APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL

INTRODUÇÃO
ÁREA DE INTERVENÇÃO LOCALIZAÇÃO
Há muito se discute o aumento de pena para determina-
A área escolhida, para o desenvolvimen-
dos crimes, a maioridade penal, punições mais severas para
to da APAC foi em Palhoça/SC. Lozalizado
menores infratores, a construção de presídios de segurança
próximo a penitenciária agrícola da região
máxima, dentre outras medidas que não apresenta na inte-
A escolha se deu devido a penitenciária
gralidade a eficácia almejada.
ali existente já possuir um sistema seme-
lhante a recuperação dos detentos
Por isso, fortalece-se, a cada dia, a corrente vinculada à
com a APAC.
defesa dos direitos humanos, que coloca a necessidade de
novas práticas de ressocialização do preso e a humanização GRANDE
BRASIL SANTA CATARINA FLORIANÓPOLIS PALHOÇA O terreno possui aproximadamente
das cadeias.
uma área de 48.000m².
Com índice de reincidência abaixo dos 15% e o custo de
Área de estudo
1/3 por pessoa em uma prisão comum, chamam a atenção FONTE: Google Earth
para esse sistema de recuperação dos condenados. Esse sis- [acesso em setembro 2021].
Disponível em: https://earth.google.com/web/
tema não visa substituir as penitenciárias já existentes, mas
sim aliviar a alta demanda de dententos e ajudar a reintegrar
essas pessoas a sociedade dando a elas uma oportunidade
FATOS HISTÓRICOS
de recuperar suas vidas.

1972 A fundação 1984 Fundação da 1998 Programa Cidadania

O município de Palhoça/SC conta com uma penitenciária 2015
foi reconhecida Fraternidade Brasileira no Cárcere no estado de
agrícola, um sistema que se assemelha a APAC que visa dar como utilidade de Assistência aos Condenados São Paulo, firmando
uma assisteência aos condenados, os qualificando para re- pública municipal (FBAC) convênios com ONGs
tornar a sociedade, evitando a reincidência dos mesmos.

Fundação A APAC assumiu Fundação da I Seminário Internacional

da APAC administração total APAC de Birigui/SP com o tema: Promoção dos
CONTEXTO de (sem policiais) Direitos Humanos dos
São José dos 1981 1995 2000 Condenados
Campos/SP
Um dos principais problemas que caracterizam o sistema
prisional brasileiro é a superlotação, os dados são incontes- DIAGNÓSTICO DA ÁREA FOTOS DO LOCAL
tavéis, o número de indivíduos em privação de liberdade, su-
pera em largaa medida o número de vagas disponivéis, na
quase totalidade dos estabelecimentos penais existentes. ANÁLISE FLUXO VEÍCULOS/USOS
LEGENDA DE USOS
Tal problemática, não é a atual, há décadas organizações Terreno escolhido
em defesa dos Direitos Humanos e instituições públicas que Penitenciária Agrícola
integram o sistema de justiça criminal têm apontado e des- Áreas verdes
crito as condições degradantes que marcam a realidade car-
ceária, onde a superpopulação reina absoluta como a princi- LEGENDA FLUXO VEÍCULOS
pal causa de todas as mazelas do sistema prisional, que per- Fluxo baixo
passa da violência à violação de direitos, interligando dife- Fluxo intermediário Foto do acesso ao terreno
renttes formas de degradação (condições de saúde, higiene,
dignidade humana, segurança, etc...) e servindo como ferra-
menta eficaz ao domínio das facções criminosas, que na
ausência do estado passam a exercer um poder decisório.
0 20 100
Diante da superlotação prisional, o estado se depara com
a própria impotência, passando a enfrentar situações de con-
sequência ainda mais gravosas como o aumento do uso de ANÁLISE PONTOS FOCAIS/FLUXO PEDESTRES
tóxicos, a inviabilidade de acesso de todos os detentos ao 20 LEGENDA FLUXO PEDESTRES
trabalho e a educação, a precariedade das estruturas prediti- 5 4
Foto da estrada que da acesso ao terreno
Fluxo baixo
vas dos estabelecimentos penais, a proliferação de epidemi- Fluxo intermediário
as como a tuberculose e a AIDS, violência física e sexual, que
afetam tanto a vida do preso como de seus familiares. 3
LEGENDA PONTOS FOCAIS
A retórica que sustenta a falência do sistema prisional 6 1 Residencial Azaléias
encontra na realidade de abandono dos carceres brasileiros, 2 Penitenciaria Agrícola
infindáveis argumentos que a corroboram, seja na contata- 2
3 Parque Madri
ção de que tais espaços tornaram-se verdadeiras ‘’escolas do
crime’’, seja na confirmação factual de que nossas unidades 4 Centro de saúde Madri
prisionais são verdadeiros depósitos humanos, que somados 5 Igreja Apostólica
Foto da estrada que da acesso ao terreno

