrafos mortos são Jorge Araújo e Orlando Vargas, da cidade de Juína. Os
nomes dos dois sobreviventes serão revelados hoje pelo Delegado da FUNAI
Amilton Monteiro.
Segundo as versões que chegaram a Cuiabá, o ataque dos Salomá teria ocorrido
há 30 quilômetros da margem esquerda do Rio Juruena, nas proximidades do seu
afluente Rio Preto, próximo também do local onde os índios Cinta Larga sofreram
um massacre anos atrás [a bem da verdade, onde os Cinta-Larga atacaram os
Enawene-Nawe].
Os Salomá ficaram irritados com as sucessivas incursões de brancos em seu
território.”
37
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
38
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
em sua própria aldeia. Quase vinte anos depois, nem a investigação policial ou
o inquérito judicial foram ainda suficientes para esclarecer os autores e as
reais motivações do assassinato do missionário.
39
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
40
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
41
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Quesitos da FUNAI
7) Entre os traços culturais antes descritos, quais sofreram e vêm sofrendo
influência pós contato?
8) Com abrupta penetração no território indígena, mormente com a construção
da estrada, pode-se identificar influências negativas no processo cultural próprio
do grupo?
9) Caso positivo o quesito anterior, quais os traumas advindos dessa
aproximação abrupta e ou precipitada do grupo indígena com a sociedade
nacional?
10) Houve desrespeito ao processo gradativo de aproximação do grupo indígena
com a sociedade nacional em face da construção da estrada?
11) O art. 231 da Constituição Federal reconhece a organização social indígena,
traduzida pelas suas tradições, e o direito originário pelas terras que ocupam
permanentemente. Desse modo, houve alguma forma de consulta aos índios
acerca da pretensão de se cortar estrada em seu território?
42
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
43
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
44
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
45
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
46
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
47
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
48
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
49
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
50
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
51
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
De acordo com Gilton Mendes dos Santos (2004: 45), além do acesso
entre estas cidades citadas, o empreendimento visava ainda facilitar o
escoamento da soja, a ser exportada pela hidrovia do Madeira, em direção ao
porto de Itacoatiara, no Amazonas – seja através da BR-364 para Porto
Velho, RO, ou da estrada projetada para Humaitá, AM. Convém dizer que, por
ocasião dos trabalhos de vistoria, não se observou nem foi noticiado qualquer
tráfego de veículos ou pessoas no trecho da estrada que adentrou a área
indígena, situação esta que, aparentemente, vem se mantendo desde o
embargo das obras por força de liminar oriunda da presente Ação (fls. 101-
102 dos autos).
52
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“Antes, há oito anos atrás [isto é, em 1998], não entendíamos nada do mundo
de fora. Sempre achamos que o certo era não vender terra, não deixar os
brancos entrarem, ninguém fazer estrada aqui. Protegíamos nossa terra, e tudo
funcionava direito. O [ritual] lerohi era bonito, o yãkwa era bonito, o kateokõ
também. Tudo ia bem.
Estávamos pescando. Eu me encontrei no rio com cinco pessoas, eram Paresi e
Nambikwara. Eles vieram conversar: ‘Uma pessoa chamada Camilo quer um
pedaço de terra de vocês’. Eles não falaram em estrada ainda, falaram que
queria um pedaço de terra. ‘Essa pessoa chamada Camilo quer negociar com
vocês, ele quer um pedaço de terra, e vai dar muita coisa em troca: machado,
foice, anzol, lima, facão, carro, gasolina, posto de gasolina, médico, dentista.’
Passou um ano. Encontramos novamente com os Paresi, uma pessoa chamada
Frederico, e ganhamos alguns presentes: machado, panela, roupa, camisa. Dois
meses depois desses presentes de Frederico, chegou uma turma de Paresi para
visitar a aldeia Matokodakwa. Levaram mais presentes: anzol, machado, lima,
facão, faca, camisa... E aí disseram, à socapa, que Camilo queria a estrada. Ele
falou para mim, baixinho, que Camilo queria a estrada.
