Você está na página 1de 8

V SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2358-1913
SETEMBRO DE 2016

Benefícios de se utilizar IMS em uma rede


NGN
Marcos Antônio de Souza & Rinaldo Duarte Teixeira de Carvalho
Com o objetivo de melhorar a forma que os serviços são
Abstract— The NGN (Next Generation Networks) and IMS (IP oferecidos, os órgãos de padronização internacionais ITU (The
Multimedia Sub-System), it is a global reality and are in ample Telecomminucation Standardization Sector ITU-T), se
growth, search for telecom operators market conquest, have juntaram para definir um novo conceito que tragam benefícios
adopted the NGN and IMS models. The great advantage to adopt
the Multimedia and Multiservice networks is the ability to
e facilidades para as operadoras de telecomunicações e para os
provide differentiated services and higher quality to users. usuários de serviços.
Among the models presented IMS has become the most Os que antes eram tratados como voz, dados e multimídia
promising. em redes distintas, agora se fundem e estruturam uma nova
This article aims to present a brief review of the solutions rede, capaz de convergir os diferentes formatos de mídia,
involving technologies of multimedia networks and protocols, as construída com padrões abertos possibilitando inimagináveis
well as the main services that are and can be offered in networks
multiservice, their main advantages and disadvantages in order to
tipos de serviços, com qualidade de serviço, sendo mais
clarify the operation and applications among them. escalável, menos custosa e com maior facilidade de
Index Terms— NGN, MEGACO, MGCP, MEGANO. administração.
Essa nova rede chamada de Redes da Nova Geração
Resumo— As redes NGN (Next Generation Networks) e IMS (NGN), concretizada como uma plataforma de transporte, tem
(IP Multimedia Sub-System), já é uma realidade mundial e estão como características a substituição das redes de comutação de
em amplo crescimento, operadoras de telecomunicações em busca circuitos por uma rede de comutação de pacotes, multimídia,
da conquista de mercado, já adotaram os modelos NGN e IMS.
A grande vantagem em adotar as redes Multimídia ou
com endereçamento universal, transmissão da informação de
Multiserviço é a facilidade de prover serviços diferenciados e com alta velocidade e etc.
maior qualidade aos usuários. Dentre os modelos apresentado o Com a adoção da NGN por algumas operadoras, como por
IMS se tornou o mais promissores. exemplo, Embratel e GVT nesses últimos anos emergiram da
Este artigo tem por objetivo apresentar uma breve revisão necessidade da integração e interconexão entre redes distintas.
sobre as soluções que envolvem as tecnologias das redes Podendo citar, por exemplo, as redes de telefonia com as redes
multimídia e seus protocolos, assim como os principais serviços
que são e podem ser ofertadas em redes multisserviços, suas IP (Internet Protocol) seja IP-Private ou Internet Pública.
principais vantagens e desvantagens com o objetivo de esclarecer Porém, com o aumento das aplicações móveis, a
o funcionamento e aplicações entre elas. necessidade de uma estrutura que suporte serviços NGN com
Palavras chave — NGN, MEGACO, MGCP, MEGANO. total mobilidade e de forma transparente ao usuário, nos leva a
buscar um degrau a mais, e com a arquitetura de rede IMS (IP
Multimedia Sub-System) encontramos esse degrau.
________________________________________________ Com o propósito de prover a integração completa das redes
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado de serviços, possibilitando as operadoras à oportunidade de
de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações. ofertar diversos serviços a partir do seu sistema. O IMS
Orientador: Prof. Rinaldo Duarte T. Carvalho. Trabalho aprovado em possibilita também aos usuários, acesso a todos os serviços da
09/2016.
rede, independente dos meios de acessos, sendo eles, de
telefonia baseados em comutação por circuito, ou de sistemas
I. INTRODUÇÃO baseados em comutação de pacotes.
De acordo com a Figura 1 e Tabela 1 observa-se dados que
As redes de telecomunicações sempre se aperfeiçoaram para comprovam como os novos tipos de acesso vêm crescendo no
suportar e atender as novas demandas do mercado, com o
decorrer dos anos. Estas novas demandas por serviço
grande crescimento do tráfego de dados nos últimos anos no
necessitam de um aumento da banda utilizada pelos usuários e
Brasil e no mundo, causado pelo cenário das telecomunicações
os recursos na rede devem ser utilizados de maneira eficiente.
atuais, devido à grande explosão do trafego digital, aumento
na solicitação de serviços móveis e por novos serviços de Para tanto, faz se necessário o uso de uma infraestrutura de
mídia. Fez se necessário o aumento no uso de internet por rede capaz de transportar esses pacotes com rapidez, eficácia,
usuários e aumento da demanda de desenvolvimento de novas segurança e principalmente com qualidade de serviço.
tecnologias para um transporte eficaz e eficiente, portanto a
necessidade de utilizar uma infraestrutura que permite atender
esta demanda é pertinente.
A Figura 1 apresenta a taxa de penetração de domicílios A principal preocupação referente à padronização foi o fato
brasileiros com Radio, TV, Telefone, Microcomputador e de garantir todos os elementos de interoperabilidade e a
Micro com Acesso à Internet. capacitação da infraestrutura de rede para suportar aplicações
de forma global sobre a NGN. A própria ITU-T considera o
GII Project (Global Information Infrastructure Project), como
a iniciativa de padronização para as redes da próxima geração.
[4] Esse projeto iniciou-se em 1995, com o objetivo de
preparar normas que basicamente descreve “a provisão de
vários serviços por uma variedade de provedores, sobre uma
variedade de tecnologia de rede de diferentes setores da
indústria” [4].
Com o proposito de iniciar o projeto NGN a ITU-T através
do grupo de estudo SG-13, grupo esse, que iniciou
especificamente o projeto NGN e com base nas propostas do
GII descreveu as seguintes normas na Tabela 2 [4].
Figura 1 – Taxa de penetração [5].
TABELA II
TABELA I RECOMENDAÇÕES PROPOSTAS PELO GRUPO ITU-T SG13
QUANTIDADE DE ELETRÔNICOS (EM PORCENTAGEM)

