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CRESCIMENTO INICIAL DO HÍBRIDO Eucalyptus


urograndis SOB DIFERENTES DOSES DE FÓSFORO E
GESSO AGRÍCOLA NO MUNICÍPIO DE JAGUARIAÍVA –
PR.
____________________________________________
Marcos Vinicius Martins Bassaco1

Anderson Walczak2

1
Mestre em Ciências Agrárias, Professor do Curso de Engenharia Florestal da
União Latino-americana de Tecnologia.

2
Graduado em Engenharia Florestal pela União Latino-americana de Tecnologia.

RESUMO: O híbrido Eucalyptus urograndis é um dos mais plantados no Brasil,


pois apresenta alta rusticidade, boa qualidade da madeira e resistência ao déficit
hídrico, características essas que lhe foram herdadas do Eucalyptus urophylla,
e também pelo bom desenvolvimento silvicultural do Eucalyptus grandis. Essa
combinação de características possibilita plantios mais homogêneos e de rápido
crescimento. A correta nutrição por ocasião da implantação é essencial para o
aumento e manutenção da produtividade das florestas implantas. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o crescimento inicial de E. urograndis em resposta a
adubação com doses crescentes de fósforo e gesso agrícola. O experimento foi
conduzido por nove meses na fazenda Jaguariaíva 39, em delineamento
estatístico em blocos ao acaso, consistindo em quatro blocos com cinco
tratamentos no experimento com P e sete tratamentos nos testes com gesso
agrícola. No experimento em que foi avaliado o fósforo, foram aplicadas as
seguintes doses 0; 30; 60; 120 e 240 kg ha, no experimento com gesso agrícola
0; 300; 600; 1.200; 2.400; 4.800; 9.600 kg ha. O resultado do experimento em
campo aos noves meses o E. urograndis sob diferentes doses de fósforo

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demostrou efeitos significativos, a DMET foi de 185 kg ha-1 de P2O5 para a


variável DAP e 170 kg ha-1 de P2O5 para a variável H. No experimento com gesso
agrícola as variáveis DAP e H demostraram o mesmo padrão de crescimento,
não diferindo estatisticamente no período avaliado. A DMET foi de 500 kg/ha
para DAP e H. Aos noves meses de idade o E. urograndis respondeu de maneira
quadrática a adubação com fósforo e gesso agrícola em ambos os experimentos.
Palavras chave: Eucalyptus urograndis. Nutrição. Adubação. Fósforo. Gesso
Agrícola.

1 INTRODUÇÃO

O eucalipto é uma cultura florestal de rápido crescimento e seu cultivo é


incentivado por ser uma fonte de matéria-prima para diversos produtos de
primeira necessidade, bem como geradora de inúmeros postos de trabalho
(HIGA, 2006). E um dos híbridos mais plantados no Brasil é o cruzamento entre
o Eucalyptus urophylla e Eucalyptus grandis (Eucalyptus urograndis) por
apresentar alta rusticidade, boa qualidade da madeira e resistência ao déficit
hídrico do primeiro, e pelo bom desenvolvimento silvicultural do segundo,
possibilitando plantios mais homogêneos e de rápido crescimento (GOUVEA et
al., 1997; MONTANARI et al., 2007).

A necessidade de adubação decorre do fato de que nem sempre o solo


é capaz de fornecer todos os nutrientes que as plantas precisam para um
adequado crescimento, assim, as características de quantidade de adubo
dependerão das necessidades nutricionais das espécies florestais, da fertilidade
do solo, da forma de reação dos adubos com o solo e da eficiência econômica
do uso e da aplicação do adubo. As recomendações de adubação devem ser
definidas a nível regional para as espécies e tipo de solo representativo, a fim de
obter uma maior otimização dos retornos financeiros (GONÇALVES, 1995).

Segundo Sgarbi (2002), o déficit nutricional para eucalipto ocorre


principalmente para o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio magnésio, enxofre,
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boro e zinco, podendo comprometer a produtividade e a sustentabilidade ao


longo das rotações. Mesmo o eucalipto sendo considerado uma espécie eficiente
quanto ao uso dos nutrientes, em solos de baixa fertilidade, elevado ganhos vem
sendo obtidos pela aplicação de fertilizantes (BARROS & NOVAIS, 1996;
BARROS et al., 2005). Contudo, Stape (2002) avaliou que a eficiência nutricional
e aquisição de recursos do eucalipto está diretamente relacionada com a
disponibilidade hídrica, onde a limitação deste, trará consequências a produção
de biomassa.

