Você está na página 1de 13

77

DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FERTILIZANTE FOSFATADO NA NUTRIÇÃO E


PRODUÇÃO DE TAPETES DE GRAMA ESMERALDA

GODOY, L.J.G.1; BACKES, C.2; ARIGONI, P.3;


VILLAS BÔAS, R.L.4; LIMA, C.P.5

1 Prof. Dr.; UNESP – Campus Experimental de Registro, Rua Tamekishi Takano, 5, 11900-000,
Registro-SP; legodoy@registro.unesp.br.
2 Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: cbackes@fca.unesp.br.
3 Aluna do Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo, Faculdade de Ciências Agronômicas
– UNESP, C.P. 237, 18.610-907, Botucatu, SP. paulaarigoni@hotmail.com.
4 Professor Dr. Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo, Faculdade de Ciências
Agronômicas – UNESP, C.P. 237, 18.610-907, Botucatu, SP. rlvboas@fca.unesp.br. Autor para
correspondência.
5 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: cplimafca.unesp.br.

RESUMO: O experimento foi conduzido em ambiente protegido em área experimental do


Departamento de Recursos Naturais/Ciência do Solo, localizado na Fazenda Experimental Lageado,
no município de Botucatu-SP. Objetivou-se com o trabalho avaliar doses e modos de aplicação de
fertilizante fosfatado na nutrição e produção de tapetes de grama esmeralda em LATOSSOLO
VERMELHO Eutrófico de textura média. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com
quatro repetições, adotando esquema fatorial 2x4, sendo dois modos de aplicação do fertilizante
fosfatado (aplicação em área total, seguido de escarificação superficial de 1 a 2 cm e aplicação em
sulcos de 2,5 cm de profundidade espaçados de 8 cm) e cinco doses de P2O5 (0, 25, 50, 75 e 100 kg
ha-1). A adubação fosfatada foi realizada 40 dias após o corte do tapete anterior, utilizando-se como
fonte o superfosfato simples. N e K foram aplicados parceladamente em cobertura. Foram avaliados
teores de P no solo, taxa de cobertura do solo pela grama, intensidade de coloração verde e teores de P
nas folhas. A diferença entre a maior e a menor dose de P2O5 foi pequena quanto à formação do tapete.
O teor de P no solo existente antes da adubação somado com aquele oriundo da decomposição de
raízes foi suficiente para manter teor adequado de P na folha não apresentando sinais de deficiência.
Com a dose de 100 kg de P2O5 houve incremento de 13% no fechamento do tapete. Nas condições
experimentais o teor de P no solo de 16 mg dm-3 pode proporcionar a formação de tapetes de grama
esmeralda, porém em maior tempo. O modo de aplicação não influenciou a taxa de formação do
tapete, nem o teor de P na folha, podendo o fertilizante fosfatado ser aplicado em área total seguido de
escarificação superficial, prática já utilizada pelos produtores.
PALAVRAS-CHAVE: Zoysia japonica, fósforo, gramados.

ABSTRACT: The experiment was conducted in a protected environment in the “Departamento de


Recursos Naturais/Ciência do Solo”, located in “Fazenda Experimental Lageado”, in the city of
Botucatu-SP. The objective was to evaluate phosphorus doses and application methods in the nutrition
and production of Zoysia, in LATOSSOLO VERMELHO Eutrófico with medium texture. The
experimental design adopted was random blocks, with four replications, arranged in 2x4 factorial
scheme, represented by two application methods of the phosphorous fertilizer (superficial application
in total area, followed by 1 and 2 cm scarification and incorporated in furrow of 2,5 cm of depth
spaced of 8 cm), and five P2O5 doses (0, 25, 50, 75 and 100 kg ha-1). The phosphorus fertilization was
carried through 40 days after the cut, using as source simple superphosphate. N and K had been
applied split in covering. It was evaluated P levels in the soil, soil cover rate by sod, green color
78

intensity and P levels in the leaves. The difference between the greater and minor dose of P2O5 related
to the formation of the carpet was small. The P content in the soil existing before fertilization
combined with P content from decomposition of roots was sufficient to maintain adequate content of P
in the leaves showing no signs of deficiency. With 100 kg of P2O5 dose there was increment of 13% in
the closing of the Zoysiagrass sod. In experimental conditions the P level of 16 mg dm-3 can provide
the formation of Zoysiagrass sod, but in more time. The application method did not influence the
formation rate of the Zoysiagrass sod or the P content in the leaves, the fertilizer can be applied in total
area followed by surface chisel, a practice already used by producers.
KEY WORDS: Zoysia japonica, phosphorous, grass.