É possível observar a necessidade da convergência das


redes de forma que possa transportar pacotes de dados, voz e
multimídia, sobre uma mesma infraestrutura. Utilizando uma
rede de multisserviços é possível chegar aos parâmetros de
confiabilidade e igualdade de uma rede legada determinística
(ou síncrona) como o SDH (Synchronous Digital Hierarchy) e
PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy) [3]. Algumas normas propostas foram completadas e aprovadas:
Nesse artigo tem por objetivo apresentar a evolução das Y-NGN-Overview (Y.2001) e Y-GRM- NGN (Y.2011).
redes convergentes onde ocorre o crescimento de uma nova A ITU-T descreve NGN através da recomendação Y.2001
tecnologia denominada como rede de transporte utilizando o 12/2004: “Uma rede baseada em pacotes capaz de prover
protocolo IP utilizado em larga escala ao longo dos anos. serviços de telecomunicações e capaz de fazer uso de
Serão também apresentados os serviços e padrões criados múltiplas tecnologias de transporte com QoS (Quality of
pelos órgãos regulamentadores, que por recomendação devem Service) em banda larga, na qual as funções relacionadas a
ser seguidos pelos fabricantes e operadoras. serviço sejam independentes das tecnologias relacionadas ao
Por fim, serão apresentadas as tecnologias de acesso e transporte”.
transporte das redes convergentes NGN e IMS, bem como suas
vantagens, desvantagens e benefícios.
III. ARQUITETURA PARA PROVIMENTO NGN
II. PADRONIZAÇÃO DA NGN

Uns dos grandes diferenciais da arquitetura NGN é a divisão


A padronização da NGN, pelo ITU-T, surgiu de um projeto
em camadas. A arquitetura decompõe os elementos de rede em
denominado NGN 2004 Project, com inicio em fevereiro de
quatro camadas funcionais:
2004, o propósito principal era de coordenar atividades
• Camada de Acesso;
relacionadas à NGN, estabelecer um padrão de implementação
• Camada Central;
e normas técnica para a realização da NGN [4].
• Camada de Controle; Nas redes NGN, a separação entre serviços e transporte é
• Camada de Serviços. representada por dois blocos distintos, conhecido como estrato
Na Figura 2 é apresentada às camadas da rede convergente de funcionalidade. As funções de transporte residem no
NGN, nesse caso faz-se necessário transcorrer as camadas para Estrato de Transporte e as funções relacionadas a aplicações
o entendimento sobre as funções das mesmas. residem no Estrato Serviço [3]. A Figura 3 ilustra a separação
entre transporte e serviço.

