Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Departamento de História
Pelotas, 2021
Maicon Paiva Zanetti
Pelotas, 2021
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido a paz nos momentos em que mais
precisei para conseguir escrever esse trabalho. Agradeço aos familiares, que acreditaram em
meu potencial e torceram por mim.
Deixo também aqui, sinceros agradecimentos à meu orientador, Aristeu Lopes, que me
esclareceu muitas dúvidas e acompanhou todo meu processo de construção dessa pesquisa,
desde o projeto, até a conclusão.
Agradeço também a minha noiva, meu “pilar de sustentação”, a pessoa que esteve
comigo em todos momentos, sempre apoiando e incentivando-me a seguir, assim como fiz com
ela. Iniciamos juntos e concluiremos juntos.
Por fim, e não menos importante, agradeço aos colegas de curso e eternos amigos que
estiveram sempre ao nosso lado nessa jornada, Estela, Fátima, Lisandro e Patrícia. Muito
obrigado a todos, e dedico esse trabalho a vocês.
3
RESUMO
A propaganda de cigarro, até determinado período, foi amplamente veiculada nos meios de
comunicações, e sem nenhuma restrição. Entre esses meios de comunicações estavam as
revistas, e entre elas, a revista O Cruzeiro, lançada no Rio de Janeiro, no ano de 1928, fonte
desta pesquisa. No Brasil, a partir da década de 1970 surgiam os primeiros movimentos
antitabagistas, e na Constituição de 1988 já era previsto no parágrafo 4º, do artigo 220,
advertência à propaganda comercial do tabaco, além de outros produtos. Entretanto, a primeira
Lei Federal que passa a tratar especificamente a restrição desse tipo de produto foi sancionada
somente em 1996, e depois alterada por outras leis que a tornaram cada vez mais rigorosa. E
como era apresentada esse tipo de propaganda, nos meios de comunicações, antes de tais leis?
O presente trabalho tem por objetivo fazer um histórico dessas leis e, em seguida, analisar como
as propagandas de cigarro eram apresentadas anteriormente na revista O Cruzeiro, no ano de
1968, analisando como esse tipo de publicidade influenciava e atraía novos adeptos ao
tabagismo.
4
ABSTRACT
In the past, cigarette advertising was widely disseminated in the media and without any type of
restriction. Among the most popular media at the time were magazines, from which we chose
our source of research, the magazine O Cruzeiro, launched in Rio de Janeiro in 1928. On the
other hand, in the 1970s, the first anti-smoking movements began in Brazil. Subsequently, in
the 1988 National Constitution, article 220, § 4, appears a warning about commercial
advertising of tobacco, as well as other products. However, the first Federal Law that
specifically addresses the restriction on advertising of this type of product was not approved
until 1996. This legislation, over time has changed with the creation of other laws that made
these restrictions increasingly rigid. Due to all these facts, our research question is: How has
this type of advertising been spread in the media in historical periods prior to the existence of
these laws? Therefore, the objective of the present work was to make a history of these laws, to
later analyze how cigarette advertisements have been presented in the magazine O Cruzeiro, in
1968. In addition, we have also analyzed how this type of advertising has influenced and
attracted new followers of smoking.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................7
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................38
REFERÊNCIAS......................................................................................................................40
6
INTRODUÇÃO
Apesar de esse tipo de pesquisa ser um campo mais voltado para o Jornalismo, é
importante ressaltar que qualquer objeto de estudo se faz história, e esse é um tema significativo
também para a área das ciências humanas, na busca de compreender um pouco dessa cultura
tabagista, e também do passado relacionado a uma indústria que ainda é forte no Brasil, mas
que, atualmente, é proibida de fazer propaganda de seu produto.
Considerando que, no Brasil, a partir de 1996, o Governo Federal passa a impor uma
série de restrições quanto ao uso e a propaganda comercial de produtos fumígenos, entre outros,
através da Lei nº 9.294, esta pesquisa tem como principais objetivos apresentar essa Lei,
fazendo um histórico das leis posteriores que alteraram alguns dos seus dispositivos, tornando-
a cada vez mais restritiva, e também entender como eram essas propagandas de cigarro na
revista O Cruzeiro, antes de tais restrições1. Sendo assim, o que essa pesquisa tem de
excepcional no meio acadêmico é que, além de se tratar de um dos poucos, ou talvez o único,
trabalho do curso de História em que aborda esse tipo de assunto, traz também, como inovação,
a análise das propagandas de cigarro especificamente na revista O Cruzeiro, fazendo um
contraponto com as leis que passaram a restringir esse tipo de publicação.
1
A escolha da revista O Cruzeiro, como fonte, se deve ao fato da situação atual a qual estamos passando. Visto
que estamos em meio a uma pandemia de Covid-19 no país e no mundo, e portanto, devemos manter o isolamento
social, a opção foi utilizar uma fonte que estivesse à disposição de forma digital. Em um primeiro momento, a
opção de fonte seria a revista Veja, na forma física, salvaguardada no Núcleo de Documentação Histórica, da
UFPel, utilizando também 1968 como recorte, ano de sua fundação.
7
consumo de cigarro nesse período, visando analisar a interferência da propaganda no hábito de
fumar” (TOLOTTI; DAVOGLIO, 2010, p. 420). Outro trabalho que pode ser citado é o artigo
de Lara Lopes, da Universidade Federal de Uberlândia, intitulado O cigarro em propaganda
na revista Ilustração Brasileira: uma experiência estética, de 2015. Nesse artigo, a autora busca
“compreender a construção das propagandas de cigarro publicadas na revista Ilustração
Brasileira entre 1937 e 1945” (LOPES, 2015, p. 276). Ou seja, o primeiro artigo citado pesquisa
algumas propagandas de cigarro na televisão brasileira. Já o segundo, faz uma análise desse
tipo de propaganda na revista Ilustração Brasileira, na década de 30 e 40. Ademais, também é
importante ressaltar que existem outros trabalhos que abordam esse tipo de tema, tanto em
revistas, como em outros meios de comunicação (SANTOS, 2009; BOEIRA, 2002).
Tendo em vista que, a revista O Cruzeiro fora um semanário lançado em 1928, e que a
pro propaganda comercial de cigarro perdurou durante muitos anos em suas páginas, é evidente
que precisava ser feito um recorte temporal para esta pesquisa, por se tratar de um grande
volume de material disponível. A escolha do recorte, em um primeiro momento, seria analisar
o primeiro ano de publicação da revista, ou seja, 1928. Entretanto, após análise, foi constatado
que no primeiro ano de publicação, assim como nas primeiras décadas de circulação da revista,
pouco se via de propaganda comercial de cigarros, o que inviabilizou esse recorte para a
pesquisa. Sendo assim, a ano escolhido foi 1968, por ser este um ano emblemático no país e no
mundo.