INTRODUÇÃO

Uma das gramas cultivadas mais comercializadas no Brasil é a Zoysia japonica Steud.,
conhecida como esmeralda. Como característica ela apresenta crescimento rizomatoso-estolonífero,
com folhas de textura fina a média, com excelente densidade e coloração verde médio, sendo muito
usada em contensão de taludes e áreas com riscos de erosão (devido ao grande número de rizomas que
produz), além de jardins residenciais, áreas públicas, parques industriais e campos esportivos
(GURGEL, 2003).
As gramas possuem uma exigência nutricional semelhante às demais plantas, necessitando de
todos nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Segundo Bowman et al. (2002), o nitrogênio é
o nutriente mais importante para o rápido estabelecimento do gramado, pois aumenta o crescimento
dos estolões, embora fósforo (P) e potássio (K) também tenham influência em estimular esse
crescimento (JUSKA, 1959).
Para gramas de clima quente, têm-se informações que um teor adequado de P no solo é
necessário para melhorar a taxa de estabelecimento vegetativo da grama Zoysia sp. e santo agostinho
(WOOD et al., 1976; TURNER, 1993). Entretanto, em solo com elevado teor de P, a adubação
fosfatada pouco influenciou a taxa de estabelecimento de plugs de Zoysia sp. cv. Meyer (FRY e
DERNOEDEN, 1987).
No Alabama, EUA, as doses de P recomendadas para as gramas bermuda, esmeralda e santo
agostinho variam de 0, 45 e 90 kg P2O5 ha-1, para condições de alto (26 – 50 mg dm-3), médio (13 –
25 mg dm-3) e baixo teores (7 – 12 mg dm-3) de P no solo, respectivamente (COLLEGE OF
AGRICULTURE, 2003).
Estudos realizados por Hall et al. (1974) e Hylton et al. (1965) indicaram que a aplicação de P
aumentou o crescimento da parte aérea e raízes em gramados estabelecidos, entretanto, Christians et
al. (1979), Turner (1980) e Waddington et al. (1980) verificaram pequena resposta, mesmo em solos
com baixo nível de P disponível.
Diferente de gramados estabelecidos (residenciais, industriais e até mesmo de campos
esportivos), as áreas de produção de grama em tapete são classificadas como áreas de alta exigência
nutricional, porque além das aparas cortadas durante o ciclo de produção, o tapete é retirado da área
levando todos os nutrientes absorvidos além dos nutrientes contidos no solo que é levado juntamente
com os tapetes (GODOY e VILLAS BÔAS, 2003). Para estas áreas não se tem informações se a
adubação fosfatada facilitaria a formação do tapete em menor tempo.
79

Com o aumento significativo do mercado de gramas, muitos produtores estão em busca de


informações referentes aos teores de nutrientes no solo e nas folhas das gramas que possam auxiliar na
recomendação de adubação, pois, ainda não há, no Brasil, tabelas de interpretação dos teores de P no
solo e nas folhas para a produção de tapetes de grama.
No sistema de produção de grama, após a retirada do tapete, o solo fica demasiadamente
compactado em função da pressão exercida pelo rolo compactador que é passado sobre o gramado
para facilitar a retirada do tapete inteiro (não quebradiço). Segundo Godoy e Villas Bôas (2003) a
eficiência de absorção de nutrientes pelas plantas diminui quando a adubação é realizada sobre estes
solos compactados.
O P é um nutriente pouco móvel em nossos solos devido à fixação em óxidos de Fe e Al,
principalmente, ficando indisponível a planta. Logo, para que o P seja absorvido de modo eficiente o
fertilizante fosfatado deve ser colocado o mais próximo possível das raízes.
O objetivo deste trabalho foi avaliar doses e modos de aplicação de fertilizante fosfatado na
nutrição e produção de tapetes de grama esmeralda.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em ambiente protegido em área experimental do Departamento