Nesse sentido, Neves (2000) acrescenta que uma maior produtividade


deve ser consequência de uma maior aquisição de recursos do ambiente
(carbono, proveniente da atmosfera, e nutrientes, provenientes do solo) pelas
plantas, e, ou, a utilização mais eficiente dos mesmos. Assim para ter uma maior
eficiência na aquisição de água e nutrientes do solo, um sistema radicular
desenvolvido torna-se fundamental.

Além disso, a calagem tem papel essencial para corrigir a acidez do solo
e propiciar um ambiente adequado para o crescimento radicular. Entretanto, o
eucalipto demonstrou crescimento satisfatório em solos com elevada acidez
trocável e ativa, sendo, portanto, desnecessário a aplicação de calcário para
elevar o pH do solo, mas, por outro lado, elevada produtividade são alcançadas
pelo incremento no teor de cálcio e magnésio no solo (NOVAIS et al., 1990;
BARROS & NOVAIS, 1999). Aliado a isso, a literatura tem demonstrado que a
aplicação de gesso promove a movimentação do cálcio, magnésio e enxofre no
perfil do solo e, portanto, propicia um ambiente químico favorável para o
desenvolvimento do sistema radicular (CAMILO, 2007; NAVA, 2012).
Com relação ao fósforo, a cultura do eucalipto é altamente exigente
desse elemento, principalmente na fase inicial de crescimento, e segundo Novais
et al (1982), a aplicação do nutriente tem sido essencial para o crescimento e
obtenção de produtividades satisfatórias das plantações.
O fósforo (P) é dos três macronutrientes aquele exigido em menor
quantidade pelas plantas. Não obstante, trata-se do nutriente mais usado em

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adubação no país (Raij, 1991). Sintomas característicos de deficiência de fósforo


incluem crescimento reduzido em plantas jovens, folhas levemente arroxeadas,
podendo ainda encontrar-se malformadas e conter manchas necróticas (TAIZ &
ZEIGER, 2004).
O gesso agrícola é definido por Farimelli & Loboda (2005) como um
fertilizante cuja formulação é basicamente composta de cálcio e enxofre. Vitti et
al. (1986) menciona que o gesso é uma excelente fonte de cálcio e ressalta a
facilidade que esse fertilizante possui em incorporar o elemento ao solo, podendo
ser considerado “mais solúvel” que as demais fontes de cálcio disponíveis no
mercado.
O enxofre presente na composição do gesso neutraliza o excesso de
alumínio do solo, que é tóxico para as plantas, permitindo um maior
desenvolvimento radicular, o que resulta em plantas com maior resistência a
prolongados períodos de estiagem, o melhor aproveitamento da água em
profundidade e um maior aproveitamento dos nutrientes disponíveis ou
disponibilizados as plantas (FARINELLI & LOBODA, 2005; MALUFF, et al.,
2010).

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em uma área florestal da empresa Florestal


Vale do Corisco S.A., estando localizado no município de Jaguariaíva, no estado
do Paraná, nas coordenadas 24º 15’ 12” S e 49º 40' 40" O e altitude de 926 m.

Utilizou-se o delineamento estatístico em blocos ao acaso, consistindo


em quatro blocos com cinco tratamentos no experimento com P e sete
tratamentos nos testes com gesso agrícola. Cada unidade experimental é
composta por 64 plantas (8 x 8 plantas) em um espaçamento de 3 x 3 metros.

No experimento em que foi avaliado o fósforo, foram aplicadas as


seguintes doses 0; 30; 60; 120 e 240 kg ha-1. As doses foram parceladas
igualmente da seguinte forma: adubação de base (logo após o plantio) em coveta
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lateral (± 15 cm da muda), conforme a Figura 1. Mais duas aplicações de


cobertura aos 3, 9 meses de idade.

FIGURA 1 - Distribuição das parcelas de fósforo no campo.

Fonte: Os autores.

No experimento em que foi avaliado o gesso foram aplicadas as


seguintes doses: 0; 300; 600; 1.200; 2.400; 4.800; 9.600 kg ha -1. As doses de
gesso foram aplicadas a lanço em área total logo após o plantio das mudas
conforme a figura 2. Foram aplicados os nutrientes faltantes nas seguintes
quantidades e períodos de aplicação: adubo NPK 5-30-10 166 kg ha-1, na
adubação de base e nas demais adubações de cobertura aos 3 e 9 meses foi
aplicado o adubo NPK 15-5-30 166 kg ha-1 de P + 800 g de Boro.

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FIGURA 2 - Distribuição das parcelas de gesso agrícola no campo.

