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UNIVERSIDADE POTIGUAR

ABRAÃO VITAL SANTOS DE OLIVEIRA


MARIA VICTORIA SILVA DOS SANTOS

LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO

NATAL/RN
2022
ABRAÃO VITAL SANTOS DE OLIVEIRA
MARIA VICTORIA SILVA DOS SANTOS

LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação da
universidade Potiguar como requisito
parcial para obtenção do título de bacharel
em Direito.

Orientadora: Prof. Esp. Samara Trigueiro Félix da Silva

NATAL/RN
2022
ABRAÃO VITAL SANTOS DE OLIVEIRA
MARIA VICTORIA SILVA DOS SANTOS

LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Graduação em Direito, da
Universidade Potiguar.

Natal/RN, de de 2022.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Esp. Samara Trigueiro Félix da Silva (Orientadora)


Universidade Potiguar

Prof. Esp. Me. Douglas da Silva Araújo


Universidade Potiguar
RESUMO

O artigo desenvolvido, faz um levantamento histórico da proibição da maconha,


disserta sobre a legalização da cannabis, visando verificar os ganhos econômicos em
arrecadações de tributos, para poder financiar uma melhor estrutura no sistema
carcerário do Estado. Preliminarmente, falaremos sobre o contexto histórico da
maconha, como ela está situada no nosso ordenamento jurídico do ponto de vista da
lei de drogas, no que se refere ao tráfico e ao consumo, em seguida dissertaremos
sobres os direitos fundamentais dos detentos. Em seguida iremos fazer um paralelo
entre a maconha e outras drogas lícitas e analisaremos as estruturas do sistema
carcerário, seja as unidades de regime fechado ou de regime semiaberto,
observaremos os números adquiridos pelo Ministério da Justiça dos gastos públicos
com o sistema carcerário e o quanto precisaria ser investido para que possa entregar
um sistema eficaz e de qualidade para população, para que assim possa obter o seu
objetivo social, de punir e ressocializar.

Palavras-chaves: Maconha. Sistema Carcerário. Estrutura. Presídios. Ressocializar.


ABSTRACT

The article developed, makes a historical survey of marijuana prohibition, talks about
the legalization of cannabis, aiming to verify the economic gains in tax collections, so
that it can finance a better structure in the state prison system. Preliminarily, we will talk
about the historical context of marijuana, how it is situated in our legal system from the
point of view of drug law, with regard to trafficking and consumption, then we will
discuss the fundamental rights of detainees. Next, we will make a parallel between
marijuana and other licit drugs and we will analyze the structures of the prison system,
whether the units are closed or semi-open, we will observe the numbers acquired by
the Ministry of Justice of public spending on the prison system and how much it would
need to be invested so that it can deliver an effective and quality system to the
population, so that it can achieve its social objective,topunish and resocialize.

Keyword: Cannabis. Prison System. Structure. Prison. Resocialization.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 7
1 CONTEXTO HISTÓRICO DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA................................. 8
1.1 SITUAÇÃO ATUAL DA PROIBIÇÃO DA MACONHA ............................................... 10
1.2 LEI DE DROGAS ............................................................................................................. 11
2 DIREITOS FUNDAMENTAIS MITIGADOS DOS DETENTOS .................................. 12
3 GASTOS DO ESTADO COM O SISTEMA PRISIONAL............................................. 15
4 A CANNABIS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS DROGAS LÍCITAS E SUAS
BENESSES A SOCIEDADE .................................................................................................17
4.1 BENEFÍCIOS DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NA MEDICINA ........................20
4.2 DISPUTAR A VENDA DA MACONHA COM O MERCADO ILEGAL...................... 20
5 COMO A CANNABIS SERIA LEGALIZADA NO BRASIL? ...................................... 21
5.1 GANHOS ECONÔMICOS COM A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA........................ 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................25
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................27
INTRODUÇÃO

O presente estudo, visa dissertar sobre o direito penal, mais especificamente a


legalização da maconha para que amplie o sistema carcerário que hoje se encontra
precarizado, através de uma tributação decorrente da venda da maconha.
No presente trabalho foi aplicado o método da metodologia de pesquisa
bibliográfica, no qual foi utilizada leis como, por exemplo, 11.343/2006 e artigos
científicos já publicados, assim como jurisprudências e matérias jornalísticas.
Inicialmente, a pesquisa vai tratar sobre todo um contexto histórico que teve
inicio através da política proibicionista da cannabis sativa, fazendo com que países
adotassem uma guerra contra a maconha, inclusive no âmbito internacional,
mobilizando até mesmo a ONU, decretando assim a proibição dela.
Porém, no século atual, podemos visualizar a mudança de entendimento em
relação à maconha, países desenvolvidos já mudaram a forma com que tratam a
planta, legalizando não apenas o vasto uso medicinal, mas também o uso recreativo,
fazendo com que os Estados lucrem através da tributos decorrentes da
comercialização da cannabis e consequentemente disputem um próspero mercado
com o crime organizado, que atualmente dominam o mercado da maconha, através do
tráfico.
Em contrapartida, enquanto o Brasil luta contra a legalização da maconha para
uso recreativo (apesar do uso do tabaco e bebida alcoólica serem lícitas), os detentos
sofrem com a mitigação dos seus direitos fundamentais, pois o sistema carcerário hoje
se encontra sucateado, apesar dos elevados gastos que o Estado tem, porém, não é
suficiente, ocasionando assim uma grande superlotação, faltando até mesmo
vestimentas e uma alimentação descente, assim levando a vários tipos de doenças.
Contudo, a sua legalização seria um avanço social inimaginável, seja do ponto
da pesquisa para uso medicinal, mas também do ponto de vista econômico, no qual
renderia bilhões aos cofres públicos, decorrente da tributação de sua comercialização
que poderia ser remanejada para uma reestruturação do sistema carcerário.

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1 CONTEXTO HISTÓRICO DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

O uso medicinal e recreativo da maconha, não, é algo que surgiu no século


XX, ele teve início com a chegada dos portugueses às terras brasileiras, pois as velas
e cordas de suas embarcações eram feitas de fibras de cânhamo, que através de um
anagrama (imagem 1), passou a ser conhecida como maconha, conforme relatado
por Elisaldo Araújo Carlini, em sua revisão literária de 2006. Apesar de os primeiros
indícios da planta terem sido constatadas em 1500, conforme Elisaldo Araújo Carlini
(2006) demostra, foi de fato em 1549, anexado ao Brasil, trazidos pelos escravos
negros.