de Recursos Naturais/Ciência do Solo, localizado na Fazenda Experimental Lageado, no município de
Botucatu-SP. Utilizou-se vasos de cimento amianto com capacidade para 15 dm3 (0,25 X 0,25 X 0,24
m), preenchidos com solo classificado como LATOSSOLO VERMELHO Eutrófico textura média, de
acordo com a Embrapa (2006).
Foi utilizada a espécie Zoysia japonica Steud. cv. conhecida, popularmente, como grama
esmeralda. Esta grama é rizomatosa e, portanto, pode ser colhida em área total, visto que, após a
colheita ficam rizomas subsuperficiais capazes de brotarem formando novo tapete.
Os vasos já vinham sendo cultivados com grama esmeralda por dois anos consecutivos desde
maio de 2001. Em abril de 2002 foram coletados, destes mesmos vasos, os primeiros tapetes de
grama, retirando uma camada superficial de solo de aproximadamente 2 cm dos vasos, juntamente
com a parte vegetal da grama (rizomas + estolões + raízes + parte aérea), simulando o que ocorre em
área de produção quando o tapete de grama é colhido. O corte dos tapetes foi realizado com o auxilio
de uma serra, ressaltando que todo o volume (indeformado) do vaso foi retirado do mesmo. Esta
prática foi possível por se tratar de um solo compactado e com sistema radicular bem desenvolvido.
Os tapetes formados a partir dos rizomas que permaneceram nos vasos foram coletados ao
final do segundo ciclo, em abril de 2003, que coincidiu com o início deste experimento.
A análise de solo apresentou as seguintes características químicas e físicas, na camada de 0 a
20 cm, após a colheita dos tapetes do ciclo anterior: pH (CaCl2) de 6,0; 19 g dm-3 de M.O.; 16 mg dm-
3 de P (resina); 19; 0,5; 33 e 9,8 mmolc dm-3 de H++Al+3, K, Ca e Mg, respectivamente; saturação
por bases (V) de 68 %; 670, 260 e 70 g kg–1 de areia, argila e silte, respectivamente.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, adotando um
esquema fatorial 2x4, sendo dois métodos de aplicação do fertilizante fosfatado (aplicação em área
80

total, seguido de escarificação superficial 1 a 2 cm e em sulcos de 2,5 cm de profundidade espaçados


de 8 cm) e cinco doses de P2O5 (0, 25, 50, 75 e 100 kg ha-1).
Estas duas formas de aplicação simulam equipamentos que visam incorporar o fertilizante
fosfatado no solo para que fique mais próximo das raízes. A prática de aplicação em área total seguida
de escarificação superficial é adotada pelos produtores de grama utilizando um equipamento
denominado de “estrelinha” (implemento que apresenta discos recortados em formato de estrela para
permitir uma pequena escarificação da superfície e incorporação do fertilizante). A aplicação em sulco
simula a prática adotada na agricultura convencional.
A adubação fosfatada foi realizada 40 dias após o corte, sobre uma massa de rizomas e raízes,
utilizando-se como fonte o superfosfato simples. A adubação nitrogenada aplicada em cobertura, foi
de 530 kg de N ha-1, na forma de uréia, dividido em oito aplicações durante o ciclo, e a adubação
potássica foi 100 kg de K2O ha-1, na forma de KCl dividido em três aplicações; sempre seguido de
irrigação para evitar queima de folhas. Essas quantidades de nitrogênio e potássio foram baseadas em
doses médias usadas pelos produtores de grama, já que não existe recomendação.
A irrigação foi realizada através de um regador aplicando cerca de um litro de água para cada
vaso a cada três dias, e o controle de plantas daninhas foi feito através de catação, e pragas e doenças
através de controle químico. As gramas foram mantidas numa altura de dois centímetros através de
cortes periódicos utilizando uma tesoura elétrica manual. As aparas cortadas não foram recolhidas.
Aos 82, 138 e 215 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA), foram avaliados: os teores de
P no solo, taxa de cobertura do solo pela grama, intensidade de coloração verde das folhas e teores de
P nas folhas.
Para a determinação dos teores de P no solo foram coletadas três amostras por vaso nas
profundidades aproximadas de 0 a 2,5; 2,5 a 5 e 5 a 20 cm, determinando-se os índices de P resina.
A taxa de cobertura do solo (TCS) pela grama foi avaliada através da análise de imagem
digital, conforme metodologia descrita por Godoy (2005).
A intensidade de coloração verde (ICV) foi determinada com o auxílio de um clorofilômetro
SPAD-502 (Minolta) em 20 folhas para cada vaso. Após a medição da intensidade de coloração verde,
determinou-se o teor de P na folha segundo a metodologia descrita por Malavolta et al. (1997).
Os resultados foram submetidos à análise estatística, utilizando o software SISVAR versão
4.2. Foi determinada a análise de variância e de regressão e para os fatores qualitativos utilizou-se a
comparação de média pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para os teores de P no solo houve interação significativa entre os fatores modo de aplicação e
doses de fósforo nas três épocas avaliadas.
Aos 82 dias após a adubação fosfatada, para os dois modos de aplicação, verifica-se aumento
dos teores de P no solo em função das doses aplicadas nas três profundidades amostradas (Tabela 1).
81

