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LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO
NATAL/RN
2022
ABRAÃO VITAL SANTOS DE OLIVEIRA
MARIA VICTORIA SILVA DOS SANTOS
LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO
NATAL/RN
2022
ABRAÃO VITAL SANTOS DE OLIVEIRA
MARIA VICTORIA SILVA DOS SANTOS
LEGALIZAÇÃO DA CANNABIS:
PARA AMPLIAR O SISTEMA CARCERÁRIO
Natal/RN, de de 2022.
BANCA EXAMINADORA
The article developed, makes a historical survey of marijuana prohibition, talks about
the legalization of cannabis, aiming to verify the economic gains in tax collections, so
that it can finance a better structure in the state prison system. Preliminarily, we will talk
about the historical context of marijuana, how it is situated in our legal system from the
point of view of drug law, with regard to trafficking and consumption, then we will
discuss the fundamental rights of detainees. Next, we will make a parallel between
marijuana and other licit drugs and we will analyze the structures of the prison system,
whether the units are closed or semi-open, we will observe the numbers acquired by
the Ministry of Justice of public spending on the prison system and how much it would
need to be invested so that it can deliver an effective and quality system to the
population, so that it can achieve its social objective,topunish and resocialize.
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1 CONTEXTO HISTÓRICO DA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
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Imagem 2: Propaganda de cigarrilhas grimault
Com todo o exposto, podemos observar que o uso da maconha era comum e
socialmente aceito no âmbito nacional e até mesmo comprovada os seus benefícios
para tratamentos medicinais.
Porém, na década de 20, mais especificamente no ano de 1924, iniciou-se uma
grande oposição ao uso da maconha, independente se utilizado de forma recreativa
ou medicinal. A Liga das Nações, promoveu em 1924, a II Conferência Internacional
do Ópio, no qual tinha como objetivo inibir o uso do ópio, que era o maior problema
quando o assunto se tratava de drogas, entretanto o representante brasileiro,
Pernambuco Filho e Gotuzzo juntamente com o egípcio, se utilizou da conferência,
através de um discurso infundado para demonizar o uso da cannabis, no qual disse:
“a maconha é mais perigosa do que o ópio”, conseguindo a partir de então a proibição
da venda da maconha, conforme relatado pela Veja (2010), o Pernambuco Filho
nunca tinha se pronunciado contra a maconha e nem voltou a se pronunciar após a
conferência, relatado pela Veja (2010).
Segundo André Barros e Marta Peres (P.12), toda essa repressão ao uso da
maconha, foi influenciada pelo psiquiatra brasileiro José Rodrigues da Costa Dória,
nascido em Sergipe e formado na Bahia, que representou a Faculdade de Direito, o
Instituto Histórico e Geográfico e a Sociedade de Medicina legal e Criminologia da
Bahia no 2º Congresso Científico Pan-Americano, na cidade de Washington, capital
dos EUA. Na oportunidade que teve, apresentou um projeto de cunho racista,
intitulado de “Os fumantes de maconha: efeitos e males do vício”, o projeto tinha como
objetivo, fazer um paralelo entre o consumo da maconha e os danos na saúde
humana. O trabalho de Dória, portanto, entregou uma visão distorcida e
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preconceituosa da temática, com discursos nazistas e fascistas, narrando que se
tratava de uma vingança dos negros “selvagens” contra os brancos “civilizados”, por
terem os escravizados.
As repressões ficaram mais intensas na década de 30, em 1933 no Rio de
Janeiro foram registradas as primeiras prisões devido ao comércio ilegal, prisões
essas decorrentes do Decreto nº 20.930 de 11 de janeiro de 1932, no qual
criminalizava a cannabis indica, que é uma variante da cannabis sativa, porém,
apenas em 1938, através do Decreto-Lei nº 891, de 25 de novembro de 1938, no seu
artigo 1º inciso XVI, relata que tanto a cannabis sativa, quanto suas variações
passaram a serem criminalizadas, conforme podemos conferir no texto a seguir, que
diz:
Artigo I
São consideradas entorpecentes, para os fins desta lei e outras aplicáveis, as
seguintes substâncias:
Primeiro grupo:
XVI - O cânhamo, cannabis sativa e variedade índica (Maconha, meconha,
diamba, liamba e outras denominações vulgares).