Depois dessa visita dos Paresi à aldeia, encontramos outra vez num
acampamento próximo, no rio Alowina, e então os Paresi nos levaram à fazenda
do Camilo. Foi a primeira vez que vimos o Camilo. Através dos intérpretes paresi,
começamos a conversar. Camilo fez a proposta de construção da estrada na
nossa terra. Eu e mais três Enawene-Nawe ficamos irritados. Falamos: ‘Não
queremos vender nossa terra, não queremos fazer estrada! Nós sentimos muita
saudade de nossa terra, e não queremos isso.’ E ficamos irritados com a
proposta. Os Paresi viram que estávamos irritados e falaram: ‘Não fiquem bravos,
porque os fazendeiros são muito bons. Os fazendeiros estão aqui para ajudar,
para serem bons’. Então Camilo interveio: ‘Vou dar carro, vou dar motor, vou dar
várias coisas em troca se vocês deixarem. Não é para ficar bravo’.
Teve uma reunião e depois outra reunião, e nós fomos chamados. Na fazenda,
na beira do rio, os fazendeiros tinham cinco barcos de alumínio com motores
novos e cinco barcos velhos. Os anciãos na aldeia, antes, haviam nos dito: ‘Não
53
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
aceita nenhuma troca. Vocês vão pegar os barcos e motores para que possamos
reconquistar a terra do rio Preto. É isso que tem que fazer’. Nós não fizemos um
acordo, não aceitamos. Os anciãos disseram para pegar os barcos, porque
queriam ir para o rio Preto... Nós não tínhamos aceitado nenhum acordo. Mas os
tratores dos fazendeiros já tinham atravessado a linha divisória da demarcação
de nossas terras. Os brancos e os Paresi não estavam entendendo que não
tínhamos concordado, não tínhamos aceitado a estrada. Naquele momento os
anciãos recomendaram que pegássemos os barcos e motores e viéssemos
embora.
A construção da estrada estava acontecendo sem nosso acordo. Nosso plano
era outro, não era fazer troca. Apenas aceitar os motores. Mas as máquinas já
tinham começado, tinham atravessado a divisa demarcada de nossa área.
Ficamos tristes com isso. Fomos para a aldeia Matokodakwa conversar sobre a
situação. Já tinha acontecido.
Voltamos para a aldeia. Os anciãos insistiram, falaram: ‘Eles estão roubando
nossa terra, então vamos roubar também, vamos pegar para nós esses motores
que estão lá’. Camilo havia dito que podíamos pegar os motores, que em troca
da estrada iríamos ganhar dez motores e barcos novos, tudo novo. Ele disse na
reunião. Mas só tinha cinco motores e barcos novos.
Então, já tinha acontecido, Resolvemos chamar a Polícia Federal. A OPAN não
estava na aldeia naqueles dias. Depois resolveríamos com a Polícia Federal, para
mandar prender o Camilo. O que podíamos fazer era pegar os barcos e motores.
Já não tinha mais escolha” (entrevista no acampamento do rio Preto,
4/04/2006).
54
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
55
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“Na reunião Camilo disse: ‘Eu sou muito bom. Além dos motores, eu vou construir
um posto de gasolina para vocês’. Na reunião, estava presente o André Maggi,
junto do Camilo. André Maggi, um velhinho, andou de braço dado com
Laloalohiene e comigo. Foi prometido o posto de gasolina. Camilo, André Maggi,
Blairo, filho dele, estavam juntos. Falaram que iam fazer posto de gasolina. Eles
falaram: Camilo, André Maggi e Blairo. Disseram que iam trazer médico, fazer uma
ponte sobre o rio Juruena. Eles disseram: ‘Não vai acabar, as coisas não vão
acabar’. Vou trazer camisas... Por que a OPAN não dá Toyota? vou trazer
Toyota para vocês. Por que a OPAN não dá motor? Vou trazer motor. Vou fazer
uma estrada até a aldeia de vocês. De asfalto. Na estrada, vocês vão poder
colocar uma corrente, para cobrar pedágio dos caminhões’, ele disse” (entrevista
no acampamento do rio Preto, 4/04/2006).