Tabela 1: Teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P em três profundidades de


amostragem aos 82 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Profundidade amostrada
Dose de 0 – 2,5 cm 2,5 – 5 cm 5 – 20 cm
P2O5 Modo de aplicação de P
1 2 1 2 1 2
kg ha-1 -------------------Teor de P no solo em mg dm-3 ----------------
0 9a 9a 11 a 11 a 9a 9a
25 22 b 52 a 17 b 37 a 13 b 31 a
50 62 a 36 b 30 a 35 a 34 a 33 a
75 51 b 89 a 39 b 65 a 29 a 31 a
100 64 a 57 a 60 a 67 a 28 b 54 a
Regressão Q** Q** L** L** L** L**
1 – P aplicado em área total com escarificação superficial; 2 – P aplicado em sulco.
Letras iguais na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Q e L – ajuste quadrático e linear, respectivamente.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade.

Conforme equações apresentadas na Tabela 2, para os dois modos de aplicação (área total com
escarificação superficial e em sulco), os teores de P nas profundidades 0 a 2,5 cm aumentaram,
apresentando ajuste quadrático, com os máximos teores (62,42 e 67,55 mg dm-3) obtidos com as doses
de 98 e 78 kg ha-1 de P2O5, respectivamente. Quando aplicado em área total houve a necessidade de
maior dose de P2O5 para obter teor de P próximo ao observado quando aplicado em sulco. Para as
profundidades de 2,5 a 5 e 5 a 20 cm os teores de P aumentaram linearmente com as doses de P2O5,
sendo obtidos os maiores valores quando o fertilizante fosfatado foi aplicado em sulco (Tabelas 1 e 2).
Aos 82 DAA os maiores teores de P no solo foram encontrados na camada de 0 a 5 cm.

Tabela 2: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 82 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 82 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ǔ =-0,0058**x2+1,1389x+6,5143 0,86
0–2,5 cm
2 ǔ =0,0093**x2+1,4577x+10,429 0,65
1 ǔ =0,48**x+7,4 0,96
2,5–5 cm
2 ǔ =0,56**x+15 0,90
1 ǔ =0,216**x+11,8 0,61
5–20 cm
2 ǔ =0,36**x+13,6 0,80
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade

Aos 138 dias após a adubação apenas os teores de P no solo na profundidade de 0 a 2,5 cm
foram ajustadas às doses de P2O5 aplicadas em área total com escarificação superficial, sendo este
ajuste quadrático com a dose de 79 kg ha-1 de P2O5 proporcionando o teor máximo de 33 mg dm-3 de P
no solo (Tabelas 3 e 4). Para a aplicação de P2O5 em sulco houve efeito significativo apenas na camada
de 5 a 20 cm, com ajuste linear crescente com o aumento das doses (Tabelas 3 e 4).
82

