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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO AGRO-PECUÁRIA

ANASSE ATIBO ATUMANE

AVALIAÇÃO DA EFECTIVIDADE DO EXTRACTO DE

FOLHA DE RICINO (RICINUS COMMUNIS) NO CONTROLO

DA LAGARTA DO FUNIL DO MILHO (SPODOPTERA

FRUGIPERDA)

Quelimane

2023
ANASSE ATIBO ATUMANE

AVALIAÇÃO DA EFECTIVIDADE DO EXTRACTO DE FOLHA DE

RICINO (RICINUS COMMUNIS) NO CONTROLO DA LAGARTA DO

FUNIL DO MILHO (SPODOPTERA FRUGIPERDA)

Monografia apresentada a Faculdade de


Ciências Agrarias, como requisito para
obtenção do titulo de Licenciado em
Agro-pecuária com Habilitação em
extensão Agraria.

Suprevisor: Engª Joaquim Almerio

Jerónimo

Quelimane

2023
ANASSE ATIBO ATUMANE

Avaliação da Efectividade do Extracto de Folha de Ricino (Ricinus


communis) no Controlo da Lagarta do Funil do Milho (Spodoptera frugiperda)

Monografia apresentada ao departamento de ciências Agronómicas, como


requisito para obtenção do título de Licenciatura em Agro-pecuária com
Habilitação em extensão Agraria

Júri

Quelimane, Fevereiro de Dois mil e vinte e três


Declaração de Compromisso de Honra

Eu, Anasse Atibo Atumane, declaro por minha honra, que este trabalho intitulado
“Avaliação da Efectividade do Extracto de folha de Rícino no Controlo da Lagarta do Funil
do Milho”, com excepção das informações, dados citados e referidos na bibliografia, é da
minha autoria e nunca foi submetido nesta ou qualquer outra instituição superior para
obtenção de grau de Licenciatura em Agro-pecuária.

Assinatura

_____________________________________

(Anasse Atibo Atumane)


Dedicatória

Com muito amor e carinho dedico este trabalho aos meus avos: Atumane Salimo [em
memoria], Assiquia Raja, Vasco Momade e Alaina Matacanha, aos meus queridos pais: Atibo
Atumane e Nussura Vasco Muamade, aos meus tios, em especial o meu tio Abdul A. Rajab
Muhammad e Uaido Atumane, pois não mediram esforços para possibilitarem a minha
formação académica uma realidade. Aos meus irmãos: Chabir A. Atumane, Zarina A.
Atumane, Idrice A. Atumane e Abibo A. Atumane.
Agradecimentos

Agradeço, em primeiro lugar, a ALLAH Todo-Poderoso, Fonte inesgotável da Vida e


da Verdadeira Sabedoria que pelas suas infinitas dádivas tem-me concedido, a cada dia, graça
sobre graça, permitindo que eu chegasse a este magnífico momento.

Aos meus Pais que de tudo fizeram para que a concretização deste curso fosse
possível, e que me apoiaram moralmente e financeiramente, o meu muito obrigado.

À Universidade Licungo, Faculdade de Ciências Agrarias de Quelimane, por


fundamentar a existência deste trabalho e especialmente ao meu supervisor Engenheiro
Joaquim Almério Jerónimo, pela orientação objectiva e segura quanto à realização desse
trabalho, pela confiança e pelo exemplo de profissionalismo.

Agradeço com imenso caloroso da minha família pela compreensão e estimulo.


Agradeço aos meus amigos pela força e apoio, Agradeço a todos que contribuíram directa ou
indirectamente pela conclusão do curso, o meu MUITO OBRIGADO, e que ALLAH Todo-
Poderoso vos abençoe e agracie com abundância nesta e na próxima vida.
Resumo

ATUMANE, Anasse Atibo. (2022). Avaliação da efectividade do extracto de folha de


rícino (Ricinus communis) no controlo da lagarta do funil do milho (Spodoptera frugipirda),
Universidade Licungo, Faculdade de ciências agronómicas-FCA, Quelimane, Moçambique.

A lagarta do funil, (Spodoptera frugipirda) é considerada uma das principal praga da


cultura do milho (Zea mays) em Moçambique. O controlo desta praga é realizado através do
uso de pesticidas químicos e, recentemente, tem crescido a utilização de pesticidas botânicos
como uma alternativa aos pesticidas químicos. Este trabalho teve como objectivo avaliar a
efectividade do extracto de folhas de rícino (Ricinus communis) no controlo da lagarta do
funil do milho (Spodoptera frugiperda), o experimento foi realizado em duas fases (em
campo e no laboratório}. Em campo foi usado o Delineamento Experimental de Blocos
Completos Casualizados (DBCC), com 5 tratamentos e 4 repetições formados pelos seguintes
tratamentos: T1 (25 g/l de extracto de folha de rícino), T2 (50g/l de extracto de folha de
rícino), T3 (75g/l de extracto de folha de rícino), T4 (100 g/l de extracto de folha de rícino) e
T5 (controle), distribuídos casualmente em 20 unidades experimental. Cada unidade
experimental, constituiu-se de 6 linhas, sendo as quatro linhas centrais consideradas linhas
úteis e as restantes externas de bordadura. Durante todo período experimental foram
realizadas quatro amostragens num intervalo de 25 em 25 dias para se determinar a
percentagem de infestação e o nível médio de ataque em todas as fases do desenvolvimento da
cultura. Em condições de laboratório foi usado o Delineamento Experimental de Blocos
Completos Casualizados (DBCC), com 5 tratamentos e 4 repetições formados pelos seguintes
tratamentos: T1 (25 g/l de extracto de folha de rícino), T2 (50g/l de extracto de folha de
rícino), T3 (75g/l de extracto de folha de rícino), T4 (100 g/l de extracto de folha de rícino) e
T5 (controle), distribuídos casualmente em 20 placas de petri. Cada placa de petri foi
constituída de 4 insectos. Onde foi feita observações em cada 24 horas, após a aplicação dos
tratamentos, num período de 120h para se determinar a percentagem de mortalidade. Os dados
foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste de Turkey a 5% de significância.
No campo verificou-se diferenças significativas (Pr<0,05) para a percentagem de infestação
da lagarta, a partir dos 45 dias pós sementeira, sendo que todos tratamentos a base do ricino
apresentaram diferenças significativas em relação ao tratamento controle. Quanto ao nível
médio de ataque, o tratamento T4, se destacou em relação ou tratamento controle, mostrando
ser favorável a sua utilização para controle da lagarta do funil do milho a partir dos 45 dias
pós sementeira. No laboratório observou se diferença significativa a partir de 96 horas após a
aplicação do tratamento, os T1,T2,T3 e T4 destacaram se do tratamento controle, onde o T4
apresentou maior percentagem de mortalidade das lagartas.

Palavras-chaves: Milho. Lagarta do funil do milho. Ricino.


Abstract

ATUMANE, Anasse Atibo. (2022). Evaluation of the effectiveness of castor bean leaf
extract (Ricinus communis) in the control of the fall armyworm (Spodoptera frugipirda),
Licungo University, Faculty of Agricultural Sciences-FCA, Quelimane, Mozambique.

