Você está na página 1de 4

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

GRANDE DO SUL
Campus Ibirubá

APLICAÇÃO DE FERTILIZANTES FOSFATADOS NA LINHA DE SEMEADURA


OU A LANÇO

LUCAS COSSUL

Ibirubá - RS
2021
1. INTRODUÇÃO

O fósforo (P) é um macronutriente primário indispensável para o desenvolvimento


vegetal. Todavia, mesmo sendo um assunto antigo, o modo de aplicação de fertilizantes
fosfatados ainda causa muita discussão no meio agronômico. Na sequência, num texto
dissertativo argumentativo, serão abordadas as vantagens das duas formas de aplicação de
fósforo mais comuns a campo, na linha de semeadura ou a lanço, em superfície.

2. DESENVOLVIMENTO

Realizar a adubação fosfatada na linha de semeadura ou a lanço é um grande debate


que ocorre entre Engenheiros Agrônomos e produtores rurais. Cada uma destas formas de
aplicação do fósforo (P) tem suas vantagens e desvantagens. Conforme conceitos já
estabelecidos na Agronomia, o ideal seria esta adubação na linha de semeadura, mas será que
não há exceções para tal regra?
Por convenção, recomenda-se que a adubação fosfatada seja realizada na linha de
semeadura, através de sistemas que depositem o fertilizante numa profundidade abaixo das
sementes. E isto tem uma explicação técnica: o P é um nutriente pouco móvel no solo, que se
movimenta a curtas distâncias (1 a 2 mm), sendo que o mecanismo de suprimento de P às
raízes que predomina é a difusão, com aproximadamente 90% do total (MALAVOLTA,
1980). Além disso, não deve ser esquecida a elevada capacidade de adsorção do P com alguns
argilominerais (como a caulinita) e com óxidos de ferro e de alumínio, tornando este nutriente
indisponível às plantas. Neste sentido, depositando o P na linha de semeadura, este fica mais
próximo às raízes das culturas e em profundidades maiores, elevando a concentração deste
nutriente no perfil; bem como é reduzido o contato entre o P e os minerais do solo
responsáveis pela sua adsorção.
Por outro lado, a adubação fosfatada a lanço traz um grande benefício operacional às
fazendas. Com a adoção de tal prática, não se faz mais necessário que as semeadoras tenham
caixas de fertilizantes, assim tendo um menor peso e requerindo menos força para tração; ou
tendo um reservatório maior para sementes, aumentando a capacidade de trabalho por
abastecida. De qualquer forma, o tempo de parada nas abastecidas é reduzido, o que aumenta
a área semeada por dia (BARBOSA et al., 2015).
Dito isto, a minha opinião é que, pelas vantagens operacionais da aplicação de P a
lanço, esta prática pode ser realizada em certas situações sem perdas produtivas, mas desde
que alguns critérios sejam alcançados. E estes critérios seriam níveis “Alto” ou “Muito alto”
de P na camada de 10-20 cm do solo (OLIVEIRA JUNIOR e CASTRO, 2013); valores de pH
do solo adequados; inexistência de camadas compactadas; e bons níveis de matéria orgânica,
a qual, dentre outros benefícios, faz o bloqueio de sítios de adsorção de P no solo (REDIVO,
2021). Caso algum destes critérios não seja alcançado, penso que a adubação fosfatada a
lanço possa trazer decréscimos na produtividade. Além disso, creio que a adubação de P a
lanço não seja um caminho sem volta depois de iniciada pelos produtores, sendo que mais
cedo ou mais tarde, estes terão que retornar com o P na linha a fim de suprir este nutriente
para as camadas mais profundas do solo.

3. CONCLUSÃO

Desde que a aplicação de fertilizantes fosfatados a lanço seja feita com critérios, esta
prática pode ser sim difundida no meio agrícola. Entretanto, somente quando os teores de
fósforo do solo estão acima do teor crítico e, portanto, não se observam perdas produtivas
(ANGHINONI 1992; PAVINATO e CERETTA 2004). Assim, salienta-se a importância de
Engenheiros Agrônomos qualificados para orientar os produtores rurais sobre a melhor forma
de aplicação de P para cada situação, sempre destacando que esta nunca pode ser uma decisão
apenas operacional.

4. REFERÊNCIAS

ANGHINONI, I. Uso de fósforo pelo milho afetado pela fração de solo fertilizada com
fosfato solúvel. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 16, p. 349-353, 1992.

BARBOSA, N.C. et al. Distribuição vertical do fósforo no solo em função dos modos de
aplicação. Biosci. J., Uberlândia, v. 31, n. 1, p. 87-95, Jan./Feb. 2015.
MALAVOLTA, E. Elementos da nutrição mineral de plantas. São Paulo: Ceres, 1980.

OLIVEIRA JUNIOR, A.; CASTRO, C. Manejo da adubação fosfatada em solos de


Cerrado: qual é o custo agronômico da operacionalidade da aplicação a lanço?
Resultados do CTC Agricultura, 2013.

PAVINATO, P.S.; CERETTA, C.A. Fósforo e potássio na sucessão trigo/milho: épocas e


formas de aplicação. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 6, p. 1779-1784, 2004.

REDIVO, J. Fósforo a lanço ou no sulco? Live semanal no YouTube, Canal Juliano Redivo.
2021.

Você também pode gostar