24/05/2019
Programa Justiça Restaurativa
PRÁTICA DEFERIDA
Autor(es): Juiz Asiel Henrique de Sousa Juiz Ben-Hur Viza
Categoria: Juizado Especial
Estado: Núcleo Bandeirante - DF
PRÊMIO INNOVARE - EDIÇÃO IV - 2007
Link de Vídeo
Descrição resumida
Prática que visa resgatar a convivência paci ca em
ambiente previamente afetado pelo crime, se aplica
especialmente nas situações em que o infrator e a
vítima têm uma convivência próxima que tende a ser
continuada no sentido de se projetar para o futuro, ou
em que do crime resultaram danos de signi cativa
extensão, de natureza patrimonial, emocional ou
psicológica. A proposta é promover o diálogo como
instrumento de acesso à Justiça. Importa ressaltar que
compete a Justiça Restaurativa redirecionar o con ito
àqueles mais afetados por ele, ou seja, vítimas,
ofensores e suas comunidades de referência. Entende-
se por comunidade de referência ou comunidade
primária o grupo social afetado pela ofensa e suas
conseqüências e envolvido nos cuidados do ofensor, e
da vítima. Consiste da promoção de encontro entre
autor do fato e vítima, cada qual apoiado por suas
comunidades de referência, em ambiente seguro, no
qual um e outro têm oportunidade de relatar os efeitos
do crime na sua vida pessoal e são estimulados a
desenvolver um diálogo que leve à reparação dos
danos resultantes do crime e a construir um acordo de
convivência sustentável e sem violência. A Justiça
Restaurativa visa atender a uma parcela especí ca dos
processos que chegam ao judiciário. Aqueles em que as
partes se responsabilizam pelo ocorrido e têm
potencial para, se empoderadas, construírem juntas
solução que atenda suas necessidades dentro das suas
possibilidades. O procedimento é voluntário. Só
acontece se as pessoas envolvidas no con ito o
aceitarem. Se não aceitam, o processo continua pelo
modo convencional. É viabilizada por meio de
Encontros Restaurativos, reuniões onde as pessoas
envolvidas e afetadas pelo fato se encontram com um
facilitador para dialogarem sobre o crime e suas
conseqüências. Discutem os prejuízos emocionais e
outros causados e sobre o que deve ser feito para
reparar a dor, o trauma, os prejuízos materiais e
restaurar as relações sociais, atendendo às
necessidades da vítima, dentro das possibilidades do
autor do fato. Podem também ser convidados para
participar do procedimento restaurativo: familiares,
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pessoas indiretamente envolvidas e pessoas da
comunidade. Os facilitadores são pro ssionais
treinados e capacitados para que esse diálogo aconteça
com segurança, respeito mútuo, paz e dignidade,
sempre respeitando os limites da lei para que a
comunicação efetivada no encontro transcenda os
efeitos desejados no processo convencional.
Há quanto tempo a prática está em
funcionamento?
No mundo moderno a prática remonta ao nal dos
anos 70, com forte incremento nos anos 90, e já está
o cializada por lei em vários países. A experiência de
Brasília vem sendo debatida desde 2004 e teve início
em junho de 2005, como Projeto Piloto no Juizado
Especial do Núcleo Bandeirante/DF, juntamente com os
outros dois projetos apoiados pelo projeto
“Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de
Justiça Brasileira”, do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento – PNUD, em convênio com o
Ministério da Justiça, através da SRJ. A partir de 09 de
outubro de 2006 começou a funcionar enquanto
Serviço institucionalizado pelo Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios por meio da Portaria
Conjunta GPR número 52/2006.
Qual a principal inovação da sua prática?
As principais inovações da Justiça Restaurativa, em
relação à Justiça Penal Convencional, no âmbito dos
Juizados Especiais Criminais, podem ser assim
enumeradas: a) con ito – para o direito penal o crime
(no sentido formal) é a violação da lei penal. Para a
Justiça Restaurativa, crime é a violação das relações
sociais entre pessoas, da qual resultam danos diversos;
b) partes – para o direito penal, partes são o infrator e
a sociedade, representada pelo Ministério Público. Para
a Justiça Restaurativa, pessoas em con ito são a
vítima e o infrator, diretamente afetadas, e as pessoas
próximas de cada qual, indiretamente afetadas; c)
condução – o processo criminal, iniciado pelo
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promotor, é dirigido pelo juiz. O encontro restaurativo
é conduzido por facilitador que mantém a
neutralidade; d) ambiente – o processo judicial se
desenvolve em sala de audiência, com autoridade,
cátedra e assimetrias. O encontro restaurativo é
realizado em sala isolada, de preferência com mesa
redonda.