2
Assis Chateaubriand pontificou no jornalismo brasileiro como estrela de primeira grandeza, falando por si não
somente o seu valor literário, que o levou à Academia Brasileira de Letras, mas, também, o mundo jornalístico por
ele criado, fazendo funcionar dezenas de jornais, rádios e emissoras de televisão por todo o território nacional, sob
a denominação “Diários e Emissoras Associados”, num trabalho, à época, de bandeirantismo e de integração
nacional” (VASCONCELOS, 2018, p. 3).
3
Disponível em: < https://www.brasildefato.com.br/2018/01/04/nos-50-anos-de-1968-relembre-11-fatos-que-
abalaram-o-mundo> Acesso em 17/05/21.
8
ser anterior às leis que passaram a restringir o consumo do cigarro em determinados lugares e
a propaganda comercial de cigarros no Brasil.
Para trabalhar com o conceito de representação serão utilizados dois autores como
referência. O primeiro será o teórico cultural e sociólogo jamaicano Stuart Hall, através de sua
obra Cultura e representação, de 2016, que trata a questão do sentido, da linguagem, e é claro,
da representação, que será o conceito trabalhado nessa pesquisa. O segundo autor que será
utilizado como referência é o historiador italiano Carlo Ginzburg, com sua obra Olhos de
madeira: nove reflexões sobre a distância, de 2001. Nessa obra, o autor apresenta o conceito
de representação como “a palavra, a ideia, a coisa” (GINZBURG, 2001, p. 85). Tanto Hall,
como Ginzburg, ambos autores serão fundamentais como base teórica para analisar as imagens
das propagandas de cigarro, através do conceito de representação, visto que será analisado tudo
aquilo que estará sendo representado no conjunto de cada imagem. Ou seja, o que os modelos,
os objetos, e o cenário estarão representando em tais propagandas, tendo em vista que, tudo o
que está contido em uma imagem publicitária tem um significado, e não está ali em vão.
9
CAPÍTULO 1- AS LEIS QUE PASSARAM A RESTRINGIR A PROPAGANDA DE
CIGARROS NO BRASIL
Este capítulo pretende analisar alguns artigos da Lei nº 9.294, sancionada em 15 de julho
de 1996, que passa a restringir o uso e a propaganda de produtos fumígeros4, derivados ou não
do tabaco, em todo território brasileiro. Também serão analisadas a Lei nº 10.167, do ano 2000,
a Lei nº 10.702, de 2003, e a Lei nº 12.546, Lei antifumo sancionada em 14 de dezembro de
2011, mas regulamentada somente em 2014. A intenção aqui é fazer um histórico das leis,
comparando o que mudou de uma para a outra5, tendo como base e complementação, as
discussões de especialistas na área, assim como trabalhos acadêmicos que pesquisaram o
assunto. Tendo em vista que, no segundo capítulo deste trabalho serão analisadas algumas
imagens e mensagens contidas nas propagandas de cigarro na revista O Cruzeiro, durante o ano
de 1968, este capítulo se faz necessário para entendermos como foi o processo que levou a
restrição desse tipo de propaganda posteriormente.
Por isso a propaganda de cigarro passou a ser um tema de conflito entre o setor público
e o privado. Diante desse antagonismo, o Estado precisa intervir, buscando uma regulamentação
4
Importante salientar que, tanto nesta lei, assim como em outras analisadas, algumas vezes refere-se não somente
aos produtos fumígeros, mas também a bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas.
Entretanto, neste trabalho será mencionado preferencialmente o cigarro, assim como o fumo, ou tabaco, tendo em
vista que esse é o produto principal da pesquisa e não pretende-se estendê-la para outros ramos.
5
O trabalho de (MALZONE, 2015), faz uma análise de argumentos a favor, e também os contra as leis que
acabaram restringindo a liberdade dos fumantes.
10
da propaganda deste produto através de uma lei federal que aplique algumas restrições à ela.
Ao mesmo tempo, o Estado precisa manter a atividade econômica relacionada ao tabagismo,
tendo em vista o lucro que este produto rende ao governo federal através da carga tributária que
lhe é cobrada, além de toda mão de obra empregada nesse setor, que garante muitos empregos
diretos e indiretos para a sociedade brasileira. De acordo com Albanesi, “a Fundação Getúlio
Vargas mostra, através de seus estudos, que a indústria do fumo movimenta US$ 5,3
bilhões/ano no país, produzindo uma receita fiscal de aproximadamente US$ 3,8 bilhões”
(ALBANESI, 2004, p. 407 apud GIACOMINI FILHO, 2006, p. 2). Entretanto, conforme
afirma Borges, “o fumo faz com que o Ministério da Saúde brasileiro gaste anualmente 2
bilhões de reais com o tratamento de doenças originárias de seu uso” (BORGES, 2001 apud
GIACOMINI FILHO, 2006, p. 3).
Ainda sobre a propaganda de cigarro, é nítido que ela tenha impulsionado a indústria
tabagista cada vez mais, ao longo do século XX, atraindo um público bastante diversificado.
Entretanto, da década de 1950 em diante, quando pesquisas científicas internacionais passam a
comprovar todos os malefícios e doenças causadas pelo uso do tabaco e seus derivados,
profissionais brasileiros da área de saúde tomam conhecimento e iniciam suas primeiras ações
de controle quanto ao uso desses produtos no país7 (BRASIL, 2011, p. 30). Ademais, entre 1964
e o fim desta mesma década, foram colocadas em pauta, no Congresso Nacional, várias
6
Disponível em: <https://www.gazetaonline.com.br/noticias/politica/2019/07/comissao-aprova-proibir-
propaganda-de-cigarros-ate-em-pontos-de-venda-1014187880.html> Acesso em 11/11/19.
7
O médico Mário Kroeff, diretor do Serviço Nacional do Câncer, foi o principal nome na história da oncologia no
Brasil, e o pioneiro na divulgação dos malefícios do tabaco no país (BRASIL, 2012, p. 19).
11
iniciativas visando reprimir a propaganda de tabaco, assim como, medidas para restringir o uso
do produto e seus derivados. Porém, devido a coerção da própria indústria do tabaco e da
corrupção brasileira8, esses projetos acabaram sendo arquivados e não saíram do papel
(TEIXEIRA; JAQUES, 2011 apud BARRETO, 2018, p. 801).
8
A corrupção, que aqui se refere, visava atender aos interesses das grandes forças econômicas do país, naquele
determinado período. Ver mais em: (TEIXEIRA; JAQUES, 2011, p. 297).
9
Para mais informações sobre o contexto político, social e econômico do Brasil durante a década de 1970, ver em:
(FAUSTO, 2006).
10
É pertinente informar que, já em 1986 havia sido decretada pelo então Presidente da República, José Sarney, a
primeira Lei Federal antitabagista no Brasil, a Lei nº 7.488/86, na qual instituía o dia 29 de agosto como o Dia
Nacional do Combate ao Fumo (BARRETO, 2018). Entretanto, nesta lei ainda não mencionava-se nenhum tipo
de restrição quanto a propaganda deste produto.