Imagem 1: Anagrama com a palavra canhamo.


Fonte: Acervo digital UFPR

Diferentemente do que muitos imaginam, a realeza foi conivente com a cultura


do uso da cannabis, procurando até mesmo cultivar a planta em terras brasileiras
conforme afirma Elisaldo Araújo Carlini (2006). Afirma ainda que com o tempo, a
planta se popularizou entre a classe socioeconômica menos favorecida, para uso
recreativo, não só entre os negros, mas também entre os índios, não sendo atrativa
para a classe burguesa branca, com exceção da rainha Carlota Joaquina, pois tinha o
hábito de tomar chá de maconha.
A matéria do jornalista Jones Rossi da revista Veja (2010), informa que em
meados do século XIX, chegou ao Brasil, através do Prof. Jean Jacques Moreau, da
Faculdade de Medicina da Tour, na França, a técnica de utilização da cannabis para
fins medicinais, como forma de tratar asma, catarros, roncaduras e flatos, conforme
podemos observar na propaganda de Cigarrilhas Grimault (Imagem 2) de 1905.

8
Imagem 2: Propaganda de cigarrilhas grimault

Fonte: História e Natureza

Com todo o exposto, podemos observar que o uso da maconha era comum e
socialmente aceito no âmbito nacional e até mesmo comprovada os seus benefícios
para tratamentos medicinais.
Porém, na década de 20, mais especificamente no ano de 1924, iniciou-se uma
grande oposição ao uso da maconha, independente se utilizado de forma recreativa
ou medicinal. A Liga das Nações, promoveu em 1924, a II Conferência Internacional
do Ópio, no qual tinha como objetivo inibir o uso do ópio, que era o maior problema
quando o assunto se tratava de drogas, entretanto o representante brasileiro,
Pernambuco Filho e Gotuzzo juntamente com o egípcio, se utilizou da conferência,
através de um discurso infundado para demonizar o uso da cannabis, no qual disse:
“a maconha é mais perigosa do que o ópio”, conseguindo a partir de então a proibição
da venda da maconha, conforme relatado pela Veja (2010), o Pernambuco Filho
nunca tinha se pronunciado contra a maconha e nem voltou a se pronunciar após a
conferência, relatado pela Veja (2010).
Segundo André Barros e Marta Peres (P.12), toda essa repressão ao uso da
maconha, foi influenciada pelo psiquiatra brasileiro José Rodrigues da Costa Dória,
nascido em Sergipe e formado na Bahia, que representou a Faculdade de Direito, o
Instituto Histórico e Geográfico e a Sociedade de Medicina legal e Criminologia da
Bahia no 2º Congresso Científico Pan-Americano, na cidade de Washington, capital
dos EUA. Na oportunidade que teve, apresentou um projeto de cunho racista,
intitulado de “Os fumantes de maconha: efeitos e males do vício”, o projeto tinha como
objetivo, fazer um paralelo entre o consumo da maconha e os danos na saúde
humana. O trabalho de Dória, portanto, entregou uma visão distorcida e

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preconceituosa da temática, com discursos nazistas e fascistas, narrando que se
tratava de uma vingança dos negros “selvagens” contra os brancos “civilizados”, por
terem os escravizados.
As repressões ficaram mais intensas na década de 30, em 1933 no Rio de
Janeiro foram registradas as primeiras prisões devido ao comércio ilegal, prisões
essas decorrentes do Decreto nº 20.930 de 11 de janeiro de 1932, no qual
criminalizava a cannabis indica, que é uma variante da cannabis sativa, porém,
apenas em 1938, através do Decreto-Lei nº 891, de 25 de novembro de 1938, no seu
artigo 1º inciso XVI, relata que tanto a cannabis sativa, quanto suas variações
passaram a serem criminalizadas, conforme podemos conferir no texto a seguir, que
diz:

Artigo I
São consideradas entorpecentes, para os fins desta lei e outras aplicáveis, as
seguintes substâncias:
Primeiro grupo:
XVI - O cânhamo, cannabis sativa e variedade índica (Maconha, meconha,
diamba, liamba e outras denominações vulgares).

Não sendo suficiente, e dando continuidade às políticas proibicionistas, o


Brasil teve um apoio da comunidade e respaldo em âmbito internacional, através da
Organização das Nações Unidas (ONU), de 1961, no qual o Brasil é signatário, que
considera a maconha uma droga super prejudicial à saúde e à coletividade da
sociedade, fazendo uma comparação extremamente equivocada com à heroína,
colocando-a em duas listas condenatórias.

1.1 SITUAÇÃO ATUAL DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

Apesar da comissão de Drogas e Narcóticos da organização das Nações


Unidas (ONU) retirar em 2020 a maconha e a resina derivadas da cannabis da lista
de narcóticos perigosos, o Brasil não só votou contra a retirada perante a comissão,
como também mantêm as políticas ultrapassadas no combate a maconha.
Hoje a cannabis, se encontra na portaria nº 344 de maio de 1998 do Ministério
da Saúde, portaria essa que listam o que é considerado drogas para fins da
aplicabilidade da lei 11.343/06 (lei de drogas), como pode ver na lista e da referida
portaria, que deixa bem expresso:

LISTA? É
LISTA DE PLANTAS QUE PODEM ORIGINAR SUBSTÂNCIAS
ENTORPECENTES E/OU PSICOTRÓPICAS

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1. CANNABIS SATIVUM

Assim como a principal substância que é encontrada na maconha, como é o


caso da Tetrahidrocanabinol (THC), que tem grande serventia na criação de
medicamentos como, por exemplo, o Dronabinol, que trata náuseas e vômitos em
pacientes que trata o câncer, como também aborda a falta de apetite em pessoas com
AIDS, tal substância está tipificada como proibida na portaria nº 344 na “Lista F2 –
Substâncias Psicotrópicas, 28”.