Fonte: Os autores.
Vale ressaltar que foram feitas correções de solo, seguindo as
recomendações adotadas pela empresa, bem como foram feitos o manejo e os
tratos culturais pré e pós plantio.

Para o estudo de crescimento foi realizado a mensuração das variáveis


dendrométricas diâmetro na altura do peito (DAP) sendo utilizado fita diamétrica
a 1,30 da superfície do solo e altura total (H) foi utilizado régua graduada. Ambas
as variáveis foram coletadas aos nove meses após o plantio.

As variáveis dendrométricas DAP e H foram submetidas à análise de


variância (teste F) para avaliar a significância dos efeitos dos fatores (doses de
P e gesso), quando significativo foram comparados pelo teste de Tukey a 1% de
probabilidade, com uso do software estatístico ASSISTAT Versão 7.7 beta (pt)
(2014). Também foi realizada análise de regressão para essas variáveis,
avaliado pelo coeficiente de determinação (R 2). A dose de máxima eficiência
técnica foi calculada por meio da primeira derivada da equação da regressão.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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3.1 FÓSFORO

O crescimento de Eucalyptus urograndis avaliado através das variáveis


diâmetro na altura do peito (DAP) e altura total (H) (TABELA 1), não apresentou
diferença estatística entre os blocos, já os tratamentos demostraram efeitos
significativos (P<0,01). O experimento obteve um coeficiente de variação de
12,46 % para DAP e 8,75% para H.

TABELA 1 - Análise de variância para o diâmetro na altura do peito (DAP) e


altura (H) das mudas de Eucalyptus urograndis aos nove meses de idade
submetidas à crescentes doses de fósforo
Fonte de F
variação G.L DAP (cm) H(m)
Blocos 3 1,49ns 1,2512ns
Tratamentos 4 7,70 ** 8,6024**
Resíduo 12 0,21 0,10
Coef. de variação % 12,46 8,75
** significativo a α<0,01; ns não significativo.
Fonte: Os autores.

A variável DAP apresentou diferença significativa entre os tratamentos,


sendo o tratamento 5 (240 kg ha-1 de P2O5) o que obteve o maior valor (4,26 cm),
diferindo estatisticamente apenas do tratamento testemunha que obteve o menor
valor (2,74 cm).

Stahl (2009) avaliando o crescimento de E. dunnii em diâmetro do colo


aos 6 meses de idade obteve efeitos significativos (P<0,01) em doses crescentes
de fósforo 0; 50; 100; 200 kg ha-1. As correlações positivas indicam que o
aumento na oferta do elemento no solo, através da adubação de cobertura,
possibilitará uma maior absorção pelas árvores e, consequentemente, maior
crescimento destas, principalmente nos locais onde se observam os menores
crescimentos (BELLOTE, 1993).
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O tratamento testemunha obteve valores inferiores aos tratamentos com


a aplicação de crescentes doses de fósforo enfatizando a importância deste
nutriente no crescimento inicial da espécie, algumas deficiências nas plantas
foram encontradas no decorrer do experimento.

Para avaliação do crescimento das mudas em DAP ajustou-se equações


de crescimento, obtidas por equação polinomial de grau dois, com coeficiente de
determinação (R2), o valor obtido no presente estudo foi de 91% como pode ser
observado na (FIGURA 3). A equação de crescimento DAP apresentou parábola
com o vértice para cima, demonstrando que elas iriam decair a partir de um dado
momento.

Figura 3 - Curva de crescimento em diâmetro na altura do peito de E. urograndis


aos 9 meses para os diferentes tratamentos com fósforo.

FONTE: Os autores.
Avaliando variável dendrométrica DAP das mudas de E. urograndis
através da análise de regressão, é possível observar que a variável apresentou
um comportamento quadrático de crescimento em relação às crescentes doses
de fósforo. Por apresentar esse comportamento, foi possível calcular a dose de
Máxima Eficiência Técnica (DMET), obtendo-se uma dosagem de 185 kg ha-1 de
P2O5, sendo inferior à máxima dose testada 240 kg ha -1 de P2O5, ou seja,

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conseguiu-se obter a máxima resposta do Eucalipto ao fósforo no período


avaliado.

Nesse sentido Stahl (2009) obteve comportamento semelhante


avaliando o crescimento de E. dunnii em diâmetro do colo aos 6 meses de idade,
aumentaram de forma quadrática com o aumento das doses de P ao solo. As
equações de regressão que descrevem o efeito das doses aplicadas sobre o
incremento desta variável apresentaram coeficientes de determinação sempre
maiores do que 94%. O diâmetro do colo das plantas apresentou valor máximo
estimado pela equação múltipla de regressão de 2,59 cm e isso seria obtido pela
188 kg ha-1 de P2O5. Este valor representa um incremento de 84% no diâmetro
do colo das plantas em relação ao tratamento testemunha, onde não foi aplicado
P.

