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1 Prof. Dr.; UNESP – Campus Experimental de Registro, Rua Tamekishi Takano, 5, 11900-000,
Registro-SP; legodoy@registro.unesp.br.
2 Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Horticultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: cbackes@fca.unesp.br.
3 Aluna do Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo, Faculdade de Ciências Agronômicas
– UNESP, C.P. 237, 18.610-907, Botucatu, SP. paulaarigoni@hotmail.com.
4 Professor Dr. Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo, Faculdade de Ciências
Agronômicas – UNESP, C.P. 237, 18.610-907, Botucatu, SP. rlvboas@fca.unesp.br. Autor para
correspondência.
5 Doutorando do Curso de Pós-Graduação em Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
UNESP, Caixa Postal 237, CEP 18603-970 Botucatu-SP. E-mail: cplimafca.unesp.br.
intensity and P levels in the leaves. The difference between the greater and minor dose of P2O5 related
to the formation of the carpet was small. The P content in the soil existing before fertilization
combined with P content from decomposition of roots was sufficient to maintain adequate content of P
in the leaves showing no signs of deficiency. With 100 kg of P2O5 dose there was increment of 13% in
the closing of the Zoysiagrass sod. In experimental conditions the P level of 16 mg dm-3 can provide
the formation of Zoysiagrass sod, but in more time. The application method did not influence the
formation rate of the Zoysiagrass sod or the P content in the leaves, the fertilizer can be applied in total
area followed by surface chisel, a practice already used by producers.
KEY WORDS: Zoysia japonica, phosphorous, grass.
INTRODUÇÃO
Uma das gramas cultivadas mais comercializadas no Brasil é a Zoysia japonica Steud.,
conhecida como esmeralda. Como característica ela apresenta crescimento rizomatoso-estolonífero,
com folhas de textura fina a média, com excelente densidade e coloração verde médio, sendo muito
usada em contensão de taludes e áreas com riscos de erosão (devido ao grande número de rizomas que
produz), além de jardins residenciais, áreas públicas, parques industriais e campos esportivos
(GURGEL, 2003).
As gramas possuem uma exigência nutricional semelhante às demais plantas, necessitando de
todos nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento. Segundo Bowman et al. (2002), o nitrogênio é
o nutriente mais importante para o rápido estabelecimento do gramado, pois aumenta o crescimento
dos estolões, embora fósforo (P) e potássio (K) também tenham influência em estimular esse
crescimento (JUSKA, 1959).
Para gramas de clima quente, têm-se informações que um teor adequado de P no solo é
necessário para melhorar a taxa de estabelecimento vegetativo da grama Zoysia sp. e santo agostinho
(WOOD et al., 1976; TURNER, 1993). Entretanto, em solo com elevado teor de P, a adubação
fosfatada pouco influenciou a taxa de estabelecimento de plugs de Zoysia sp. cv. Meyer (FRY e
DERNOEDEN, 1987).
No Alabama, EUA, as doses de P recomendadas para as gramas bermuda, esmeralda e santo
agostinho variam de 0, 45 e 90 kg P2O5 ha-1, para condições de alto (26 – 50 mg dm-3), médio (13 –
25 mg dm-3) e baixo teores (7 – 12 mg dm-3) de P no solo, respectivamente (COLLEGE OF
AGRICULTURE, 2003).
Estudos realizados por Hall et al. (1974) e Hylton et al. (1965) indicaram que a aplicação de P
aumentou o crescimento da parte aérea e raízes em gramados estabelecidos, entretanto, Christians et
al. (1979), Turner (1980) e Waddington et al. (1980) verificaram pequena resposta, mesmo em solos
com baixo nível de P disponível.
Diferente de gramados estabelecidos (residenciais, industriais e até mesmo de campos
esportivos), as áreas de produção de grama em tapete são classificadas como áreas de alta exigência
nutricional, porque além das aparas cortadas durante o ciclo de produção, o tapete é retirado da área
levando todos os nutrientes absorvidos além dos nutrientes contidos no solo que é levado juntamente
com os tapetes (GODOY e VILLAS BÔAS, 2003). Para estas áreas não se tem informações se a
adubação fosfatada facilitaria a formação do tapete em menor tempo.
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MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para os teores de P no solo houve interação significativa entre os fatores modo de aplicação e
doses de fósforo nas três épocas avaliadas.
Aos 82 dias após a adubação fosfatada, para os dois modos de aplicação, verifica-se aumento
dos teores de P no solo em função das doses aplicadas nas três profundidades amostradas (Tabela 1).