1.2 LEI DE DROGAS

No segundo mandato do ex-presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva,


no ano de 2006, foi aprovado e sancionada a lei conhecida como a lei de drogas, lei
nº 11.343/06, a mesma prevê em seu art. 2º, parágrafo único, o plantio, a cultura e a
colheita da cannabis para fins medicinais ou científicos, tanto que autorizado
previamente pela União e mediante fiscalização. Nesta mesma lei, prevê no seu art.
28, que:
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:I
- advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

O que significa que não cabe prisão em casos de serem flagrados portando a
maconha para consumo, contudo, a lei não é taxativa no que se refere a quantas
gramas é caracterizado porte para consumo ou tráfico de drogas, deixando à margens
de interpretações do ministério público e magistrados, fazendo com que acontece o
caso absurdo relatado pela UOL:

A jovem Irene* presa aos 18 anos, com 4 gramas de maconha e que havia
sido condenada em primeira instância pela justiça de Avaré (interior de SP) a
8 anos e 10 meses de prisão por tráfico de drogas e associação ao tráfico,
obteve vitória parcial na segunda instância e teve a pena de prisão reduzida
para 1 ano, 11 meses e 10 dias de prisão e multa. (...) Ela diz ser apenas
usuária de maconha. (...) Tanto ela quanto a sua defesa afirma que a jovem
jamais teria sido denunciada por tráfico se o caso tivesse ocorrido numa
universidade ou numa
região de classe média da capital. (...) Nome fictício para preservar a jovem,
já que ela teme represálias

Casos como a da Irene e vários outros cidadãos brasileiros, torna-se possível


pelo fato da posse da cannabis para consumo não ser devidamente regulamentado,
criando assim um vácuo jurídico maléfico ao réu.
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2 DIREITOS FUNDAMENTAIS MITIGADOS DOS DETENTOS

Já a muitos anos, o Estado brasileiro, trata de forma indiferente a sua população


carcerária, não apenas por motivos econômicos, mas principalmente por motivos
políticos, visto que a nossa classe política não só ignora uma reforma no sistema
carcerário, como também desdenham da situação precária que o sistema atual se
encontra, reproduzindo falas que vão de encontro com os direitos fundamentais dos
detentos, como foi o caso do até então pré-candidato à presidência e hoje presidente
da república, Jair Messias Bolsonaro, no programa Jovem Pan (2018), o qual afirma
que “deveria pôr um detento em cima do outro”, mostrando assim o desprezo com a
situação, que afeta diretamente na má qualidade prisional.
Os detentos assim como qualquer outro ser humano, tem garantido seus
direitos fundamentais, direitos esses que devem ser garantidos pelo Estado que tem
a posse da sua custódia, adquirindo para si o dever de preservar a sua integridade
física e moral, assim como entendeu a 7ª turma do TJDFT no julgamento (2022),
conforme a ementa que diz:

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS. MORTE DE DETENTO EM
ESTABELECIMENTO PRISIONAL. CHOQUE ELÉTRICO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DEVER DE PRESERVAR A
INCOLUMIDADE FÍSICA E MORAL DAQUELES QUE ESTEJAM SOB SUA
CUSTÓDIA. APELAÇÃO PROVIDA. SENTENÇA REFORMADA. 1. A
respeito de morte de detento no interior das penitenciárias, o Supremo
Tribunal Federal, em sistemática de repercussão geral, pacificou
entendimento, no julgamento do RE 841526 (Tema 592), que o Estado possui
dever de preservar e garantir a integridade física daqueles que se encontram
encarcerados em estabelecimentos prisionais. Assim, restando demonstrado
o descumprimento do dever constitucional de guarda do preso insculpido no
art. 5°, XLIX, da CF, surge a responsabilidade do Estado de reparar o dano
sofrido com a morte de detento em estabelecimento prisional. 2. Na fixação
da indenização por danos morais, deve considerar o Juiz a proporcionalidadee
razoabilidade da condenação em face do dano sofrido pela parte ofendida e
o seu caráter compensatório e inibidor, mediante o exame dascircunstâncias
do caso concreto. 3. O entendimento jurisprudencial atualmente
prevalecente, tanto do Superior Tribunal de Justiça quanto nesta Corte de
Justiça é no sentido de que em caso de responsabilidade civil por morte é
devida a condenação ao pagamento de pensão mensal a familiares do
falecido, ainda que as vítimas não exerçam atividade remunerada. 4.
Recurso parcialmente provido.

Sendo tal entendimento não apenas jurisprudencial, mas previstas de forma


tipificada na Lei de Execuções Penais (LEP), em seu art. 40 que diz, “Impõe-se a
todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos
presos provisórios.”, como também na constituição federal art. 5º inciso III e XLIX, que

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diz:

Art. 5º:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

A Lei de Execuções Penais traz a previsão de conceder trabalho aos presos,


com o ponto de vista embasado no princípio da dignidade da pessoa humana,
conforme disposto pelo art. 28, do capítulo III: “O trabalho do condenado, como dever
social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva”. Além
desses direitos mencionados, também inseridas no instituto garantista de cunho
penal, têm-se à igualdade e individualização da pena, controle populacional do
presídio e dignidade da pessoa humana, a se acrescentar.
Outros direitos que devem ser ampliados pela política do Brasil, é o Direito à
alimentação e vestuário, previsto explicitamente no art. 41, inciso I da LEP. Tal
direito vem sendo mitigado, na Cadeia Pública de Altos (CPA), em Piauí, foi relatado
um surto de beribéri, doença causada pela falta de vitamina B1 e relacionada a uma
má alimentação e pobre em nutrientes, conforme descreve o jornal El País.
As conjunturas caóticas em que vivem os presidiários dificultam
completamentea a readaptação dos indivíduos. Seminotti e Sallin (2011, sp) afirmam
que “o sistema prisional penal produz um indivíduo que fica aprisionado em uma
lógica de exclusão e delinquências” e, do ponto de vista é o que explica o elevado
número de reincidentes que compõem a atual população carcerária.
Todavia, não é o que observamos nos presídios ao redor do nosso país, a
penitenciária de pedrinhas em São Luís no Maranhão, o Instituto Penal Plácido de Sá,
Rio de Janeiro e a Unidade de Internação Socioeducativa, no Espírito Santo, se
encontra um cenário deplorável, sendo o Estado brasileiro questionado pela corte
interamericana sobre casos de superlotação, segundo notícias do portal UOL
(2017). Situação essa que coloca claramente os presos em circunstâncias
degradantes.
Em uma pesquisa mais concentrada, o estudo do CNMP, explorado pelo
professor Rômulo de Andrade Moreira (2018), declara que “os estados com maior
taxa de ocupação nas prisões são Amazonas, Ceará, Pernambuco, Paraná e
Alagoas. O Espírito Santo tem a menor taxa, mas mesmo assim enfrenta
superlotação”. Á vista disso, dá-se a notar que o sistema prisional se encontra pobre
e quebrado, para que até o estado com a menor taxa de ocupação do presídio do
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país, que é o Espírito Santo, ainda possui superlotação.