Tabela 3: Teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P em três profundidades de


amostragem aos 138 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Profundidade amostrada
Dose de 0 – 2,5 cm 2,5 – 5,0 cm 5,0 – 20,0 cm
P2O5 Modo de aplicação de P
1 2 1 2 1 2
kg ha-1 -----------------------Teor de P no solo em mg dm-3 -------------------
0 9a 9a 14 a 13 a 16 a 16 a
25 16 b 25 a 11 b 43 a 13 a 21 a
50 30 a 10 b 24 a 17 a 20 a 22 a
75 36 b 60 a 16 b 42 a 22 a 22 a
100 29 a 27 a 24 b 42 a 15 b 63 a
Regressão Q* ns ns ns ns L*
1 – P aplicado em área total com escarificação superficial; 2 – P aplicado em sulco.
Letras iguais na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ns, Q e L – ajuste não significativo, quadrático e linear, respectivamente.
*
Significativo ao nível de 5% de probabilidade

Tabela 4: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 138 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 138 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ǔ =-0,0041*x2+0,6514x+6,8571 0,92
0–2,5 cm
2 ns -
1 ns -
2,5–5 cm
2 ns -
1 ns
5–20 cm
2 ǔ =0,38*x+9,8 0,61
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
*, ** Significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade

Na Tabela 5 são apresentados os teores de P no solo de acordo com a profundidade de


amostragem e o modo de aplicação aos 215 dias após a adubação fosfatada. Ocorreu efeito significativo
apenas quando o P2O5 foi aplicado em sulco nas camadas de 0 a 2,5 e 2,5 a 5 cm. Esse efeito foi linear
crescente apresentando aumento de 8 a 43 mg dm-3 na profundidade de 0 a 2,5 cm e de 22 a 32 mg dm-3
na profundidade de 2,5 a 5 cm. As equações de regressão são apresentadas na Tabela 6.
De maneira geral, o fertilizante fosfatado aplicado em sulco proporcionou maiores teores deste
nutriente no solo quando comparado ao modo de aplicação em área total com escarificação superficial.
83

Tabela 5: Teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P em três profundidades de


amostragem aos 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Profundidade amostrada
Dose de 0 – 2,5 cm 2,5 – 5 cm 5,0 – 20 cm
P2O5 Modo de aplicação de P
1 2 1 2 1 2
kg ha-1 -------------------Teor de P no solo em mg dm-3 -----------------------
0 8a 8a 22 a 22 a 13 a 13 a
25 19 a 17 a 22 a 23 a 20 a 16 a
50 15 b 24 a 21 a 21 a 17 a 9a
75 39 a 16 b 18 b 38 a 20 a 31 a
100 24 b 43 a 26 a 32 a 22 a 18 a
Regressão ns L** ns L** ns ns
1 – P aplicado em área total com escarificação superficial; 2 – P aplicado em sulco.
Letras iguais na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
ns e L – ajuste não significativo e linear, respectivamente.
**
Significativo ao nível 1% de probabilidade.

Tabela 6: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 215 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ns -
0–2,5 cm
2 ǔ =0,276**x+7,8 0,68
1 ns -
2,5–5 cm
2 ǔ =0,14**x+20,2 0,55
1 ns -
5–20 cm
2 ns -
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade

Na dose zero verifica-se que, na camada de 0 a 2,5 cm houve diminuição dos teores de P no
solo quando comparados com o inicial, 16 mg dm-3, sendo possivelmente absorvido pelas plantas. Nas
demais profundidades amostradas, observa-se a contribuição das raízes e rizomas no teor de P no solo,
principalmente na camada de 2,5 a 5,0 cm, onde possivelmente, existe maior concentração dessas
partes da grama durante o ciclo.
Deve-se considerar, no entanto, que alguns fatores influenciaram na concentração de P nas
profundidades, não permitindo melhores ajustes da equação: a variabilidade da amostragem em função
da aplicação localizada em sulco; a pequena área amostrada de solo em função desta ocorrer em vasos
(três pontos de 1,5 cm de diâmetro amostrado por vaso) e a presença de muitas raízes na amostra que
podem alterar o teor de P no solo.
A taxa de cobertura do solo pela grama (Tabela 7) foi influenciada apenas pelas doses de P2O5,
não ocorrendo efeito dos modos de aplicação e nem interação significativa entre as fontes de variação.
Houve ajuste da taxa de cobertura em função da dose de P2O5 a partir dos 138 dias após a adubação
fosfatada. Aos 82 DAA não verificou-se resposta, podendo sugerir que a quantidade de P presente
inicialmente no solo (16 mg dm-3 nos 20 cm superficiais) foi suficiente para promover o crescimento
da parte aérea sem restrição. Além disso, provavelmente, há também o fornecimento de P no solo
84