LISTA? É
LISTA DE PLANTAS QUE PODEM ORIGINAR SUBSTÂNCIAS
ENTORPECENTES E/OU PSICOTRÓPICAS
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1. CANNABIS SATIVUM
O que significa que não cabe prisão em casos de serem flagrados portando a
maconha para consumo, contudo, a lei não é taxativa no que se refere a quantas
gramas é caracterizado porte para consumo ou tráfico de drogas, deixando à margens
de interpretações do ministério público e magistrados, fazendo com que acontece o
caso absurdo relatado pela UOL:
A jovem Irene* presa aos 18 anos, com 4 gramas de maconha e que havia
sido condenada em primeira instância pela justiça de Avaré (interior de SP) a
8 anos e 10 meses de prisão por tráfico de drogas e associação ao tráfico,
obteve vitória parcial na segunda instância e teve a pena de prisão reduzida
para 1 ano, 11 meses e 10 dias de prisão e multa. (...) Ela diz ser apenas
usuária de maconha. (...) Tanto ela quanto a sua defesa afirma que a jovem
jamais teria sido denunciada por tráfico se o caso tivesse ocorrido numa
universidade ou numa
região de classe média da capital. (...) Nome fictício para preservar a jovem,
já que ela teme represálias
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diz:
Art. 5º:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
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(quatrocentos e noventa mil e vinte e quatro) detentos, causando um déficit de 189.663
(cento e oitenta e nove mil, seiscentos e sessenta e três) vagas no sistema prisional
conforme a DEPEN, sendo 332.480 (trezentos e trinta e dois mil, quatrocentos e
oitenta) presos no regime fechados e 113.173 (cento e treze mil, cento e setenta e
três) no semiaberto, que é os dois regimes onde se encontra as maiores restrições de
direitos fundamentais.
No Brasil, temos drogas que trazem mais malefícios a sociedade, contudo, são
aceitas socialmente pelas mesmas e pelo nosso ordenamento jurídico, como é o caso
do álcool e do tabaco, que são motivos de gerar várias doenças a população, como,
por exemplo, vários tipos de câncer, leucemia, cirrose, hepatite alcoólica, de uma
simples dependência substancial, que leva um problema de saúde crônico e fatal, não
apenas para o consumidor, mas também para parentes e familiares que convivem
com o usuário, podendo causar vítimas, dado que dirigir alcoolizado gera acidentes.
Conforme a matéria publicada pelo site dos Estados do Rio Grande do Sul,
informa que o Detran do RS, analisou 624 casos de condutores que acabou em morte
decorrentes de acidentes de trânsito, no qual concluiu que dos 624 motoristas mortos,
37% (232 condutores), conforme gráfico abaixo.
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causando assim danos à saúde da população, segundo estudos feitos no 3º
Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, 66,4% da
população brasileira entre 12 e 65 anos, já consumiu bebida alcoólica pelo menos
uma vez na vida, e apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ter proibido
em seu art. 81, inciso II, art. 243 e 258 – C, o fornecimento de bebida alcoólica para
menores de idade, no qual diz:
Tais dispositivos legais não inibiu que adolescentes tivesse contato com bebida
álcool, pois a pesquisa demostrou que cerca de sete milhões (34,3%) dos jovens entre
12 a 17 anos, relataram já terem consumido bebida alcoólica pelo menos uma vez na
vida, segundo o III levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População
Brasileira (2017, P. 82-83), isso mostra que uma lei penal sem uma política de
combate ao uso de tal substância, é ineficiente para alcançar o objetivo de diminuir o
consumo na sociedade.
Diferentemente do álcool, o tabaco tem uma atenção maior do governo
brasileiro para que seja desenvolvida políticas públicas para a diminuição do seu
consumo. Hoje o Brasil é um país signatário do primeiro tratado internacional de
combate ao consumo de tabaco da história da Organização Mundial da Saúde (OMS),
sendo reconhecido como país referência no controle do tabagismo, coordenando
assim a criação da Convenção-Quadro.
Segundos dados apresentados pelo site Agência Brasil, o Brasil é referência
mundial no combate ao tabaco, tendo diminuição significativa no consumo pela sua
população, segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que informa que:
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Nos últimos 13 anos, a população entrevistada diminuiu em 40% o consumo
do tabaco. A pesquisa revela ainda que o consumo vem caindo em todas as
faixas etárias: de 18 a 24 anos de idade (12% em 2006 e 6,7%, em 2018), 35e
44 anos (18,5% em 2006 e 9,1% em 2018); e entre 45 a 54 anos (22,6% em
2006 e 11,1% em 2018). Entre as mulheres, a redução do hábito de fumar
alcançou 44%.