A precariedade que se encontra o sistema prisional brasileiro, deixa ainda mais


difícil o processo de crescimento e evolução dos detentos. Sendo assim, o presídio
que tem como objetivo reeducar e ressocializar os presos, perde toda sua classe
social ao expor o individuo a condições desumanas, cruel e indignas de vida.
Segundo site da Câmara dos Deputados (2021), houve uma audiência pública
promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados,
onde representantes dos ministérios estaduais e municipais de saúde declararam que
a falta de informações detalhadas sobre a saúde dos presos dificulta a prevenção e o
tratamento de doenças com maior incidência nessa população, como sífilis,
hanseníase, AIDS, tuberculose, hepatite e, mais recentemente, Covid-19. Com isso
fica-se árduo identificar a quantidade de presos em cada instituição que possua
determinada enfermidade.
São notórias as graves violações de direitos fundamentais no sistema
carcerário brasileiro e, principalmente como tais infrações são em sua maioria
seguinte da omissão dos órgãos estatais responsáveis pela infraestrutura e
aplicação dos referidos direitos e garantias.
O cenário carcerário não costuma atrair eleitores e, também, em geral não
merece a preocupação e ação na seara político-governamental e isso mesmo
quando se sabe que os índices de recidiva estão aumentando cada vez mais, e que
jogar indivíduos no cárcere, praticamente, não garante a pretendida e legalmente
estabelecida ressocialização, mas a repetição criminosa e a adição em alguma das
quadrilhas criminosas (facções) do momento.
O grave problema prisional resulta em geral na segurança pública da
sociedade, a qual não é apenas um dever constitucional, mas também — em vista
disso — imprescindível para a proteção da dignidade e dos direitos das pessoas
presas e que, apesar de formalmente livres, cada vez mais vivem uma vida marcada
pelo temor e sujeitos incessantemente a terem também os seus direitos violados.
Dessa forma, é notável que a realidade do sistema prisional brasileiro hoje
mostra-se bastante bárbaro, diante dessas informações apresentadas, e com isso, à
medida que o sistema fere direitos básicos dos quais os seres humanos possuem
propriedade, presos têm sua dignidade desrespeitada.
Contudo, se faz necessário que haja uma reformulação no sistema
penitenciário e dos órgãos públicos responsáveis de efetivar e conceber as
garantias e, o mínimo existencial para os presos através da solidificação dos
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princípios no meio carcerário, repensando em novas alternativas ou outras medidas
de ressocializar e reeducar para o sistema prisional, de modo em que o detento
possa no momento futuro se reintegrar à sociedade.

3 GASTOS DO ESTADO COM O SISTEMA PRISIONAL

O sistema carcerário apesar de obter uma verba significativamente alta, não


entrega um resultado de qualidade, fazendo com que as unidades prisionais se tornem
sucateadas, com uma péssima alimentação, e um atendimento de saúde
questionável, todos esses quesitos junto com uma superlotação prisional, fazem com
que enxerguem uma real necessidade em aumentar a verba investida em tal setor.
Desde o início dos anos dois mil, observamos um certo fenômeno no nosso
sistema carcerário, que poderíamos chamar de “superavit populacional”, que seria
basicamente um aumento contínuo e até mesmo crônico da população prisional, como
podemos observar no gráfico abaixo do site do DEPEN.

Gráfico 1: População prisional por ano


FONTE: SISDEPEN

Apesar da queda surpreendente de 11% na população carcerária em 2020


como demostrado no gráfico acima, a superlotação continua sendo uma realidade
preocupante, visto que até o ano de 2021, tínhamos 679.687 (seiscentos e setenta e
nove mil, seiscentos e oitenta e sete) presos, apesar de apenas termos 490.024

15
(quatrocentos e noventa mil e vinte e quatro) detentos, causando um déficit de 189.663
(cento e oitenta e nove mil, seiscentos e sessenta e três) vagas no sistema prisional
conforme a DEPEN, sendo 332.480 (trezentos e trinta e dois mil, quatrocentos e
oitenta) presos no regime fechados e 113.173 (cento e treze mil, cento e setenta e
três) no semiaberto, que é os dois regimes onde se encontra as maiores restrições de
direitos fundamentais.

Gráfico 2: Déficit Prisional


FONTE: SISDEPEN

Se fizermos um recorte apenas do mês de dezembro de 2021, pelo site do


SISDEPEN, tivemos uma despesa total de R$ 1,73 bilhão no sistema carcerário, tendo
o preso um custo médio por unidade federativa de R$ 2.430,02 (dois mil, quatrocentos
e trinta reais, e dois centavos), contudo, mesmo com tal gasto, não é o suficiente para
sanar os danos provenientes do déficit de vagas no sistema.
O site do SISDEPEN, ainda mostra os gastos dos meses de janeiro, R$ 1,3
bilhão, fevereiro, R$ 1,26 bilhão, março, R$ 1,27 bilhão, abril, R$ 1,34 bilhão, maio,
R$ 1,30 bilhão, junho, R$ 1,42 bilhão, julho, R$ 1,33 bilhão, agosto, R$ 1,39 bilhão,
setembro, R$ 1,31 bilhão, outubro, R$ 1,30 bilhão e novembro, R$ 1,30 bilhão, sendo
o gasto anual em torno de 16 bilhões por ano, contudo, o valor está longe de ser
suficiente, para que tenhamos uma estrutura de qualidade que garanta os direitos
fundamentais, tanto dos detentos quanto dos agentes penitenciários que trabalham
em uma qualidade estrutural deplorável, tal situação, acaba refletindo em um aumento
de reincidência.
16
Segundo levantamento da UOL (2019), o Brasil ainda precisaria fazer um
investimento de mais R$ 5,4 bilhões por ano, até 2037, para dar uma melhor estrutura
e acabar com o déficit prisional.