devido à decomposição de raízes e rizomas, além de possíveis reservas de P existentes em tecidos


vivos da planta após a retirada do tapete.
A partir dos 138 DAA, a resposta às doses foi linear, aumentando o recobrimento foliar em
16% com a aplicação de 100 kg de P2O5 ha-1. Aos 215 DAA, também ocorreu resposta linear às doses
de P2O5, com aumento de 13% (Figura 1). O aumento foi pequeno, mas significativo já que a taxa de
cobertura do solo é um primeiro indicativo de que o tapete está formado (GODOY, 2005). Uma
diferença de 13% na taxa de cobertura pode reduzir a resistência dos tapetes, necessitando de um
maior tempo para a formação dos mesmos.
A baixa resposta ao P quanto à taxa de cobertura do solo pela grama pode ser atribuída ao
fornecimento de P pela decomposição de raízes e rizomas dos tapetes cortados. Deve-se considerar
também que não foi realizada a retirada das folhas cortadas (“clipping”) que poderiam contribuir, em
parte, para o fornecimento de P para a grama esmeralda. De acordo com Kussow (2004) em gramados
em que as aparas não são removidas houve redução no teor de P no solo de apenas 7 mg dm-3 em 4
anos, enquanto em gramados que as aparas são removidas houve redução, no mesmo período de 20 mg
dm-3. Segundo Kondo et al. (2002) a grama Zoysia japonica Steud., se utiliza do P orgânico da porção
morta da parte aérea, palhada, raízes e o P inorgânico do solo.
As respostas à P pela grama são observadas na implantação de gramados por plugs ou
sementes, devido à baixa quantidade de raízes e em locais onde os teores de P no solo são baixos
(RODRIGUEZ et al., 2000). Em gramados formados, devido à presença de muitas raízes, e mesmo em
solos com baixo teor de P, não se têm observado respostas a este nutriente (CHRISTIANS, 1998).

Tabela 7: Resultados de taxa de cobertura do solo pela grama esmeralda em função de doses de P aos
82, 138 e 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Taxa de cobertura do solo
Dose de
Época de Amostragem
P2O5
82 DAA 138 DAA 215 DAA
kg ha-1 -------------------------------- % ---------------------------------
0 34,5 58,0 74,8
25 31,3 63,5 79,0
50 27,5 58,6 76,5
75 34,0 64,2 79,9
100 34,8 68,9 86,2
Regressão ns L* L*
ns e L – ajuste não significativo e linear, respectivamente.
*
Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
85

Taxa de cobertura do solo (%)


100

80

60

40 ** 2
138 DAA - ǔ = 0,0897 x + 58,162 R = 0,63
215 DAA - ǔ = 0,0956**x + 74,522 R2 = 0,74
20
0 25 50 75 100
-1
Doses de P2O5 (kg ha )

Figura 1: Taxa de cobertura do solo pela grama esmeralda em função de doses de P aos 138 e 215 dias após a
adubação fosfatada (DAA).

A intensidade de coloração verde das folhas da grama foi influenciada apenas pelas doses de
P2O5, sendo os resultados apresentados na Tabela 8. Verifica-se que apenas aos 138 dias após a
adubação fosfatada houve ajuste dos valores de ICV as doses de P2O5.

Tabela 8: Resultados de intensidade de coloração verde da folha de grama esmeralda em função de


doses de P aos 82, 138 e 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Intensidade de Coloração Verde da folha
Dose de
Época de Amostragem
P2O5
82 DAA 138 DAA 215 DAA
kg ha-1 ------------------------- índice spad------------------------
0 37,8 33,4 35,5
25 37,5 30,9 34,7
50 37,5 31,0 35,7
75 37,1 31,0 34,8
100 37,5 30,8 35,0
Regressão ns Q* ns
ns e Q – ajuste não significativo e quadrático, respectivamente.
*
Significativo ao nível de 5% de probabilidade.