Explique o processo de implementação da
prática
A implementação do Programa Justiça Restaurativa
desenvolvido na Justiça do Distrito Federal, teve a
seguinte gênese: HISTÓRICO Em nal de 2003 deu-se
em Brasília, DF, sob o patrocínio da Escola da
Magistratura do Distrito Federal e do Instituto de
Direito Comparado e Internacional de Brasília – IDCB,
um simpósio sobre o tema Justiça Restaurativa. Em
março do 2004 deu-se, também em Brasília, sob o
patrocínio das mesmas instituições e outras, o modelo
neozelandês de justiça restaurativa, que teve como
convidados o Ministro da Justiça da Nova Zelândia, Sir
Phil Golph e as professoras da Universidade de
Wellington, Gabrielle Maxwell e Allisson Morris. A
convite do governo da Nova Zelândia uma delegação
de juizes, promotores e representante do Ministério da
Justiça visitou aquele país e conhecer a experiência
daquele país, saindo com o desa o de testar uma
experiência piloto. Em nal de 2004 e início de 2005
foi disponibilizado um apoio nanceiro do PNUD, que
viabilizou o início de três projetos pilotos sobre justiça
restaurativa, a saber, o de Brasília, o de Porto Alegre,
RS, denominado Justiça do Século XXI, voltado para a
justiça da infância e juventude, e o de São Caetano do
Sul, também voltado para a Infância e Juventude. Em
junho de 2005 foi realizada a Conferência
Internacional denominada "Acesso à Justiça por meios
alternativos de solução de con itos", organizada e
coordenada pelo Ministério da Justiça, onde a temática
Justiça Restaurativa teve grande relevo, contando com
a participação de representantes de outros países.
PARCERIAS Mercê da necessária participação do
Ministério Público no processo criminal que tramita
nos juizados especiais criminais, é também necessária
a participação desse órgão em projeto dessa natureza.
De igual modo a Defensoria Pública, em razão do seu
papel na defesa e orientação jurídica dos autores de
fato envolvidos no processo criminal. Assim, o projeto
Justiça Restaurativa conta, desde a sua gênese, com a
participação desses dois parceiros institucionais, cada
qual com o seu papel de nido no programa,
compatível com a sua missão institucional. AMBITO
JURISDICIONAL O programa tem a sua execução no
âmbito dos juizados especiais criminais. O artigo 98,
da Constituição da República, regulamentado pela Lei
nº 9.099/95, veio de instituir um espaço de consenso
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no processo criminal, com a possibilidade de exclusão
do processo para os casos em que se veri que a
composição civil. De outro lado, o novo sistema
exibilizou a atuação do ministério público, titular da
ação penal, que antes tinha o seu exercício orientado
pelo princípio da obrigatoriedade, e agora o tem
exibilizado para, dentro de alguns limites, ainda que
estreitos, optar por medidas outras não punitivas, de
natureza paci cadora das relações sociais. A atuação
prática dos juizados especiais criminais, ainda que
inovador o novo sistema em muitos aspectos, não
implicou repentina mudança cultural, seja dos
operadores, seja dos usuários do sistema de justiça
criminal – no caso, as pessoas envolvidas em crimes
de menor potencial ofensivo. Mas o novo sistema
permitiu observar, pela judicialização de um sem
número de con itos antes não judicializados, uma
con ituosidade latente que não era resolvida pelo
sistema de justiça criminal retributiva, antes o único
existente, porque não era a ele submetido. Se o
sistema penal convencional tem o seu pressuposto na
compreensão de que a pena serve, entre outros ns,
para assegurar a integridade do direito, o novo sistema
de justiça, então inaugurado, tem o seu pressuposto na
compreensão de que o processo serve para alcançar a
paz entre os homens. Do ponto de vista formal ou
procedimental, o processo convencional tem a missão
de apurar a verdade e aplicar a punição que do crime
resultar, o que implica a necessidade de ser um
processo fechado na lógica dos princípios garantistas.