4 A CANNABIS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS DROGAS LÍCITAS E


SUAS BENESSES A SOCIEDADE

No Brasil, temos drogas que trazem mais malefícios a sociedade, contudo, são
aceitas socialmente pelas mesmas e pelo nosso ordenamento jurídico, como é o caso
do álcool e do tabaco, que são motivos de gerar várias doenças a população, como,
por exemplo, vários tipos de câncer, leucemia, cirrose, hepatite alcoólica, de uma
simples dependência substancial, que leva um problema de saúde crônico e fatal, não
apenas para o consumidor, mas também para parentes e familiares que convivem
com o usuário, podendo causar vítimas, dado que dirigir alcoolizado gera acidentes.
Conforme a matéria publicada pelo site dos Estados do Rio Grande do Sul,
informa que o Detran do RS, analisou 624 casos de condutores que acabou em morte
decorrentes de acidentes de trânsito, no qual concluiu que dos 624 motoristas mortos,
37% (232 condutores), conforme gráfico abaixo.

Gráfico 3: Das mortes ocasionadas por álcool no RS


FONTE: ESTADO DO RS

O álcool hoje, seja por acidentes de trânsito ou por ocasionar doenças,

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causando assim danos à saúde da população, segundo estudos feitos no 3º
Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, 66,4% da
população brasileira entre 12 e 65 anos, já consumiu bebida alcoólica pelo menos
uma vez na vida, e apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ter proibido
em seu art. 81, inciso II, art. 243 e 258 – C, o fornecimento de bebida alcoólica para
menores de idade, no qual diz:

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - bebidas


alcoólicas;
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida
alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam
causar dependência física ou psíquica:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do art. 81: Pena
- multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); Medida
Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até o recolhimento
da multa aplicada.

Tais dispositivos legais não inibiu que adolescentes tivesse contato com bebida
álcool, pois a pesquisa demostrou que cerca de sete milhões (34,3%) dos jovens entre
12 a 17 anos, relataram já terem consumido bebida alcoólica pelo menos uma vez na
vida, segundo o III levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População
Brasileira (2017, P. 82-83), isso mostra que uma lei penal sem uma política de
combate ao uso de tal substância, é ineficiente para alcançar o objetivo de diminuir o
consumo na sociedade.
Diferentemente do álcool, o tabaco tem uma atenção maior do governo
brasileiro para que seja desenvolvida políticas públicas para a diminuição do seu
consumo. Hoje o Brasil é um país signatário do primeiro tratado internacional de
combate ao consumo de tabaco da história da Organização Mundial da Saúde (OMS),
sendo reconhecido como país referência no controle do tabagismo, coordenando
assim a criação da Convenção-Quadro.
Segundos dados apresentados pelo site Agência Brasil, o Brasil é referência
mundial no combate ao tabaco, tendo diminuição significativa no consumo pela sua
população, segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que informa que:

(...)9,3% dos brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar, em 2018, contra


15,7%, em 2006, ano em que a pesquisa começou a ser feita. A tendência,
segundo o ministério, é de redução constante desse hábito no país.

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Nos últimos 13 anos, a população entrevistada diminuiu em 40% o consumo
do tabaco. A pesquisa revela ainda que o consumo vem caindo em todas as
faixas etárias: de 18 a 24 anos de idade (12% em 2006 e 6,7%, em 2018), 35e
44 anos (18,5% em 2006 e 9,1% em 2018); e entre 45 a 54 anos (22,6% em
2006 e 11,1% em 2018). Entre as mulheres, a redução do hábito de fumar
alcançou 44%.

Contudo, esse sucesso não é proveniente de uma política proibicionista e


punitiva, como acontece com a maconha. Para o Brasil alcança esses números, foi
necessário que o Brasil tomasse uma postura firme no combate, colocando em
prática as medidas “Mpower”, que são medidas recomendadas pela OMS para
reverter a epidemia do tabaco, são elas: monitorar o uso do tabaco e as políticas de
prevenção; proteger as pessoas contra o tabagismo; oferecer ajuda para parar de
fumar; avisar sobre os perigos do tabaco; aplicar proibições à publicidade, promoção
e patrocínio do tabaco; e aumentar os impostos sobre o tabaco.
O Brasil hoje através do Sistema Único de Saúde (SUS), oferece tratamento
gratuito para quem deseja parar de fumar, assim como proibi a propaganda e
publicidade do tabaco, assim como o uso em locais fechados, independentemente de
ser público ou privado, sendo obrigatório optar nas embalagens de cigarros imagens
impactantes, conforme a lei 9.294/1996, nos art. 2, § 2º, 3º e 4º, que diz:

Art. 3º É vedada, em todo o território nacional, a propaganda comercial de


cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto
fumígeno, derivado ou não do tabaco, com exceção apenas da exposição dos
referidos produtos nos locais de vendas, desde que acompanhada das
cláusulas de advertência a que se referem os §§ 2o, 3o e 4o deste artigo e
darespectiva tabela de preços, que deve incluir o preço mínimo de venda no
varejo de cigarros classificados no código 2402.20.00 da Tipi, vigente à
época, conforme estabelecido pelo Poder Executivo.
§ 2o A propaganda conterá, nos meios de comunicação e em função de suas
características, advertência, sempre que possível falada e escrita, sobre os
malefícios do fumo, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos
agrícolas, segundo frases estabelecidas pelo Ministério da Saúde, usadas
sequencialmente, de forma simultânea ou rotativa.
§ 3o As embalagens e os maços de produtos fumígenos, com exceção dos
destinados à exportação, e o material de propaganda referido no caput deste
artigo conterão a advertência mencionada no § 2o acompanhada de imagens
ou figuras que ilustrem o sentido da mensagem.
§ 4° Nas embalagens, as cláusulas de advertência a que se refere o § 2°
deste artigo serão sequencialmente usadas, de forma simultânea ou rotativa,
nesta última hipótese devendo variar no máximo a cada cinco meses,
inseridas, de forma legível e ostensivamente destacada, em uma das laterais
dos maços, carteiras ou pacotes que sejam habitualmente comercializados
diretamente ao consumidor.