The funnelworm (Spodoptera frugipirda) is considered one of the main pests of maize
(Zea mays) in Mozambique. The control of this pest is carried out through the use of chemical
pesticides and, recently, the use of botanical pesticides as an alternative to chemical pesticides
has grown. The objective was to evaluate the effectiveness of the extract of castor leaves
(Ricinus communis) in the control of the fall armyworm (Spodoptera frugiperda), the
experiment was carried out in two phases; field and laboratory. In the field, the Complete
Random Block Experimental Design (DBCC) was used, with 5 treatments and 4 replications
formed by the following treatments: T1 (25 g/l of castor leaf extract), T2 (50g/l of castor leaf
extract castor oil), T3 (75g/l of castor leaf extract), T4 (100 g/l of castor leaf extract) and T5
(control), randomly distributed in 20 experimental units. Each experimental unit consisted of
6 lines, the four central lines being considered useful lines and the remaining external border
lines. During the entire experimental period, four samplings were carried out every 25 days to
determine the percentage of infestation and the average level of attack at all stages of crop
development. Under laboratory conditions, the Randomized Complete Block Experimental
Design (DBCC) was used, with 5 treatments and 4 replications formed by the following
treatments: T1 (25 g/l of castor leaf extract), T2 (50g/l of castor bean extract castor leaf
extract), T3 (75g/l of castor leaf extract), T4 (100 g/l of castor leaf extract) and T5 (control),
randomly distributed in 20 petri dishes. Each petri dish consisted of 4 insects. Where
observations were made every 24 hours, after the application of the treatments, in a period of
120h to determine the percentage of mortality. Data were subjected to analysis of variance
(ANOVA) and Turkey's test at 5% significance. In the field there were significant differences
(Pr<0.05) for the percentage of caterpillar infestation, from 45 days after sowing, and all
castor-based treatments showed significant differences in relation to the control treatment. As
for the average level of attack, the T4 treatment stood out in relation to the control treatment,
proving to be favorable to its use to control the corn funnelworm from 45 days after sowing.
In the laboratory, a significant difference was observed from 96 hours after the application of
the treatment, T1, T2, T3 and T4 stood out from the control treatment, where T4 presented a
higher percentage of caterpillar mortality.

Keywords: Corn. Corn hopper caterpillar. Castor bean.


Lista de figuras

Figura 1: Ciclo de vida da Lagarta de funil do Milho............................................................ 23

Figura 2: Mapa da Área de estudo ........................................................................................ 29

Figura 3: Casualização do ensaio ......................................................................................... 30

Figura 4: Escala de avaliação de danos causados pela Spodoptera frugipirda na cultura de


milho. .................................................................................................................................. 32

Figura 5: Regressão entre a percentagem de infestação e o rendimento do milho aos 85 DDS


............................................................................................................................................ 40

Figura 6: Correlação entre a mortalidade e o rendimento do milho após 120h de aplicação .. 41

Figura 7: Preparação do solo ................................................................................................ 62

Figura 8: Layout do campo .................................................................................................. 62

Figura 9: Sementeira ............................................................................................................ 63

Figura 10: Preparação do Pesticida ....................................................................................... 63

Figura 11: Preparação da calda ............................................................................................. 64

Figura 12: Aplicação dos Tratamentos ................................................................................. 65

Figura 13: Monitoria ............................................................................................................ 65

Figura 14: planta infestada ................................................................................................... 66

Figura 15: processo de trituração do rícino ........................................................................... 66

Figura 16: processo para determinação da percentagem de mortalidade ................................ 67

Figura 17: Pesagem da massa pilada e do rendimento do milho ............................................ 67


Lista de tabelas

Tabela 1: Tratamentos testados no experimento ................................................................... 31

Tabela 2: Representação dos dados referente a Percentagem de Infestação de cada Tratamento


............................................................................................................................................ 35

Tabela 3: Representação de dados referente ao nível médio de ataque .................................. 36

Tabela 4: Representação de dados referente a Percentagem de mortalidade da lagarta .......... 38

Tabela 5: Representação de dados referente ao rendimento .................................................. 38

Tabela 6: Correlação entre o rendimento com a percentagem de infestação .......................... 39

Tabela 7: Análise da regressão entre o rendimento e a percentagem de plantas infestadas .... 39

Tabela 8: Correlação entre o rendimento com a mortalidade das lagartas ............................. 40

Tabela 9: Análise da regressão entre o rendimento e a mortalidade das lagartas ................... 41


Lista de abreviatura e siglas

ANOVA Análise de variância


ºC Graus Celsius
Cm Centímetro
CV Coeficiente de variação
DBCC Delineamento de blocos completos casualizados
há Hectar
h Horas
H0 Hipótese nula
H1 Hipótese alternativa
Km Quilometro
Kg Quilo grama
Kg/ há Quilogramas por hectar
g Gramas
g/l Grama por litro
l Litro
m Metro
ml Mililitro
mm Milimetro
Ton Toneladas
t/há Toneladas por hectares
Lista de símbolos

% - Por cento

N - Azoto

K - Potássio

P - Fósforo
Sumário

CAPITULO I: INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15

1.1 Generalidades................................................................................................................. 15

1.2 Objectivo ....................................................................................................................... 17

1.2.1 Objectivo geral ............................................................................................................ 17

1.2.2 Objectivo específico .................................................................................................... 17

1.3 Enquadramento do Tema ................................................................................................ 17

1.4 Pertinência do Trabalho .................................................................................................. 17

1.5 Motivação da Pesquisa ................................................................................................... 17

1.6 Hipóteses ....................................................................................................................... 18

1.7 Problematização ............................................................................................................. 18

1.8 Justificativa .................................................................................................................... 19

CAPITULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 20

2.1 Milho (descrição) e Etimologia ...................................................................................... 20

2.1.2 Características da planta .............................................................................................. 20

2.1.3 Exigências edafo-climáticas ........................................................................................ 21

2.1.4 Época de cultivo .......................................................................................................... 21

2.1.5 Maiores produtores do milho em África ...................................................................... 21

2.1.6 Produção do milho em Moçambique ........................................................................... 22

2.1.7 Causas de baixa produção em zonas tropicais .............................................................. 22


2.2.1 Lagarta do funil de milho (Spodoptera frugipirda) em Moçambique .......................... 23

2.2.2 O ciclo da lagarta ........................................................................................................ 23

2.2.3 Danos e Sintomas ........................................................................................................ 24

2.2.4 Impacto da Lagarta do Funil do Milho ......................................................................... 24

2.2.5 Situação Actual em Moçambique ................................................................................ 25

2.3 Método de controlo ........................................................................................................ 25

2.3.1 Controlo químico ........................................................................................................ 25

2.3.2 Método biológico ........................................................................................................ 26

2.3.3 Controlo cultural ......................................................................................................... 26

2.3.4 Monitoria da população ............................................................................................... 26

2.4.1 Rícino (Ricinus communis L)....................................................................................... 27

2.4.2 Uso do Rícino ............................................................................................................. 27

2.4.3 Preparação e aplicação ................................................................................................ 27

2.4.4 Modo de acção ............................................................................................................ 28

CAPITULO III: MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 29

3.1 Localização da área de estudo ........................................................................................ 29

3.2 Delineamento experimental ............................................................................................ 30

3.2.1 Dimensão da área útil do campo experimental ............................................................. 31

3.3 Condução do experimento .............................................................................................. 31

3.4 Variáveis a avaliar .......................................................................................................... 32

3.5 Análise estatística de dados ............................................................................................ 34


CAPITULO IV: RESULTADOS, ANALISE E DISCUSSÃO ............................................. 35

4.1 Percentagem de infestação.............................................................................................. 35

4.2 Nível de Ataque ............................................................................................................. 36

4.3 Percentagem de mortalidade da lagarta ........................................................................... 37

4.4 Rendimento .................................................................................................................... 38

4.5 Correlação entre o rendimento e as variáveis analisadas ................................................. 39

CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES........ Error! Bookmark not defined.

