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DISCIPLINA:
PROFESSOR: Eduardo
Viveiros de Castro
EMENTA
O curso discute o colonialismo “crônico” (nos dois sentidos possíveis do adjetivo) da cultura
moderna. O dogma central dessa forma de colonialismo pode ser resumido na proposição “o
tempo é superior ao espaço”, enunciada pelo Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii
Gaudium (2013) como um dos princípios que fundamentam “o bem comum e a paz na
sociedade”. Ele ecoa uma célebre frase de Hegel: “A verdade do espaço é o tempo”. Essa tese
cristã remonta ao menos à “dicotomia agostiniana entre tempo e espaço [.…] com a
desvalorização do espaço” (H. Lefebvre). O foco do curso é a noção de espacialidade
enquanto dimensão semiótico-material complexa, que a vulgata filosófica tem frequentemente
relegado a um segundo plano em relação à temporalidade, especialmente quando esta última
é tematizada sob o modo da futuridade. Entre outros argumentos, o curso procura explorar a
“homonímia”, em muitas línguas românicas, entre terra e Terra, sugerindo que uma teoria
antropológica da terra (local, lugar, país, região, zona) é a condição presente de relevância
política de qualquer discurso sobre a Terra (planeta, mundo, globo, Gaia). Homonímia que não
deixa de evocar aquela entre tempo (meteorológico, climático) e Tempo (cronológico,
histórico), a qual sugere, por sua vez, a convergência entre esses dois sentidos de “tempo” na
época do Antropoceno.
O curso tem um caráter exploratório e experimental, inclusive no que concerne aos métodos
de exposição e de avaliação. A bibliografia a seguir é uma base de dados em construção, a
partir da qual os textos para cada aula serão selecionados; as referências completas dos textos
serão acrescentadas. Sempre que possível, usaremos as versões dos textos disponíveis em
português.
BIBLIOGRAFIA