a debilidade das politicas públicas específicas, a cada dia mi- 1

0 20
nimizam qualquer possibilidade de recuperação.
OBJETIVO GERAL
Conceber uma edificação penal capaz de contribuir para
sua função punitiva e ao mesmo tempo promover as garan-
tias legais necessárias à ressocialização do indivíduo preso.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Entender a dinâmica do espaço prisional para redimensi-
onar o cárcere como um espaço de recuperação do ser huma-
no recluso.
Perspectiva da vista norte do entorno e da área de intervenção
Fonte: Google Earth
Oferecer espaços para recreação, esporte, cultura e profis-
sionalizantes.
Projetar uma edificação prisional fundada nos princípios
da APAC que promova garantias e segurança entre presos e
agentes penitenciários, redimmensionando os espaços de con-
vivência transitória e de cumprimento penal.
100 6 Moradas Palhoça III
BREVE ANÁLISE
A área e o entorno do projeto apresentam uso predominante-
mente rural.
O fluxo de pedestres na área de intervenção é baixo, o que nos
ajuda a manter um controle maior de fluxo de pessoas entrando
na APAC.
O fluxo de veículos é moderado a baixo, já que o local se encon-
tra em uma área rural.
Encontramos alguns loteamentos nas áreas periféricas do terreno,
com poucos comércios, a área é mais residencial. Conta também com
a penitenciaria agrícola ao lado.
Área com grande vegetação, ajudando também a ter uma maior
privacidade e segurança para os recuperandos.
CENÁRIO ATUAL NO BRASIL
O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo,
atrás de Estados Unidos (2.145.100 presos) e China (1.649.804 presos)
Em 2014, o Brasil era o quarto colocado (579.423 presos), atrás de
Estados Unidos, China e Rússia. (INFOPEN, 2014). Dos quatro países,
o Brasil é o único cuja população carcerária aumentou. Entre 2011 e
2016, apresentou crescimento de 40%, e se continuar nesse ritmo,
chegará a primeira colocação.

METODOLOGIA

A metodologia a ser desenvolvida nesse trabalho iniciou

através da leitura de dissertações acerca do assunto do siste-
ma penitenciário brasileiro. Com isso, obteve-se conhecimen-
to sobre a existência do metódo APAC. Escolheu-se desenvol-
ver o tema através de pesquisas bibliográficas e análises de
edifícios existentes.
Área de estudo. Pessoas privadas de liberdade por natureza de prisão e tipo de regime. Faixa etária de pessoas privadas de liberdade e nível
Fonte: Google Earth de escolaridade no Brasil. Junho de 2016.
Fonte: Infopen, Junho/2016

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I ARQUITETURA E URBANISMO 2021-B

APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL ALUNO: MANUELA LUCRÉCIO PERES
ORIENTADOR: SÍLVIO HICKEL DO PRADO 1/4
 APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
APAC
A APAC - Associação de Proteção aos Condenados surgiu
na cidade de São José dos Campos (SP) em 1972, sendo idea-
lizada pelo advogado e jornalista Mário Ottoboni, que pres-
tava serviços voluntários aos presos da cadeia de São José
dos Campos. A APAC representa uma alternativa para o sis-
tema prisional, dedicando-se à recuperação e reintegração
social dos condenados a penas privativas de liberdade atra-
vés de um método de valorização humana. Com o passar dos
anos, o modelo foi se estruturando e ganhando notoriedade.
Em 1974, foi constituída a APAC como conhecida hoje, uma
entidade civil com personalidade jurídica própria.
A entidade se diferencia do sistema tradicional pois sua
administração conta com a efetiva participação da comuni-
dade e dos próprios presos - chamados de recuperandos. A
disciplina e a segurança são feitas com a colaboração dos
mesmos, que portam todas as chaves do estabelecimento,
sem a presença de policiais e agentes penitenciários. Os pre-
sos são cuidadosamente selecionados, primeiramente, o
preso precisa demonstrar interesse em ser encaminhado a
APAC, sendo aceitos apenas os presos já condenados e geral-
mente os detentos com menor periculosidade (maioria da po-
pulação carcerária brasileira). Além disso, é prestada assis-
tência espiritual, médica, psicológica e jurídica, através de
voluntários da própria comunidade onde está inserida. To-
das as unidades são filiadas à Fraternidade Brasileira de
Assistência aos Condenados - FBAC, com sede em Itaúna
(MG), uma Associação Civil de Direito Privado sem fins lu-
crativos, cujo objetivo é orientar e fiscalizar a correta apli-
cação da metodologia e aplicar cursos e treinamentos para
os recuperandos, voluntários, funcionários e autoridades.
BREVES ANÁLISES DE REFERENCIAIS - ESTUDOS DE CASO
APAC Santa Luzia
Local: Belo Horizonte - MG
Ano de 2011
A APAC, na região metropolitana de Belo Horizonte,
foi o primeiro Centro de Reintegração Social construído
especialmente para esse fim. Finalizada em 2011 e projetada
pelo escritório mineiro MAB Arquitetura e Urbanismo, reproduz
a crença da instituição na possibilidade de recuperar presos ao
humanizar o cumprimento da pena, sem abrir mão de controle
e segurança. A unidade dispõe dos três regimes (fechado,
semiaberto e aberto) e tem capacidade para 200 internos, sendo
120 vagas no regime fechado e 80 vagas no regime semiaberto.
O programa está organizado em três setores, regime fechado,
regime semiaberto e por último, o setor de administração, que
conta também com uma hospedaria para 12 visitantes, totali-
zando 6700m² em um terreno de 42000m².
Ao contrário das penitenciárias, a edificação foi inserida no
contexto urbano. ‘’Embora em loteamento novo, ainda com baixa
densidade, o terreno está a apenas três quilômetros da cidade’’
conta Flávio Agostini, sócio do escritório. Para o complexo ser
incluso na dinâmica de crescimento local, os arquitetos criaram
uma generosa praça na área frontal, aberta aos visitantes e mora-
dores locais, que contribui para retirar a instituição penal da
invisibilidade na paisagem. Nesta situa-se um galpão de apoio às
famílias dos detentos e três lojas com peças de artesanato, mudas,
frutas e verduras produzidas pelos presos.
Halden Prison
Local: Noruega
Ano de 2010
A penitenciária de segurança máxima de Halden, na Noruega, é considerada a prisão
mais humana do mundo. Inaugurado em 2010, o projeto é fruto de um concurso lançado
pelo departamento de Justiça da Noruega e vencido pelo escritório HLM Arquitetura, em
parceria com Erik Meller Arquitetos. O sistema penal norueguês é protagonista, assim
como o brasileiro. Entretanto, na Noruega, todos os detentos devem trabalhar, estudar ou
participar de alguma atividade. De modo geral, os estabelecimentos penais noruegueses
são de qualidade e contribuem para a reinserção social do condenado, cuja taxa de reinci-
dência é de apenas 20%, enquanto a do Brasil é de 80%.
A penitenciária de 24600m² está localizada em um terreno de 27600m², a aproxima-
damente 6km do centro do município de Halden, em uma região montanhosa e bastante
arborizada. Para a implantação, o complexo adotou o conceito de campus, onde os pa-
vilhões encontram-se espalhados pelo terreno, possuindo características e formas diferen-
tes de acordo com seu uso, sendo que todos os pavilhões são conectados por um túnel
e possuem no máximo dois pavimentos acima do nível natural do terreno. Foi desenhada
para abrigar até 250 detentos em celas individuais, que contam com televisão, frigobar,
escrivaninha, banheiro privativo e janela com vista para um bosque interno do complexo.
A cada dez celas, há uma cozinha e uma sala de estar. Os detentos passam a maior parte
do tempo trabalhando e estudando. Para os momentos de lazer, há sala de jogos, acade-
mia, pista de cooper, estúdio de música, aulas de culinária e música, capela e biblioteca.
Os agentes penitenciários circulam pelos corredores do complexo sem armas de fogo, além
de metade do número de agentes ser formado por mulheres. Acredita-se que isso reduza
a tensão com os detentos.