Na tentativa de tentar inibir a venda do tabaco, o governo brasileiro chegou a


cobrar um imposto de 83% sobre os produtos do tabaco em 2018, contra 57% em

19
2008 (Agência Brasil, 2019).
Tais medidas poderiam ser utilizadas ao se tratar de uma possível legalização
da cannabis sativa, com o objetivo de combater o seu consumo, uma vez que essas
políticas se mostraram eficientes ao longo prazo.

4.1 BENEFÍCIOS DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA NA MEDICINA

Diferentemente de outras drogas já legalizadas, a maconha não traz apenas


um lado maléfico para sociedade, como é o caso do uso do álcool e do tabaco, mas
traz principalmente um uso medicinal de alta qualidade. Não é de hoje que a
sociedade se utiliza da cannabis sativa para fins médicos, como já demostrado
anteriormente, no século XIX, foi amplamente divulgado pelo médico francês, as
benéficas utilizações da maconha para tratar asma, catarros, roncaduras e flatos.
Atualmente esses estudos se ampliou, sendo possível ver seus benefícios de
forma mais abrangente, segundo o site cannabis saúde, podemos enxergar evoluções
no tratamento contra o câncer, glaucoma, autismo, Alzheimer, epilepsia convulsões,
esquizofrenia e até mesmo dependência química, tratamentos esses efetuados
através de medicamentos a base do Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabidinol
(THC), substâncias encontradas na cannabis sativa.
E apesar de o uso medicinal já ser autorizado no Brasil, através da lei nº
11.343/2006, no seu art. 2º, parágrafo único, que diz:

Art. 2º
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Não temos uma regulamentação certa e determinada sobre o assunto,


dificultando e fazendo com que a população não tenha confiança de práticar tal
conduta, podendo a qualquer momento ser enquadrada como tráfico de drogas.

4.2 DISPUTAR A VENDA DA MACONHA COM O MERCADO ILEGAL

Atualmente, o mercado ilegal tem o total domínio em relação à comercialização


da maconha, todo a produção e venda cannabis é realizada pelo tráfico, fazendo com
que fortaleçam cada vez mais facções criminosas.
Para termos uma ideia, segundo a revista Piauí, na edição de 2020, escrito por

20
Luigi Mazza, Marcos Amorozo e Renata Buono, informa que de janeiro a setembro de
2020, foi apreendido em operações 559 toneladas de maconha, no site do governo
federal, informa ainda que em 2022 quase 1 tonelada de maconha, equivale a R$
2.073.598,00 (dois milhões, setenta e três mil e quinhentos e noventa e oito reais) em
lucros para o crime organizado, se considerarmos esses números, podemos
considerar que em 2020, o tráfico deixou de lucrar no Brasil R$ 1.1 bilhão.
Todo esse mercado da comercialização da maconha, se encontra em domínio
unicamente do crime organizado, servindo de financiamento para cometer outros atos
ilícitos.

5 COMO A CANNABIS SERIA LEGALIZADA NO BRASIL?

O legislador brasileiro vem trabalhando para mudar esse cenário e passar a


permitir inicialmente o consumo de medicamentos que possua em sua composição a
Cannabis sativa, o projeto de lei nº 399/2015, que vem para alterar art. 2º da lei de
drogas, acrescentando o § 2º, no qual regulamentaria o uso medicinal, da seguinte
forma:

Art2º...........................................................................
...................................................................................
§2º Os medicamentos que contenham extratos, substratos, ou partes da
planta denominada Cannabis sativa, ou substâncias canabinoides, poderão
ser comercializados no território nacional, desde que exista comprovação de
sua eficácia terapêutica, devidamente atestada mediante laudo médico para
todos os casos de indicação de seu uso. (NR)

O deputado Fábio Mitidieri, criador do projeto de lei em questão, faz parte de


uma vertente ainda muito moderada em relação à legalização da maconha, posto que
o mesmo não apoia a legalização em sua integralidade, trazendo em sua justificativa
para o projeto, ressalvas e orientações, como podemos observar no trecho a seguir:

Não obstante os benefícios terapêuticos apresentados por alguns compostos


com atividade psicoativa, alguns desses compostos são utilizados para outros
fins não recomendados por critérios médicos. Podemos citar como exemplo o
uso abusivo de determinadas substâncias para finalidades recreacionais, em
virtude da ação euforizante, estimulante e da alteração da função cognitiva,
sem preocupações com fins terapêuticos e com os efeitos indesejáveis da
substância, como o desenvolvimento da dependência.

Atualmente, a PL 399/2015, foi aprovada em caráter conclusivo na câmara dos


deputados, no entanto, será analisado pelo plenário após interporem recurso.

21
Enquanto deputados tentam aprovar no congresso a PL 399/2015, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2015, aprovou a RDC Nº 17/2015, que
permitiu a prescrição de medicamentos a base Canabidiol (CBD) e o
Tetrahidrocannabinol (THC), a autorização vale tanto para medicamento previamente
registrado na ANVISA, quanto os importados em caráter excepcional, para
tratamentos médicos dos brasileiros, tanto que efetue o cadastramento do paciente
perante a Anvisa, conforme o art. 7º da resolução.
Contudo, a matéria vem evoluindo de forma lenta, no entanto uma vertente
mais liberal, vem trabalhando para legalizar a Cannabis em sua integralidade, não
apenas para fins medicinais e cientificas, mas também para uso recreativo, o
deputado Eurico Júnior, do PV/RJ, apresentou a PL 7187/2014, no qual legaliza em
seu art. 1º, “a plantação, o cultivo, a colheita, a produção, a aquisição, o
armazenamento, a comercialização e a distribuição de maconha e seus derivados, ou
cânhamo, quando for o caso”.
O referido projeto disserta sobre o seu objetivo no art. 4º e 5º, no qual diz que:

Art. 4º A presente Lei tem por objetivo proteger os habitantes do país contra
os riscos decorrentes do vínculo com o comércio ilegal da maconha (cannabis
sativa) e com o narcotráfico, buscando, mediante a intervenção do Poder
Público, enfrentar as consequências devastadora, sanitária, social e
economicamente, do uso de substâncias psicoativas, bem como reduzir a
incidência do narcotráfico e do crime organizado.
Art. 5º O Poder Público dará prioridade para as medidas voltadas ao controlee
à regulação das substâncias psicoativas e de seus derivados, bem como as
que têm por objetivo educar, conscientizar e proteger a sociedade contra os
riscos do uso da maconha (cannabis sativa) para a saúde, particularmenteno
que tange ao desenvolvimento da dependência, levando-se em conta os
padrões da Organização Mundial da Saúde concernentes ao consumo dos
diferentes tipos de substâncias psicoativas.