Figura 3 - Separação entre serviços e tranporte na rede NGN [2]

IV. EQUIPAMENTOS QUE COMPÕEM UMA REDE NGN


Figura 2 – Arquitetura de Camadas NGN [7]
• Media Gateways:

• Camada de Acesso (Edge Layer) São responsáveis para fazer a comutação entre as redes
comutadas para as redes de pacotes, realizando assim, a
conversão entre a mídia de voz oriunda das redes comutadas
É responsável por prover interfaces para os dispositivos dos
(telefonia), para redes de dados e vice-versa, ou seja, o media
usuários ou para outras entidades de rede no plano de
gateway é o elemento de transição entre NGN-IP e TDM (Time
adaptação do fluxo de dados do usuário às características da Division Multiplexing).
rede. Também tem a responsabilidade de agregação de tráfego, Além da manipulação de mídias e conversão, o media
controle de QoS, gerenciamento de buffer, armazenamento, gateway é responsável por atividades como compressão,
escalonamento, filtragem de pacotes, classificação de tráfego, cancelamento de eco, envio de detenção de tons. Cabe
marcação, policiamento e formatação. ressaltar, que por se tratar de um elemento gateway de
manipulação de mídia, o mesmo não possui nenhuma
• Camada Central (Core Layer) inteligência agregada, nesse caso é necessário outro
equipamento de hierarquia superior. A falta de inteligência é
Tem a função de comutação, estabelecendo rotas para os proposital, uma vez que facilita a gerência e a evolução da
equipamentos de acesso e de núcleo para o encaminhamento rede. Se por ventura esses elementos possuíssem inteligência
do tráfego de dados. própria para decidir o que fazer na rede, necessitariam de
constantes atualizações para cada novo serviço que surgisse,
• Camada de Controle (Control Layer) tornando assim o processo inviável, principalmente porque
essas novas atualizações seriam no nível de software [1].
É responsável por suportar multimídia e outros serviços e O Media Gateway tem algumas características principais:
funções de controle, as funções de controle envolvidas no
processo de chamada são divididas em duas funções: − Interface direta entre as redes PSTN e IP/ATM.
− Protocolo de controle para uma inteligência de serviços
centralizada e separação dos serviços do transporte.
− Controle de Serviço – “Autenticação de usuários,
− Integração densa para uma baixa ocupação de espaço e
identificação de usuários, controle de admissão de
consumo.
serviços e as funções do servidor de aplicativos”.
− Conversão em tempo real sobre TDM (Multiplexação
por Divisão de Tempo) para voz sobre IP.
− Controle operadoras do sistema – “Controle da
rede, controle da admissão de recurso, politica de • Softswitch
rede fornecendo assim, conectividade dinâmica ao
sistema”.
É o elemento central das redes NGN, conhecido também
como Call Feature ou Server ou Media Gateway Controller, o
referido equipamento é responsável por controlar os demais
elementos da rede. Além de controlar os elementos da rede o
Softswitch também é responsável pelo controle de chamada,
bem como implementa as facilidades e serviços suplementares
ofertados.
Para realizar o controle de chamada, envolvendo elementos
distintos da rede, em uma manipulação de sinalização, seja de
rede comutada (SS7–ISUP), ou seja, em redes de pacotes
como H.323, SIP (Session Initiation Protocol), MGCP (Media
Gateway Control Protocol), ou MEGACO.
Para implementar as centenas de serviços suplementares, o Figura 4 – Protocolo de comunicação para NGN [9]
Softswitch deve ser capaz de entender a lógica de cada serviço
e traduzi-la em comandos adequados a cada elemento da rede Protocolo SIP – É um padrão IETF (Internet Engineering
[6]. Task Force), com código aberto, e de controle para criação,
Devido a sua importância o Softtswitch é considerado o modificação, finalização de sessões multimídia e chamadas
cérebro da rede NGN, é ele quem tem toda a inteligência e telefônicas, com um ou mais participantes. Os participantes
controla todos os elementos da rede, como por exemplo, os são convidados para sessões do tipo unicast e multicast. [7,8].
gateways. O mesmo tem autonomia de controlar vários medias Na Figura 5 pode-se observar um exemplo de estabelecimento
gateways de uma rede TCP/IP. Pelo fato do Softswitch fazer a de uma sessão SIP.
divisão entre a sinalização, controle e manipulação da mídia
pelos gateways permite assim, uma maior flexibilidade para a
evolução das redes. Dentre as principais características do
Softswitch pode-se destacar [1]:

− Separação do controle de chamadas e serviços do


transporte de dados.
− Inteligência de serviço em aplicações de serviços de
voz.
− Inteligência centralizada para rápida introdução de
novos serviços convergentes.
− Interface aberta para dispositivos e aplicativos
comerciais ou de outros fabricantes.
− Confiabilidade e Segurança na tarifação e medição de
desempenho e controle dos recursos.
− Inteligência para tratar os protocolos de sinalização,
como SS7-ISUP, H.323-SIP, dentre outros.

Figura 5 – Estabelecimento de uma sessão SIP [15]


V. PROTOCOLOS UTILIZADOS EM REDES DA NOVA GERAÇÃO
MEGACO – É um protocolo de controle aberto, usado pelo
Os principais protocolos utilizados em redes NGN são SIP, media gateways. O fato de ser um protocolo aberto ele pode
H.323,Megaco/H.248, MGCP, RTP – (Real Time Transport ser revisado e melhorado. Uma das grandes virtudes do
Protocol) e RTPC – (Real Time Transport Control Protocol), protocolo é o fato de ser interoperável com vários fabricantes,
pode-se observar alguns protocolos na Figura 4. facilitando assim, a implementação do mesmo em uma rede
NGN ou IMS. O referido protocolo foi desenvolvido em
conjunto pelo grupo MEGACO do IETF e pelo Grupo de
Estudo 16 do ITU-T, o fato do protocolo ser desenvolvido
pelos grupos citados acima, o mesmo é comumente conhecido
no mercado como MEGACO ou H.248.2. [8][9]

MGCP – É um protocolo com características parecidas com


o MEGACO, tem como sua principal característica controlar e
auditar as conexões de chamadas VoIP (Voice over Internet
Protocol), desenvolvido pelo IETF através da recomendação
RFC 2705 [9].
(Synchronous Digital Hierarchy), xDSL (Digital Subscriber
H.323 – Sistema de Comunicação Multimídia baseado em Lines), xPON (Passive Optical Networks) e WDM
Pacotes Redes, o padrão H.323 é um conjunto de protocolos (Wavelength Division Multiplexing).
que estabelece padrões para codificar e decodificar fluxos de
dados, áudio e vídeo. SDH – É utilizada para multiplexação TDM, com elevada
Um dos grandes benefícios do protocolo H323, além de suas taxa de bits (155 Mbps, 622 Mbps, 2,5 Gbps, 10 Gbps e 40
aplicações em redes NGN ou IMS, é o fato de ter Gbps). Devido a sua flexibilidade para transportar diferentes
interoperabilidade com outros fabricantes [9]. tipos de hierarquia digital, além do próprio SDH, que faz dessa
tecnologia ainda ser fortemente utilizada está no mercado.
RTP – Protocolo usado em aplicação de redes em tempo real
como, por exemplo, Voz sobre IP. O RTP provê o transporte PDH – É uma tecnologia síncrona de entrega confiável,
fim-afim das informações multimídia, fazendo assim, uma apresentando taxa de transmissão de 2Mbps, 8Mbps, 32Mbps
interface entre as camadas de aplicação e de transporte na e 140Mbps
figura 6 podemos observar o cabeçalho RTP [9].
xDSL – Termo genericamente usado para redes DSL,
tecnologia ainda muito utilizada no mercado de
telecomunicações, pois prove serviço através de cabo par
trançado e de baixo custo operacional. Como padrões de DSL,
temos, por exemplo, o ADSL2+ e o HDSL. [12]

