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Análise da variação morfológica associada ao hidrodinamismo


João Gil Alcobia Carvalho - 107184

Resumo.......................................................................................................................................2

Palavras-chave............................................................................................................................2

Introdução..................................................................................................................................3

Material e Métodos....................................................................................................................4

Resultados..................................................................................................................................6

Discussão....................................................................................................................................9

Bibliografia..............................................................................................................................10

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Análise da variação morfológica associada ao hidrodinamismo
João Gil Alcobia Carvalho - 107184

Resumo

Plasticidade fenotípica consiste na capacidade de um organismo alterar o seu fenótipo face a


alterações ambientais. Tendo isto em conta, o presente estudo visou avaliar e comparar a
morfologia de umas folhas que estariam em zona de penumbra e outras expostas à luz.
Colheram-se então folhas do interior da copa e da zona exterior da árvore, uma com pouca
exposição à luz e outra com luz direta, respetivamente. Esperou-se que a condição luminosa
causasse efeitos nas características morfológicas do loureiro, algo que foi então comprovado.
Assim concluiu-se que as folhas da copa possuíam uma morfologia geral maior em relação às
folhas exteriores.

Palavras-chave

Plasticidade fenotípica; Morfologia; Exposição luminosa; Alterações ambientais; Louro

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Análise da variação morfológica associada ao hidrodinamismo
João Gil Alcobia Carvalho - 107184

Introdução

O seguinte estudo pretende avaliar se o hidrodinamismo afeta a morfologia das


conchas de uma certa espécie, sendo esta a Nucella lapillus (L.). Esta espécie é um tipo de
gastrópode predador de zonas intertidais rochosas. É usualmente avistada em zonas do
Atlântico Norte (Crothers, 1985), abundante da Islândia a Portugal (Mayk et al, 2022a).

Its locomotor activity is limited to movements between prey (usually no more than a few
centimetres) on which individuals are reported to feed for hours, if not days (Fretter and
Graham, 1962). Nucella lapillus is only occasionally found below the tide marks and does not
voluntarily crawl over sandy or muddy areas. The absence of a larval stage and the limited
locomotor range of N. lapillus limits its dispersal so that distinct phenotypes exist within
different allopatric populations, forming numerous discrete gamodemes (Berry and Crothers,
1974) (Mayk, et al, 2022a)

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Material e Métodos

Para realizar a experiência em questão, é necessária a medição de vários parâmetros


de conchas de Nucella lapillus (L.). No caso, foram utilizadas 52 conchas de indivíduos da
Praia da Barra e outras 52 de indivíduos habitantes da Praia da Costa Nova, devidamente
identificadas com uma pinta vermelha ou azul respetivamente. Já no laboratório, os 104
indivíduos foram fervidos e lavados com jatos de água de modo a remover as partes moles,
nunca misturando as duas amostras (Barra e Costa Nova).

Primeiramente, terá de se averiguar que medições serão


efetuadas. Para o efeito do estudo a ser realizado, foram obtidas as
medidas dos seguintes parâmetros morfológicos quantitativos
(Error: Reference source not found): Altura da Concha (AC);
Comprimento do Perístoma (CP), ignorando o canal sifonal;
Largura máxima do Perístoma (LP); Espessura do Labro (EL).
Todas estas foram efetuadas com recurso a uma craveira de
Fig. 1 - Concha de Nucella Lapillus
(L.) com parâmetros morfológicos ±0,02mm de precisão, ou seja, trata-se de uma medição direta. As
identificados
medidas foram então retiradas em milímetros e sempre com duas
casas decimais. A craveira tem duas zonas, uma com duas faces de
medição exterior e uma com duas faces de medição interior, pelo que no caso do CP e do LP
foram utilizadas as faces interiores, já que se trata de uma medição de uma zona interior
(Error: Reference source not found). Por fim, realizou-se uma análise de um parâmetro
morfológico qualitativo, que neste caso é a presença ou ausência de dentes no labro. Estes
valores foram colocados numa folha de Excel, onde este último parâmetro se traduz por 1 ou
0 (presença ou ausência respetivamente).