Assim sendo, podemos observar não apenas a preocupação do legislador


brasileiro em dividir o mercado da maconha, com o crime organizado, mas também a
preocupação em tratar a temática do ponto de vista de saúde pública, enxergando o
usuário não como criminoso, mas como um dependente químico, que precisa do
poder estatal para fornecer o tratamento adequado. Podendo o Estado, se utilizando
da Convenção-Quadro criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no qual o
Brasil é referência, para combater não só o uso do tabaco, mas também o uso da
cannabis.

5.1 GANHOS ECONÔMICOS COM A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

22
Segundo o estudo publicado em 2016 pela Câmara dos Deputados e realizado
por Adriano da Nóbrega Silva, Pedro da Costa Lima e Luciana da Silva, no qual foi
utilizado o consumo da maconha pela população brasileira, assim como os cálculos
realizados em cima de impostos cobrados em cima da maconha, para chegar nos
ganhos decorrentes de sua legalização.
O estudo considerou uma estimativa de que 152.483.995 milhões de
habitantes entre 12 e 65 anos em 2015, juntamente com um índice de 1,8% de usuário
da maconha ao mês, em 2005, calculou então de forma conservadora, de que
2.744.712 milhões de pessoas usam maconha mensalmente no Brasil (Câmara dos
Deputados, 2016).
O presente estudo concebendo a regulação da maconha no Uruguai,
considerou que cada usuário poderia comprar apenas 40 gramas de maconha por
mês, sendo o grama vendida à US$ 1,20, podendo cada usuário adquirir US$ 48 por
mês ou US$ 576 de maconha por ano, segundo o estudo, considerando a taxa de
câmbio da época do estudo, seria gasto R$ 3,60 por dólar, no qual chegaria a um valor
de R$ 2.073,60 por ano (Câmara dos Deputados, 2016).
Considerando esse cenário, e considerando 2.744.712 usuários por mês no
Brasil, poderia obter um gasto anual de R$ 5,69 bilhões de reais (Câmara dos
Deputados, 2016).
Todavia, se formos levar em consideração a taxa de câmbio atual, no qual US$
1,00 dólar equivale à R$ 5,00 reais, chegaríamos à venda do grama da maconha à
R$ 6,00, podendo ser adquirida R$ 240,00 ao mês e R$ 2.880,00 ao ano, e
considerando o estudo realizado pela UNESP (2016) que considerou 3.485.000
milhões de consumidores ao mês, chegaríamos a uma receita total de vendas de R$
10 bilhões ao ano.
Podendo esses valores serem ainda maiores, visto que foi considerado apenas
usuários regulares do mês, não considerando consumidores irregulares ao longo do
ano. Assim como não foram consideras no cálculo os derivados comestíveis da
maconha, que são bastante procurados em um mercado devidamente regulado
(Câmara dos Deputados, 2016).
A Câmara dos Deputados, observou ainda o crescimento no estado do
Colorado, EUA, após a sua legalização, segundo o estudo realizado pelo National
Survey on Drug Use and Healtb, verificou que entre a população de 12 ou mais anos,
houve um crescimento ao ano de 9,6% nos períodos de 2012-2013 e 2013-2014, já

23
considerando o crescimento ao mês, foi de 12,7% para 14,9% no mesmo período, o
que equivale a um aumento de 17,5%, chegando assim a um gasto anual de 6,6
bilhõesao ano (Câmara dos Deputados, 2016).
Se aplicarmos tal crescimento ao Brasil pós-legalização da maconha,
considerando a taxa de câmbio atual e os números de usuários realizados pela
UNESP, obtém um novo cenário para os gastos com o consumo, podendo alcançar
um valor total de vendas de R$ 11,7 bilhões ao ano.
Se considerarmos tais estimativas de consumidores de 2,7 milhões, sendo
consumido 480 gramas ao ano pelo valor da grama à U$1,20 dólar, seria possível
calcular as arrecadações em tributos (Câmara dos Deputados, 2016).
Nesse caso, foi considerado que os tributos cobrados seria o Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas (IRPJ) no qual correspondera em uma aplicação de 15% de
alíquotas do imposto, com um acréscimo de tributo de 10%, sobre o lucro, representando
assim 8% da receita líquida de vendas. (Câmara dos Deputados, 2016).
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com uma arrecadação de 9%
da aplicação sobre o cálculo presumido de tributação (12% da receita líquida
dasvendas). (Câmara dos Deputados, 2016).
A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins), estima-
se uma arrecadação a partir da aplicação do coeficiente de 2,9169 sobre o preço de
venda do varejo, em seguida, a alíquota da Contribuição, que é de 3%. (Câmara dos
Deputados, 2016).
Já a Contribuição para os Programas PIS/Pasep, a arrecadação partiu a partir
da aplicação do coeficiente de 3,42 sobre o preço da venda de varejo, aplicando em
seguida, a alíquota de sessenta e cinco centésimos por cento (Câmara dos
Deputados, 2016).
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por sua vez, levou em
consideração a alíquota ad valorem de 300% sobre 15% do preço de venda a varejo
dos cigarros, o que representa uma alíquota de sessenta e cinco centésimos por
cento. (Câmara dos Deputados, 2016)
E por fim, o tributo estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre
Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicações (ICMS),
considerando a alíquota do Estado de São Paulo, que se encontra em trinta por cento.
(Câmara dos Deputados, 2016).
Com isso, a Câmara chegou a dois cenários, no qual a primeira, sem um