O processo restaurativo, de seu lado, supõe a
restauração das relações sociais afetadas pelo crime, e
bem assim, que para essa restauração é necessária a
atuação da sociedade como protagonista em algumas
das suas fases. Assim é que, para a participação do
encontro restaurativo são chamadas as comunidades
de referência ou comunidades primárias de cada qual
das pessoas em con ito, numa verdadeira participação
comunitária, ou democracia participativa, no âmbito
do processo judicial. Compreendida a composição civil
como qualquer modalidade de acordo com implique a
realização da paz a partir da convergência da vontade
das pessoas envolvidas no con ito e no processo, e
admitida a possibilidade de ampliação subjetiva do
processo, para dele tomarem parte pessoas nele não
implicadas diretamente, viu-se ai um âmbito para a
aplicação dos princípios e das práticas da Justiça
Restaurativa, que já vem sendo utilizados por outros
países. Daí que o modelo em execução no Programa
Justiça Restaurativa, que se utiliza da metodologia da
Mediação Vítima-Ofensor abre o processo na sua
objetividade, para resolver o con ito num âmbito mais
amplo do que aquele que resulta das formalidades da
apuração derivada do Termo Circunstanciado, e
também o abre na sua subjetividade, para que dele
participem pessoas não diretamente envolvidas no
con ito, mas que podem colaborar para a sua
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resolução. Esse é o espaço de consenso permitido pelo
sistema de justiça criminal que autoriza, dentro do
próprio sistema, a realização da prática da justiça
restaurativa, com o bom aproveitamento dos seus
princípios teóricos.
Quais os fatores de sucesso da prática?
São fatores de sucesso: a) capacitação dos facilitadores
com formação em mediação vítima ofensor ou outra
metodologia como a comunicação não violenta; b)
instalações físicas que ofereçam neutralidade e
segurança; c) preparação das partes em con ito e
comunidades primárias com pré-encontros
esclarecedores; d) condução da mediação com
neutralidade, segurança, cuidado e respeito; e) escolha
dos casos, focada na tipologia penal e no
relacionamento das partes em con ito, ou seja,
trabalhar com casos mediáveis; f) diversidade
pro ssional, regional e cultural na seleção dos
facilitadores, de modo a considerar as diferenças
culturais, étnicas e sócio-econômicas na construção
dos acordos; g) envolvimento das comunidades de
referência das pessoas em con ito, assim
compreendidas aquelas que tenham relacionamento
signi cativo com vítima e infrator, cujo apoio possa se
constituir garantia de sustentação e de cumprimento
dos acordos alcançados; h) conexão com as redes
públicas e comunitárias de assistência social, para
encaminhamentos; i) satisfação das partes com o
modo de realização da Justiça proporcionado Programa
Justiça Restaurativa, ainda que não haja o acordo.
Identi ca-se que esse sentimento de realização da
justiça deriva da valorização das partes no con ito e
do protagonismo que lhes é outorgado pelo sistema de
justiça.
Outras Observações
O projeto teve, na sua fase inicial, o apoio institucional
do Ministério da Justiça, pela Secretaria da Reforma do
Judiciário - SRJ, e do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento - PNUD, através do projeto
"Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de
Justiça Brasileira". Na atualidade, o Programa Justiça
Restaurativa está institucionalizado como Serviço de
Justiça Restaurativa – SEREST, e integra a estrutura
organizacional da Corte. Tem como parceiros
instituidores o Ministério Público do Distrito Federal e
dos Territórios e a Defensoria Pública. Na fase de
execução, conta com a participação do Polícia Civil,
que toma parte no início do processo.
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Descreva resumidamente as etapas de
funcionamento da prática
O projeto teve início em junho de 2005. Em 2006 foi
institucionalizado pelo TJDFT, contando, atualmente,
com estrutura organizacional, ligada a Presidência da
Casa. O projeto teve uma fase de capacitação de
facilitadores que antecede à execução. É recomendada
uma capacitação de pelo menos 50 horas. Tratando-se
de Processo Criminal, é recomendável e necessária a
participação de outras instituições que compõem o
sistema de justiça criminal, a saber, o Ministério
Público, a Polícia Civil, a Defensoria Pública. É
recomendada a participação de instituições de ensino
superior no acompanhamento da execução do
programa, com o m avaliar os impactos gerados pela
medida, considerado o seu caráter inovador.