5.1 Conclusão ...................................................................................................................... 42

5.2 Recomendações.............................................................................................................. 42

6 Referencia bibliografica .................................................................................................... 43

APÊNDICES ....................................................................................................................... 46
15

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Generalidades

O milho é uma planta herbácea, anual, monocotiledónea, monóica (possui os órgãos


masculinos e femininos na mesma planta em inflorescências diferentes) e protândrica pois os
órgãos masculinos aparecem antes dos femininos (Ferreira, 2004). Todas as provas científicas,
levam a crer que seja uma planta de origem mexicana, e a sua domesticação começou a 7.500
anos atrás na área central do México (Costa, 2010).

Esta cultura adequa-se bem em solos de textura média, que apresentam boa capacidade
de retenção de água e nutrientes, de franco a franco-limoso e adapta-se melhor num pH que
esteja no intervalo de 5 a 8, no entanto, possui o crescimento rápido dos caules e das folhas
quando as temperaturas se encontram entre os 25 a 35ºC, a precipitação excelente é de 150
mm durante a fase em que decorre o seu ciclo vegetativo em sistema de sequeiro. Tal como
em todas as outras culturas, os nutrientes absorvidos em maior quantidade na cultura do milho,
são o Azoto, o Fósforo e o Potássio (Barros, 2014).

Nos últimos anos, a produção média anual de todo mundo foi de 1.114 biliões de
toneladas, a Europa, Asia e a América detêm de cerca de 75% de produção, e por sua vez a
África dispõem, cerca de 25% de produção (USDA, 2020). Moçambique, produziu cerca de
2,284 ton/ha, com isso este pais contribui com cerca de 2.5% da produção mundial, as zonas
de maior produção são: norte (Cabo Delgado, Niassa e Nampula), centro (Manica, uma parte
de Tete, Sofala e Zambézia), a zona sul e liderada pela província de Gaza com cerca de 2,2
t/ha (Fancelli, 2015).

Segundo Sitoe (2005), são vários factores que ocasionam a baixa produção e de
rendimento deste cereal nas zonas tropicais, dentre estes podem se destacar os seguintes: altas
temperaturas nocturnas, fotoperíodo, técnicas agrícolas mal efectuadas, controlo de infestante,
uso de sementes não certificadas, presença de pragas e doenças.

Dentre as pragas que atacam a cultura de milho em Moçambique podemos encontrar as


seguintes: a Roscas (Agrotis spp.), Escaravelho-preto-do-milho (Heteronychus spp.), Broca do
colmo (Busseola fusca), Broca-ponteada-do-colmo (Chilo partellus), Broca-rosada-do-colmo
(Sesamia calamistis), Jassideos (Cicadulina spp.), Gafanhoto-elegante (Zonocerus elegans),
16

Térmites (Isoptera), Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) (Segeren, 1994), e recentemente a


Lagarta do funil (Spodoptera frugiperda) (Cugala et al., 2017).

De acordo com Ferreira et al,. (2012), a lagarta-do-funil do milho é considerada a


praga mais prejudicial desta cultura, portanto ela ataca as plantas tanto na fase vegetativa
quanto na fase reprodutiva, causando uma redução na produção que pode chegar aos 60%
dependendo da variedade e da época de ataque. O ataque começa pela colocação de ovos,
geralmente acinzentados nas folhas dando origem a lagartas muito pequenas que raspam a
folha de milho. Na medida que as lagartas crescem, os danos aumentam nas folhas e no
cartucho do milho. O reconhecimento da lagarta é feito pela marca em "Y" invertido na
cabeça e pelas três (3) linhas longitudinais dorsais branco-amareladas e pontos pretos no
corpo.

O modo de acção do rícino é variado de acordo com a espécie da praga, podendo


ocasionar nas pragas efeitos como, repelência, inibição da oviposição, inibidor da digestão
dos insectos, atraso no crescimento, alteração do comportamento, diversos efeitos fisiológicos
em insectos adultos e mortalidade em diversas fases (Filho & Savy, 2005). O composto activo
é a ricina, que é conhecido por ter uma excelente propriedade tóxica, contra insectos e
diversos organismos (Roel, 2001).

Assim sendo, pretendesse com este trabalho, avaliar a efectividade do extracto de folha
de rícino (Ricinus communis) no controlo da lagarta do funil na cultura de milho (Spodoptera
frugiperda) como forma de proporcionar uma alternativa no controle da praga.
17

1.2 Objectivo

1.2.1 Objectivo geral

 Avaliar a efectividade do extracto de folha de rícino (Ricinus communis) no controlo


da lagarta do funil na cultura de milho (Spodoptera frugiperda).

1.2.2 Objectivo específico

 Determinar a percentagem de infestação em cada tratamento;

 Determinar o nível de ataque em cada tratamento;

 Estimar a percentagem de mortalidade em cada tratamento;

 Relacionar a percentagem de infestação, mortalidade com o rendimento em cada


tratamento.

1.3 Enquadramento do Tema

No que concerne o tema referido enquadra-se na área de sanidade vegetal (controle de


pragas), visto que no mesmo pretende-se utilizar pesticida botânico na base rícino para se
apurar o efeito no controlo da lagarta do funil do milho.

1.4 Pertinência do Trabalho

Na obtenção dos resultados pretendidos nesse estudo, esperasse-se com o mesmo


proporcionar, uma alternativa no controle das pragas. Que seja economicamente viável e
ecologicamente sustentável para as comunidades locais.

1.5 Motivação da Pesquisa

Actualmente a lagarta do funil é considerada a praga mas prejudicial da cultura de


milho, causando perdas que podem variar de 40 a 100% dependendo da variedade e do grau
de infestação (Figueiredo et al., 2006). É sabido que o rícino combate varias espécies de
pragas agrícolas, e devido a sua incidência no território nacional, suscitou o interesse de levar
a cabo a realização do presente estudo, no controlo da lagarta do funil (Spodoptera
frugiperda), usando o extracto do rícino para posterior sugerir a sua utilização ao nível das
comunidades, de modo a minimizar as perdas na produção.
18

1.6 Hipóteses

H0: A aplicação do extracto de rícino não será efectivo no controlo da Lagarta do funil.

H1: A aplicação do extracto de rícino será efectivo no controlo da Lagarta de funil do milho.

1.7 Problematização

O milho é o cereal mas cultivado e consumido em todo mundo contudo, ele constitui a
fonte básica de alimentação e subsistência para a maioria da população rural e suburbana em
Moçambique, para além disso este cereal possui uma grande fonte de nutrientes (proteína,
gordura, sais, vitaminas e carbohidratos). Actualmente, o rendimento desta cultura vem
baixando significativamente, devido a presença da lagarta do funil (Masa, 2016).

O alto índice de infestação da lagarta do funil na cultura do milho tem causado perda
significativa na produção desta cultura, e consequentemente na disponibilidade da mesma.
Dependendo da densidade populacional e da fase fenológica da cultura, as perdas de
rendimento podem variar de 20 a 60% (Figueiredo et al., 2006) e, nos casos de infestações
altamente severa, pode ocorrer perda completa até 100%. Condição, que comprometem a
produção agrícola e a segurança alimentar.

Segundo Cugala et al. (2017), no seu estudo sobre situação actual da lagarta do funil de
milho em Moçambique, constatou que as perdas causadas pela Spodoptera frugipirda podem
atingir cerca de 40 a 100% na produção.

De acordo com Houngbo et al. (2020) no seu estudo sobre conhecimento dos
agricultores e práticas de gestão da lagarta do cartucho em Benin (África ocidental) destacou
que as perdas causadas pela incidência da Spodoptera frugipirda nesse território podem
alcançar 40% da produção.