Observa-se na Figura 2 coloração verde da folha um pouco mais intensa nas gramas que não
receberam P (aumento de 2,4 unidades SPAD), talvez pela menor disponibilidade deste nutriente
limitar em parte o crescimento da folha levando a uma maior concentração de clorofila como
observado por Carrow et al. (2003). Segundo Beard (1973) pode ocorrer redução na cor verde da folha
da grama por causa da alta taxa de crescimento, provocando o efeito de diluição da clorofila presente
na folha.
86

34

33
ICV (spad)

32

31

ǔ = 0,0005*x2 - 0,0688x + 33,077 R2 = 0,8073


30
0 25 50 75 100
-1
Doses de P2O5 (kg ha )

Figura 2: Intensidade de coloração verde da folha de grama esmeralda em função de doses de P aos 138 dias
após a adubação fosfatada (DAA).

Os teores de P na folha somente foram ajustados às doses de P2O5 aos 82 dias após a adubação
fosfatada (Tabela 9 e Figura 3).

Tabela 9: Resultados de teores de P na folha de grama esmeralda em função de doses de P aos 82, 138
e 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).

Teor de P na folha
Dose de
Época de Amostragem
P2O5
82 DAA 138 DAA 215 DAA
Kg ha-1 ----------------------------------- g kg-1 ----------------------------
0 2,2 1,6 1,8
25 2,9 2,0 1,9
50 3,0 1,9 1,9
75 2,8 1,7 1,9
100 2,6 1,7 2,1
Regressão Q** ns ns
ns e Q – ajuste não significativo e quadrático, respectivamente.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade.
87

Teor de P na folha (g kg )
4

-1

ǔ = -0,0002**x2 + 0,0268x + 2,26 R2 = 0,91

1
0 25 50 75 100
-1
Doses de P2O5 (kg ha )

Figura 3: Teores de P na folha de grama esmeralda em função de doses de P, aos 82 dias após adubação
fosfatada.

Nota-se que os teores inicialmente eram acima de 2 g kg-1 chegando até 3 g kg-1 (Figura 3).
Apesar dos maiores teores na planta ser obtidos nas doses de 67 kg de P2O5 ha-1, a diferença para os
menores teores é muito pequena e pouco representa em termos de nutrição de plantas. Além disso,
segundo Mill e Jones (1996) teores de 1,9 a 2,2 g kg-1 são considerados adequados e, portanto, mesmo
para a dose zero de P2O5 a planta encontra-se dentro do teor adequado.

CONCLUSÕES

A diferença entre a maior (100 kg ha-1 de P2O5) e a menor dose (25 kg ha-1 de P2O5) foi
pequena quanto à formação do tapete.
O teor de P no solo existente antes da adubação (16 mg dm-3 na camada de 0 a 20) somado
com aquele oriundo da decomposição de raízes foi suficiente para manter um teor adequado de P na
folha não apresentando sinais de deficiência.
Com a dose de 100 kg de P2O5 houve incremento de 13% no fechamento do tapete.
Nas condições experimentais o teor de P no solo de 16 mg dm-3 pode proporcionar a formação
de tapetes de grama esmeralda, porém em maior tempo.
O modo de aplicação não influenciou a taxa de formação do tapete, nem o teor de P na folha,
podendo o fertilizante fosfatado ser aplicado em área total seguido de escarificação superficial, prática
já utilizada pelos produtores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEARD, J. B. Turfgrass: Science and culture. Englewood Cliffs, N.J: Prentice-Hall, 1973, 235 p.

BOWMAN, D.C.; CHERNEY, C.T.; RUFTY JUNIOR, T.W. Fate and transport of nitrogen applied to
six warm-season turfgrasses. Crop Science., v.42, p.833-841, 2002.
88

CARROW, R.N.; WADDINGTON, D.V.; RIEKE, P.E. Turfgrass soil fertility and chemical problems:
assessment and management. New Jersey: John Wiley & Sons, 2001, 400p.

CHRISTIANS, N. E.; MARTIN, D. P.; WILKINSON, J. F. Nitrogen, phosphorus, and potassium


effects on quality and growth of Kentuck bluegrass and creeping bentgrass. Agronomy Journal v.71,
p.564-567, 1979.