Avaliando o crescimento em altura total (H) entre os tratamentos,


podemos observar (FIGURA 4) que o tratamento 5 (240 kg ha-1 de P2O5) obteve
a maior altura (4,13 m), este sendo estatisticamente igual a todos os outros
tratamentos com exceção do tratamento testemunha.

FIGURA 4 - Médias das alturas (m) de mudas E. urograndis aos 9 meses. Médias
seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste
de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Fonte: Os autores.

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Estes valores demonstram resposta do E. urograndis à adubação


fosfatada no desenvolvimento inicial da espécie sendo que a aplicação de 240
kg ha-1 de P2O5 foi 38% maior em relação a testemunha. Como a exigência de
fósforo pelo eucalipto diminui com o aumento da idade das plantas, o nível crítico
de P para o desenvolvimento delas é muito maior nas fases iniciais do que na
fase de manutenção da floresta (NOVAIS et al.,1982).

O fósforo é o nutriente mais limitante para o crescimento da espécie,


devido aos teores naturalmente baixos e à elevada capacidade de adsorção de
P da maioria dos solos (BARROS & NOVAIS, 1996).

Para avaliação do crescimento das mudas em H ajustou-se equações de


crescimento, obtidas por equação polinomial de grau dois, com coeficiente de
determinação (R2) de 98% como pode ser observado na (FIGURA 5). A equação
de crescimento H apresentou parábola com o vértice para cima, demonstrando
que elas iriam decair a partir de um dado momento.

FIGURA 5 - Curva de crescimento em altura (M) de E. urograndis aos 9 meses


para os diferentes tratamentos com fósforo.

Fonte: Os autores.
Avaliando os parâmetros, verificou-se um efeito quadrático no
crescimento em H das mudas de E. urograndis com o aumento das doses
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crescentes de fósforo. Por apresentar esse comportamento, foi possível calcular


a DMET, obtendo-se uma dosagem de 170 kg ha -1 de P2O5, sendo inferior à
máxima dose testada 240 kg ha-1 de P2O5. Stahl (2009) avaliando altura máxima
estimada das plantas aos seis meses após o plantio obteve 2,04 m e seria obtida
pela aplicação de 181 kg ha-1 de P2O5, representando um incremento de 70%
em relação ao tratamento testemunha, no qual as plantas apresentavam altura
média de 1,20 m.

3.2 GESSO AGRÍCOLA

O crescimento de Eucalyptus urograndis avaliado através das variáveis


dendrométricas DAP e H não apresentaram diferença estatística tanto nos
blocos como nos tratamentos, mesmo com a aplicação de doses crescentes de
gesso agrícola. O experimento obteve um coeficiente de variação de 11,96 e
7,05% (TABELA 2).

TABELA 2 - Análise de variância para o diâmetro na altura do peito (DAP) e


altura total (H) das mudas de E.urograndis aos nove meses de idade submetida
à crescentes doses de gesso agrícola.
Fonte de F
variação G.L DAP (cm) H (m)
Blocos 3 0,2578ns 1,1576ns
Tratamentos 6 1,1167ns 0,9673ns
Resíduo 18 2,78 0,08
Coef. de variação % 11,96 7,05
ns não significativo
Fonte: Os autores.

Avaliando o crescimento em DAP, o tratamento 6 (4800 kg ha -1)


apresentou a maior diâmetro com 14,97 cm, sendo estatisticamente igual a todos
os outros tratamentos (FIGURA 6).

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FIGURA 6- Médias dos diâmetros na altura do peito (cm) de mudas E. urograndis


aos 9 meses. Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem
significativamente pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Fonte: Os autores.

Os resultados mostram o mesmo padrão de crescimento, não diferindo


estatisticamente no período avaliado, sendo aceita a hipótese de igualdade para
a probabilidade de erro estabelecida de 5% de probabilidade de erro pelo teste
de Tukey. Significando que os tratamentos não apresentaram diferenças no
padrão de crescimento em DAP entre os tratamentos. Barros et al. (1990)
detectaram aumento de 200% a 225% no volume de tronco de E. grandis, em
dois Latossolos (LV e LVA), quando foram aplicados em torno de 100 g/planta
de gesso. Os acréscimos de rendimento em resposta ao gesso são atribuídos
ao suprimento de enxofre e à melhor distribuição das raízes das culturas em
profundidade (SOUSA et al. 1995).