Devido ao alto nível de infestação da Spodoptera frugipirda nos campos de produção


do milho no território nacional, pretendesse avaliar a efectividade do extracto de folha de
rícino no controlo da lagarta do funil.
19

1.8 Justificativa

Estudo feito pelo Serrano et al., (2021), sobre eficiência do extracto aquoso de folha de
rícino (ricinus communis) no controlo da lagarta do funil constatou, que a aplicação do
extracto aquoso de folha de rícino possui diversos efeitos fisiológico sobre a praga, tais como;
repelência, inibição de oviposição, atraso no crescimento, alteração do comportamento e
mortalidade em diversas fases do crescimento da praga.

No território nacional a cultura de milho tem sido fortemente atacada pela lagarta de
funil do milho (Stodoptera frugipirda). A maior parte dos camponeses locais, não tem
condições financeiras para a aquisição dos pesticidas químicos para o combate desta praga,
por estes serem de custo bastante elevado. Portanto, surge a necessidade de testar a
efectividade do pesticida botânico (extracto do rícino) no controlo desta praga proporcionando
uma opção aos pesticidas químicos por estes serem de fácil preparo, barato, biodegradáveis e
podem ser encontrados facilmente a nível local.
20

CAPITULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Milho (descrição) e Etimologia

O milho (Zea mays) é o cereal mas cultivado em grande parte do mundo. Este cereal é
maioritariamente usado como alimento humano ou para ração animal, devido às suas altas
qualidades nutricionais. Todas as provas científicas, levam a acreditar que seja uma planta de
origem mexicana, já que a sua domesticação começou de 7.500 a 12.000 anos atrás na área
central do México (Costa, 2010).

O termo milho é originário do latim vulgar mĭlĭum. Este termo é confirmado antes
mesmo da introdução da espécie Zea mays na Europa, pois denominava o que em língua
castelhana se chama mijo e em português se acabou por chamar de milhete ou painço (Barros,
2014).

As evidências científicas indicam, que o milho foi introduzido pela primeira vez no
continente Africano no século XVI, pela chegada dos portugueses neste canto do mundo
(Pitre & Hogg, 1983). Passando algum tempo, mas precisamente no século XX este cereal já
era considerado como alimento básico nesta região (Forim, 2006).

2.1.2 Características da planta

O milho pertence ao grupo das angiospermas, (produz as sementes no fruto). A planta


do milho atinge uma altura de 2,5 metros, dependendo da variedade embora haja variedades
mais baixas. O caule tem aparência de bambu e as juntas estão geralmente a 50 cm de
distância umas das outras. A fixação da raiz é relativamente fraca. A espiga é cilíndrica, e
costuma nascer na metade da altura da planta (Barros, 2014).

Segundo o autor acima citado, os grãos são do tamanho de ervilhas, e estão dispostos
em fileiras regulares presas no sabugo, que formam a espiga. Eles têm dimenҫões, peso e
textura variáveis. Cada espiga contém de duzentos a quatrocentos grãos. Dependendo da
espécie, os grãos têm cores variadas, podendo ser amarelados, brancos, vermelhos, pretos,
azuis ou marrons. O núcleo da semente tem um pericárpio que é utilizado como revestimento.
21

2.1.3 Exigências edafo-climáticas

O milho adequa-se bem em solos de textura media, que apresentam boa capacidade de
retenção de água e nutrientes, de franco a franco-limoso e adapta-se melhor num pH que
esteja no intervalo de 5 a 8, no entanto, possui o crescimento rápido dos caules e das folhas
quando as temperaturas se encontram entre os 25 e os 35ºC, a precipitação excelente é de 150
mm durante a fase em que decorre o seu ciclo vegetativo em sistema de sequeiro. Tal como
em todas as outras culturas, os nutrientes absorvidos em maior quantidade na cultura do milho,
são o Azoto (N), o Fósforo (P2O5) e o Potássio (K2O) (Barros, 2014).

Durante o desenvolvimento da cultura do milho a luz é fundamental, pois é por meio


dela que se realiza o processo da fotossíntese. Sem a presença da luz o processo fotossintético
é inibido e a planta é impedida de expressar o seu máximo potencial produtivo (Embrapa,
2011). De acordo com o autor já referenciado, o milho é uma planta altamente eficiente na
utilização da luz assim, uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa ocasiona, na
cultura do milho atraso na maturação dos grãos ou pode ocorrer até mesmo queda na
produção.

O milho é uma cultura muito exigente em água (Cruz et al., 2006) e, por razões
principalmente económicas, é plantado na maioria das áreas, no período chuvoso, ou seja, é
uma cultura típica de sequeiro (Sans & Santana, 2007). Pode ser cultivado em regiões onde as
precipitações vão desde 250 mm até 5000 mm anuais, sendo que a quantidade de água
consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno de 600 mm (Esalq, 2015).

2.1.4 Época de cultivo

De acordo com Cruz (2010), O milho pode ser cultivado durante todo ano em sistema
de regadio, por sua vez, quando cultivado em sistema de sequeiro, a sua produção
compreende os meses de Novembro a Abril, em regiões de clima tropical.

2.1.5 Maiores produtores do milho em África

O continente africano possui uma área total de cerca de 622.984 km2, desta área cerca
de 70% é ocupada pela agricultura, onde a maior parte é detentada pela cultura de milho
seguido do arroz é da mapira preenchendo cerca de 25% (USDA, 2012). Segundo Fiesp
22

(2019), a Tanzânia, Quénia e o Zimbabwe são os principais países mas produtores do milho a
nível do continente Africano com cerca de mas de 17% de produção.

Moçambique esta abaixo dos países acima mencionados com cerca de 2.5% de
produção, seguida da Uganda e África do Sul (Esalq, 2015). A nível do território nacional as
zonas de maior produção são; Norte (Cabo Delgado e Nampula), Centro (Manica, uma parte
de Tete, Sofala e Zambézia), a zona sul e liderada pela província de Gaza com cerca de 2.2
t/ha (Fancelli, 2015).

De acordo com o Serviço Distrital das Actividades Económicas (SDAE, 2018) a


província da Zambézia na campanha de 2018/19 produziu cerca de 537,375 ton/ha, onde o
distrito de alto Molocue destacou se com cerca de 75,701 ton, seguida pelos distritos de
Morrumbala e Mocuba com 61,309 e 55,476 ton. Com isso os distritos acima mencionados
são os principais produtores a nível da província.

2.1.6 Produção do milho em Moçambique

No território nacional, mais de 80% dos habitantes dedicam-se à actividade agrária e,


desta população, mais de 90% compõe o sector familiar no qual maioritariamente dependem
da agricultura como meio de sobrevivência. No sector familiar, o milho não só constitui
alimento básico, mas também, é a fonte de rendimento. Esta cultura é cultivada em todo
território Moçambicano, o que compõe um terço da produção Agrícola (Masa, 2016).

Porém, neste mesmos pais, o milho é maioritariamente produzida nas regiões centro e
norte do país, que em 2007 a produtividade foi de 945 e 734 kg.ha-1, respectivamente para as
regiões acima referenciadas. E com base nas estatísticas da Fao (2019), Moçambique
produziu na campanha agrícola de 2018 cerca de 2,449 milhões de toneladas. Estes
rendimentos baixos são reflexos do baixo uso de tecnologias de irrigação e fertilizantes
(Uaiene, 2006).

2.1.7 Causas de baixa produção em zonas tropicais

O milho é a cultura que se adapta a diversos tipos de solo e clima. São vários factores
que ocasionam a baixa produção e de rendimento deste cereal nas zonas tropicais, dentre
destes podem se destacar os seguintes: altas temperaturas nocturnas, tempo frequentemente
23

nublado, técnicas agrícolas mal efectuadas, controlo de infestante e uso de sementes não
certificadas, presença de pragas e doenças (Sitoe, 2005).