Fig. 2 - Craveira com legenda: 1- faces de medição externa; 2- faces de medição interna; 3-
face de medição de profundidade; 4- escala principal em mm; 5- escala de polegadas; 6-
Tendo em conta
escala do nónio;todos os ouresultados
7- corrediça obtidos,
cursor; 8- Dispositivo bloqueador. Retirado de estudafq.pt

seguiu-se o cálculo do Índice do Perístoma (IP) (método

Fig. 3 - Fórmula para o cálculo do Índice do


Perístoma
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de medição indireto). A fórmula presente em Magalhães et al (s.d.) (Error: Reference source


not found), relaciona os dados do comprimento e da largura do perístoma, de modo a se obter
o perímetro desta zona, para, por sua vez, ser relacionado com a altura da concha. Este índice
ao relacionar todos os parâmetros morfológicos quantitativos medidos, com exceção da
espessura do labro, permite uma melhor análise de todos os resultados, associando-os num
gráfico de dispersão juntamente com a EL, sem a necessidade de fazer um total de 10
gráficos (relação de todos os parâmetros entre si). Tendo em conta a independência dos
valores de EL e IP e a dependência dos restantes, obtemos um excelente gráfico de dispersão,
comparado aos restantes que seriam criados com base nos outros parâmetros morfológicos.
Dito isto, foi realizado um gráfico de dispersão com IP nas ordenadas e EL nas abcissas,
utilizando os dados da Costa Nova e da Barra.

Para uma melhor análise de resultados, decidiu-se criar histogramas de modo a


separar os valores classes uniformes. Os histogramas fornecem uma estimativa consistente de
qualquer função de densidade com muito poucas suposições (Scott, 2009). Neste caso, as
funções de densidade a serem tratadas são as dimensões das conchas. Para tal efeito, as
dimensões foram separadas em 10 classes e foram associadas a estas as devidas frequências.
Foram realizados um total de 10 histogramas, ou seja, histogramas de todas as dimensões
(AC, LP, CP, EL e IP), para a Costa Nova e para a Barra. De modo a dividir os resultados por
classes terá de se encontrar o valor mínimo e máximo desta seleção. Calculando a diferença
entre estes e dividindo o resultado desta subtração pelo número de classes que se pretende
obter (neste caso 10), obtém-se um valor que dita o intervalo entre classes. Com as classes já
criadas, terão de se distribuir os valores por frequências. Isto é realizado diretamente no
Excel, relacionando os valores todos da Barra ou da Costa Nova (apenas uma das zonas de
cada vez) com as classes. Após estes passos, dá se início à criação do histograma.

Resultados

Na Error: Reference source not found, estão representadas duas nuvens de


dispersão, uma de pontos azuis pertencentes à Praia da Costa Nova e uma de pontos
vermelhos correspondentes aos valores da Praia da Barra. Todos estes valores são resultado
da relação entre o índice do perístoma e a espessura do labro. Pode-se então observar que os
valores do IP são superiores nos indivíduos da Costa Nova, enquanto se observa o inverso na
EL, havendo uma superioridade de espessura nas conchas da Barra.

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Fig. 4 - Índice do perístoma em função da espessura do labro.

No que toca às dimensões das componentes morfológicas dos indivíduos de cada


praia, toma-se uma abordagem mais seletiva. Tendo em conta que a altura da concha é
inversamente proporcional ao índice do perístoma, pode-se tomar esta componente como
necessária. A utilização do IP implica a redundância da utilização do CP e da LP, já que são
parâmetros diretamente proporcionais a IP. Fica-se então com a possibilidade de análise dos
resultados da EL, do IP e da AC.

Passando a uma abordagem mais analítica, obtém-se que nas Fig. 2 Fig. 1 há uma
abundância de indivíduos da Barra de alturas de concha superiores às alturas das conchas da
Costa Nova. As alturas desta última praia conseguem ter uma maior frequência de conchas na
classe [24,49-25,78[ (mm de altura), no entanto, a presença de alturas de tamanhos superiores
a 25,78 mm tende a ser bastante mais pequena que as presentes na Barra.