“Por que o processo não foi aberto contra o André Maggi? Foi o André Maggi que
mandou abrir a estrada. O Camilo era só empregado do André Maggi. Havia ainda
outro empregado, amigo do Camilo. O nome dele é Zico, e ainda mora em
Sapezal, amigo do Camilo”.
56
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“Tinha ainda outro amigo dele, Antoninho, que também trabalhou junto na
estrada. Camilo, Zico e Antoninho”.
57
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
58
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“De início foram sete motores. A transição levou anos. Nem todos os clãs tinham
motores. Os clãs mais fracos tiveram que se virar. A primeira mudança deve-se a
esse mal-estar, porque nem todos os clãs tinham motor. Criou uma divisão de
classe, de poder. Não só político e simbólico, mas do ponto de vista material. Os
clãs mais fracos tiveram que correr atrás, para competir na busca de alimento,
de peixe. Sotairiti, por exemplo, o primeiro a comprar um motor, parou tudo o
que estava fazendo e juntou-se ao filho para fazer artesanato, largaram todas
suas atividades para fazer artesanato para vender. Quem não ganhou motor
teve que mudar sua rotina, para acompanhar quem tinha motor...
Com artesanato compraram apenas dois motores. A aposentadoria viria a se
tornar a fonte de renda para comprar os novos motores. A OPAN achava que
seria para gasolina, mas a aposentadoria foi apropriada pelos Enawene-Nawe
através de um sistema de distribuição, de modo que todos pudessem adquirir
seus próprios motores. Isso foi um processo demorado.
Outros bens alienígenas trouxeram também um descompasso na dinâmica interna
– porque camisa nem todos ganharam, lanterna... e todos queriam! Os que se
sentiram de fora da jogada foram reivindicar nas fazendas: ‘E eu, e o meu
motor?’ Começaram a ir lá, em busca de generosidade, e lógico que
perturbavam. Na visão dos fazendeiros, dos peões, eles incomodavam, e
começaram a serem maltratados, mandados embora. Isso criou uma grande
celeuma. A vinda desde novo conjunto de bens simbólicos e materiais criava
diferenças entre quem tem e quem não tem. Toda cosmovisão dos Enawene-
Nawe está direcionada para o equilíbrio, e não tem como equilibrar esses
elementos de fora, porque não são eles que produzem... Os recursos naturais
são propriedade dos espíritos yakairiti, e os Enawene-Nawe emprestam esses
recursos. Mas um motor não é um recurso natural, não nasce na floresta, não é
propriedade dos yakairiti...
Também tem o problema da gasolina. Todas as saídas da aldeia que os
Enawene-Nawe fazem hoje são para essa finalidade. Vão pescar para vender no
porto [do rio Juruena] e comprar gasolina. Vendem colar e anel para comprar
gasolina. A atenção toda hoje está aí, porque os motores bebem gasolina, e eles
não têm como obter. É diferente dos recursos naturais, que se obtêm na relação
com os espíritos. Hoje eles têm 38 motores, e gasolina é seu maior problema. O
preço que estão pagando é alto. Todas as saídas são feitas para sustentar os
motores. Todas as relações com o mundo de fora são uma tentativa de resolver
o problema da gasolina” (entrevista de Pedro Henrique Passos, Brasnorte,
3/04/2006).
59
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Kolareene: “Eles trouxeram os motores e nós pensamos que era coisa boa
mesmo. Não sabíamos que iam estragar, que iam consumir muito combustível.
Não sabíamos que ia trazer os problemas que hoje estamos vivendo. No início,
achamos que era uma coisa boa. Eles [os empreiteiros da estrada] convenceram
os Enawene-Nawe que era bom. Não sabíamos dos problemas. Como manter os
motores, a gasolina?”
Ameiro: “Tudo isso que eles trouxeram hoje é problema na aldeia: motor, comida,
roupa...”
Kolareene: “Eles deram dois motores e dois barcos bem velhos, ruins, já
quebrando. Os primeiros que deram.”
Kamameene: “Nós achávamos que os barcos seriam bons para trabalhar. Eles
prometeram colocar um tanque de gasolina na aldeia. Tinha madeireiro e
fazendeiro no rio Preto, queríamos ir lá [por isso aceitaram os barcos e motores].