81
Conforme equações apresentadas na Tabela 2, para os dois modos de aplicação (área total com
escarificação superficial e em sulco), os teores de P nas profundidades 0 a 2,5 cm aumentaram,
apresentando ajuste quadrático, com os máximos teores (62,42 e 67,55 mg dm-3) obtidos com as doses
de 98 e 78 kg ha-1 de P2O5, respectivamente. Quando aplicado em área total houve a necessidade de
maior dose de P2O5 para obter teor de P próximo ao observado quando aplicado em sulco. Para as
profundidades de 2,5 a 5 e 5 a 20 cm os teores de P aumentaram linearmente com as doses de P2O5,
sendo obtidos os maiores valores quando o fertilizante fosfatado foi aplicado em sulco (Tabelas 1 e 2).
Aos 82 DAA os maiores teores de P no solo foram encontrados na camada de 0 a 5 cm.
Tabela 2: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 82 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 82 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ǔ =-0,0058**x2+1,1389x+6,5143 0,86
0–2,5 cm
2 ǔ =0,0093**x2+1,4577x+10,429 0,65
1 ǔ =0,48**x+7,4 0,96
2,5–5 cm
2 ǔ =0,56**x+15 0,90
1 ǔ =0,216**x+11,8 0,61
5–20 cm
2 ǔ =0,36**x+13,6 0,80
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade
Aos 138 dias após a adubação apenas os teores de P no solo na profundidade de 0 a 2,5 cm
foram ajustadas às doses de P2O5 aplicadas em área total com escarificação superficial, sendo este
ajuste quadrático com a dose de 79 kg ha-1 de P2O5 proporcionando o teor máximo de 33 mg dm-3 de P
no solo (Tabelas 3 e 4). Para a aplicação de P2O5 em sulco houve efeito significativo apenas na camada
de 5 a 20 cm, com ajuste linear crescente com o aumento das doses (Tabelas 3 e 4).
82
Tabela 4: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 138 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 138 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ǔ =-0,0041*x2+0,6514x+6,8571 0,92
0–2,5 cm
2 ns -
1 ns -
2,5–5 cm
2 ns -
1 ns
5–20 cm
2 ǔ =0,38*x+9,8 0,61
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
*, ** Significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade
Tabela 6: Equação de regressão para teor de P no solo, em função de doses e modo de aplicação de P
em três profundidades de amostragem aos 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P no solo aos 215 DAA
Camada Modo de aplicação Equação de regressão R2
1 ns -
0–2,5 cm
2 ǔ =0,276**x+7,8 0,68
1 ns -
2,5–5 cm
2 ǔ =0,14**x+20,2 0,55
1 ns -
5–20 cm
2 ns -
1 – P aplicado em área total com leve incorporação; 2 – P aplicado em sulco.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade
Na dose zero verifica-se que, na camada de 0 a 2,5 cm houve diminuição dos teores de P no
solo quando comparados com o inicial, 16 mg dm-3, sendo possivelmente absorvido pelas plantas. Nas
demais profundidades amostradas, observa-se a contribuição das raízes e rizomas no teor de P no solo,
principalmente na camada de 2,5 a 5,0 cm, onde possivelmente, existe maior concentração dessas
partes da grama durante o ciclo.
Deve-se considerar, no entanto, que alguns fatores influenciaram na concentração de P nas
profundidades, não permitindo melhores ajustes da equação: a variabilidade da amostragem em função
da aplicação localizada em sulco; a pequena área amostrada de solo em função desta ocorrer em vasos
(três pontos de 1,5 cm de diâmetro amostrado por vaso) e a presença de muitas raízes na amostra que
podem alterar o teor de P no solo.
A taxa de cobertura do solo pela grama (Tabela 7) foi influenciada apenas pelas doses de P2O5,
não ocorrendo efeito dos modos de aplicação e nem interação significativa entre as fontes de variação.
Houve ajuste da taxa de cobertura em função da dose de P2O5 a partir dos 138 dias após a adubação
fosfatada. Aos 82 DAA não verificou-se resposta, podendo sugerir que a quantidade de P presente
inicialmente no solo (16 mg dm-3 nos 20 cm superficiais) foi suficiente para promover o crescimento
da parte aérea sem restrição. Além disso, provavelmente, há também o fornecimento de P no solo
84
Tabela 7: Resultados de taxa de cobertura do solo pela grama esmeralda em função de doses de P aos
82, 138 e 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Taxa de cobertura do solo
Dose de
Época de Amostragem
P2O5
82 DAA 138 DAA 215 DAA
kg ha-1 -------------------------------- % ---------------------------------
0 34,5 58,0 74,8
25 31,3 63,5 79,0
50 27,5 58,6 76,5
75 34,0 64,2 79,9
100 34,8 68,9 86,2
Regressão ns L* L*
ns e L – ajuste não significativo e linear, respectivamente.