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N Ú M E R O D E IN D IV ÍD U OS
(Freq u ên cia) 12

0
< 20.64 [20.64- [21.92- [23.21- [24.49- [25.78- [27.06- [28,34- [29.63- [30.91- ≥ 32.20
21.92[ 23.21[ 24.49[ 25.78[ 27.06[ 28.34[ 29.63[ 30.91[ 32.20[

ALTURA DA CONCHA
(Dividido em classes, mm)

Fig. 1 - Distribuição por classes da frequência da Altura da Concha em indivíduos da Praia da Barra.
Analisando agora a frequência de Espessuras do labro, foram criadas as seguintes
N Ú M ER O D E IN D IV ÍD U OS
(Frequ ên cia)

16

0
< 20.64 [20.64- [21.92- [23.21- [24.49- [25.78- [27.06- [28,34- [29.63- [30.91- ≥ 32.20
21.92[ 23.21[ 24.49[ 25.78[ 27.06[ 28.34[ 29.63[ 30.91[ 32.20[

ALTURA DA CONCHA
(Dividido em classes, mm)

Fig. 2 - Distribuição por classes da frequência da Altura da Concha em indivíduos da Praia da Costa Nova.
figuras (Fig. 3 e Fig. 4). Estas indicam claramente que há uma abundância de indivíduos da
Barra nas classes de maiores dimensões de EL extremamente superior à de indivíduos da
Costa Nova nestas classes.
U OSD IV ÍD U OS
(Freq u ên cia)

18
E IN
E RDOIVDÍD
(Freq u ên cia)
Ú EM IN

18
9
N Ú M E R ON D

9
0
<1.08 [1.08- [1.42- [1.76- [2.11- [2.45- [2.79- [3.13- [3.47- [3.82- ≥4.16
1.42[ 1.76[ 2.11[ 2.45[ 2.79[ 3.13[ 3.47[ 3.82[ 4.16[

ESPESSURA DO LABRO
0 (Dividido em classes, mm)
<1.08 [1.08- [1.42- [1.76- [2.11- [2.45- [2.79- [3.13- [3.47- [3.82- ≥4.16
1.42[ 1.76[ 2.11[ 2.45[ 2.79[ 3.13[ 3.47[ 3.82[ 4.16[
Fig. 4 - Distribuição por classes da frequência da Espessura do Labro em indivíduos da Praia da Costa Nova.
ESPESSURA DO LABRO
(Dividido em classes, mm)

Fig. 3 - Distribuição por classes da frequência da Espessura do Labro em indivíduos da Praia da Barra.

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Por fim, tendo em conta o único parâmetro medido indiretamente, o IP, obtêm-se as
duas figuras seguintes (Fig. 5 e Fig. 6), que são bastante distintas. De facto, a abundância no
caso da Barra é superior em conchas de classes de valores inferiores, comparativamente às de
indivíduos da Costa Nova. O gráfico da Costa Nova apresenta um pico de abundância
bastante elevado (17 indivíduos) na classe dos 2,80 aos 3,03 de IP, enquanto a classe com
maior abundância na Barra é a de 1,65 a 1,88 de IP.
N Ú M E R O D E IN D IV ÍD U OS
(Freq u ên cia)

14

0
<1.19 [1.19- [1.42- [1.65- [1.88- [2.11- [2.34- [2.57- [2.80- [3.03- ≥3.26
1.42[ 1.65[ 1.88[ 2.11[ 2.34[ 2.57[ 2.80[ 3.03[ 3.26[

ÍNDICE DO PERÍSTOMA
(Dividido em classes)

Fig. 5 – Distribuição por classes da frequência do Índice do Perístoma em indivíduos da Praia da Barra
N Ú M E R O D E IN D IV ÍD U OS

O ú n i c o p a r
(Freq u ên cia)

18

0
<1.19 [1.19- [1.42- [1.65- [1.88- [2.11- [2.34- [2.57- [2.80- [3.03- ≥3.26
1.42[ 1.65[ 1.88[ 2.11[ 2.34[ 2.57[ 2.80[ 3.03[ 3.26[

ÍNDICE DO PERÍSTOMA
(Dividido em classes)

Fig. 6 - Distribuição por classes da frequência do Índice do Perístoma em indivíduos da Praia da Costa Nova
de dentes no Labro, como foi anteriormente referido. Os resultados presentes na Fig. 7, são
extremamente homogéneos. Verifica-se então que todas as conchas de indivíduos da Barra
possuem dentes, enquanto 0 conchas da Costa Nova apresentam este parâmetro.