Hoje os motores estão estragados, dá muito problema... Eu [por isso] não queria
a estrada!”
60
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Ameiru: “Eu fui chamado para trabalhar na fazenda do médico japonês, doutor
Ito, de Sapezal. Pagava pouco. Não sabia o que era dinheiro. Lá tive acidente,
perdi um pedaço do dedo [ver fotografia, em anexo]. O próprio médico, dono da
fazenda, atendeu. No hospital em Sapezal. Depois que amputou o dedo, fez
tratamento e me mandou embora. Só pagou um pouquinho de dinheiro. Eu não
conhecia dinheiro” (entrevista na aldeia Matokodakwa, 7/04/2006).
61
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“O Kamameene saiu no pátio para dizer: ‘Estão vendo como eu estava certo. A
ira dos yakairiti chegou’. E, segundo ele, isto estava acontecendo porque não
plantaram a roça de milho... Porque eles ficaram tão ocupados [com as
negociações da estrada] que não plantaram a roça de milho aquele ano. E daí,
para o Kamameene, em função da falta de roça de milho, as mortes. Portanto,
em conseqüência direta da estrada mesmo, não terem plantado a roça de milho
e as mortes, com diagnóstico não específico – muita dor de cabeça. Uma
terceira morte, de uma mulher, a Heggy [Wyatt, enfermeira da UNAIS] tinha
diagnosticado hemorragia subaracnóide, alguma coisa no cérebro, ela veio a
falecer passado um tempo. Foi um caos na aldeia, a epidemia, as duas mortes,
um caos devido à estrada, segundo os Enawene-Nawe” (entrevista de Andrea
Jakubaszko, Cuiabá, 9/04/2006).
62
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
63
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
“A chegada dos barcos foi uma segunda ‘revolução industrial’; a primeira foi o
machado, as ferramentas. A segunda foi quando os Enawene-Nawe tomaram
posse dos motores. Isso marcou um novo momento na sua história, através da
intensificação das relações com o exterior. E, imediatamente, o problema da
gasolina – hoje, o grande problema econômico dos Enawene-Nawe, porque eles
não tinham domínio nenhum sobre essa dinâmica de gastos, em escala industrial,
sobre a relação custo/benefício. Foi uma explosão da economia: o dinheiro que
entrava deu, num primeiro momento, para comprar bastante comida. Mas,
depois, não deu para manter os motores – cada manutenção era setecentos
reais, mil reais. E, toda semana, ocorriam problemas nos motores – entrava
areia, água, falta de conservação, esqueciam de colocar óleo – enfim, muitos
problemas com os motores.
Vejo duas ordens de coisas. Primeiro, a alimentação, que causou impactos e
algumas doenças, que eram reportadas a essa alimentação diferente... Lembro-
me a reclamação do fluxo menstrual das mulheres, que havia aumentado porque
os espíritos yakairiti estavam com raiva, porque deixaram de produzir alimentos
para os espíritos, e apenas estavam consumindo alimentos que os espíritos não
gostavam. Depois houve um refluxo nesse processo dos alimentos, largaram uma
série de coisas e voltaram a produzir os alimentos mais tradicionais.
Segundo, o impacto dos barcos, que tem conseqüências importantes. Entrou um
outro sistema, um outro ritmo temporal, uma outra mecânica... Não houve uma
preparação, o impacto foi imediato, os barcos chegaram em grande quantidade,
automaticamente assimilados. Bons pilotos, eles sempre foram. Mas foi muito
rápido. E abandonaram as canoas, até afundaram. Não se fazem mais canoas,
acham-nas pesadas. Agora, só no museu...
64
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
65
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
66
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
AS MEDIDAS MITIGADORAS
Quesitos da FUNAI
12) Caso conclua-se pelo dano cultural ao grupo em decorrência da abertura da
estrada, qual os meios adequados a mitigar esses dados e de que forma poderá
ser aplicado?
13) Haverá custos à manutenção das formas mitigadoras ao dano cultural do
grupo indígena em comento, perpetrado pela construção da estrada?