11
Aqui refere-se apenas a “algumas leis”, pois o que interessa nesse pesquisa são prioritariamente as leis que
tratam da propaganda de cigarros, tendo em vista que, este não é um trabalho da área da saúde, e também não
pretende-se estender a pesquisa para outras ramificações.
12
nº 12.546 de 2011, que passa a coibir esse tipo de propaganda em todo território nacional,
permitindo apenas à exposição dos produtos em locais de venda, acompanhado de advertências
pré-estabelecidas.
A Lei nº 9.294 determina, em seu artigo 2º, a proibição do “uso de cigarros, cigarrilhas,
charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto
coletivo, privado ou público” (BRASIL, 1996)12. Entretanto, o consumo ainda continua sendo
permitido nesses locais, desde que seja em áreas destinadas exclusivamente para esse fim, com
isolamento e arejamento adequado. Cavalcante mostra que essas medidas não são tão eficazes.
Voltando à Lei nº 9.294, o artigo 3º, que restringe o horário de transmissão, nas emissoras
de rádio e televisão, da propaganda comercial dos produtos já mencionados no artigo 2º, dispõe
ainda, no seu parágrafo 1º, seis princípios que devem ser seguidos pelas mesmas. Por exemplo,
o inciso I adverte que a propaganda destes produtos não deve “sugerir o consumo exagerado ou
irresponsável, nem a indução ao bem-estar ou saúde, ou fazer associação a celebrações cívicas
ou religiosas” (BRASIL, 1996). Esse tipo de propaganda foi amplamente veiculado nas revistas
brasileiras durante a primeira metade do século XX, e alguns médicos, patrocinados por essa
indústria tabagista, chegavam até mesmo a induzir o público ao uso do cigarro, com a falsa
ideia de que este trazia benefícios para quem o consumisse (BRASIL, 2012, p. 26). O inciso III
deste mesmo parágrafo adverte também para “não associar ideias ou imagens de maior êxito na
sexualidade das pessoas, insinuando o aumento de virilidade ou feminilidade de pessoas
12
Lei nº 9.294, de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9294.htm> Acesso em
11/11/19.
13
Atualmente reconhecido como Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).
13
fumantes” (BRASIL, 1996). Inspirados pelos ídolos norte-americanos, os atores e atrizes
brasileiros, antes de tais leis, apareciam seguidamente fumando em cena, criando uma relação
entre o ato de fumar e valores de virilidade, charme, independência, rebeldia, entre outros
(BRASIL, 2012, p. 33).
Ainda no artigo 3º, o parágrafo 2º menciona que a propaganda nos meios de comunicação
deverá conter mensagens de advertência, seja escrita ou falada, sobre os males causados pelo
fumo14. São seis frases já estabelecidas que devem ser “usadas sequencialmente, de forma
simultânea ou rotativa, nesta última hipótese devendo variar no máximo a cada cinco meses,
todas precedidas da afirmação “O Ministério da Saúde Adverte”, tendo em vista que, com o
passar do tempo essas frases vão diminuindo seu efeito na população, e por isso precisam dessa
rotatividade. O parágrafo 3º deste mesmo artigo determina também que, as embalagens, assim
como os veículos de comunicação, entre eles revistas que divulguem a propaganda dos produtos
já mencionados no artigo 2º, deverão conter a mensagem de advertência já citada no parágrafo
2º (BRASIL, 1996).
Na parte final da Lei nº 9.294, o artigo 9º determina as penalidades previstas aos seus
infratores, entre elas advertência, suspensão de propaganda por parte do veículo de divulgação
em até trinta dias, obrigatoriedade de retificação, apreensão do produto, e multa de R$ 1.410,00
a R$ 7.250,00, sendo que, em caso de reincidência, é cobrada em dobro, em triplo, e assim
sucessivamente (BRASIL, 1996). O mesmo artigo dispõe ainda de um parágrafo, nesse caso o
3º, que especifica quem são considerados, para fins desta Lei, os infratores.
14
Aqui na Lei 9.294, o parágrafo 2º ainda refere-se somente ao fumo.
14
anterior, determinando que é proibido associar o uso do produto à prática de atividades
esportivas, sendo olímpicas ou não, quando antes era restrito somente à esportes olímpicos. O
inciso VI passa a proibir qualquer tipo de participação de crianças ou adolescentes nas
propagandas comerciais, que anteriormente era restrito somente em relação a radiodifusão
(BRASIL, 2000)15.
Além das alterações supracitadas, a nº Lei 10.167 inclui ainda, o parágrafo 4º, no artigo
9º desta mesma Lei, passando a especificar os órgãos encarregados de aplicar as sanções
previstas neste mesmo artigo, sendo eles, o Ministério da Saúde, Ministério da Defesa,
Ministério das Comunicações, e o Ministério dos Transportes. Assim, este parágrafo deixa claro
qual é o órgão responsável por punir cada tipo específico de infração cometida.
15
Lei nº 10.167, do ano 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L10167.htm> Acesso
em 28/11/20.
15
A lei nº 10.702, sancionada pelo Vice-Presidente da República José Alencar Gomes da
Silva, em 14 de julho de 2003,
Uma das alterações que a nº Lei 10.702 fez não diz respeito a propaganda, mas é de
extrema importância salientá-la, pois, passa a incluir mais dois incisos no artigo 3ºA, sendo que
o IX impõe a proibição de venda de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro
produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, para menores de dezoito anos (BRASIL, 2003)16.
Apesar da medida ser de grande valia, o próprio Inca divulgou em seu site oficial que, pesquisas
feitas no Brasil por órgãos competentes, entre os anos 2002 e 2009, revelam que a maioria dos
adolescentes nunca deixou de comprar cigarro por conta da idade. O Inca recomenda que sejam
adotadas ações educativas e de fiscalização mais rigorosas às companhias de tabaco que
abastecem o amplo comércio varejista, sendo estas também responsáveis por se fazer cumprir
a lei17.
Esta mesma Lei inclui ainda o artigo 3º C, referente a mensagens de advertência sobre
os malefícios do fumo, que devem ser transmitidas na televisão durante eventos culturais ou
esportivos que tenham imagens geradas no estrangeiro patrocinados por empresas ligadas a
produtos fumígeros. O artigo dispõe de três parágrafos, na qual o segundo determina que, diante
de tais eventos a mensagem de advertência deverá ser veiculada no intervalo de cada quinze
minutos, com duração de no mínimo quinze segundos cada inserção. As frases deverão ser
sempre precedidas da afirmação “O Ministério da Saúde adverte” (BRASIL, 2003). As frases
prontas que dão sequência à mensagem são distribuídas em oito incisos deste mesmo parágrafo,
incluído pela lei de 2003.
Entre esse período da Lei nº 10.702 de 2003, e antes de ser sancionada a Lei nº 12.546
de 2011, que passa a alterar a Lei nº 9.294/96, é importante salientar que, em fevereiro de 2005
entrou em vigor o primeiro tratado internacional de saúde pública, a Convenção-Quadro para o
Controle do Tabaco (CQCT), desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse
tratado tem por objetivo conter a epidemia global do tabagismo, apresentando medidas para
16
Lei nº 10.702, do ano 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.702.htm>
Acesso em 28/02/20.