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2008 (Agência Brasil, 2019).
Tais medidas poderiam ser utilizadas ao se tratar de uma possível legalização
da cannabis sativa, com o objetivo de combater o seu consumo, uma vez que essas
políticas se mostraram eficientes ao longo prazo.
Art. 2º
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.
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Luigi Mazza, Marcos Amorozo e Renata Buono, informa que de janeiro a setembro de
2020, foi apreendido em operações 559 toneladas de maconha, no site do governo
federal, informa ainda que em 2022 quase 1 tonelada de maconha, equivale a R$
2.073.598,00 (dois milhões, setenta e três mil e quinhentos e noventa e oito reais) em
lucros para o crime organizado, se considerarmos esses números, podemos
considerar que em 2020, o tráfico deixou de lucrar no Brasil R$ 1.1 bilhão.
Todo esse mercado da comercialização da maconha, se encontra em domínio
unicamente do crime organizado, servindo de financiamento para cometer outros atos
ilícitos.
Art2º...........................................................................
...................................................................................
§2º Os medicamentos que contenham extratos, substratos, ou partes da
planta denominada Cannabis sativa, ou substâncias canabinoides, poderão
ser comercializados no território nacional, desde que exista comprovação de
sua eficácia terapêutica, devidamente atestada mediante laudo médico para
todos os casos de indicação de seu uso. (NR)
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Enquanto deputados tentam aprovar no congresso a PL 399/2015, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2015, aprovou a RDC Nº 17/2015, que
permitiu a prescrição de medicamentos a base Canabidiol (CBD) e o
Tetrahidrocannabinol (THC), a autorização vale tanto para medicamento previamente
registrado na ANVISA, quanto os importados em caráter excepcional, para
tratamentos médicos dos brasileiros, tanto que efetue o cadastramento do paciente
perante a Anvisa, conforme o art. 7º da resolução.
Contudo, a matéria vem evoluindo de forma lenta, no entanto uma vertente
mais liberal, vem trabalhando para legalizar a Cannabis em sua integralidade, não
apenas para fins medicinais e cientificas, mas também para uso recreativo, o
deputado Eurico Júnior, do PV/RJ, apresentou a PL 7187/2014, no qual legaliza em
seu art. 1º, “a plantação, o cultivo, a colheita, a produção, a aquisição, o
armazenamento, a comercialização e a distribuição de maconha e seus derivados, ou
cânhamo, quando for o caso”.
O referido projeto disserta sobre o seu objetivo no art. 4º e 5º, no qual diz que:
Art. 4º A presente Lei tem por objetivo proteger os habitantes do país contra
os riscos decorrentes do vínculo com o comércio ilegal da maconha (cannabis
sativa) e com o narcotráfico, buscando, mediante a intervenção do Poder
Público, enfrentar as consequências devastadora, sanitária, social e
economicamente, do uso de substâncias psicoativas, bem como reduzir a
incidência do narcotráfico e do crime organizado.
Art. 5º O Poder Público dará prioridade para as medidas voltadas ao controlee
à regulação das substâncias psicoativas e de seus derivados, bem como as
que têm por objetivo educar, conscientizar e proteger a sociedade contra os
riscos do uso da maconha (cannabis sativa) para a saúde, particularmenteno
que tange ao desenvolvimento da dependência, levando-se em conta os
padrões da Organização Mundial da Saúde concernentes ao consumo dos
diferentes tipos de substâncias psicoativas.
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Segundo o estudo publicado em 2016 pela Câmara dos Deputados e realizado
por Adriano da Nóbrega Silva, Pedro da Costa Lima e Luciana da Silva, no qual foi
utilizado o consumo da maconha pela população brasileira, assim como os cálculos
realizados em cima de impostos cobrados em cima da maconha, para chegar nos
ganhos decorrentes de sua legalização.
O estudo considerou uma estimativa de que 152.483.995 milhões de
habitantes entre 12 e 65 anos em 2015, juntamente com um índice de 1,8% de usuário
da maconha ao mês, em 2005, calculou então de forma conservadora, de que
2.744.712 milhões de pessoas usam maconha mensalmente no Brasil (Câmara dos
Deputados, 2016).