2.2.1 Lagarta do funil de milho (Spodoptera frugipirda) em Moçambique

Lagarta do funil do milho, nativa das Américas, foi registada pela primeira vez como
presente no continente Africano em Janeiro de 2016 na Nigéria (Goergen et al. 2016). Estudos
subsequentes revelaram que a praga está em quase toda a África Subsariana, onde está
causando elevados danos, especialmente para os campos de milho.

Em Moçambique, a lagarta do funil do milho foi descoberta um ano depois de se ter


registado no continente Africano. Em princípios do ano de 2017, nas províncias de Tete
(distrito de Changara e cidade de Tete), Manica (distritos de Chimoio, Vanduzi, Catandica e
Manica) e Gaza (distritos de Bilene, Chicualacuala e Xai-Xai); É uma praga migratória e
polífaga que ataca mais de 80 diferentes tipos de culturas, nomeadamente o arroz, mapira,
trigo e cana-sacarina, sendo o milho seu principal hospedeiro (Fao, 2016).

2.2.2 O ciclo da lagarta

Figura 1: Ciclo de vida da Lagarta de funil do Milho

Fonte: (https://www.masa.gov.mz/agricultura/sanidade-vegetal/proteccao-de-plantas/lagarta-
do-funil-do-milho-spodoptera-frugiperda/).
24

O ciclo de vida da Lagarta do funil (Spodoptera frugipirda) é completado em cerca de


30 dias (dependendo das condições da temperatura). O ovo é em forma de esfera e mede cerca
de 0,4 mm de diâmetro, o número de ovos por massa vária consideravelmente, mas
geralmente é de 100 a 200. A duração do estágio do ovo é de apenas 2 a 3 dias durante os
meses quentes de verão. Porém, a pupa possui coloração acastanhada, tipo objecta, ocorre no
solo ou em restos de culturas. Na fase adulta, a borboleta de cor cinzenta de aproximadamente
10 mm, com alto potencial de reprodução, é mais activa durante a noite. A fase larval é que
causa mais danos (Fao, 2016).

2.2.3 Danos e Sintomas

No milho o dano é causado em todas as partes aéreas da planta (folhas, caule, espiga e
inflorescências); Em plantas jovens, os sintomas são idênticas as da broca do colmo; A
Lagarta migra para o funil da planta alimentando-se das folhas jovens (tenras); As infestações
tardias ocorrem nas espigas e inflorescência masculina da cultura
(https://www.masa.gov.mz/agricultura/sanidade-vegetal/proteccao-de-plantas/lagarta-do-
funil-do-milho-spodoptera-frugiperda/).

No intender da Fao, (2016), a capacidade de dano da lagarta é influenciada pelo vigor


da planta e pelo clima. Nos períodos de seca, uma lagarta ocorre desde a germinação até a
fase da maturação, causando danos semelhantes aos de outras lagartas de superfície de solo.
As lagartas jovens consomem parte das folhas e mantém a epiderme intacta, aparentando o
sintoma de raspagem. As lagartas maiores perfuram as folhas e desenvolvem se no cartucho
do milho, também podem bloquear a base da planta e atacar a espiga, a semelhança de outras
lagartas

2.2.4 Impacto da Lagarta do Funil do Milho

A Spodoptra frugiperda constitui a principal praga da cultura de milho, os danos


observados estão associada a sua natureza migratória, polífaga e devastadora bem como pelo
facto do milho ser produzido maioritariamente pelo sector familiar onde a prática de controlo
de pragas é mínima ou nula. A introdução desta praga no País constituiu uma ameaça séria à
produção de milho e à segurança alimentar principalmente nas zonas rurais (Beck, 2004; Auld,
1994).
25

Segundo os autores acima citados, as consequências económicas desta espécie não se


limitam apenas aos danos directos nas culturas mas tem implicações no acesso aos mercados
nacional e internacionais, desta forma irá impactuar na disponibilidade deste cereal no
mercado nacional e internacional consequentemente baixando a produção e elevando o preço
dificultando o acesso aos consumidores de baixa renda.

Esta praga pode causar perdas de produção de até 100%, quando não forem tomadas
medidas apropriadas de controlo. Na Zâmbia, dados ainda que sejam preliminares indicam
que cerca 100 mil hectares desta cultura foram infestados. No caso do Brasil, onde a praga é
endémica, os custos de controlo da praga estimam-se em 600 milhões de USD/ano (Cugala,
2017).

2.2.5 Situação Actual em Moçambique

A situação desta praga no território nacional actualmente, ocorre em simultâneo com


outras pragas do milho como stodoptera exempta, brocas do colmo e a cigarrinha do milho,
estas em conjunto ameaçam ocasionar um impacto geralmente negativo e altamente
significativo nos campos de produção do milho no País. Cada praga provoca prejuízos
diferentes com a devida severidade, diminuindo a produção e o rendimento da cultura
dependendo do estágio vegetativo e o grau de infestação. Se as três pragas atacarem
conjuntamente na mesma área ou na mesma planta podem ocasionar um impacto na segurança
alimentar e nutricional do país. Onde o milho constitui a fonte básica da alimentação, assim
como componente importante na cadeia do frango.
https://www.masa.gov.mz/agricultura/sanidade-vegetal/proteccao-de-plantas/lagarta-do-funil-
do-milho-spodoptera-frugiperda/.

2.3 Método de controlo

2.3.1 Controlo químico

Consiste no uso de substâncias químicas principalmente insecticidas para o controlo


dos insectos que fustigam as nossas culturas de modo a elimina-los. A cultura de milho em
África é muito praticada pelos pequenos agricultores principalmente do sector familiar em
pequenas escala quase esse método de controlo não é aplicado, geralmente por falta de
recursos como também acesso dos mesmos produtos (Cruz, 2008).
26

De acordo com o autor acima supra citado, no seu estudo sobre controlo químico da
lagarta do cartucho no milho, usando insecticidas em diferentes formulações (liquido e
granuloso) e dosagem, constatou que os insecticidas granulosos mostraram-se mais eficientes
no controlo da lagarta do funil comparando com os líquidos.

2.3.2 Método biológico

Este método usa os imigos naturais de modo a combater as pragas. Diversos inimigos
naturais são usados como agentes de controlo natural da lagarta do funil, destacando-se os
predadores de lagartas (carabídeos, percevejos, tesourinhas, predadores de ovos, parasitóides
de lagartas e de moscas da família Tachinidae) (Fao, 2014).

Conforme Cruz et al, (1999) no seu estudo sobre utilização do baculavirus no controlo
da lagarta do funil em doses diferentes (0,25, 0,15, 0,025 e 0,015 ml) evidenciaram boa
eficiência do Baculovirus quando aplicado sobre plantas de milho, nos estágios de seis a oito
e oito a dez folhas, nas doses de 0,15 a 0,25 ml para o controlo de Spodoptera frugipirda.

2.3.3 Controlo cultural

O método cultural visa aumentar a capacidade competitiva da cultura em detrimento


das infestantes e pragas. A rotação do milho com outras culturas é muito importante para
evitar a predominância de pragas, sendo a invasão destas espécies um sinal indicador da
necessidade de mudança da cultura. A consociação do milho com outras culturas como o
feijão, a abóbora e o amendoim (FAO, 2011).

Segundo Waquil et al. (2002) no seu estudo sobre a resistência do milho transgénico
(Bt) a lagarta do funil, usando variedades híbridas de milho Bt expressando as toxinas (Cry 1F,
Cry 1Ab, Cry 1Ac e Cry 9C), constatou que ouve diferença significativa entre elas
destacando-se a que expressam a toxina Cry 1F como altamente resistente a Spodoptera
frugipirda.