17
Disponível em: <https://www.inca.gov.br/imprensa/estudo-do-inca-aponta-que-adolescentes-brasileiros-tem-
amplo-acesso-compra-de-cigarros> Acesso em 05/05/20.
16
reduzi-la18, levantando temas como o tratamento de fumantes, comércio ilegal, tabagismo
passivo, etc. Entretanto, o que mais interessa nesse trabalho é o fato desse tratado abordar a
propaganda, marketing, publicidade e patrocínio do tabaco.
A propaganda é considerada um fator de grande impacto, devido ao fato de ser ela uma
das responsáveis por estimular os jovens ao consumo do tabaco. Através de pesquisas, já foi
comprovado que a restrição parcial da propaganda não tem efeito concreto, visto que a indústria
tabagista continua a explorar outros meios de publicidade. Diante disso, nos países que fazem
parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi indicado
que a propaganda e a promoção do tabaco fosse totalmente proibida (BRASIL, 2011, p. 33). O
Brasil, assim como outros países19, não é um membro da OCDE, mas é apontado como
Parceiro-Chave desta organização, mantendo cooperação desde os anos iniciais da década de
1990. Entretanto, mesmo tendo essa ligação com a OCDE, e com a possibilidade de seguir o
exemplo de países mais desenvolvidos, o Brasil ainda continuava permitindo parcialmente a
propaganda do cigarro. O país precisava de uma lei mais severa, que proibisse totalmente a
promoção e propaganda desse tipo de produto, conforme determinava a CQCT, que após sua
aprovação, dava o prazo de cinco anos para que tais medidas fossem adotadas. Em dezembro
de 2011, uma nova lei foi decretada pelo Congresso Nacional, a Lei nº 12.546.
18
As medidas para reduzir a demanda dos produtos derivados do tabaco estão contidas nos artigos 6 e 14 da CQCT.
Já as medidas para redução da oferta estão contidas nos artigos 15 e 17 da mesma (BRASIL, 2011).
19
China, Índia, Indonésia e África do Sul são os outros países “Parceiros-Chaves” da OCDE. Para mais
informações, ver em: <http://www.oecd.org/latin-america/countries/brazil/brasil.htm> Acesso em 28/03/20.
17
charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco. Mais do
que adicionar artigos que tratam da alíquota do IPI20 do cigarro, de fabricação nacional ou
importados, duas alterações extremamente importantes também foram feitas pela Lei nº 12.546.
Uma delas diz respeito ao uso dos produtos supracitados, que antes, conforme a Lei nº
9.294/96, eram proibidos em recinto coletivo, mas ainda eram permitidos em áreas exclusivas
para este fim, desde que essas fossem apropriadas. Com a Lei nº 12.546, o uso desses produtos
passa a ser proibido em recinto coletivo fechado, privado ou público (BRASIL, 2011)21. O
importante nessa alteração é o fato de não ser mais permitido o uso desses produtos nem mesmo
em áreas próprias para fumantes. No artigo 2º é incluído também um parágrafo para especificar
o que considera-se recinto coletivo.
A segunda alteração, o artigo 3º, diz respeito à propaganda comercial dos produtos já
mencionados nesse caput. Esse tipo de propaganda ainda era permitido nas emissoras de rádio
e televisão em determinado horário, através da Lei nº 9.294/96, que foi alterada pela Lei nº
10.167 de 2000, na qual passou a permitir somente “através de pôsteres, painéis e cartazes, na
parte interna dos locais de venda” (BRASIL, 2000). Já a Lei nº 12.546, altera novamente esse
dispositivo, passando a restringir, em todo território nacional, a propaganda comercial desses
produtos, permitindo apenas a exposição deles nos locais de vendas, “desde que acompanhada
das cláusulas de advertência a que se referem os §§ 2º_, 3º_ e 4º_ deste artigo e da respectiva
tabela de preços, que deve incluir o preço mínimo de venda no varejo de cigarros classificados
no código 2402.20.00 da Tipi22, vigente à época, conforme estabelecido pelo Poder Executivo”
(BRASIL, 2011). Ou seja, além de proibir a propaganda comercial desses produtos, a Lei nº
12.546 passa a impor que os locais de vendas respeitem as normas de advertências para sua
comercialização.
Ainda no artigo 3º, a Lei nº 12.546 altera o parágrafo 5º e inclui o 6º e o 7º, tendo este
último sido vetado23. O parágrafo 5º deste artigo diz respeito a rotatividade das cláusulas de
advertência nas embalagens de produtos fumígenos, que deveriam variar no máximo a cada
cinco meses. Este parágrafo, que já havia sido alterado pela Lei nº 10.167, do ano 2000, é
20
Imposto sobre Produtos Industrializados.
21
Lei nº 12.546, do ano 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12546.htm > Acesso em 11/11/19.
22
Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados.
23
O parágrafo 7º, incluído pela Lei nº 12.546, foi vetado e não é mencionado, em nenhuma das Leis, do que se
trataria.
18
remodelado novamente pela Lei nº 12.546, de 2011, que passa a determinar que essas
advertências sejam inseridas nas embalagens, “de forma legível e ostensivamente destacada,
em 100% (cem por cento) de sua face posterior e de uma de suas laterais” (BRASIL, 2011). O
parágrafo 6º, incluído nesse artigo, é uma complementação do 5º, que fora modificado por esta
última Lei. Esse novo parágrafo determina que,
Portanto, através da Lei nº 12.546, as embalagens de cigarros passam a ser usadas pelo
Ministério da Saúde, tanto em sua parte posterior e lateral, como também frontal, para fazer a
contrapropaganda do produto, visando assim uma diminuição do consumo já existente, e
também de novos consumidores. Entretanto, ainda que tais medidas tomadas pela Lei nº12.546
tenham sido criadas para diminuir a atração e o consumo do cigarro, a exposição dessas
embalagens nos locais de vendas, que continua sendo permitida, também acaba sendo uma
forma de promoção do produto indiretamente. O ideal seria que essas embalagens ficassem na
parte de baixo do balcão, ou em lugares de difícil visualização nos locais de vendas, para não
estimular o consumo.
19
do tabaco não gostaria que ele visse. É importante frisar que, as embalagens 24 foram se
tornando, cada vez mais, um instrumento fundamental de propaganda para empresas, sendo
responsáveis, em grande parte, pelo processo de sedução de novos consumidores. Conforme
aponta Cavalcante: “Embalagens fazem parte da personalidade dos produtos. Passam certos
valores e sensações (...)” (CAVALCANTE, 2005, p. 292).