24
aumento de consumidores, no qual arrecadaria em tributos R$ 5 bilhões ao ano, já no
segundo cenário, após aplicação de um aumento de 17,5%, a estimativa, seria uma
arrecadação do Estado em R$ 5,9 bilhões ao ano, sendo uma diferença de 11,74%,
da arrecadação tributária para uma receita total de vendas.
Contudo, se aplicarmos tais impostos, considerando a diferença de 11,74% da
arrecadação tributária para receita de vendas e no cenário em que a quantidade de
consumidores seria de 3.485.000 milhões, poderíamos considerar no primeiro cenário,
supondo uma arrecadação de tributos, de aproximadamente R$ 8,8 bilhões ao ano, já
na segunda situação, em que teria um aumento após a legalização de 17,5% de
consumidores, chegaríamos em uma arrecadação tributária por volta de R$ 10,4
bilhões ao ano.
Além das projeções já apresentadas, a Forbes em 2021, apresentou uma
análise realizada pela empresa de inteligências, Kaya Mind, no qual analisou a
regulamentação da maconha no Brasil, no qual informou que:

(...)a regulamentação da cannabis no Brasil poderia gerar 117 mil empregose


movimentar R$ 26,1 bilhões em quatro anos no país.
O cálculo realizado pela consultoria – que levou em conta a regulamentação
de todas as formas de consumo, ou seja, medicinal, cânhamo (planta de
cannabis) e recreativo – considera, ainda, uma arrecadação de R$ 8 bilhões
em impostos no mesmo período. “Chegamos nesse valor considerando as
devidas finalidades. No caso do uso medicinal, usamos a taxa atual cobrada
sobre medicamentos nacionais [30% sobre o preço do remédio]. Já em
relação ao cânhamo, consideramos a tarifa média de produtos agrícolas no
Brasil [6,7%, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro]. Para o uso adulto, aplicamos a taxa de 43%, similar à do tabaco e
do álcool [entre 40% e 70%]”, explica Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya
Mind.
Já o valor de R$ 26,1 bilhões engloba o uso medicinal no país, a produção
de cânhamo para fins industriais [produção de fibras e sementes para
alimentação e rações animais] e também o uso adulto da substância, levando
em consideração vendas no varejo e cultivo individual”, destaca a
especialista. “De todo modo, a exploração internacional também é recente, e
grande parte dos marcos regulatórios que fizeram começar a girar a roda do
mercado legal pegaram tração rumo a seu potencial absoluto agora.

Com isso, podemos observar que o mercado da cannabis sativa, no Brasil, é


bastante promissora, tanto para questão da saúde pública, quanto do ponto de vista
econômico, fazendo com que os ganhos tributários provenientes da legalização, seja
suficiente para reformar o sistema carcerário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com todo o exposto, podemos constatar que a criminalização da cannabis

25
sativa, é mais uma construção racista e preconceituosa da sociedade, do que por uma
questão de saúde pública que prejudica diretamente a sociedade, uma vez que ficou
constatado a benesse de tal substância, não apenas os benefícios socioeconômicos,
mas também para o uso medicinal, dado que a maconha auxilia diretamente no
tratamento de inúmeras doenças graves.
No primeiro item após a introdução, tópico 1, foi tratado do contexto histórico
da criminalização da cannabis, no qual tem o objetivo de demostrar a naturalidade
com que se tratava o uso da planta no século XIX, mesmo por integrantes da coroa.
Neste capítulo também foi tratado que tal criminalização decorreu de um
pensamento retrogrado, extremamente preconceituoso e até mesmo racista de
personalidades do passado, no qual o Brasil foi pioneiro perante a comunidade
internacional pela política proibicionista.
Em seguida, no tópico 2, teve o objetivo demostrar que autoridades políticas e
retoricas da sociedade, podem afetar diretamente em um desenvolvimento do sistema
prisional, fazendo com que direitos fundamentais da população sejam tratados com
descaso ocasionando em uma mitigação de tais direitos, fazendo com que afete no
objetivo social da prisão, que é de ressocializar.
O tópico 3, por sua vez, veio com uma proposta de demostrar os gastos do
Estado com o sistema carcerário, que apesar de um gasto consideravelmente alto,
não é o suficiente para manter uma boa qualidade prisional, deixando assim os
detentos em uma situação precarizada, mostrando ser necessário um maior
investimento durante bons anos, para que se reformule o sistema.
No tópico 4, fez um paralelo entre a cannabis e outras drogas que hoje são
lícitas, o tabaco e a bebida alcoólica, demostrando que apesar de ambas serem
prejudiciais à saúde, são tratadas como uma temática de saúde pública, mostrando
assim como que dependentes químicos decorrentes da maconha, poderiam ser
tratados. Nos subtópicos do item 4, teve como objetivo mostrar benefícios da
legalização da maconha, vantagens medicinais e proveitos no combate ao crime
organizado.
Para concluir o presente estudo, foi tratado no tópico 5 como que a maconha
seria legalizada, assim como os seus ganhos econômicos, através da
comercialização e tributação, demostrando assim que a tributação em questão
efetuado pelo Estado, seria suficiente para remanejar ao sistema carcerário, sanando
assim problemas estruturais e de mitigação dos direitos fundamentais dos detentos.

26
Nesse sentido, ficou evidente a importância social da legalização, não apenas
para os detentos que teriam uma estrutura prisional capaz de cumprir com a sua
função social, mas também para usuários, que teriam um tratamento mais eficaz.
Como também ficou devidamente comprovado que os ganhos econômicos da
tributação da maconha, que seriam entre R$ 8 e R$ 10 bilhões ao ano, seriam mais
que o suficiente para reestruturar o sistema carcerário que custaria R$ 5,4 bilhões ao
ano até 2037, acabando assim com uma superlotação carcerário que mitiga direitos
fundamentais, cabendo então ao ente público fazer o remanejamento da tributação,
para que sejam usadas de maneira eficiente.
Por outro lado, cabe uma conscientização social, partindo de um incentivo
midiático, para que discursos de ódio em desfavor dos detentos, sejam sanadas ou
ao menos diminuídas, mostrando a sociedade, que a segurança pública e o índice de
criminalidade estão diretamente atrelados a um sistema prisional bem estruturado,
que cumpre com o seu dever de punir e ressocializar o infrator a sociedade.
Por fim, o presente artigo pode ser utilizado para fazer um futuro levantamento
de formas alternativas de combate ao crime organizado ou um levantamento de como
pode potencializar as políticas de tratamento ao dependente químico.

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