Relativamente à execução da prática e ao encontro
restaurativo, é observado o seguinte: Recomenda-se
ao menos um pré-encontro com cada qual das pessoas
envolvidas no con ito e respectivo grupo de apoio, se
houver. Esse pré-encontro é destinado aos
esclarecimentos sobre o programa e à preparação das
partes em con ito e dos seus apoiadores para o
encontro restaurativo. No pré-encontro é colhido o
consentimento das partes, primeiro o autor do fato e
depois a vítima. Esses cuidados têm por nalidade
preservar a vítima de situações constrangedoras que
possam ser percebidas com revitimização, o que se
daria, por exemplo, com a negativa dos fatos pelo
Autor do Fato. Colhidos os consentimentos e
esclarecidas as partes e os seus apoiadores sobre o
procedimento é realizado o encontro restaurativo, com
a presença do autor do fato e seus apoiadores, da
vítima e seus apoiadores. Após, é redigido o acordo,
que vai assinado por todos os envolvidos e
homologado pelo juiz. O processo ca suspenso por
cerca de 4 (quatro) meses, a m de que se realize a
intervenção restaurativa. Celebrado o acordo este é
submetido ao juiz que, após pronunciamento do
Ministério Público, o homologa para a constituição de
obrigação, a título de punição penal ou obrigação civil.
Não celebrado acordo, o processo prossegue a sua
regular tramitação na Vara do Juizado Especial
Criminal.
Equipamentos / Sistemas
QUAIS FORAM OS EQUIPAMENTOS E SISTEMAS
UTILIZADOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO E
FUNCIONAMENTO DA PRÁTICA? São esses os
equipamentos utilizados: a) 5 microcomputadores
destinados à produção de textos, inclusive acesso à
internet com os operadores e para o acompanhamento
dos debates teóricos em torno do tema; duas
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impressoras. b) dois terminais telefônicos para os
contatos com os facilitadores e com as partes do
processo.
Benefícios especi cos para a segurança
pública
A Justiça Restaurativa traz os seguintes benefícios,
quando feita com critérios cientí cos e utilizando as
ferramentas técnicas adequadas: a) humaniza a
atuação da justiça com a criação de um seguro
ambiente de escuta para os envolvidos direta e
indiretamente no crime; b) valoriza a vítima, cuja
opinião é levada em conta na de nição da resposta ao
crime; c) responsabiliza o infrator, que é levado a
re etir efetivamente sobre os efeitos do crime, pelo
diálogo mediado; d) trabalha em prol da reparação dos
danos decorrentes do crime, em todas as suas
dimensões (psicológica, emocional, econômica, e social
ou comunitário, etc.) e da restauração das relações
sociais afetadas pelo crime; e) difunde e consolida a
cultura da paz e da não violência nas comunidades
afetadas pelo crime; f) dá condição de sustentabilidade
para os acordos celebrados no âmbito do direito penal
consensual, como decorrência da responsabilização
ativa; g) nos países com experiência consolidada, a
prática tem indicado baixos índices de reincidência.
Explique porque sua prática é considerada
paci cadora para a sociedade
Trata-se da constatação de que a resposta ao crime,
tanto no âmbito do processo penal consensual quanto
no âmbito do processo penal adversativo, é
insu ciente e não alcança a toda a dimensão do
problema da criminalidade, quer se considerem as suas
causas, quer se considerem os seus efeitos. Sucede que
os juizados especiais criminais deram visibilidade a
uma ordem de con itos até então pouco conhecida e
investigada, aqueles que se instalam no ambiente por
natureza destinado ao afeto e à cooperação, onde se
dão as relações sociais primárias, que são a família, e a
vizinhança, entre outros (Con ito e sociabilidade: a
administração da violência pelos Juizados Especiais
Criminais, Marcelo Baumann Burgos, Rev. Cidadania e
Justiça, nº 10, pág. 222), e colocaram o judiciário como
destinatário desses con itos, como se pudesse colocar
o juiz em todos os lugares de con ito. De outro lado, a
mera substituição das penas privativas de liberdade
por penas restritivas de direito (art. 43, do CP) não se