Portanto, o exemplo supracitado foi apenas uma das estratégias que as empresas de
tabaco utilizaram para desviar o foco de campanhas antifumo, visando assim, manter seus
consumidores e atrair novos adeptos ao tabagismo. Pelo menos até o ano de 2005 25, muitas
outras estratégias, até mais agressivas, já teriam sido adotadas pelas companhias de tabaco,
entre elas a BAT/Souza Cruz, para reagir às contrapropagandas e continuar sustentando o
mercado tabagista no Brasil. Segundo Cavalcante, essas estratégias foram comprovadas pelas
próprias palavras da BAT, através de documentos internos, que foram abertos publicamente
sob litígio nos Estados Unidos (CAVALCANTE, 2005, p. 286). Diante disso, é possível
perceber que mesmo com as leis antifumo, que foram sendo criadas e alteradas ao longo dos
anos, a indústria do tabaco continuou sempre encontrando brechas nos dispositivos legais para
continuar promovendo seus produtos.
Mesmo que já tenha sido comprovado, por meio de pesquisas, que o consumo do cigarro
tenha diminuído consideravelmente, em decorrência de Políticas de Controle do Tabagismo,
com leis que passaram a restringir a propaganda e o consumo do produto, ainda assim, a
quantidade de fumantes no país continua alta e causando muitas mortes em consequência do
seu uso. Logo, vê-se a necessidade de uma lei mais rígida, que proíba totalmente a propaganda
deste produto até mesmo nos locais de venda, nos quais as embalagens ainda ficam expostas e
de fácil acesso ao consumidor, atraindo também novos adeptos.
Em julho de 2019, foi aprovado pela CCJ26 do Senado Federal e encaminhado à Câmara
dos deputados um Projeto de Lei que proibi todo tipo de propaganda relacionada a tabaco,
cigarros, cigarrilhas, charutos e cachimbos, estendendo esse veto até mesmo nos locais de venda
desses produtos. O projeto traz também outras propostas, como alterações nas embalagens de
tais produtos, aumentando o espaço das mensagens de advertência, juntamente com imagens
24
Para saber mais sobre o assunto, é importante ver o trabalho da pesquisadora (HENRIQUES, 2005), que faz
uma análise das embalagens de quatro marcas de cigarros da empresa Souza Cruz, mostrando assim, a capacidade
que esses maços têm de mostrar sensações que não condizem com a realidade.
25
Conforme consta em (CAVALCANTE, 2005).
26
Comissão de Constituição e Justiça.
20
ilustrativas. Propõe alterações no Código de Trânsito, com punições mais rígidas para o
condutor, no caso de haver alguém fumando dentro do veículo juntamente com algum menor
de dezoito anos. O projeto tem o objetivo de acabar com as brechas da Lei atual, a nº 12.546,
que ainda continua permitindo, mesmo que indiretamente, a propaganda de cigarros nos locais
de venda (GAZETA, 2019). Entretanto, o projeto ainda encontra-se em discussão na Câmara e,
caso aprovado, seguirá para a sanção presidencial.
Nesse capítulo vimos como a propaganda de cigarros no Brasil foi sendo restrita cada
vez mais, ao longo dos anos. No capítulo seguinte veremos como esse tipo de propaganda era
veiculado nas páginas da revista O Cruzeiro, durante o ano de 1968, ou seja, antes das leis que
passaram a impor restrições.
21
CAPÍTULO 2- AS PROPAGANDAS DE CIGARRO VEICULADAS NA REVISTA O
CRUZEIRO EM 1968
27
A ausência das imagens se deve ao fato da Biblioteca Nacional cobrar direitos autorais pela utilização de
qualquer parte da revista. Portanto, optou-se por referenciar apenas o link de acesso à página da revista, levando o
leitor direto à imagem analisada.
22
dirigentes estrangeiros por jovens executivos saídos da universidade” (MORAIS, 2003, p. 95
apud BOEIRA; CUNHA, 2010, p. 292).
Em 1985, após a marca Free ser lançada no mercado e assumir a liderança de vendas no
segmento do tabaco foi realizada a “primeira das 17 edições do Free Jazz Festival” organizada
pela empresa. Neste mesmo ano, 1985, a “Souza Cruz cria programa de diversificação de
culturas nas propriedades rurais”. Já em 1987, a empresa inaugura duas estruturas importantes,
sendo uma para melhoramento do fumo, no Paraná, e outra para estocagem de produto, em
Santa Catarina (SOUZA CRUZ, 2000).
Já na virada do século, no ano 2000, a empresa cria o Instituto Souza Cruz, visando
“desenvolver, em nível nacional, um modelo sustentável de agricultura familiar, estimulando o
empreendedorismo rural nos jovens do campo”. Em 2003, ano de centenário da empresa, é
inaugurada uma fábrica em Cachoeirinha (RS). Já em 2007, nesta mesma cidade gaúcha, entra
em funcionamento um novo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia. Em 2009,
também em Cachoeirinha, é inaugurado “o novo parque gráfico da Souza Cruz”, vendido seis
anos depois, em 2015. Neste mesmo ano, depois que a “BAT adquire a maior parte das ações
da Souza Cruz”, a empresa passa então “a ser uma Companhia de capital fechado”. Em 2016,
com os sucessivos aumentos de impostos, principalmente IPI e ICMS, a Souza Cruz encerra as
atividades em Cachoeirinha e fecha a unidade, mantendo apenas as atividades de pesquisa na
cidade (SOUZA CRUZ, 2000).
23
Com o fechamento da unidade de Cachoeirinha, o setor cogita que a empresa Souza Cruz
possa fortalecer suas operações em Cuba. “Segundo o presidente da Associação dos
Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, os olhos do mercado fumageiro se
voltam cada vez mais para a exportação por conta da queda de consumo no Brasil”. Werner
afirmava que, em 2016, “90% da produção já era exportada” (SCHMIDT, 2016, p. 1).
A revista O Cruzeiro, lançada em 1928, com a ajuda financeira de Getúlio Vargas, fazia
parte de um conglomerado de empresas de Assis Chateaubriand. Esse conjunto de empresas
eram denominados Diários Associados, e a revista O Cruzeiro foi o periódico que mais se
destacou dentro deles (FRANCISCHETT, 2007 apud VIEIRA, 2014, p. 19).
A primeira fase é caracterizada pelo ano de 1928, esse tempo curto é marcado
ainda pela permanência de padrões estéticos do século XIX. E as fotografias
são cedidas por leitores e alguns colaboradores. O formato das imagens sempre
permaneceu grande, dando uma maior valorização ao conteúdo gráfico
(FRANCISCHETT, 2007 apud VIEIRA, 2014, p. 20).
A partir de 1930, a revista passava por uma segunda fase, onde publicava um grande
volume de fotografias, mas sem uma organização narrativa conjunta. Nesse período eram
publicadas matérias “com base em imagens que, muitas vezes, poderiam não obedecer ao real”
(NETO, 1998 apud VIEIRA, 2014, p. 20).
24
Essa fase também é marcada pela inauguração de espaços para as mulheres na revista,
algo novo naquele período entre os demais periódicos.