xPON – Termo genericamente usado para redes PON,


Redes Ópticas Passivas onde um concentrador e suas unidades
Figura 6 – Cabeçalho RTP [16] remotas são conectados. Solução que se aplica basicamente em
uma topologia ponto-multiponto.
Como padrões de sistema PON, temos, por exemplo, o
RTCP – Tem como principal função, transmitir pacotes de EPON e GPON. As redes PON vêm evoluindo, seguindo para
controle sobre as informações de propriedade da rede um futuro promissor em WDMPON.
(controle de fluxo e congestionamento) para os demais
participantes da rede, por exemplo, em uma conferência WDM – Com o método que combina vários comprimentos de
multimídia é fundamento o envio de informações sobre o fluxo onda para transmitir dados na ordem de 100 Gbps em fibra
da rede, pacotes enviados, pacotes perdidos e jitter. Na Figura óptica, o uso de redes WDM vem crescendo amplamente no
7 pode-se observar o cabeçalho do referido protocolo [9]: mercado de provedores, pois devido à flexibilidade de
transportar diferentes tipos de hierarquias esse tipo de rede
vem agradando os provedores de grande e médio porte.
Lembrando, que redes WDM é largamente usado em
operadoras.

VII. IP MULTIMEDIA SUBSYSTEM - IMS

Em 1999 foi definida a primeira versão do IMS pelo grupo


3GPP, o objetivo principal no inicio do projeto era prover um
sistema de comunicação móvel via IP. O 3GPP2 (3rd
Generation Partnership Project) adicionou ao IMS o suporte a
tecnologia CDMA, já o 3GPP foi o responsável pela adição da
interconexão com a WAN. Logo em seguida fez-se um grande
esforço para conectar as redes fixas e NGN ao IMS,
transformando assim, uma rede puramente IP.
Na Figura 8 é apresentada uma linha do tempo, onde
descreve todos os passos para o desenvolvimento do IMS.

Figura 7 – Cabeçalho RTPC [16]

VI. TECNOLOGIAS ACESSO DE ACESSO A NGN


As redes NGN suportam diferentes tipos de tecnologias,
dentre elas estão PDH (Time Division Multiplexing), SDH
Figura 8 – Linha do tempo referente ao desenvolvimento do IMS [1]

A arquitetura de referencia IMS, assim como a NGN visa


entregar serviços de voz, vídeo e dados através de uma única Figura 9 – Topologia de redes conectadas ao IMS [1]
rede IP. Os princípios de funcionamento do IMS agregam
práticas e conceitos que já são bem sucedidas em outras redes, O IMS suporta todas as tecnologias que já são contempladas
por esse motivo o IMS é considerado uma rede de referência pela rede NGN, por exemplo, serviços como triple play, que
Com suas camadas de serviço, controle de serviço e combina voz, vídeo e dados em uma mesmo ponto de acesso.
transporte, a arquitetura IMS traz inteligência à rede IP e Além de suportar os serviços mencionados acima, o IMS tem a
capacidade de introdução de novos serviços. capacidade de suportar redes sem fio (Wireless), que faz dela
O IMS veio para melhorar a qualidade de serviços, pois um uma solução mais completa que a NGN assim o sistema é
dos principais problemas nas redes comutadas por pacotes é conhecido pelo suporte à Quad-play. Isso quer dizer que o
garantir o fornecimento de serviços como multimídia em IMS visa oferecer serviços com mais conteúdo, como
tempo real e com qualidade. Tento em vista, que as operadoras entretenimento.
possuem diversas tecnologias na planta, é sensato dizer que a
implementação do IMS é feita gradativamente. VIII. ARQUITETURA PARA PROVIMENTO DO IMS
Devido à padronização de interfaces de serviços pelo IMS,
serviços de terceiros podem ser implementados ou inseridos Assim como a NGN, a arquitetura do IMS é dividida em
sem maiores problemas, pelo simples fato da plataforma ter camadas, cada camada é constituída por uma ou mais
compatibilidade com serviços já existentes no mercado e com interfaces padronizadas, servidores SIP, servidores de mídia e
novos serviços que estarão por vim, esse comportamento faz gateways. Como todo modelo em camadas, serviços de
do IMS uma plataforma que suportara as novas tecnologias diferentes camadas são independentes entre si. Uma das
voltadas para redes de pacotes, como por exemplo, a “internet maiores vantagens da arquitetura proposta pelo 3GPP, é que
das coisas” [1][10]. ela estende a rede IP desde o equipamento do usuário até o
serviço disponível pela operadora. Com isso, serviços operam
Algumas características intrínsecas à IMS: tanto com redes já existentes como com novas tecnologias.
Na Figura 10 pode-se observar as camadas referentes à
• Modelo de arquitetura funcional padronizado e infraestrutura do IMS.
aberto com suporte às redes legadas.
• Qualidade de serviço fim-a-fim.
• Plataformas de serviço com provisionamento e
controle para múltiplas redes.
• Segurança adequando protocolos e API’s
(Application Programming Interfaces).
• Mobilidade generalizada, garantindo a
interconectividade e o roaming ao usuário.

