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Sistemas Agroflorestais: Conceitos e Aplicações1 Vera Lex Engel2 1.

Introdução Na época do Brasil Colônia instalou-se no país uma


sociedade agrícola de caráter predatóriterritorial e expansão das
fronteiras. Desde então, os ciclos econômicos que construíram a
história, do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do café, da mineração e
da pecuária, foram todos baseados na destruição da cobertura
florestal e na ausência de preocupação com o esgotamento desses
recursos. As densas florestas tropicais eram tidas aos olhos dos
colonizadores e, mais tarde, dos proprietários de terras, como
inesgotáveis. Esse processo fez-se sentir de maneira particularmente
graveo nível de insumos e provisão de energia externa. Tal processo
tem se dado às custas da tecnologia agropecuária importada de regiões
temperadas e países desenvolvidos, muitas vezes inadequada às regiões
tropicais. Os ecossistemas de regiões temperadas e tropicais são
muito diferentes. Um dos aspectos principais é com respeito à
ciclagem de nutrientes. Nas regiões temperadas, os solos de uma
maneira geral são mais férteis e a maior parte dos nutrientes
minerais está armazenada no solo, bem como a matéria orgânica, que se
acumula naturalmente por causa das taxas de decomposição mais baixas.
Entretanto, nas regiões tropicais, a maior parte dos nutrientes não
está disponível de forma imediata e encontra-se armazenada na própria
biomassa. Não há grande acúmulo de matéria orgânica no solo, uma vez
que a decomposição desta é muito rápida, quando comparada com
ecossistemas temperados e boreais. Os solos tropicais, em geral, são
pobres, muito lixiviados e tendem a ser ácidos, dependendo
diretamente da matéria orgânica para a manutenção de sua fertilidade.
Logo, a destruição da cobertura florestal e da matéria orgânica do
solo, por si só, remove a maior parte do estoque de nutrientes dos
ecossistemas, levando a uma diminuição de sua fertilidade e
capacidade produtiva. A degradação do solo e diminuição de sua
capacidade produtiva geram a necessidade de novos desmatamentos, e
têm ocasionado a ocupação desordenada do solo em decorrência do
crescimento demográfico e do aumento da demanda pelo uso da terra,
ligada às pressões econômicas por ganhos imediatos. Como
conseqüência, tem-se o

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