O presente estudo concebendo a regulação da maconha no Uruguai,
considerou que cada usuário poderia comprar apenas 40 gramas de maconha por
mês, sendo o grama vendida à US$ 1,20, podendo cada usuário adquirir US$ 48 por
mês ou US$ 576 de maconha por ano, segundo o estudo, considerando a taxa de
câmbio da época do estudo, seria gasto R$ 3,60 por dólar, no qual chegaria a um valor
de R$ 2.073,60 por ano (Câmara dos Deputados, 2016).
Considerando esse cenário, e considerando 2.744.712 usuários por mês no
Brasil, poderia obter um gasto anual de R$ 5,69 bilhões de reais (Câmara dos
Deputados, 2016).
Todavia, se formos levar em consideração a taxa de câmbio atual, no qual US$
1,00 dólar equivale à R$ 5,00 reais, chegaríamos à venda do grama da maconha à
R$ 6,00, podendo ser adquirida R$ 240,00 ao mês e R$ 2.880,00 ao ano, e
considerando o estudo realizado pela UNESP (2016) que considerou 3.485.000
milhões de consumidores ao mês, chegaríamos a uma receita total de vendas de R$
10 bilhões ao ano.
Podendo esses valores serem ainda maiores, visto que foi considerado apenas
usuários regulares do mês, não considerando consumidores irregulares ao longo do
ano. Assim como não foram consideras no cálculo os derivados comestíveis da
maconha, que são bastante procurados em um mercado devidamente regulado
(Câmara dos Deputados, 2016).
A Câmara dos Deputados, observou ainda o crescimento no estado do
Colorado, EUA, após a sua legalização, segundo o estudo realizado pelo National
Survey on Drug Use and Healtb, verificou que entre a população de 12 ou mais anos,
houve um crescimento ao ano de 9,6% nos períodos de 2012-2013 e 2013-2014, já
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considerando o crescimento ao mês, foi de 12,7% para 14,9% no mesmo período, o
que equivale a um aumento de 17,5%, chegando assim a um gasto anual de 6,6
bilhõesao ano (Câmara dos Deputados, 2016).
Se aplicarmos tal crescimento ao Brasil pós-legalização da maconha,
considerando a taxa de câmbio atual e os números de usuários realizados pela
UNESP, obtém um novo cenário para os gastos com o consumo, podendo alcançar
um valor total de vendas de R$ 11,7 bilhões ao ano.
Se considerarmos tais estimativas de consumidores de 2,7 milhões, sendo
consumido 480 gramas ao ano pelo valor da grama à U$1,20 dólar, seria possível
calcular as arrecadações em tributos (Câmara dos Deputados, 2016).
Nesse caso, foi considerado que os tributos cobrados seria o Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas (IRPJ) no qual correspondera em uma aplicação de 15% de
alíquotas do imposto, com um acréscimo de tributo de 10%, sobre o lucro, representando
assim 8% da receita líquida de vendas. (Câmara dos Deputados, 2016).
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com uma arrecadação de 9%
da aplicação sobre o cálculo presumido de tributação (12% da receita líquida
dasvendas). (Câmara dos Deputados, 2016).
A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins), estima-
se uma arrecadação a partir da aplicação do coeficiente de 2,9169 sobre o preço de
venda do varejo, em seguida, a alíquota da Contribuição, que é de 3%. (Câmara dos
Deputados, 2016).
Já a Contribuição para os Programas PIS/Pasep, a arrecadação partiu a partir
da aplicação do coeficiente de 3,42 sobre o preço da venda de varejo, aplicando em
seguida, a alíquota de sessenta e cinco centésimos por cento (Câmara dos
Deputados, 2016).
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por sua vez, levou em
consideração a alíquota ad valorem de 300% sobre 15% do preço de venda a varejo
dos cigarros, o que representa uma alíquota de sessenta e cinco centésimos por
cento. (Câmara dos Deputados, 2016)
E por fim, o tributo estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre
Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicações (ICMS),
considerando a alíquota do Estado de São Paulo, que se encontra em trinta por cento.
(Câmara dos Deputados, 2016).
Com isso, a Câmara chegou a dois cenários, no qual a primeira, sem um
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aumento de consumidores, no qual arrecadaria em tributos R$ 5 bilhões ao ano, já no
segundo cenário, após aplicação de um aumento de 17,5%, a estimativa, seria uma
arrecadação do Estado em R$ 5,9 bilhões ao ano, sendo uma diferença de 11,74%,
da arrecadação tributária para uma receita total de vendas.