Na Figura 9 são apresentadas algumas das tecnologias que


convergem na rede IMS como, PSDN, WiFi, WiMAX, CDMA,
redes IP, além da própria NGN.

Figura 10 - Tecnologias para arquitetura IMS [11]


Camada de Transporte: Camada responsável pela BGCF (Breakout Gateway Control Function) – Responsável
convergência de todas as redes (TDM, Wireless, GSM, 3G, por selecionar a rede na qual o acesso à rede pública comutada
4G), traduz os canais de media e sinalização das redes deve ocorrer.
tradicionais em streams de comutação de pacotes. Transforma
toda a sinalização e media proveniente das redes analógicas, MGCF (Media Gateway Control Function) – Responsável
digitais e banda-larga em protocolos SIP e RTP. por provê a função de interfuncionamento da sinalização entre
Camada de Controle: Responsável pela comunicação entre os elementos da rede IMS e as redes legadas. Também controla
os dispositivos e os serviços. Ela realiza a autenticação e um conjunto de MGWs através da sinalização H.248.
controla o trafego entre as camadas de rede e de serviços, pode
também intermediar a comunicação entre serviços. Como nesta MRFC (Multimedia Resource Function Controller) –
camada tudo é baseado em IP, a mesma é capaz de combinar Responsável por controlar os recursos de mídia do elemento,
dados, voz e vídeo em uma única sessão. por exemplo, recursos necessários para prover tons, anúncios e
Camada de Serviços: É a camada considerada mais conferência.
importante, pois é na referida camada que se concentra os
serviços que possivelmente serão disponibilizados aos usuários
finais. Embora a camada de serviços trate de diversos tipos de X. BENEFÍCIOS DO IMS A CONVERGENCIA
serviços, a mesma não se preocupa em como os serviços serão
entregues aos usuários, pois esse detalhamento da rede é Nascido para transportar os serviços 3G e 4G das redes
tratado pelas interfaces de controle e rede [11]. móveis, o IMS conquistou a atenção dos especialistas em
telecomunicações, devido à solução ser totalmente IP, a
IX. PROTOCOLOS E ELEMENTOS DO IMS estrutura IMS permitirá reduzir o custo na entrega de novos
serviços ao compartilhar a rede de acesso, que é a camada
Protocolo DIAMETER - Protocolo baseado no RADIUS mais cara. Terá alta disponibilidade, diferenciação de classes
(Remote Authentication Dial In User Service), tem o objetivo de serviços, qualidade de serviço própria para cada tipo de
de consertar as deficiências apresentadas no mesmo. Ele tráfego: voz, dados, vídeo, Internet, etc.
propõe algumas mudanças no RADIUS, e tenta absorver suas A solução está em evidência no mercado de
melhores funcionalidades para atender as recentes demandas telecomunicações, justamente por ser uma infraestrutura IP.
por protocolos AAA (Authentication, Authorization and Assim, pode se dizer que o IMS é capaz de abrir novas
Accounting) mais eficientes [13]. Entre os benefícios do formas de estruturar os negócios das operadoras,
protocolo Diameter pode-se destacar os seguintes: revolucionando os tipos de serviços a serem explorados pelas
mesmas.
• Sistema mais eficiente de controle de transmissões, que Sabe-se, que existem duas maneiras de se implementar uma
permitem que os clientes Diameter distribuam o rede IMS, sendo elas:
tráfego de dados entre diferentes servidores [13].
• Utiliza protocolos de transporte mais confiáveis, como 1. Aproveitar a rede NGN já instalada e utilizar o IMS
o TCP ou o SCTP (Stream Control Transport no núcleo da rede.
Protocol) [13]. 2. Realizar as instalações completa sendo a rede
totalmente IP com o IMS.
Protocolo XCAP (Configuração Access Protocol XML) -
Protocolo de acesso de configuração XML, permite que um Na Figura 11 pode-se observar os benefícios que o IMS traz
cliente possa ler, escrever e modificar os dados de as redes convergentes.
configuração do aplicativo armazenados em XML formato em
um servidor. Baseado nas RFCs 4825, 4826, 4827 e 5025 do
IETF [14]:

Nota: Os demais protocolos MEGACO e RTP já foram


descritos no item V – “Protocolos Utilizados em Redes da
Nova Geração”.

CSCF (Call Session Control Function) – É responsável para


gerenciar as sessões SIP e coordena o controle das chamadas e
sessões.

Proxy CSCF - O proxy é o primeiro contato para rede móvel


SIP obter acesso à rede IMS, tem como reponsabilidade prover
o roteamento SIP, políticas de controles, qualidade das Figura 11 – Sistema NGN e IMS [1]
chamadas/sessão.
XI. CONCLUSÕES [2] Principios generales y modelo de referencia general de las redes de
próxima generación. Disponível em UIT-T Rec. Y.2011 (10/2004).
[3] NGN III: Princípios e Modelo de Referência – Recomendação
A convergência de rede é uma realidade inevitável para o Y2011[Online]. Disponível em
mercado de telecomunicações. Para melhorar a entrega de http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialngnIII/default.asp
[4] Carneiro Heinisch, Astrid Maria. Histórico da Padronização da NGN
serviços aos clientes, as operadoras do Brasil e do mundo vem pelo ITU-T [Online]. Disponível em
adotando as redes multiserviços em sua infraestrutura. O http://www.teleco.com.br/pdfs/tutorialngnI.pdf
processo de convergência iniciou-se com serviços de voz [5] Seção: Estatísticas Brasil [Online]. Disponível em
transportados em redes de pacotes, através das redes ISDN, http://www.teleco.com.br/pnad.asp
[6] Artigas Oliveira, Fernando Carvalheiro. Desafios e Serviços para
diante desse fato, outros serviços foram introduzidos de forma Convergência [Online]. Disponível em
gradativa. http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialngnconverg/
Com o objetivo de entregar serviços de voz, dados e mídia, [7] Funicelli Barreiro, Vinicius Redes Legadas e Redes Convergentes
foi criado pelo ITU-T o grupo GII Project (Global [Online]. Disponível em
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialngnims1/
Information Infrastructure Project), para iniciar o projeto das [8] Megano: Conheça o Protocolo de Sinalização de Midia Gateways VoIP
redes NGN, conhecida como uma rede de transporte. A rede [Online]. Disponível em
NGN realiza suas operações, através de equipamentos como http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialmegaco/
[9] Filho, Huber Bernal. Telefonia IP. [Online] Disponível
Gateways, elementos essenciais responsáveis pela http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialtelip/default.asp
interconexão entre a rede comutada para a rede de pacotes e [10] Tecnologia IMS [Online] Disponível
pelo Softwswitch ou Media Gateway Controller, equipamento http://tecnologiaims.blogspot.com.br/2009/02/camadas-ims.html
[11] Teleco Inteligência em Telecomunicações. Evolução das Redes de
considerado como cérebro das redes convergentes,
Telecomunicações: Arquitetura IMS [Online]. Disponível em
responsável pela inteligência dos gateways; o mesmo possui http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialims
inteligência de controle para toda a rede NGN. Embora a rede [12] Teleco Inteligência em Telecomunicações. ADSL (Sppedy, Velox,
NGN provou ser capaz de solucionar inúmeros problemas Turbo).[Online]Disponível em
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialdsl/pagina_4.asp
presentes na estrutura de redes convencionais, ela deixa a [13] Radius [Online] Disponível em
desejar quando se pensa em transporte de serviços das redes http://www.gta.ufrj.br/grad/08_1/radius/Introduo.html
móveis. [14] Protocolo XML de configuração de acesso: [Online] Disponível em
https://en.wikipedia.org/wiki/XML_Configuration_Access_Protocol
No mesmo período surgiu o desenvolvimento da solução [15] VoIP:Segurança da Informação em Telefonia Baseada em SIP:[Online]