14) Podem-se estimar esses custos?
15) Sejam feitas outras considerações pertinentes?
67
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
68
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
69
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
70
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
71
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
72
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
73
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Globo, O
1984 Identificada a tribo que assassinou topógrafos. Edição de 10 de
setembro.
Higa, Nilton Tossicazu & Silva, Carolina Joana da
1995 Caracterização da Área Indígena Enawene-Nawe. in Silva, M. F. da et
alii, Estudo das Potencialidades e do Manejo dos Recursos Naturais na
Área Indígena Enawene-Nawe. Cuiabá: OPAN, GERA, FNMA/MMA, p.
6-18.
Jakubaszko, Andrea
2003 Imagens da alteridade: um estudo da experiência histórica dos
Enawene Nawe. São Paulo: PUC, 164 p. (Dissertação de Mestrado).
Jornal de Brasília
1974 Confirmada a existência de nova tribo. Edição de 30 de agosto.
Jornal do Dia
1987 Missionário é assassinado em reserva indígena de Juína. Edição de 21
de maio.
Lange, Ana Maria C. R.; Mendes, Arthur Nobre; Arruda, Rinaldo S. V.
1987 Parecer antropológico: à propósito da área indígena Salumã. Brasília:
FUNAI; FIPE/USP, 9 p.
Lange, Ana Maria Carvalho Ribeiro
1980 Relatório antropológico (Portaria FUNAI 630/E, de 22/10/79 - GT
para estudo de limites). Processo FUNAI/Bsb 0292/78. Brasília:
FUNAI.
Laplantine, François
1995 Aprender antropologia. São Paulo: Editora Brasiliense.
Laraia, Roque
1986 Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Linton, Ralph
1962 O homem: Uma introdução à Antropologia. São Paulo: Martins.
Lisbôa, Thomaz de Aquino
1985 Os Enauenê-Nauê: primeiros contatos. São Paulo: Loyola, 112 p.
Luyten, Arnold
1988 Relatório de viagem à Área Indígena Salumã. Cuiabá: 2a.
SUER/FUNAI, datilo., 1 de dezembro de 1988
Marques, Hugo
1998 Estrada em reserva indígena ameaça tribo em Mato Grosso. O
Globo, edição de 16 de agosto.
Meliá, Bartomeu
s/d E foram chamados Salumã. São Paulo: Arquivos do ISA, mimeo., 15
p.
74
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
75
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Penna, Fernando
2006 Povo Enawene-Nawe pede urgência na identificação de seu território
tradicional. OPAN, página da internet www.opan.org.br, 10 de março.
Redfield, R; Linton, R.; Herskovits, M.
1936 Memorandum on the study of acculturation. American Anthropologist,
38 (1): 149-152.
Rezende, Ubiray Maria Nogueira
2003 Fonética e fonologia da Língua Enawene-Nawe (Aruak): Uma primeira
abordagem. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Dissertação de Mestrado).
Ribeiro, Darcy
1970 Os índios e a civilização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Rondon, Candido Mariano
1946 Índios do Brasil, vol. I. Rio de Janeiro: CNPI/Ministério da Agricultura
(Comissão Rondon, 97).
Sá, Cleacir Alencar
1996 As fases da vida: Categorias de Idade Enawene (ru) Nawe . Cuiabá:
OPAN, mimeo.
1997 Listagem das aldeias de nascimento do povo Enawene-Nawe.
Cuiabá: OPAN, mimeo., 12 p.
Sá, Cleacir Alencar; Silva, Márcio Ferreira da
1995 Dados sobre a população enawene-nawe, in Silva, M. F. da et alii,
Estudo das Potencialidades e do Manejo dos Recursos Naturais na
Área Indígena Enawene-Nawe. Cuiabá: OPAN, GERA, FNMA/MMA
(Relatório Técnico), p.3 3-44.
Santos Ariovaldo José
1987 Comunicado Interno s/nr, ao administrador regional da FUNAI em
Vilhena (Telex 246/ADR/VLH/FUNAI de 19/05/87). Vilhena: FUNAI.