Ademais, essa fase de decadência do periódico se deve não somente pela ausência de
investimento em inovações, nem somente pela concorrência das demais revistas da época, mas
também pela disputa de espaço com os sistemas de televisão, que através da técnica de imagens
em movimento acabou retirando um pouco do “glamour das publicações de fotorreportagem”
(VIEIRA, 2014, p. 22). Segundo Leoní Serpa:
A ruína chegou definitivamente em 1974, mesmo que ainda tivesse uma boa
vendagem. As dívidas levaram a revista à agonia da morte e, apesar de algumas
tentativas de ressurgimento, ela sucumbiu, juntamente com outros veículos dos
Diários e Emissoras Associados. Desapareceu, assim, um dos mais importantes
veículos do império de comunicação brasileiro. Além de perder parte do
25
próprio prédio onde estava instalada na rua Livramento, “o título O Cruzeiro
foi cedido a Hélio Lo Bianco, em pagamento por suas comissões atrasadas”.
Também as máquinas, importadas por mais de dois milhões de dólares, foram
vendidas “a preço de ferro-velho”. “Da mesma forma, os arquivos da revista,
considerados os melhores do Brasil, seguiram de caminhão para Belo
Horizonte, entregues à guarda do Estado de Minas, único jornal do grupo dos
Diários Associados com dinheiro suficiente para arrematá-los”. É no jornal
mineiro que hoje se encontra o mais completo acervo da revista, na Gerência
de Documentação e Informação do Sistema Estaminas de Comunicação. A
incorporação da documentação da revista aconteceu em 1977 e hoje todas as
páginas estão microfilmadas, além de milhares de fotos, principalmente das
belas mulheres mostradas por O Cruzeiro durante o seu reinado (SERPA, 2003,
p. 30).
Segundo Paula de Oliveira Vieira, “a maior parte das pesquisas sobre O Cruzeiro
enfatizam com veemência e exploram as imagens e as fotorreportagens, por serem consideradas
o grande destaque desse período” (VIEIRA, 2014, p. 24). Nessa pesquisa, o destaque também
se dará às imagens, especificamente de propagandas de cigarros. Entretanto, além das imagens,
26
também serão analisadas as legendas ou expressões que as complementam, assim como, os
slogans de cada marca.
Num primeiro momento foi analisado o recorte da fonte, sendo constatado que não estão
disponíveis, na hemeroteca digital, todas as edições da revista O Cruzeiro, do ano de 1968.
Após minuciosa análise, foi feito um levantamento quantitativo de alguns pontos importantes.
Estão disponíveis 43 edições consecutivas deste ano, sendo a primeira, do dia 06 de janeiro, e
a última, do dia 26 de outubro28. Portanto, as edições do mês de novembro e dezembro não
estão disponíveis.
28
Importante ressaltar que, entre as edições disponíveis, algumas encontram-se incompletas, ou seja, com falta de
páginas digitalizadas. Entretanto, raramente nota-se essa falta, sem maiores prejuízos à pesquisa.
29
A empresa Flórida S/A é citada nesse trabalho somente por fazer parte das estatísticas da pesquisa. Porém, diante
da dificuldade de encontrar fontes que relatem a história dessa empresa, e também por haver apenas três
propagandas distintas e com poucos detalhes, essas imagens não serão analisadas nesse trabalho.
27
assim, “ganharam força então, neste período, os movimentos pela paz e por formas alternativas
de viver” (VOLKS, 2014, p. 52). O movimento de contracultura dos hippies30 foi um deles, e o
mercado, com suas estratégias publicitárias, aproveitou essa onda para promover propagandas
associadas à esses movimentos, visando conquistar novos consumidores dos produtos
ofertados, como se verificou na análise de três imagens.
30
“Os movimentos de contracultura foram caracterizados principalmente pela figura dos hippies, os quais não
estavam inseridos em uma sociedade produtivista, mas que, junto de outros grupos sociais, denunciavam os
problemas da sociedade ocidental” (FERREIRA, 2005, p. 71 apud VOLKS, 2014, p. 53).
31
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=170902>
Acesso em 01/06/21.
32
Para Stuart Hall, “representação significa utilizar a linguagem para, inteligivelmente, expressar algo sobre o
mundo ou representá-lo a outras pessoas”. “Representar envolve o uso da linguagem, de signos e imagens que
significam ou representam objetos” (HALL, 2016, p. 31). Já Carlo Ginzburg destaca a ambiguidade desse
conceito. Segundo o autor, “por um lado, a “representação” faz as vezes da realidade representada e, portanto,
evoca a ausência; por outro, torna visível a realidade representada e, portanto, sugere a presença” (GINZBURG,
2001, p. 85).
28
do produto em questão. Nesse contexto altamente planejado, decide-se, então,
como o produto será apresentado: que textos e convenções visuais serão
explorados de modo a dar ao leitor/espectador a oportunidade de vislumbrar
uma equivalência essencial entre o mundo cultural e historicamente constituído
e o produto (McCRACKEN, 2003 apud SUAREZ; ARAUJO, 2017, p. 28-29).
Esse destaque também pode ser associado a nova onda feminista que surgira naquele
período, onde a mulher passa a ganhar cada vez mais espaço na sociedade do seu tempo. E
nessa propaganda é possível ver a modelo representando essa nova mulher. Com os cabelos
longos e soltos, sentada ao volante de um carro conversível, ela representa a mulher moderna e
mais independente. Além disso, os símbolos compostos na imagem, ligados ao movimento
hippie, complementam essa falsa visão de modernidade associada ao consumo de cigarros.
33
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=171679>
Acesso em 01/06/21.
29
Portanto, a propaganda dos cigarros Capri busca sempre vender essa falsa imagem de
modernidade relacionada ao consumo desse produto, atraindo jovens em busca desse atributo.
Analisando o conjunto dessa imagem, percebe-se que a marca de cigarros Capri continua
apelando para os símbolos do movimento hippie como forma de conquista do público mais
jovem. Esses símbolos estão presentes, em primeiro plano, na estampa do guarda sol.
Entretanto, os próprios modelos também estão representando características hippies, como o
corte de cabelo, o traje de banho colorido, a jovialidade, e o próprio cigarro, como símbolo de
rebeldia (RODRIGUEZ, 2008, p. 82).
Outro detalhe relevante que foi notado nessa propaganda, assim como em outras
analisadas, é o fato da modelo feminina estar, na maioria das vezes, em primeiro plano, mas
quase nunca com o cigarro na mão ou na boca. É quase sempre o homem que segura o cigarro,
e a mulher o complementa, em algumas delas o admira. Esse detalhe pode estar associado aos
diferentes sentidos que o uso do cigarro significa para cada um deles.
34
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=172325>
Acesso em 02/06/21.