tem mostrado su ciente para resolver todos os
aspectos desses crimes, resultando, com freqüência, as
recidivas. Daí a adoção do paradigma da Justiça
Restaurativa, cujo foco de atuação, em relação ao
modelo da justiça criminal retributiva, tem uma maior
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amplitude subjetiva, porque envolve as comunidades
de referência das pessoas afetadas ativa e
passivamente pelo crime, assim entendidas as pessoas
que têm um relacionamento signi cativo com aquelas
envolvidas diretamente no con ito, e uma maior
amplitude objetiva, porque é destinatária de outros
âmbitos do con ito que não o jurídico, assim do
âmbito emocional, moral, econômico, social e etc. Não
se trata, de outro lado, de se pretender criar um novo
modelo de justiça. O que se está a fazer é a adaptação,
à nossa realidade jurídica e social, de uma experiência
consagrada em outros países, que se mostrou bem
sucedida. Nos casos encaminhados ao Programa
Justiça Restaurativa, as pessoas diretamente
envolvidas neles, e os seus apoiadores, são
previamente preparados para o Encontro Restaurativo,
o qual se dá pela metodologia da Mediação Vítima
Ofensor, onde se busca, num ambiente seguro, pelo
diálogo ao mesmo tempo franco e não ofensivo, a
resolução paci cada do con ito. A resolução acordada
entre as partes pode se dar com o perdão, com a
reparação do dano, com a prestação de serviços
comunitários, ou outra qualquer modalidade, podendo
constituir-se, cada qual dessas modalidades de
cláusula, punição penal ou não. Na prática, o resultado
do encontro restaurativo tem se relevado instrumento
de paci cação social de duas maneiras: a) pelo
desarme do con ito especí co, que muitas vezes
projeta outros de maior potencial ofensivo; b) pela
apropriação dos valores da cultura de paz, que é meio
e m do encontro restaurativo, pelas pessoas direta e
indiretamente envolvidas no con ito.
Quais as di culdades encontradas?
A idéia da Justiça Restaurativa tem tido grande
acolhida entre os operadores do direito que se
aprofundam no conhecimento dos seus princípios e
práticas. Também tem tido boa acolhida entre o
público destinatário, as partes em con ito
caracterizado como crime. Assim, as maiores
di culdades estão relacionadas com: a) a estruturação
de projetos que possam ser replicados; b) cuidados
necessários à construção de um “protótipo” inovador,
que em muitos aspectos se diferencia do modelo
consagrado pelo paradigma da justiça criminal
convencional – retributiva -, respeitadas as diferenças
do nosso modelo jurídico-penal; c) de nição do
conteúdo programático para a formação dos
facilitadores, adequado e consistente com os princípios
consagrados pelos países que consolidaram o
paradigma da Justiça Restaurativa; d) obtenção de
nanciamento destinado à capacitação, sabido que
essa deve ser permanente; e) comprometimento dos
facilitadores, considerado que são na maioria
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voluntários. f) limitação na disponibilidade do Recomenda-se a utilização de sala de treinamento,

Mediador voluntário capacitado. onde se possa fazer a capacitação dos facilitadores,
que deve ser sucedida de mesas-redondas e encontros
permanentes, onde os casos sejam debatidos. Para
Infraestrutura isso, sugere-se também a utilização de data-show,
onde possam ser exibidos lmes instrutivos e os
3.1 – ESTA PRÁTICA É FIXA OU ITINERANTE? Essa é
encontros realizados, para avaliação dos próprios
uma prática xa, mas às vezes há necessidade de
facilitadores. Todavia, a utilização de so sticados
deslocamento ao local onde o con ito se deu, ou onde
equipamentos pedagógicos não é essencial e nem
o con ito deva ser resolvido. Outras vezes, pode dar-
garantidor do sucesso do projeto. O que garante o
se o caso de ser mais conveniente seja o encontro
projeto é o engajamento dos operadores do sistema
realizado junto à comunidade onde ocorreu o con ito.
formal de justiça e dos mediadores/facilitadores.
3.2 - DESCREVA A INFRA-ESTRUTURA/INSTALAÇÕES
NECESSÁRIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA PRÁTICA.