APAC Santa Luzia - MG

Fonte: M3 Arquitetura

CONCEPÇÃO PARTIDO EVOLUÇÃO DA PROPOSTA

Logo APAC
Fonte: FBAC.
Hoje, existem 120 APACs pelo Brasil, algumas em proces-
so de implementação e outras já consolidadas. Além disso,
28 países, entre eles Alemanha, Argentina, Bolívia, Cingapu-
ra, Estados Unidos, Inglaterra e Noruega, estão aderindo ao
método APAC. As entidades se mantêm através de doações
de pessoas físicas, jurídicas e entidades religiosas, de parce-
rias e convênios com o Poder Público, instituições educacio-
nais e outras entidades. Atualmente, operam como uma en-
tidade auxiliar do Poder Judiciário e Executivo, respectiva-
mente na execução penal e na administração do cumprimen-
to das penas privativas de liberdade. O projeto é coordenado
pela Assessoria da Presidência para Assuntos Penitenciários
e de Execução Penal no Estado de Minas Gerais e foi regula-
mentado pela Resolução nº 433/2004 do TJMG.
Os índices apresentados de recuperação são altos, por
volta de 8% voltam a cometer crimes, enquanto no sistema
tradicional o nível de reincidência gira em torno de 80%. O
custo do recuperando é um terço do valor gasto no sistema
convencional, que corresponde a quatro salários mínimos
para o Estado. Além disso, apresenta número baixo de tenta-
tivas de fugas. Os dados em questão refletem uma nova pos-
tura de investimento na capacidade de cada detento de assu-
mir responsabilidades e ações construtivas ao longo de seu
período de reclusão. Demonstram que qualquer tentativa de
controle associado ao comportamento dos presos não pode
ser promovida apenas pela idealização de um espaço disci-
plinar exaustivo. Para além de determinações arquitetônicas
e tecnológicas, esse objetivo só é alcançado em exemplos
como o de Itaúna (MG) porque cada interno identifica na
estrutura de organização das práticas cotidianas motivos
para colaborar e, acima de tudo, permanecer no estabeleci-
mento carcerário. Essa reavaliação dos limites de atuação do
espaço prisional como tecnologia de controle representa
certamente o ponto de partida para uma proposta de refor-
m a d e s u a a r q u i t e t u r a .
O espaço arquitetônico é de fundamental impor- 1
tância no processo de readaptação do preso. O indi-
víduo está condenado a trabalhar, comer, dormir e Escolhido terreno ao
passar seu tempo livre, tudo em um mesmo lugar lado da penitenciária
durante anos. Assim, o mau planejamento do espaço agrícola de Palhoça/SC.
pode trazer influências negativas, tanto físico como Com fácil acesso a popu-
lação, para que os famili-
psicológicas.
ares e a população possam
acompanhar a evolução
Para fortalecer os laços de pertencimento e para dos mesmos.
que o crime não seja uma alternativa a se recorrer
novamente, é necessário que a sociedade também veja
o estabelecimento penal como um dos seus integran-
tes. A edificação penal implantada em local afastado
não faz parte da vida da comunidade, tornando-se um
edifício desconhecido, e logo, temido. Locando o esta- 2
belecimento em zona rural, junto a comunidade, esse
passa a fazer parte do cotidiano vivencial e visual de Criação de uma extensão
verde nas extremidades
todos, quebrando o estigma da prisão opressora e pas- do terreno para dar conti-
sando a ver o edifício como uma parte fundamental nuidade na vegetação já
para o funcionamento da mesma. existente e permitir que
haja um espaço de prote-
Nesse trabalho, a proposta de projeto em criar um ção de forma natural.
ambiente não opressor, que estimule o crescimento
individual e social dos detentos e que favoreça a rein-
serção dos mesmos na comunidade, atendendo as
necessidades dos recuperandos.
Para que o espaço arquitetônico produza efeitos 3
positivos no processo de recuperação do detento, é
necessário que sejam criados espaços destinados as a- Adição de formas que
‘’abraçam’’ o espaço. Não
tividades educacionais, laborais, contato familiar e la- criando barreiras ou espa-
zer, atividades essas que aproximam o detento da so- ços hostis para os recupe-
ciedade. A arquitetura penal deve garantir os direitos randos.
e a qualidade de vida dos reclusos através de ambien-
tes salubres, bem iluminados e ventilados. Para Lima
(2010), quanto menor o número de presos na institui-
ção, mais fácil é o atendimento individualizado da pe-
na e, teoricamente, mais eficaz o processo de recupera-
ção.
FLUXOGRAMA ESTUDO SOLAR