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NÚMERO DE INDIVÍDUOS COM DENTES

30

0
Barra Costa Nova

Fig. 7 - Presença de dentes no Labro dos indivíduos da Barra e da Costa Nova.

Discussão

Olhando de forma mais aprofundada para os gráficos apresentados podemos obter


uma noção de que realmente a quantidade de luz afeta vários aspetos das folhas de Laurus
nobilis L.

De facto, é possível reparar nos vários gráficos que os tamanhos das folhas de
“sombra” são maiores em vários aspetos, de modo a maximizar a superfície de área para a
captura de luz (Sultan, 2003). No caso do primeiro gráfico (fig. 5), o maior comprimento e
largura nas folhas de “sombra” comprova este facto, assim como a área foliar, que aumenta
com o aumento destes dois parâmetros métricos. Com maior área, há maior possibilidade de
incidência de raios na folha, permitindo um equilíbrio fotossintético entre folhas de luz e de
sombra, tal como foi referido por Lima, N. et al (2017). Em outro ponto, é possível verificar
que a área foliar mais reduzida nas folhas de “luz” é uma defesa contra a desidratação.

Na figura 7, a área foliar específica, reflete o mesmo efeito fenotípico que ambos os
gráficos anteriores. A espessura torna-se maior em locais de sombra, devido a maiores

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organelos, tais como os estomas e os cloroplastos, que permitem a passagem de CO 2 e de O2 e


uma maior recessão de luz (Wilson, 1999).

O conteúdo relativo de água parece realçar os erros que ocorreram durante a


experiência. Isto é realçado pelo grande desvio padrão presente na secção da sombra. Tais
erros poderão ser possivelmente dados a uma troca de folhas acidental (luz por sombra ou o
contrário), ou até mesmo a uma colheita de amostras de zonas não experimentalmente
controladas, ou seja, amostras de sombra com uma ocasional exposição solar “extrema”
resultante em folhas mais pequenas e próximas do ideal de uma folha de “sol”.

Podemos então, por fim, com a apresentação e análise destes aspetos, concluir que o
loureiro do edifício n.º 26 apresenta plasticidade fenotípica em resposta às condições de
luminosidade, ou melhor, que as folhas de sombra são maiores que as de luz, uma adaptação
necessária para uma boa sobrevivência da planta.

Bibliografia

 Magalhães et al (s.d.), Variação morfológica de Nucella lapillus (L.) e sua relação


com o hidrodinamismo. (powerpoint consultado em 21 de maio de 2023 na
plataforma elearning.ua.pt)

 Scott, W. D. (2009). Histogram. WIREs Computational Statistics, 2 (1), 44-48.


[Consultado em 21 de maio de 2023]. Disponível em:
https://doi.org/10.1002/wics.59

 https://fsj.field-studies-council.org/media/342851/vol6.2_171_colour.pdf

 https://www.marlin.ac.uk/biotic/browse.php?sp=4288&show=all

 Tyler-Walters, H., 2007. Nucella lapillus Dog whelk. In Tyler-Walters H. and


Hiscock K. Marine Life Information Network: Biology and Sensitivity Key
Information Reviews, [on-line]. Plymouth: Marine Biological Association of the
United Kingdom. [cited 23-05-2023]. Available from:
https://www.marlin.ac.uk/species/detail/1501

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Análise da variação morfológica associada ao hidrodinamismo
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 https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2022.114286 b
 https://doi.org/10.3389/fmars.2022.894182 a

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