Para avaliação do crescimento das mudas em DAP ajustou-se equações


de respostas às doses aplicadas, obtidas por equação polinomial de grau dois,
com coeficiente de determinação (R2) de 52% como pode ser observado na
(FIGURA 7). A variável dendrométrica de crescimento apresentou equações
negativas, ou seja, parábola com o vértice para cima, demonstrando que elas
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iriam decair a partir de um dado momento. Avaliando os parâmetros, verificou-


se um efeito quadrático no crescimento em DAP das mudas de E. urograndis
com o aumento das doses crescentes de gesso agrícola. Por apresentar esse
comportamento, foi possível calcular a DMET, obtendo-se uma dosagem 500
kg/há.

FIGURA 7 - Curva de crescimento em diâmetro na altura do peito de E.


urograndis aos 9 meses para os diferentes tratamentos com gesso agrícola

Fonte: Os autores.
De acordo com os resultados obtidos por Rodrigues (2013) a aplicação
conjunta de calcário + gesso produziu 96% a mais em produção volumétrica do
que os tratamentos sem aplicação de calcário, nos mesmo trabalho avaliando a
aplicação de calcário + gesso, nas doses de 2,4 + 1,0 t/ha, respectivamente,
produziu 24% a mais do que a aplicação isolada de 3,0 t/ha de calcário,
destacando-se o efeito do gesso no suprimento de Ca e também de S. Diferente
deste trabalho que não obteve resposta à aplicação de gesso.

Avaliando o crescimento em H, o tratamento 6 (4800 kg ha -1) apresentou


a maior altura com 4,45m, sendo estatisticamente igual a todos os outros
tratamentos, conforme a figura 8.

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FIGURA 8 - Médias de altura total (m) de mudas E. urograndis com 9 meses.


Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade

Fonte: Os autores.
Os resultados mostram o mesmo padrão de crescimento, não diferindo
estatisticamente no período avaliado, sendo aceita a hipótese de igualdade para
a probabilidade de erro estabelecida de 1% de probabilidade de erro pelo teste
de Tukey. Significando que não apresentaram diferenças no padrão de
crescimento H entre os tratamentos.

Rodrigues (2013) avaliando a média geral dos tratamentos da


variável altura obteve resultados de menor magnitude do que as encontradas
para volume de tronco, sendo em média de 8,2, 9,5 e 10,0 m de altura, para os
tratamentos sem calcário, com calcário e calcário + gesso, respectivamente.

Para avaliação do crescimento das mudas em H ajustou-se equações


de respostas às doses de gesso agrícola, obtidas por equação polinomial de
grau dois, com coeficiente de determinação (R 2) de 82% como pode ser
observado na (FIGURA 9). A variável dendrométrica H apresentou equações
negativas, ou seja, parábola com o vértice para cima, demonstrando que elas
iriam decair a partir de um dado momento. Avaliando os parâmetros, verificou-
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se um efeito quadrático no crescimento em H com o aumento das doses


crescentes de gesso agrícola. Por apresentar esse comportamento, foi possível
calcular a DMET, para a qual se encontrou o valor de 500 kg/ha de gesso
agrícola.

FIGURA 9 - Curva de crescimento em altura (M) de E. urograndis aos 9 meses


para os diferentes tratamentos de gesso.

Fonte: Os autores.
Quanto à adição de gesso agrícola as respostas para diâmetro na altura
do peito (DAP) e altura (H) foram semelhantes quando comparados ao
tratamento que utilizou a dose mínima de gesso agrícola (0 kg ha -1), mesmo
aplicando crescentes doses de gesso agrícola ao solo.

4 CONCLUSÕES

Através do experimento realizado pode-se chegar as seguintes


conclusões:

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Aos nove meses de idade o E. urograndis respondeu a adubação


fosfatada, sendo que as doses entre 30 e 240 kg ha-1 de P2O5 obtiveram a
mesma resposta, tanto para o diâmetro, como para altura.
A espécie E. urograndis não respondeu a aplicação de gesso agrícola
tanto para o diâmetro, como para altura.
Aos nove meses de idade o E. urograndis respondeu de maneira
quadrática a adubação fosfatada, sendo a dose de máxima eficiência técnica de
185 kg ha-1 de P2O5 para DAP e 170 kg ha-1 de P2O5 para H.
Aos nove meses de idade o E. urograndis respondeu de maneira
quadrática a aplicação de gesso agrícola, sendo a dose de máxima eficiência
técnica de 500 kg ha-1 para ambas as variáveis estudadas.

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