O DEPEN (Departamento de Penitenciário Federal) em Com as moradias pensadas

conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, reali- RECEPÇÃO para ficar com a fachada
zou no ano de 2014 uma pesquisa com o objetivo de realizar voltada para o norte, apro-
um diagnóstico acerca da realidade prisional brasileira, por veitando a melhor insidên-
um meio do INFOPEN (Levantamento Nacional de Informa- cia solar. Como o Brasil
ções Penitenciárias), os quais são apresentados abaixo. R. ABERTO está localizado no hemis-
fério sul, ter umma das fa-
ADM INTERMEDIÁRIO ces do projeto para o norte
R. SEMIABERTO significa mais sol durante
o dia. Isso porque ele nas-
cerá a leste e permanecerá
R. FECHADO mais a norte durante o dia,
RESTAURANTE para se pôr a oeste.

Em regiões úmidas, a orientação solar pode ajudar a evitar problemas com fun-
gos e mofo. Além disso, deixa osambientes mais agradáveis e com mais exposi-
ção durante o inverno.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I ARQUITETURA E URBANISMO 2021-B

APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL ALUNO: MANUELA LUCRÉCIO PERES
ORIENTADOR: SÍLVIO HICKEL DO PRADO 2/4
 APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
UNIDADES PRISIONAIS
Presídio ou cadeia pública (CPPL): Unidade específica para
abrigar os presos em regimes provisórios e que aguardam sua
sentença. A LEP determina que as cadeias públicas fiquem pró-
ximas a centros urbanos, a fim de que os presos provisórios
não fiquem muito distantes de seu meio social e familiar.
Penitenciária: Estabelecimento destinado a abrigar o preso
condenado, submetido a pena de reclusão - regime fechado. A
LEP determina que os presos das penitenciárias tenham celas
indivíduais, com dormitórios e banheiros. As condições devem
ser salubres com uma área mínima de seis metros quadrados.
Colônia agrícola, industrial ou similares: Estabelecimento
penal destinado a abrigar o preso em regime semiaberto, se
utilizando do sistema de progressão da pena. Dentro da colô-
nia agroindustrial, o detento passa a trabalhar durante o dia o
que contribui para a diminuição de sua pena. De acordo com a
LEP, os condenados podem ser alocados em quartos coletivos.
Casa do albergado: É o espaço destinado ao preso que
cumpre pena privativa de liberdade em regime aberto, proveni-
ente do regime semiaberto. Essas unidades devem ficar locali-
zadas em centros urbanos e não podem ter qualquer obstácu-
lo físico que impeça possíveis fugas.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
HORTA COLETIVA
Aliar a terapia através da jardinagem com o consumo de alimentos naturais,
O programa de necessidades se fundamenta promovendo qualidade de vida e bem estar aos moradores.
nas indicações feitas pelas Diretrizes básicas para
Arquitetura Penal, que traz particularidades para
cada tipo de estabelecimento penal. Na sua classi-
ficação não consta o centro de reintegração social,
por isso este trabalho está baseado nas determi-
PRIVACIDADE
Determinar com clareza os locais privados e públicos, para manter a privaci-
nações feitas para central de penas e medidas al- dade dos moradores e também prevenir invasões.
ternativas e para penitenciárias. O documento
orienta zonear os usos através de setores a fim de
promover um fluxo ordenado de pessoas e de veículos.
É indicado que o estabelecimento penal contenha SEGURANÇA ATRAVÉS DO OLHAR
um auditório para a realização de palestras e cultos
Utilizar de transparências e linhas de visão livres para promover a segurança
dos moradores através do olhar de vizinhos e funcionários.
religiosos, porém propõem-se que esse seja substituído
por um espaço multiuso que seja também aberto a co-
munidade, quando não em uso. Será incluído no pro-
grama de necessidades um restaurante, como forma
de aproximar a edificação da comunidade e oferecer PÁTIO CENTRAL
Promover um local conectado ao verde, ao sol e ao ar livre dentro dos limites
uma oportunidade de emprego aos recuperandos. do terreno, servindo como área de convivência para os moradores.
VIABILIDADE ECONÔMICA
O programa tem como objetivo propôr a parceria entre gestão pública e privada.