30
Nesse sentindo, ainda que algumas dessas propagandas busquem mostrar esse
estereótipo de “mulher moderna”, a imagem do homem fumante, pelo menos nesse período,
pode ser entendida como mais aceita pela sociedade, e com significados mais relevantes para o
objetivo de venda desse determinado produto, o cigarro. A modelo não é, portanto, de reputação
duvidosa, e reforça ainda mais o estereótipo de masculinidade em tais propagandas, onde o
modelo fumante representa o homem másculo e viril, e ela o admira por essas características.
A empresa Souza Cruz também utilizou outros tipos de imagens em suas propagandas,
não associadas ao movimento hippie, para promover a marca de cigarros Capri, conforme
análise de duas delas35. Uma veiculada no dia 06 de janeiro de 1968, página 12036, e a outra no
dia 30 de março de 1968, página 16037.
35
Na análise quantitativa da pesquisa foram encontradas três propagandas nesse modelo. Entretanto, optou-se pela
verificação de apenas duas delas, visando não tornar o trabalho repetitivo.
36
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=166474
Acesso em 02/06/21.
37
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=168142>
Acesso em 02/06/21.
38
A grafia de todas as citações foi atualizada.
31
tornando este um acessório fundamental para deixá-lo “moderno”. Não por acaso os maços de
cigarros foram colocados justamente sobre o cinto.
Portanto, é interessante notar que a marca Capri busca conquistar o público jovem
utilizando esses três pontos estratégicos de marketing: a imagem não-verbal, o texto ou
expressão, e o slogan.
A modelo mais uma vez está representando a mulher jovem e moderna, com boca
pintada, olhos delineados, cabelo curto e liso, no estilo Chanel. Ela usa também um “colar de
Capri”, completando esse falso estereótipo de modernidade associada ao consumo do cigarro.
Além disso, nas décadas de 1960 e 1970 “o ideal de beleza cultuado era o da modelo inglesa
Twiggy: magérrima, com rosto de menina, cílios bem definidos e cabelos curtos e lisos”
39
Para saber mais sobre a moda brasileira nos anos 1960, ver em: (VASQUES, 2018). Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=xW99DwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT6&dq=Moda+masculina+no+brasil+na+d%C3%A9cada+de+
1960&ots=wPBNXEcNoP&sig=GT-
Oy8gowXqympydpb5xpnAe6rk#v=onepage&q=Moda%20masculina%20no%20brasil%20na%20d%C3%A9cad
a%20de%201960&f=false> Acesso em 17/06/21.
32
(ROCHA, 2011, p. 37). Portanto, é possível que a modelo da propaganda também esteja
representando a mulher moderna inspirada na beleza de Twiggy.
Embora a propaganda seja vista por muitos indivíduos, o fato é que ela tem
seus consumidores certos, não é neutra e, neste sentido, tenta vender algo para
alguém, um potencial usuário do produto. Assim, também as propagandas de
cigarro delimitam seus usuários consumidores: não se vende qualquer cigarro
para qualquer sujeito fumante. Há um certo tipo de cigarro para o consumidor
de uma certa classe social. As propagandas não ignoram as diferenças de
classe, de época, de hábitos, costumes e ideias, e trabalham, tanto de uma
perspectiva diacrônica quanto sincrônica, tais diferenças (FOLKIS, 1997, p.
73-74).
Portanto, nessas duas últimas propagandas, fica evidente que a marca Capri busca a
conquista, tanto de homens como de mulheres, que sintam-se jovens e modernos diante do
consumo dessa determinada marca de cigarro, a qual também é, ela própria, moderna.
As próximas duas propagandas, uma veiculada no dia 20 de abril de 1968, página 17840,
e a outra no dia 04 de maio de 1968, página 17541, tratam da marca Hollywood. As duas
propagandas são apresentadas no mesmo estilo, acompanhadas de uma legenda, com o título
“História de bom gôsto”. O que as difere é o cenário e o conteúdo da legenda.
40
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=168612>
Acesso em 06/06/21.
41
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=168955>
Acesso em 06/06/21.
33
Ou seja, fazendo uma associação entre a produção hollywoodeana e marca Hollywood,
a Souza Cruz utiliza o cinema como agência produtora de subjetividades, a fim de promover
sua marca. Sendo assim, quem fuma essa marca de cigarros é tida como uma pessoa de bom
gosto e apreciador de arte.
A propaganda do dia 20 de abril mostra uma bela paisagem, da cidade de Ouro Preto
(MG), estampada em um enorme maço de cigarros Hollywood. Ao lado da imagem, a legenda
destaca algumas qualidades daquele município, como “cidade-monumento, opulência barrôca,
e relíquias do Brasil Colonial, que seriam a arte do Aleijadinho, a poesia de Gonzaga, e o
heroísmo de Tiradentes”. A legenda é finalizada com a seguinte frase: “e na paisagem
deslumbrante, a presença do companheiro inseparável de tôdas as horas – seu cigarro” (grifo
no original). Portanto, apesar de ressaltar a cidade de Ouro Preto, esta é usada apenas para dar
charme à propaganda, pois o que o texto sublinha, para dar destaque, é a expressão associada
ao cigarro. Além disso,
Ainda nessa propaganda, um rapaz, de roupas simples, pinta a paisagem daquela cidade,
como algo pitoresco. Enquanto isso, um casal, de aparência elegante, fuma seu cigarro
Hollywood, como se este fosse “o companheiro de todas as horas”. Assim como a legenda e o
slogan da marca, a imagem também busca vender essa falsa ideia, ou seja, bom gosto associado
ao uso do cigarro.
Um detalhe que foi percebido nesta propaganda, assim como na anterior, é que o homem
é quem leva o isqueiro em direção ao cigarro da moça para acendê-lo, representando o
cavalheirismo, mais um atributo importante na conquista de possíveis consumidores, ou seja,
os fumantes também são homens educados.
42
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=169589>
Acesso em 07/06/21.
43
A propaganda pode ser visualizada no seguinte link:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&pagfis=170025>
Acesso em 07/06/21.
44
Sobre essa marca de cigarros também foram encontradas três propagandas com um mesmo padrão. Entretanto,
optou-se pela análise de apenas duas delas, pelo mesmo motivo citado anteriormente.
35
Na imagem, um casal supostamente inglês ou norte-americano, admira a vista do Pão de
Açúcar, no Rio de Janeiro, enquanto o modelo segura o cigarro entre os dedos. Aqui sugere-se
que sejam ingleses ou norte-americanos em razão de sua fisionomia, e também pelo fato do
título está escrito em língua inglesa. Esta observação também baseia-se na legenda da imagem,
que diz: “Rio de Janeiro... O espetacular caminho aéreo do Pão de Açúcar. Roteiro
emocionante, admirado por visitantes de tôdas as partes do mundo. Que também apreciam
Minister...”. Portanto, logo percebe-se que são visitantes estrangeiros, que admiram as belezas
do Brasil, e também o cigarro Minister, influenciando os brasileiros a também admirarem e
consumirem essa determinada marca de cigarros.