2.3.4 Monitoria da população

O uso de armadilhas sexuais para monitoria da ocorrência e evolução da população,


são usadas feromonas sexuais que atraem os machos da Spodoptera frugiperda e permite a
planificação e implementação de medidas de controlo adequadas, remoção de machos e
disrupção de acasalamento, o que pode levar a diminuição da população (Cugala el al., 2017).
27

De acordo com Melo (2005) no seu estudo sobre desempenho de armadilhas a base de
feromonio sexual para o monitoramento de Spodoptera frugipirda, usando o modelo (Delta,
Balde e Pet) constatou que houve diferença significativa entre elas, quanto ao número de
mariposa capturadas sendo que o modelo Delta foi mas eficiente.

2.4.1 Rícino (Ricinus communis L)

O Rícino, Carrapateira, Momoneira e Cura como é conhecida noutras regiões, pertence


a Família Euphorbiaceae, originária da África tropical (Vieira, 2002). O Rícino é um arbusto
(eudicotiledônea) que pode atingir 3 a 12 metros de altura, muito ramificado, com caule e
ramos grossos. Folhas alternas, verdes ou avermelhadas, 60 cm de comprimento, 5-9
segmentos lanceolados a ovado-lanceolados. Flores esbranquiçadas em inflorescência
panícula erecta, 10-30 cm de comprimento, flores masculinas na parte superior e flores
femininos na parte inferior. Fruto elaterio com 10-20 mm de diâmetro, triobulados (uma
semente em cada lóbulo). Semente lisas, brilhante, castanho-avermelhadas a anegradas Rão,
20.

2.4.2 Uso do Rícino

Tipo de pesticida: insecticida, acaricida, fungicida e nematocidas.

Pragas que combatem: o extracto de ricina combate diversas pragas como insectos
(lagartas e pulgões), formigas, fungos e nematoides.

2.4.3 Preparação e aplicação

A preparação do pesticida na base do rícino é feita com base nas folhas e sementes,
onde os passos estão descritos abaixo (Calderon, 2012).

Folha

 Para a obtenção do pesticida na base da folha do rícino deve se, primeiro se secar e
logo se moer até obter uma quantidade de 100g de folhas, posteriormente se misturam
com 500 ml de água e se deixar repousar 24 h, para depois filtrar e aplicar.
28

Semente

 Os extractos de semente também se podem obter pesando 100g de sementes, secasse e


são moídas, posteriormente deve se misturar com 500 ml de água e se deixar repousar
24h, para depois filtrar e aplicar.

2.4.4 Modo de acção

O modo de acção deste pesticida é variado de acordo com a espécie da praga, podendo
ocasionar nas pragas efeitos como, repelência, inibição da oviposição, inibidor da digestão
dos insectos, atraso no crescimento, alterar o comportamento, diversos efeitos fisiológicos em
insectos adultos e mortalidade em diversas fases (Filho & Savy, ). O composto activo é a
ricina (toxalbumina, glicoproteína), que é conhecido por ter uma excelente propriedade tóxico,
contra insectos e diversos organismos Roel, 2.
29

CAPITULO III: MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Localização da área de estudo

O distrito de Quelimane esta localizado no centro da República de Moçambique, mas


precisamente na margem do rio dos bons sinais, acerca de 20 km da costa do oceano indico,
Onde é limitado ao norte e oeste pelo distrito de Nicoadala, ao sul o distrito de Inhassuge e o
rio dos bons sinais e a leste o oceano indico. O distrito é a capital provincial e ocupa uma área
de cerca de 117 km2, sendo a maior cidade da província MAE, 2005.

O experimento foi realizado no mês de Abril a Julho do ano de 2022, no distrito de


Quelimane na universidade licungo-campos Morropue com as seguintes coordenadas
geográficas sul -1750’09.7764 e este 3656’14.7948, mesmo a estrada que da acesso ao
hospital central de quelimane.

Figura 2: Mapa da Área de estudo

Fonte: Google Maps


30

3.2 Delineamento experimental

O delineamento que foi usado no presente estudo é o de Blocos completos


Causalizados (DBCC), com 4 repetições e 5 tratamentos. A variedade usada foi a Matuba que
é uma variedade precoce (90-100 dias), com épocas de sementeira óptima de Abril a Maio,
apresenta um grão duro e forte, resistente ao listrado e à mancha cinzenta (GLS). Esta
variedade é tolerante à seca, desenvolvendo-se bem em solos pobres (Cimmyt, 2009). O
tratamento foi na base do extracto de rícino em diferentes dosagens, onde foram alocados nas
parcelas de acordo com a seguinte casualização:

Lay out do ensaio


Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4
3.0 m
1.5 m

T2 T4 T1 T5

T5 T2 1.0 m T4 T3

0.5 m

T4 T5 T3 T1

T1 T3 T5 T2

T3 T1 T2 T4

15.0 m

Figura 3: Casualização do ensaio

Fonte: Autor (2022)


31

Tabela 1: Tratamentos testados no experimento

Tratamento Dose t/há

1 25 g/l extracto de folha de rícino

2 50 g /l de extracto de folha de rícino

3 75 g/l de extracto de folha de rícino

4 100 g/l de extracto de folha de rícino

5 Nenhum controlo

3.2.1 Dimensão da área útil do campo experimental

O ensaio foi realizado numa área total de 142.5 m2, composta por 20 unidades
experimentais distribuídas em 5 tratamentos e 4 repetições. A dimensão de cada unidade
experimental foi de 4.5 m², sendo 3 m de largura por 1.5 m de comprimento e a separação
entre elas dentro do bloco foi de 0,5 metro e de 1 metro entre blocos, a área útil foi de 90 m2.

Cada unidade experimental foi composta por 45 plantas sendo que o compasso entre
elas foi de 40 cm entre linha e 25 cm entre plantas, sendo que o método de preparação do solo
foi a raso, e o padrão usado para a demarcação do campo foi o teorema de Pitágoras.

3.3 Condução do experimento

A preparação do solo foi feita na primeira semana de Abril, e a sementeira foi


efectuada no dia 20 de Abril de 2022, a primeira e a segunda sacha foi realizada nos dias 15 e
35 após a sementeira (Gaspar et al., 2010). A preparação do solo compreendeu uma lavoura
manual, e foram efectuadas duas sachas. As sachas foram efectuadas para controlar as
infestantes e para permitir a sobrevivência do maior número de plantas possível, foi
necessário efectuar a rega nas primeiras duas semanas após a sementeira, e foram realizadas 4
32

(quatro) aplicações nomeadamente nos dias 14 e 29 de Maio, 13 e 28 de Junho de 2022, logo


que se detectou 20% de plantas atacadas em cada tratamento.

3.4 Variáveis a avaliar

Determinação da percentagem de infestação na área experimental

Para determinar a percentagem de infestação em cada parcela, foi feita uma


amostragem usando o padrão w na área útil de cada parcela (composta por 16 plantas) o que
corresponde a 35% de plantas na área útil e 40% na área total. Para determinar o número de
plantas infestadas em cada parcela experimental, de seguida usou-se a fórmula abaixo:

𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑎𝑡𝑎𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠


% 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑠𝑡𝑎ҫã𝑜 = × 100
𝑛𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑎𝑠

Nível de Ataque

O nível de ataque foi mensurado conforme a escala de Davis, que diz: “Quando for
detectado 20% de plantas atacadas com nota igual ou maior do que 3 na escala, para a
posterior aplicação do controle” (Williams et al., 1999).

Figura 4: Escala de avaliação de danos causados pela Spodoptera frugipirda na cultura de


milho.