Schroeder, Ivo
1990 Programa de defesa do território dos índios Enawene-Nawe. Cuiabá:
OPAN/Projeto Enawene-Nawe, datilo., 25 de setembro de 1990.
Schroeder, Ivo; Paula, Dorotéa F. de
1989 Projeto Enawenê-Nawê. Cuiabá: OPAN, datilo., 1 de setembro de
1989.
Silva, Marcio Ferreira da
1995 Estrutura social enawene-nawe: um rápido esboço, in Silva, M. F. da
et alii, Estudo das Potencialidades e do Manejo dos Recursos Naturais
na Área Indígena Enawene-Nawe. Cuiabá: OPAN, GERA, FNMA/MMA
(Relatório Técnico), p.19-32.
1996a O "terceiro incluído" na socio -lógica enawene nawe. Comunicação no
Grupo de Trabalho "Questões Atuais da Etnologia Indígena da
América do Sul Tropical", XX Reunião Brasileira de Antropologia.
Salvador, 16 de abril de 1996.
76
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
77
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
Vargas, Rodrigo
2006 Índios denunciam desmate e queimadas. Diário de Cuiabá, edição de
11 de junho.
Weber, Terezinha; Barbosa, Vanda
1977 Relatório de equipe. Cuiabá: OPAN.
Weiss, Maria Clara Vieira
1998 Contato interétnico, perfil de saúde e doença e modelos de
intervenção mínima: o caso dos Enewenê-Nawê em Mato Grosso.
Rio de Janeiro: ENSP, 173 p. (Tese de Doutorado).
Weiss, Maria Clara Vieira et alii
1998 Relatório geral do Projeto de Saúde Enawene-Nawe. Cuiabá: OPAN,
COSAI/FNS, 55 p.
Wyatt, Helena E.
2002 Relatório de Trabalho de Saúde com os Enawene Nawe 1998-2001.
Cuiabá: OPAN, UNAIS (arquivo digital).
Wyatt, Helena E. et alii
1998 Relatório da viagem de saúde - Terra Indígena Enawene Nawe, Aldeia
Matokodakwa, 15 a 25 de agosto de 1998. Cuiabá: OPAN.
Zorthêa, Kátia Silene
1997 Os Enawene Nawe e a escrita, in D. Secchi (org.) Ameríndia: tecendo
os caminhos da educação escolar. Cuiabá : Editora da UFMT, p. 183-
192.
78
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
ANEXOS
79
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
FOTOGRAFIAS
80
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
81
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
82
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
83
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
84
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
85
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
86
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
87
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
88
Laudo antropológico – Processo 1998.36.00.005807-4
1ª Vara da Justiça Federal - Mato Grosso
MAPAS
89
A área indígena Enawene-Nawe
Parque do e a estrada Sapezal-Juina
Aripuanã
Acampamento Perícia antropológica
do rio Preto Processo: 1998.36.00.005807-4
rio P r eto
Reqte.: Ministério Público Federal e outros
Reqdo.:Espólio de Camilo Carlos Obici
1a. Vara da Justiça Federal
a Seção de Mato Grosso
Estação
en
Perito: João Dal Poz Neto, Dr.
ru
Ju
Ecológica Area r i o Juiz de Fora, agosto de 2006
rio Joa
q uimdo Iquê
Enawene-Nawe Brasnorte
io s Area
R
noa s Aldeia r a ré
Ca
ri o Matokodakwa am
a
Menku
C
Iquê
o
LEGENDA
io
ri
r
al
apez
ro Aldeia Matokodakwa
b
tu
Ou m S
aio
e
o
nt
u
ri
ue
M
pag
ze rio
Do
a Q
o
Area
Pa
Localidade
ri
ar
gu
Area
rio
ar
Nambikwara
io Á
am na
Gleba São
Pirineus
nho
Camilo r
o
er
ri
de Souza
zi
av
na
i
are
Ju
rim
iga
P
rio
m o m
ri
r
Ca
Fo
Divisa municipal
io
rio
r
Area
Tirecatinga Estrada sub judice
Area
Utiariti ESCALA
Sapezal 0 10 20 30 40 kms