37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, através dessa pesquisa foi possível perceber que a propaganda de cigarros
veiculou amplamente em nosso país, durante algumas décadas do século XX, sem nenhuma
restrição. Entretanto, a partir da década de 1950, quando profissionais da saúde tomaram
conhecimento dos males causados pelo uso do cigarro, já iniciaram as primeiras ações de
combate ao tabagismo. Nas décadas seguintes, ações continuaram sendo tomadas, mas sem
nenhuma lei específica que tratasse do assunto. Somente em 1996, foi sancionada a Lei 9.294,
que passou a restringir o uso do fumo e seus derivados, assim como a propaganda comercial
desses produtos em todo território nacional.
38
e buscava desconstruir essa imagem pejorativa relacionada ao consumo do cigarro, utilizando
práticas muitas vezes desleais, segundo pesquisadores.
Outro ponto importante que pode ser analisado nessas fontes são as matérias que tratam
o problema do tabagismo no Brasil. Aqui nessa pesquisa, nenhuma matéria foi encontrada sobre
esse respectivo assunto. Entretanto, se houvessem, e pode haver em outros anos de recorte, seria
algo relevante e ao mesmo tempo contraditório, tendo em vista que, a mesma revista também
apresentava propagandas comerciais de cigarros.
39
REFERÊNCIAS
BARRETO, Ivan Farias. Tabaco: a construção das políticas de controle sobre seu consumo no
Brasil. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.25, n.3, jul.-set. 2018, p. 797-
815.
BOEIRA, Sérgio Luís. Atrás da cortina de fumaça: - Tabaco, tabagismo e meio ambiente:
estratégias da indústria e dilemas da crítica. Itajaí. Univali, 2002.
BOEIRA, Sérgio Luís; CUNHA, Camila Regina. Souza Cruz: história e ideologia
contemporânea sobre responsabilidade social. R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis,
v.7, n.2, p. 276-315, jul./dez. 2010.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso
em 27/02/20.
BRASIL. Lei nº 9.294. Brasília, 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9294.htm> Acesso em 11/11/19.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva.
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O controle do tabaco no Brasil: uma trajetória. Rio de
Janeiro: INCA, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Organização Pan-Americana da
Saúde. Pesquisa especial de tabagismo – PETab: relatório Brasil / Organização Pan-Americana
da Saúde. – Rio de Janeiro: INCA, 2011.
40
CAVALCANTE, Tânia Maria. O controle do Tabagismo no Brasil: avanços e desafios. Revista
de psiquiatria clínica, São Paulo, vol. 32, n.5, setembro/outubro 2005.
FAUSTO, Boris. O Regime Militar (1964-1985). In: FAUSTO, Boris. História do Brasil / Boris
Fausto. – 12. Ed., 1. Reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. p. 463-
515.
FOLKIS, Gesiane Monteiro Branco. Fumar: as relações dialógicas entre o bom gosto, o bom
senso, o prazer, a liberdade e o prejudicial à saúde. Mimesis, Bauru, v. 18, n. 1, p. 73-79, 1997.
GAZETA, Rede. Comissão aprova proibir propaganda de cigarros até em pontos de venda. A
Gazeta, 2019. Disponível em:
<https://www.gazetaonline.com.br/noticias/politica/2019/07/comissao-aprova-proibir-
propaganda-de-cigarros-ate-em-pontos-de-venda-1014187880.html> Acesso em 11/11/19.
GIACOMINI FILHO, Gino. A propaganda de cigarro: eterno conflito entre público e privado.
– UNESCON – Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento
Regional, São Bernardo do Campo – SP – Brasil – 9 a 11 de outubro de 2006 – Universidade
Metodista de São Paulo.
GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001.
HALL, Stuart. Cultura e representação. Organização e revisão Técnica: Arthur Ituassu;
Tradução: Daniel Miranda e Willian Oliveira. – Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.
HENRIQUES, Fernanda. Estudos sobre a embalagem do cigarro no
Brasil. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica – PUC. Dissertação (Mestrado) – Programa
de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, 2005.
IGLESIAS, Roberto; et al. Documento de Discussão – Saúde, Nutrição e População (HNP).
Controle do tabagismo no Brasil. Documento preparado pelo Departamento de
Desenvolvimento Humano do Banco Mundial, Região da América Latina e do Caribe, 2007.
LOBIANCO, Caroline Lopes. A propaganda do cigarro: estratégias publicitárias pós
condenação do tabagismo no Brasil. 112 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Ciências Sociais
da Fundação Getúlio Vargas, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens
Culturais, 2018.
LOPES, Lara. (2015). O cigarro em propaganda na revista Ilustração Brasileira: uma
experiência estética. Visualidades, 13(1). Disponível em:
<https://doi.org/10.5216/vis.v13i1.39167> Acesso em 08/11/19.
41
MALZONE, Heitor Henrique Buzo. Constitucionalidade das leis antifumo. 33 f. Trabalho de
conclusão de curso – Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas,
Limeira, 2015.
NETO, Pasquale Cipro. Sabe quem faz aniversário hoje? Folha de São Paulo. São Paulo, 18 de
dezembro de 2003. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1812200302.htm> Acesso em 27/05/21.
O CRUZEIRO, Revista ilustrada. Disponível em:
<http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=003581&pasta=ano%20196&pesq=&
pagfis=166355> Acesso em 28/04/21.
SANTOS, Ana Paula Menezes dos. O impacto maléfico da indústria do cigarro: porque as
empresas do tabaco conseguem manter lucro, mesmo com as restrições da propaganda? 2009.
31 f. Monografia (Pós-Graduação) – Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2009.
42
SANTOS, Viviane Dias dos; PALARO, Cristiane Paniagua de Souza. A linguagem nas
propagandas de cigarro nas décadas de 60 e 80. 2008. (Apresentação de Trabalho/Simpósio).
SCHMIDT, Marina. Souza Cruz fecha unidade em Cachoeirinha. Jornal do Comércio. Porto
Alegre, 04/02/2016. Disponível em:
<https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2016/02/economia/480741-souza-cruz-ja-
dava-sinais-de-esgotamento-em-cachoeirinha.html> Acesso em 20/08/20.
TEIXEIRA, Luiz Antonio; JAQUES, Tiago Alves. Legislação e controle do tabaco no Brasil
entre o final do século XX e início do XXI. Revista Brasileira de Cancerologia, v.57, n.3, p.
295-304. 2011.
VASQUES, Ronaldo Salvador. A indústria têxtil e a moda brasileira nos anos 1960. 1 ed. –
Curitiba: Appris, 2018.
VIEIRA, Paula de Oliveira. O lugar da mulher nas páginas de O Cruzeiro: O caso de Elegância
e Beleza e Da Mulher para mulher na década de 1960 .2014. 132 f. Dissertação (Mestrado em
História) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de Pelotas, 2014.
43
VOKS, Douglas Josiel. Masculinidades em publicidades da revista Veja (década de 1970).
2014. 112 f. Dissertação (Mestrado em História) – Centro de Ciências Humanas e da Educação,
Universidade do Estado de Santa Catarina, 2014.
44