*
Significativo ao nível de 5% de probabilidade.
85
80
60
40 ** 2
138 DAA - ǔ = 0,0897 x + 58,162 R = 0,63
215 DAA - ǔ = 0,0956**x + 74,522 R2 = 0,74
20
0 25 50 75 100
-1
Doses de P2O5 (kg ha )
Figura 1: Taxa de cobertura do solo pela grama esmeralda em função de doses de P aos 138 e 215 dias após a
adubação fosfatada (DAA).
A intensidade de coloração verde das folhas da grama foi influenciada apenas pelas doses de
P2O5, sendo os resultados apresentados na Tabela 8. Verifica-se que apenas aos 138 dias após a
adubação fosfatada houve ajuste dos valores de ICV as doses de P2O5.
Observa-se na Figura 2 coloração verde da folha um pouco mais intensa nas gramas que não
receberam P (aumento de 2,4 unidades SPAD), talvez pela menor disponibilidade deste nutriente
limitar em parte o crescimento da folha levando a uma maior concentração de clorofila como
observado por Carrow et al. (2003). Segundo Beard (1973) pode ocorrer redução na cor verde da folha
da grama por causa da alta taxa de crescimento, provocando o efeito de diluição da clorofila presente
na folha.
86
34
33
ICV (spad)
32
31
Figura 2: Intensidade de coloração verde da folha de grama esmeralda em função de doses de P aos 138 dias
após a adubação fosfatada (DAA).
Os teores de P na folha somente foram ajustados às doses de P2O5 aos 82 dias após a adubação
fosfatada (Tabela 9 e Figura 3).
Tabela 9: Resultados de teores de P na folha de grama esmeralda em função de doses de P aos 82, 138
e 215 dias após a adubação fosfatada (DAA).
Teor de P na folha
Dose de
Época de Amostragem
P2O5
82 DAA 138 DAA 215 DAA
Kg ha-1 ----------------------------------- g kg-1 ----------------------------
0 2,2 1,6 1,8
25 2,9 2,0 1,9
50 3,0 1,9 1,9
75 2,8 1,7 1,9
100 2,6 1,7 2,1
Regressão Q** ns ns
ns e Q – ajuste não significativo e quadrático, respectivamente.
**
Significativo ao nível de 1% de probabilidade.
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Teor de P na folha (g kg )
4
-1
1
0 25 50 75 100
-1
Doses de P2O5 (kg ha )
Figura 3: Teores de P na folha de grama esmeralda em função de doses de P, aos 82 dias após adubação
fosfatada.
Nota-se que os teores inicialmente eram acima de 2 g kg-1 chegando até 3 g kg-1 (Figura 3).
Apesar dos maiores teores na planta ser obtidos nas doses de 67 kg de P2O5 ha-1, a diferença para os
menores teores é muito pequena e pouco representa em termos de nutrição de plantas. Além disso,
segundo Mill e Jones (1996) teores de 1,9 a 2,2 g kg-1 são considerados adequados e, portanto, mesmo
para a dose zero de P2O5 a planta encontra-se dentro do teor adequado.
CONCLUSÕES
A diferença entre a maior (100 kg ha-1 de P2O5) e a menor dose (25 kg ha-1 de P2O5) foi
pequena quanto à formação do tapete.
O teor de P no solo existente antes da adubação (16 mg dm-3 na camada de 0 a 20) somado
com aquele oriundo da decomposição de raízes foi suficiente para manter um teor adequado de P na
folha não apresentando sinais de deficiência.
Com a dose de 100 kg de P2O5 houve incremento de 13% no fechamento do tapete.
Nas condições experimentais o teor de P no solo de 16 mg dm-3 pode proporcionar a formação
de tapetes de grama esmeralda, porém em maior tempo.
O modo de aplicação não influenciou a taxa de formação do tapete, nem o teor de P na folha,
podendo o fertilizante fosfatado ser aplicado em área total seguido de escarificação superficial, prática
já utilizada pelos produtores.
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