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A bondade de Deus

Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O


seu amor dura para sempre! (Salmos 136.1)

Refletindo sobre a bondade de Deus e me lembrando do primeiro rei


de Israel – o rei Saul, a quem Ele mandou o profeta Samuel ungir para
liderar o seu povo, concedendo-lhe o Espírito Santo e depois O retirando,
fui conduzido a me fazer a seguinte pergunta:

Por que Deus, sendo bom, não escolheu um rei bom para ser o
primeiro rei do Seu povo amado?

Por oportuno, esclareço que o questionamento, em nenhum


momento, tinha como hipótese, mesmo remota, duvidar da bondade de
Deus, mas, tão somente, o desejo de encontrar uma explicação que
conciliasse esse fato com o Seu caráter divinamente bondoso.

Por isso, permanecendo em meditação, a inclinação ou o pendor do


Espírito Santo me conduziu a perceber o seguinte:

O seu povo já tinha um Rei, conforme 1 Samuel 8.7-22. Na verdade,


não era um rei; era o Rei dos reis. Assim sendo, nem Deus teria como
encontrar outro rei melhor. Se escolhesse um rei bom, a bondade desse rei
ainda seria muitíssimo inferior, além do que, seria uma forma de manter o
povo enganado sobre a bondade do Rei que já tinham e que O estavam
rejeitando.

Para que o rei mau pudesse cumprir a boa vontade de Deus, que não
estava naturalmente nele, Deus fez com que o Espírito Santo se
apoderasse dele pelo tempo necessário ao bom propósito divino, e por
isso, passou a profetizar em estado de transe, e a causar estranheza ao
povo que lhe conhecia e não via nele a característica de profeta, conforme
registrado em 1 Samuel 5.10-16.

Em transe, ele profetizava e falava o que Deus mandava, mesmo


como um peixe fora dágua. Não cumpria detalhes importantes das ordens
de Deus, ainda que tentasse convencer aos demais profetas com
justificativas aparentemente dignas, de que os teria cumprido.

Saindo do transe, ele não se lembrava de que tinha sido escolhido


por Deus para ser rei em Israel. Apenas se lembrava de que estava
procurando as jumentas que tinham fugido.

Uma diferença marcante que podemos detectar entre Saul e as


demais pessoas que andaram ou andam conforme a direção do Espírito
Santo, é que Deus esteve com Saul com um propósito transitório, e,
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especialmente para isso, o capacitou, enquanto que com relação aos
demais, os quais passavam ou passam por uma verdadeira e definitiva
transformação, tornando-se novas criaturas, Deus fez e faz com que o
Espírito Santo habitasse ou habite neles, definitivamente.

A diferença fundamental e determinante da participação ou


presença do Espírito Santo na vida de alguém, está no caráter dessa
presença. Se apenas como visitante, chegando até a apoderar-se de
alguém, ou na condição de habitante, como dom irrevogável de Deus,
conforme vemos em Romanos 11.29.

Os que apenas foram apoderados, na prática, são os que, por


empolgação ou qualquer outra razão humana, temporariamente
conseguem fazer algumas adequações morais convenientes, para
satisfação pontual, externa e superficial, enquanto houver satisfação
própria. Isso lembra o solo pedregoso e o solo espinhoso, em que a
semente da parábola do semeador foi lançada, a planta nasceu frondosa,
mas, rapidamente secou e morreu, por falta de raiz que pudesse absorver
continuadamente os nutrientes, conforme afirmou Jesus em Mateus 13.3-8.

Os que receberam o Espírito Santo como habitante permanente, são


os que efetivamente nasceram de novo, converteram-se. São exemplos do
solo bom em que a semente da mesma parábola caíu e deu frutos a cem
por um. A decisão definitiva deles é de mudarem a natureza velha e
passarem a viver, espontanea e firmemente, para glorificar a Deus. Assim
sendo, para que o seu povo não se desse por satisfeito apenas com uma
relativa bondade, a escolha de um rei idólatra, desobediente e opressor,
foi uma verdadeira demonstração da bondade e do cuidado de Deus para
com o seu povo.

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O mesmo profeta que Deus escolheu para ungir a Saul, um rei mau,
foi o responsável por escolher a Davi como sucessor daquele. Nas
palavras do próprio Deus, Davi era um homem segundo o seu coração,
tendo marcado indelevelmente a história de Israel. Através dele a
promessa messiânica de um reinado sem fim, foi cumprida. A Bíblia
registra que Jesus Cristo é da linhagem humana dele, por isso, em Mateus
1.1, Jesus é chamado de filho de Davi.

Quando nos deleitamos com a sabedoria poética dos salmos de


Davi, com sua incomparável e sempre reverenciada figura judaica, como
rei de Israel, e acima de tudo, com o seu divino Descendente, nos
convencemos de que Deus é bom e, ainda que em algum momento ou em
alguma ocorrência que contrarie a nossa forma de ver e entender, não nos
pareça, sua bondade se manifesta em todas as circunstâncias e dura para
sempre.

Oh, Senhor! Por tua perfeita e eterna bondade, dá-nos a graça de


sempre e em tudo, contemplar, perceber, discernir e celebrar a Tua
presença, o Teu poder e o Teu amor em nós e em nosso favor. Amém!

João Pessoa, maio de 2023


Rev. Raimundo Figueiredo

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