Fonte: Davis et al., (1992)


33

Determinação da percentagem da mortalidade

A determinação da percentagem de mortalidade das lagartas, foi feita na base da


colecta de lagartas de cada planta infestada, e posterior seguiu-se, a preparação dos pesticidas
como descrito anteriormente. Foram usadas 20 (vinte) placas de Petri contendo um número de
4 insectos para cada tratamento, num período de 5 (cinco) dias. Para aplicação dos pesticidas
usou-se pinceis, 24 (vinte quatro) horas após a aplicação foi feita a observação com lupa para
determinar a percentagem de mortalidade das lagartas, sendo adoptado o critério de
mortalidade dos insectos que não se movimentarem mesmo após de serem tocados, de seguida
foi feita a correcção das percentagens de mortalidade nos diferentes tratamentos utilizando a
fórmula de Aboott (Nakano et al., 1981).

%𝑀𝑜 − %𝑀𝑡
𝑀𝑜𝑟𝑡𝑎𝑡𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = × 100
100 − %𝑀𝑡

Onde:

Mt: mortalidade na testemunha;

Mo: Mortalidade observada no tratamento.

Rendimento do milho

A avaliação do rendimento médio consistiu na recolha das espigas na área útil, as quais
foram postas a secar até um nível determinado de humidade, posteriormente debulhadas e os
grãos pesado. Para o cálculo do rendimento usou-se a fórmula abaixo:

𝑝𝑠𝑔 (𝑘𝑔)
𝑅𝑒𝑛𝑑 (𝑘𝑔ℎ𝑎) = × 10.000 𝑚2
𝐴 (𝑚2)

Onde:

Rend: Rendimento do milho;

Ps.g: Peso do grão do milho colhido na área útil;

A: Área útil.
34

3.5 Análise estatística de dados

A análise de dados fundamentou-se no modelo de análise de variância para o


delineamento de blocos completamente causalizado: Yij= μ + τi + Βi + εij:

Onde:

Yij= é o valor observado no bloco j que recebeu o tratamento i (i=1,2, ...,t ; j = 1,2,...,r);

μ = Média geral;

τi= μi.-μ Efeito do tratamento i;

Βj = μ.j-μ o efeito do bloco j;

εij= Erro ( a parte de variação devido a factores não controlados).

Os dados foram introduzidos e codificados no EXCEL e posteriorimente submetidos


ao pacote estatístico STATA 16. Onde ocorreu ao teste de homogeneidade de variância (teste
de Breush-pagan), ao passo que a normalidade do erro foi medida pelo teste de Shapiro-wilk,
para testar a homogeneidade e normalidade dos dados de seguida efectuou-se a analise de
variância (ANOVA) no nível de significância de 5% (P<0,05). Para a comparação das médias
dos tratamentos foi usado o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
35

CAPITULO IV: RESULTADOS, ANALISE E DISCUSSÃO

4.1 Percentagem de infestação

Os resultados das percentagens de infestação encontram-se na tabela 2, a analise de


variância mostrou que ha diferença significativa entre os tratamentos a partir dos 45 dias após
sementeira. Os tratamentos a base do extracto de rícino mostraram significativa diferença em
relação ao tratamento controle, porém não diferiram entre si nos diferentes níveis de
concentração. Este facto deve se ao princípio activo do pesticida (extracto de rícino) que
causou efeitos como inibição de oviposição, atraso no crescimento e mortalidade das lagartas,
reduzindo desta forma a infestação da praga.

Apesar dos tratamentos a base do extracto de rícino não terem mostrado diferença
significativa, o tratamento com o nível de concentração de 100g/litro do extracto de rícino,
mostrou maior influência na redução da infestação pela lagarta ao longo do tempo,
diminuindo desta forma os impactos iniciais da lagarta na cultura, que foi de 50 a 20%. Este
caso pode ser explicado pelo facto do tratamento a base de 100g/litro do extracto de rícino
apresentar uma maior concentração da ricina (substância tóxica) que os demais tratamentos.

Esses resultados assemelham-se aos do Rodrigues, et al., (2017), que observaram que
a aplicação do pesticida botânico (extracto de rícino) reduz a percentagem de plantas de milho
atacadas pela praga. Os mesmos resultados diferem dos obtidos por Besson (2021), devido a
degradação das moléculas do pesticida botânico logo após a sua aplicação causado por
factores climáticos (chuvas e raios solares).

Tabela 2: Representação dos dados referente a Percentagem de Infestação de cada


Tratamento
36

Tratamento Dias após sementeira


25 45 65 85
T1 (25g/l) 50ª 40.75a 34.5a 28a
T2 (50g/l) 47ª 36.25a 32.75a 26.5a
T3 (75g/l) 45.5ª 31.25a 34.5a 22a
T4 (100g/l) 36ª 28a 28a 20.5a
T5 (controle) 53.5ª 61b 70.5b 73.5b
CV (%) 20 18 9.69 9.77
 As médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade

4.2 Nível de Ataque

Os resultados do nível de ataque encontram-se na tabela 3, a analise de variância


mostrou que todos os tratamentos a base do extracto de rícino, apresentam diferença
significativa em relação ao tratamento controle, mostrando ser favorável a sua utilização para
controle da lagarta do funil do milho a partir dos 45 dias após sementeira. Entretanto os
resultados obtidos a partir dos 65 dias após sementeira, indicam menores danos provocados
pelas lagartas, em todos tratamentos a base do extracto de rícino, devido ao efeito do principio
activo do pesticida que actuaram não só como repelente, mas também influenciando na
inibição de oviposição e nos hábitos alimentares da praga.

Estudo similar feito pelo Peron e Ferreira (2012), mostrou que após a terceira
aplicação, todos os tratamentos à base de extracto de rícino diferenciaram significativamente
da testemunha, indicando influência sobre o hábito alimentar geralmente no segundo e
terceiro instar. De acordo com Valicente e Tuelher (2009) no segundo ou terceiro instar, as
larvas começam a fazer buracos nas folhas, se alimentado em seguida do funil das plantas de
milho, produzindo uma característica fileira de perfurações nas folhas.

Tabela 3: Representação de dados referente ao nível médio de ataque

Tratamento Dias após sementeira


25 45 65 85
T1 (25g/l) 3.5ª 2.25a 1.25a 1a
T2 (50g/l) 3.75ª 2.25a 1.25a 1a
37

T3 (75g/l) 4.25ª 2a 1a 1a
T4 (100g/l) 4.5ª 2a 1a 1a
T5 (controle) 2ª 3.75b 4.75b 5.25b
CV (%) 15.83 17.07 7.98 4.20

 As médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade

4.3 Percentagem de mortalidade da lagarta

De acordo com os dados obtidos na tabela abaixo (Tabela 4), observou-se que após 24
horas de aplicação todos os tratamentos a base do extracto de rícino não diferiram
significativamente do tratamento controle, este facto pode ter-se sucedido pelo efeito do
principio activo do pesticida após o primeiro contacto com a lagarta causando efeitos como
inibição de oviposição, no hábito alimentar como também no crescimento.

Após 48 horas da aplicação constatou-se que os T1 e T5 não mostraram diferença


significativa entre si, mas se diferenciaram dos demais tratamentos T2, T3 e T4, isto se deve
ao facto de que o tratamento 1 e 5 apresentarem uma menor concentração do extracto de
rícino (ricina) em relação aos demais tratamentos. 72 Horas após a aplicação, os tratamentos
T1,T2 e T5 não diferiram significativamente entre si, tendo si diferido dos tratamentos T3 e
T4.

Após 96 horas de aplicação observou-se que o T5 diferiu significativamente dos


demais tratamentos (T1,T2,T3 e T4), este facto se deve a não aplicação do extracto de rícino,
possibilitando a maior sobrevivência da praga. Após 120 horas da aplicação notou-se que
todos os tratamentos testados a base do extracto de rícino não diferiram significativamente
entre si, porem tendo si diferido do tratamento controle.