Contudo, se aplicarmos tais impostos, considerando a diferença de 11,74% da
arrecadação tributária para receita de vendas e no cenário em que a quantidade de
consumidores seria de 3.485.000 milhões, poderíamos considerar no primeiro cenário,
supondo uma arrecadação de tributos, de aproximadamente R$ 8,8 bilhões ao ano, já
na segunda situação, em que teria um aumento após a legalização de 17,5% de
consumidores, chegaríamos em uma arrecadação tributária por volta de R$ 10,4
bilhões ao ano.
Além das projeções já apresentadas, a Forbes em 2021, apresentou uma
análise realizada pela empresa de inteligências, Kaya Mind, no qual analisou a
regulamentação da maconha no Brasil, no qual informou que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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sativa, é mais uma construção racista e preconceituosa da sociedade, do que por uma
questão de saúde pública que prejudica diretamente a sociedade, uma vez que ficou
constatado a benesse de tal substância, não apenas os benefícios socioeconômicos,
mas também para o uso medicinal, dado que a maconha auxilia diretamente no
tratamento de inúmeras doenças graves.
No primeiro item após a introdução, tópico 1, foi tratado do contexto histórico
da criminalização da cannabis, no qual tem o objetivo de demostrar a naturalidade
com que se tratava o uso da planta no século XIX, mesmo por integrantes da coroa.
Neste capítulo também foi tratado que tal criminalização decorreu de um
pensamento retrogrado, extremamente preconceituoso e até mesmo racista de
personalidades do passado, no qual o Brasil foi pioneiro perante a comunidade
internacional pela política proibicionista.
Em seguida, no tópico 2, teve o objetivo demostrar que autoridades políticas e
retoricas da sociedade, podem afetar diretamente em um desenvolvimento do sistema
prisional, fazendo com que direitos fundamentais da população sejam tratados com
descaso ocasionando em uma mitigação de tais direitos, fazendo com que afete no
objetivo social da prisão, que é de ressocializar.
O tópico 3, por sua vez, veio com uma proposta de demostrar os gastos do
Estado com o sistema carcerário, que apesar de um gasto consideravelmente alto,
não é o suficiente para manter uma boa qualidade prisional, deixando assim os
detentos em uma situação precarizada, mostrando ser necessário um maior
investimento durante bons anos, para que se reformule o sistema.
No tópico 4, fez um paralelo entre a cannabis e outras drogas que hoje são
lícitas, o tabaco e a bebida alcoólica, demostrando que apesar de ambas serem
prejudiciais à saúde, são tratadas como uma temática de saúde pública, mostrando
assim como que dependentes químicos decorrentes da maconha, poderiam ser
tratados. Nos subtópicos do item 4, teve como objetivo mostrar benefícios da
legalização da maconha, vantagens medicinais e proveitos no combate ao crime
organizado.
Para concluir o presente estudo, foi tratado no tópico 5 como que a maconha
seria legalizada, assim como os seus ganhos econômicos, através da
comercialização e tributação, demostrando assim que a tributação em questão
efetuado pelo Estado, seria suficiente para remanejar ao sistema carcerário, sanando
assim problemas estruturais e de mitigação dos direitos fundamentais dos detentos.
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Nesse sentido, ficou evidente a importância social da legalização, não apenas
para os detentos que teriam uma estrutura prisional capaz de cumprir com a sua
função social, mas também para usuários, que teriam um tratamento mais eficaz.
Como também ficou devidamente comprovado que os ganhos econômicos da
tributação da maconha, que seriam entre R$ 8 e R$ 10 bilhões ao ano, seriam mais
que o suficiente para reestruturar o sistema carcerário que custaria R$ 5,4 bilhões ao
ano até 2037, acabando assim com uma superlotação carcerário que mitiga direitos
fundamentais, cabendo então ao ente público fazer o remanejamento da tributação,
para que sejam usadas de maneira eficiente.
Por outro lado, cabe uma conscientização social, partindo de um incentivo
midiático, para que discursos de ódio em desfavor dos detentos, sejam sanadas ou
ao menos diminuídas, mostrando a sociedade, que a segurança pública e o índice de
criminalidade estão diretamente atrelados a um sistema prisional bem estruturado,
que cumpre com o seu dever de punir e ressocializar o infrator a sociedade.
Por fim, o presente artigo pode ser utilizado para fazer um futuro levantamento
de formas alternativas de combate ao crime organizado ou um levantamento de como
pode potencializar as políticas de tratamento ao dependente químico.
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