a) uma sala com mesas, cadeiras, arquivos e pastas Parceria
destinados aos serviços administrativos; b) duas salas
com isolamento acústico para os pré-encontros e para O projeto contou com os seguintes parceiros, com os
os encontros restaurativos. respectivos papéis: 1) No momento da Instituição: a)
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
- PNUD - Financiamento da capacitação, através da
Equipe Secretaria da Reforma do Judiciário, do Ministério da
Justiça; b) Secretaria da Reforma do Judiciário, do
1.1- INDIQUE A QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS,
Ministério da Justiça - Repasse do nanciamento,
COORDENADORES E OUTRAS PESSOAS ENVOLVIDAS
apoio institucional, avaliação e divulgação; c)
NA PRÁTICA, DESTACANDO SUA FUNÇÃO. 01 Juiz
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios
Coordenador: Juiz Asiel Henrique de Sousa; 01
- Parceiro instituidor juntamente com o TJDFT,
Supervisora: Simone Republicano 02 Servidores: José
fornece apoio logístico, inclusive com funcionário para
Manoel Pereira, Leila Duarte Lima. 02 Estagiárias: Sara
a execução do projeto; d) Defensoria Pública do
Cristina Dias de Oliveira e Geórgia Firme Lima. O
Distrito Federal – Presta adesão e apoio institucional e
tamanho da equipe deve ser dimensionado de acordo
cede servidor para colaborar na execução do projeto;
com o volume de processos a serem submetidos à
2) Na Fase da Execução: a) Ministério Público do
intervenção restaurativa. No projeto de Brasília a
Distrito Federal e dos Territórios - Como titular da
equipe tem a seguinte composição: a) 2 (dois) juízes, 2
ação penal tem posição tanto na inclusão do caso no
(dois) promotores e 1 (um) defensor público que
projeto quanto no acolhimento do acordo
de nem as diretrizes do projeto; b) 1 (uma) psicólogo
eventualmente alcançado e na disposição da ação
que exerce a supervisão técnica e cientí ca do projeto,
penal; b) Defensoria Pública do Distrito Federal -
na execução do projeto, assessorando os nomeados na
Provê a defesa e o acompanhamento das partes
alínea "a"; c) 1 (um) bacharel em direito que assessora
encaminhadas ao projeto, e quando necessário, se
na supervisão e na execução do projeto, assessorando
constitui apoio na realização do acordo e na orientação
os nomeados na alínea "a"; d) 1 (uma) secretária e 2
quanto ao seu cumprimento; c) Escola da Magistratura
(duas) estagiárias que exercem o trabalho
do Distrito Federal e Instituto de Direito Internacional
administrativo; e) 06 (seis) mediadores/facilitadores,
e Comparado de Brasília - IDCB - Promoção de
que promovem os pré-encontros e os encontros, 04
eventos de sensibilização da sociedade civil e dos
dos quais voluntários. 1.2- A EQUIPE RECEBEU ALGUM
operadores jurídicos, e realização da capacitação dos
TIPO DE TREINAMENTO? EM CASO POSITIVO,
facilitadores, em parceria com a Universidade de
ESPECIFIQUE-O. Sim. Capacitação em Mediação
Brasília - UnB; d) Universidade de Brasília - UnB -
Vítima-Ofensor (MVO), fornecida pela Escola da
Promoção da capacitação através do Grupo de
Magistratura do Distrito Federal e ministrada pelo
Pesquisa e Trabalho em Arbitragem, Mediação e
Professor André Gomma de Azevedo, realizada no
Negociação, em parceria com a Escola da Magistratura
período de junho a agosto de 2005, com duração de
do Distrito Federal e o IDCB; e) Secretaria de Estado de
60 horas. Em novembro de 2006 realizou-se nova
Ação Social do Governo do DF - Comunicação com a
capacitação, fornecida pelo TJDFT, com duração de 120
área assistencial do Governo do Distrito Federal,
horas cuja parte prática se encontra em andamento.
naqueles casos em que a violência tem conexão com
problema de natureza social, como causa ou como
Outros recursos conseqüência.

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Orçamento
Para o projeto de Brasília foram destinados, pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
- PNUD, através da Secretaria da Reforma do Judiciário
- SRJ, do Ministério da Justiça, o valor de cerca de R$
40.000,00 (quarenta mil reais), dos quais a maior
parte foi utilizada na capacitação dos facilitadores.
Acrescidos de R$ 4.600,00 aplicados na última
https://www.premioinnovare.com.br/proposta/programa-justica-restaurativa-381/print
Prêmio Innovare -
capacitação fornecida pelo TJDFT. Supondo-se que o
Tribunal de Justiça, Vara Criminal, Vara da Infância ou
Juizado Especial em que se instale o projeto disponha
de instalações próprias disponíveis para esse m,
recomenda-se seja adaptada uma sala para a
realização dos pré-encontros e dos encontros
restaurativos, com isolamento acústico e com acesso
restrito durante os encontros e pré-encontros.
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