Um estudo semelhante feito pelo Serrano et al., (2021), constatou que após a aplicação
dos tratamentos a mortalidade das lagartas aumentava com o tempo, alcançado assim maior
mortalidade em 72 h, a concentração de 75% e 100% não diferenciavam-se
significativamente, mas diferenciavam-se significativamente com a testemunha.

Oliveira et al., (2007) afirmam que os produtos vegetais começam a afectar o


desenvolvimento da lagarta (Spodoptera frugipirda) algumas horas após a pulverização das
38

folhas. Resultados similares foram publicados pelo Peron e Ferreira (2012), ao utilizar
extracto de rícino, contra a Spodoptera frugiperda e obteve maior mortalidade em 96 a 144
horas numa concentração de 75 e 100%.

Tabela 4: Representação de dados referente a Percentagem de mortalidade da lagarta

Tratamento Horas após a aplicação


24H 48H 72H 96H 120H
T1 (25g/l) 0a 1.07a 12.5a 56.25b 75a
T2 (50g/l) 0a 18.75ab 12.5a 75ab 87.5a
T3 (75g/l) 6.25ª 43.75bc 50b 87.5a 93.75a
T4 (100g/l) 6.25ª 56.25c 75b 87.5a 100a
T5 (controle) 4.4ª 5.33a 8.88a 12.5b 12.5b
CV (%) 3.24 6.44 40.25 1.21 1.01
 As médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade

4.4 Rendimento

Os resultados do rendimento encontram-se na tabela 5, a análise de variância mostrou


que não ha diferença significativa em todos os tratamentos testados a base do extracto de
rícino, tendo si diferido do tratamento controle.

O tratamento 4 apresentou maior rendimento médio (18.75ton/ha), enquanto, o T5


apresentou o menor rendimento médio (2.25ton/ha), Segundo Cugala et al., (2017), as perdas
de rendimento no controle, devem-se à não realização da aplicação do pesticida botânicos,
permitindo maior infestação da lagarta e consequentemente um nível de danos ainda maior.

Tabela 5: Representação de dados referente ao rendimento

Tratamento Rendimento médio (Kg/ha)


T1 (25g/l) 11a
T2 (50g/l) 12.25a
T3 (75g/l) 15.25a
T4 (100g/l} 18.75a
39

T5 (controle) 2.25b
CV (%) 31.88

 As médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade

4.5 Correlação entre o rendimento e as variáveis analisadas

a) Correlação entre o rendimento e a percentagem de infestação

A análise da correlação entre o rendimento com a percentagem de infestação, mostrou


que existe uma relação muito forte, negativa e significativa.

Tabela 6: Correlação entre o rendimento com a percentagem de infestação

Variável Variável Coeficiente de Significância


correlação
P.I Rendimento -0.811 0

A análise da regressão mostrou que na relação entre o rendimento com a percentagem


de plantas infestadas bem como a mortalidade, o maior poder explanatório é do gráfico linear.

Tabela 7 : Análise da regressão entre o rendimento e a percentagem de plantas infestadas

Tipo de gráfico Modelo matemático Poder explanatório


(R²)
Linear y =-0.2558x + 20.623 0.6584

Logaritmico Y = -3.11ln(x) + 8.645 0.5832


40

O gráfico da regressão mostrou que 65.8% das perdas de rendimento da cultura de


milho são provocadas pela infestação causada pela lagarta, os restantes 34.2% são provocadas
pela infestação causado por outros factores.

Figura 5: Regressão entre a percentagem de infestação e o rendimento do milho aos 85 DDS

b) Correlação entre o rendimento e a mortalidade

A análise da correlação entre o rendimento com a mortalidade das lagartas, mostrou


que existe uma relação muito forte, negativa e significativa.

Tabela 8: Correlação entre o rendimento com a mortalidade das lagartas

Variável Variável Coeficiente de Significância


correlação

M Rendimento -0.821 0

A análise da regressão mostrou que na relação entre o rendimento com a mortalidade,


o maior poder explanatório é do gráfico linear.
41

Tabela 9: Análise da regressão entre o rendimento e a mortalidade das lagartas

Tipo de gráfico Modelo matemático Poder explanatório


(R²)
Linear y = 0.1364x + 2.183 0.6748

Logaritimico Y= 0.256ln(x) + 1.236 0.6327

O gráfico da correlação mostrou que a mortalidade das lagartas favoreceu em 67.4%


no rendimento da cultura, sendo os restantes 32.6% atribuídos aos outros factores.

Figura 6: Correlação entre a mortalidade e o rendimento do milho após 120h de aplicação


42

CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1 Conclusão

O presente estudo realizado no distrito de Quelimane na Universidade Licungo


campus Morropue, conclui-se que o extracto de folhas do rícino mostrou-se efectivo no
controle da lagarta do funil, em todos níveis de concertação testados, desta forma
proporcionando uma opção aos pesticidas químicos, por estes serem de fácil acesso, baratos,
biodegradáveis, e podem ser produzidos a nível local. Sendo que o extracto. na concentração
de 100g/L de Rícino mostrou-se mais efectivo no controle da lagarta do funil de milho, tendo
apresentado maior mortalidade das lagarta a nível desta concentração.

5.2 Recomendações

Para o controle da lagarta do funil recomenda-se o uso dos pesticida a base de rícino
(uso de órgão como a sementes e folhas), a partir do nível de concentração de 100g de folhas
de rícino triturada por litro de água, também recomenda-se a efectuar-se estudos similar a este
usando outros pesticidas botânicos que são abundantes no nosso pais para minimizar os danos
nas culturas, garantindo a segurança alimentar das famílias Moçambicanas.
43

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https://www.masa.gov.mz/agricultura/sanidade-vegetal/proteccao-de-plantas/lagarta-do-
funil-do milho-spodoptera-frugiperda/

http://www.receitasemenus.net
46

APÊNDICES
47

Layout do campo

Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4


3.0 m
1.5 m

T2 T4 T1 T5

T5 T2 1.0 m T4 T3

0.5 m
9.5 m

T4 T5 T3 T1

T1 T3 T5 T2

T3 T1 T2 T4

15.0 m
48

Percentagem de infestação aos 25 DDS


49

Percentagem de infestação aos 45 DDS


50

Percentagem de infestação aos 65 DDS


51

Percentagem de infestação aos 85 DDS


52

Nível de ataque após a 1 aplicação


53

Nível de ataque após a 2 aplicação


54

Nível de ataque após a 3 aplicação


55

Nível de ataque após a 4 aplicação


56

Mortalidade corrigida após 24h


57

Mortalidade corrigida após 48h


58

Mortalidade corrigida após 72h


59

Mortalidade corrigida após 96h


60

Mortalidade corrigida após 120h


61

Rendimento
62

Figura 7: Preparação do solo

Fonte: Autor (2022)

Figura 8: Layout do campo

Fonte: Autor (2022)


63

Figura 9: Sementeira

Fonte: Autor (2022)

Figura 10: Preparação do Pesticida

Fonte: Autor (2022)


64

Figura 11: Preparação da calda

Fonte: Autor (2022)


65

Figura 12: Aplicação


Figura dos Tratamentos
11: Aplicação dos Trata

Fonte: Autor (2022)

Figura 13: Monitoria

Fonte: Autor (2022)


66

Figura 14: planta infestada

Fonte: Autor (2022)

Figura 15: processo de trituração do rícino

Fonte: Autor (2022)


67

Figura 16: processo para determinação da percentagem de mortalidade

Fonte: Autor (2022)

Figura 17: pesagem da massa pilada e do rendimento do milho

Fonte: Autor (2022)

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