CHRISTIANS, N.E. Fundamental of turfgrass management, Arbor Press, Chelsea, MI, 1998, 301p.

COLLEGE OF AGRICULTURE Soil test fertilizer recommendations for Alabama crops. Auburn
University, 2003. 13p. Disponível em: www.ag.auburn.edu/dept/ay/ Acesso em: 04/03/2003 14:30.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos-CNPS. Sistema brasileiro de classificação de


solos. Brasília: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-CNPS, 2006. 306 p.

FRY, J. O.; DERNOEDEN, P. H. Growth of zoysiagrass from vegetative plugs in response to


fertilizer. Journal American Society Horticultural Science, v.112, p.286-289, 1987.

GODOY, L. J. G.; VILLAS BÔAS, R. L. Nutrição de gramados. In: SIGRA – Simpósio sobre
Gramados 1. 2003. Produção Implantação e Manutenção: anais..., Botucatu: Departamento de
Recursos Naturais, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade estadual Paulista, 2003. 1 CD-
ROM.

GODOY, L.J.G. Adubação nitrogenada para produção de tapetes de grama santo agostinho e
esmeralda. 2005, 106p. Tese (Doutorado em Agronomia/Agricultura) – Faculdade de Ciências
Agronômicas, UNESP, Botucatu, SP, 2005.

GURGEL, R.A.G. Principais espécies e variedades de grama. In: SIMPÓSIO SOBRE GRAMADOS,
1, 2003, Botucatu. Produção, implantação e manutenção: Anais. Botucatu: Departamento de Recursos
Naturais, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, 2003. CD-ROM.

HALL, J. R.; MILLER, R. W. Effect of phosphorus season and method of sampling on foliar analisys
of Kentuck Bluegrass. In: INTERNATIONAL TURFGRASS RES. CONF., 2, 1973, Proceedings…E.
C. Roberts, ed. American Society of America, Madison, WI, 1974, p.155-171.

HYLTON, L. O.; ULRICH, A.; CORNELIUS, D. R.; OKHI, K. Phosphorus nutrition of Italian
ryegrass relative to growth, moisture content, and mineral constituents. Agronomy Journal, v.57,
p.505-508, 1965.

JUSKA, F. V. Response of Meyer zoysia to lime and fertilizer treatments. Agronomy Journal. v.51,
p.81-83, 1959.

KONDO, H.; TAKAHASHI S.; HARADA H.; KITAHARA N.; HARASHIMA N.; NISHIDA T.;
HOJITO M. The role of native grass phosphorus in the phosphorus dynamics of grassland. In:
WORLD CONGRESS OF SOIL SCIENCE, Papers…17,2002, Tailândia, (CD-Rom).

KUSSOW, W.R. Phosphorus losses from lawns. Better Crops, v.88, n.3, p.12-13, 2004.
89

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas:
princípios e aplicações, 2ed. Piracicaba: POTAFOS (Associação brasileira de pesquisa da potassa e do
fosfato), 1997. 317p.

MILLS, H.A.; JONES JR., J,B. Plant analysis handbook II: a practical sampling, preparation, analysis
and interpretation guide. Athens, Georgia, EUA: MicroMacro Pub. Inc., 1996. 456 p.

RODRIGUEZ, I.R.; MILLER, G.L.; McCARTY, B. Sprigged bermudagrass needs ample phosphorus
at grow-in. Golf Course management, 2000, p.59-62

TURNER, T. R. Soil test calibration studies for turfgrasses. Ph. D. diss. The Pennsylvania State
University, University Park, PA. Diss. Abstr, p.24480-24499, 1980.

WADDINGTON, D. V.; TURNER, T. R.; DUICH, J. M.; MOBERG, E. L. Effect of fertilization of


´Penncross` creeping bentgrass. Agronomy Journal, v.70, p.713-718, 1978.

WOOD, J. R.; DUBLE, R. L. Effects of nitrogen and phosphorus on establishment and maintenance of
St. Augustinegrass. Texas Agric. Exp. Stn. PR-3368C. 1976.

Você também pode gostar