Centros de observação criminológica: Estabelecimentos ESTRUTURAÇÃO ATENDIMENTOS ESPECIALIZADOS ATENDIMENTOS ESPECIALIZADOS

penais de regime fechado e de segurança máxima onde devem

ser realizados os exames cujos resultados indicarão o tipo de
estabelecimento e o tratamento adequado para cada pessoa
sc
GOV

presa.

PREMISSAS Governo do Estado Secretaria de Ordens dos Centro de Referência ONGs e Coletivos Iniciativa Privada
de Santa Catarina Saúde de SC Advogados do de Assistência
através do SUS Brasil Social
O princípio motivador que viabilizou a proposta arquiteto-
nica da APAC foi a possibilidade de humanizar o espaço carce-
rário através da arquitetura. Além disso:
QUADRO DE ÁREAS
- Conceber espaços mais amplos, livres, arborizados e ilumina-
dos que permitam criar uma atmosfera acolhedora com poten-
ciais ressocializadores.

- Fazer uso da permeabilidade visual promovida através de ma-

teriais vazados, gradis e pergolados evitando a sensação de en-
clausuramento e punição.

- Propor atividades laborterápicas e capacitantes, evitando a o-

ciosidade e explorando os potenciais de cada indivíduo a fim
de recuperar sua autoestima.

- Inserir o edifício no contexto urbano como fator fundamental

para o bom funcionamento do projeto pois, além de facilitar o
acesso através do transporte público existente, promove a apro-
ximação dos apenados com a família e o convívio social e des-
vincula a pena de reclusão do isolamento absoluto.

- Abrigar um amplo largo arborizado, provido de mobiliário ur-

bano, jardins e equipamentos esportivos, criando um espaço
convidativo à comunidade local.
IMPLANTAÇÃO
LEGISLAÇÃO Esc.: 1/1000

De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Palhoça

e o Plano Diretor Participativo, o bairro São Sebastião está situ-
ado dentro da macrozona 1 e se classifica como uma ARP-P.

Tabela de zoneamento
Fonte: Prefeitura de Palhoça/SC

Foi feito contato com o Vinícius do Departamento de Aná-

lise de Projetos da Prefeitura de Palhoça e associações e simi-
lares são toleraveis em ARPP.

Adequações dos usos e atividades às áreas

Fonte: Leis municipais

DIRETRIZES GERAIS

O espaço arquitetônico é de fundamental importância no

processo de readaptação do preso. O indivíduo está condenado CAPACIDADE
a trabalhar, comer, dormir e passar seu tempo livre, tudo em
um mesmo lugar durante anos. Assim, o mau planejamento do
espaço pode trazer influências negativas, tanto físico como psi-
cológicas.