IMS com foco no transporte das redes móveis Disponível em
Pensando no transporte de serviços das redes móveis, surgiu http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialvoipsip/default.asp
[16] RTP: A Transport Protocol for Real-Time Applications: [Online]
à solução IMS que é um dos caminhos evolutivos das redes de Disponível em https://www.ietf.org/rfc/rfc1889.txt
nova geração (NGN). O IMS é o caminho que permite a
convergência das redes fixa e móvel, ou seja, a integração de Marcos Antônio de Souza nasceu em Mococa, SP, em 24 de fevereiro de
serviços fixos e móveis em uma mesma plataforma. 1979. Possui os títulos: Técnico Eletrotécnico (Instituto Paula Souza),
Engenheiro Eletricista com Ênfase em Telecomunicações (PUC, 2012). Em
O IMS torna as operadoras fixas e móveis equivalentes, ou 2011, foi contratado como Técnico eletrônico e em 2012, passou a exercer a
seja, a possibilidade de oferecer diversos tipos de serviços função de engenheiro na empresa AsGa S/A, para iniciar as tratativas técnicas
passa a ser uma realidade na plataforma IMS, pois permite no departamento de suporte técnico que atua no atendimento do cliente final
solucionando dúvidas e análise de rede. Tem conhecimento avançado nas
uma completa convergência entre ambas as redes. seguintes tecnologias: PDH, SDH, DWDM, PTN, Metro ETH, MPLS-TP, IP-
MPLS, GPON e GEPON pela empresa AsGa S/A. Em 2013 até os dias atuais
As vantagens de se operar uma rede da nova geração são
assumiu juntamente com a equipe o suporte a clientes que são algumas das
evidentes ao comparar custos, disponibilidade, escalabilidade, principais operadoras do Brasil, tais como: Embratel, NET, Oi, Algar, Global
custos totais dos recursos da rede e as vastas opções de Cross, TIM, Eletropaulo Telecom, Cemig Telecom, Claro e CPFL.
serviços ofertados aos assinantes. A implantação beneficia as
empresas de telecomunicações, assim como as grandes Rinaldo Duarte Teixeira de Carvalho Pós-graduado em Engenharia
Biomédica pelo Instituto Nacional de Telecomunicações - INATEL (2008) e
instituições, empresas de desenvolvimentos e a população. graduado em Engenharia Elétrica (com ênfase em Telecomunicações) pelo
Esse artigo não tem o objetivo de afirmar qual solução IMS mesmo instituto (1993). Atualmente é aluno do curso de mestrado do
INATEL, onde realiza pesquisas em sistemas de telecomunicações com foco
ou NGN é melhor implementar, pois para implementação das em comunicações sem fio e redes de dados. Possui mais de 20 anos de
mesmas cabe uma análise detalhada para decidir qual solução experiência na área de Telecomunicações tendo ministrado vários cursos
atende à necessidade do projeto. Lembrando que é comum sobre sistemas de telefonia fixa comutado, sistemas celulares, gerenciamento
iniciar o projeto com infraestrutura NGN e posteriormente de redes de telecomunicações, sistemas de sinalização (R2 Digital e SS#7) e
Evolução das Redes de Telecomunicações para varias operadoras de
evoluir a rede utilizando o IMS com core da rede NGN. telecomunicações para tanto no Brasil como no exterior especificamente no
continente africano e também as concessionárias de energia elétrica e grandes
empresas usuárias de telecomunicações. Atualmente é Gerente de Educação
REFERÊNCIAS Continuada no Inatel Competence Center e atua como professor da instituição
nos cursos de graduação e pós-graduação em engenharia, principalmente na
[1] GENOVES DE MESQUITA BRAGA, Leticia Azevedo. Estudo de área de sistemas de telecomunicações e engenharia biomédica.
convergência de Next Generation Network e Ip Multimedia Subsystem
[Online].Disponível em
http://www.eesc.usp.br/portaleesc/media/avaliacao/Braga_Leticia_Azev
edo_Genovez_Mesquita.pdf

Você também pode gostar