A unidade penal proposta contará com 116 vagas, distribuí-

das da seguinte maneira: Regime fechado: 30 vagas
30 vagas na unidade do regime fechado, 62 vagas no regime se- Regime semiaberto: 62 vagas
miaberto e 24 vagas no regime aberto. Regime aberto: 24 vagas
Total: 116 vagas

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I ARQUITETURA E URBANISMO 2021-B

APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL ALUNO: MANUELA LUCRÉCIO PERES
ORIENTADOR: SÍLVIO HICKEL DO PRADO 3/4
 APAC - HUMANIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
O PROJETO ARQUITETÔNICO
PLANTA BAIXA CENAS
O projeto foi desenvolvido de acordo com as Diretrizes
Básicas para arquitetura penal (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,2011),
com as necessidades para o desenvolvimento do método APAC
e com NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espa-
ços e equipamentos urbanos.

O projeto possui edificações para atender os três regimes

previstos na Lei de Execução Penal: Regime Fechado, Regime
Semi-Aberto e Regime Aberto. Tornando APAC um complexo
penal.

SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA

FECHADO E SEMI-ABERTO - Parlatório; Farmácia; Consultó-

rio Médico; Consultório Odontológico; Atendimento Jurídico;
Psicólogo; Serviço Social.

ABERTO - Atendimento a saúde; Farmácia; Lavanderia.

PREVISÃO DE ATIVIDADES

FECHADO - Marcenaria; Leitura; Velas e tapeçaria;

SEMI-ABERTO - Oficina de elétrica; Carpintaria; Corte e cos-

tura; Artesanato; Marcenaria; Panificadora; Cursos profissiona-
lizantes e supletivo.

MATERIALIDADE
Térreo
Esc.: 1/500 Regime Fechado Regime Semiaberto Regime Aberto Apoio

Cogobó
na
fachada

Piso laminado

Regime fechado Casa Albergado Moradia semiaberto

Esc.: 1/200 Esc.: 1/100 Esc.: 1/100

Pergolado FACHADAS
de
madeira

Fachada Leste
Esc.: 1/200

Telhado
verde Fachada Sul
Esc.: 1/200

DETALHES CONSTRUTIVOS CORTES

Parede interna

Parede externa

Corte BB
Esc.: 1/200

Laje

Camadas do telhado verde

Fonte: http://fastcon.com.br/blog/telhado-verde

O projeto buscou materiais leves, translúcidos e acolhedo-

res para quebrar a ideia que os edifícios penais são sempre Corte CC Corte AA
pesados, escuros e opressores. O sistema construtivo utilizado Esc.: 1/200 Esc.: 1/200
foi o Steel Frame, formado por painéis compostos de perfis de
aço galvanizado. Esses painéis têm função estrutural e atuam
em conjunto, proporcionando maior rigidez a edificação. No
projeto, os painéis são revestidos por placas de OSB, que fun-
cionam como contraventamento. A laje escolhida é o Steel Deck
que é executado com uma chapa de aço galvanizado ondulada
e contrapiso armado. Como as placas de OSB são fabricadas
com 1,20 m de largura, foi definido que os perfis estariam es-
paçados a cada 40 cm, no máximo.
Corte DD
Esc.: 1/200
O Steel Deck e as placas de OSB possuem alta resistência ao
fogo, ambos possuem resistência mínima de 30 minutos. A laje REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pode resistir até 120 minutos se for colocado armadura positi- http://www.fbac.org.br/ciema/index.php
va adicional nas nervuras e existe um tipo especial de OSB, o https://palhoca.atende.net/cidadao
https://www.conjur.com.br/2017-fev-26/marcia-morais-metodo-apac-solucao-sistema-penitenciario
Firestop ECO, que possui retardante ao fogo resistindo também PORTO, Roberto. Crime organizado e sistema prisional. São Paulo: Atlas, 2007.
Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC). Disponível em: <hp://www.ac.org.br/index.php/nocias-site/778-reincidencia-na-apac-de-cachoeiro-e-de-apenas-7>
a 120 minutos. hps://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1366810&filename=REL+2/2015+CPICARCE+%253D%253E+RCP+6/201
hp://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2018/07-06_Guia_APAC_FINAL_v2.pdf

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I ARQUITETURA E URBANISMO 2021-B

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ORIENTADOR: SÍLVIO HICKEL DO PRADO 4/4