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A astrobiologia e a desordem cósmica

O entusiasta e estudioso Bruno com alegria viu as muralhas que protegiam a imagem de um
universo finito, construído pelo homem cair. Com sua tese da não centralidade da terra, o
alargamento dos confins tradicionais do Universo, a afirmação da pluralidade dos mundos e
da infinitude do cosmos trouxeram espanto para a cultura europeia e também entusiasmo do
século XVII.
A impressão de que a destruição da velha ordem do mundo equivalesse à instauração de
uma desordem e que tal desordem pudesse também atingir o mundo dos valores dos valores
morais e religiosos foi compartilhada por muitos. Pois a idéia da ordem do mundo, da sua
harmonia, da sua proporção, estava tradicionalmente ligada à imagem de um universo finito.
Idéia defendida por Francis Bacon em 1612. A preocupação de bacon não era muito diferente,
em substancia, da que foi expressa, um ano antes, por Jhon Donne, nos versos tantas vezes
citados de The Anatomy of the World. Preocupação por um mundo incoerente.
Bruno tinha concebido os corpos celestes como seres animados em livre movimento e
tinha insistido sobre a impossibilidade de construir um quadro harmônico do Universo dentro
do qual se poderiam efetuar cálculos preciosos. Também nas perspectivas ‘astrobiológicas’ do
neoplatonismo hermético, entrava realmente em crise a noção de um universo ordenado e
construído segundo leis imutáveis.
Da profunda diferença que ocorria entre a tese de uma pluralidade infinita de mundos
dispersos num espaço infinito e o manutenção de um sistema, de uma forma e portanto de
uma ordem no Universo, deu-se conta com muita clareza Tommaso Campanella, na sua
apaixonada defesa de Galileu.
Cinco teses cosmológicas revolucionár
Copérnico, Kepler, Galileu vêem no mundo a expressão de uma ordem divina, a manifestação
de princípios ou arquétipos matemático-geométricos. Sua astronomia geometrica’ contra põe-
se nitidamente à que foi chamada, não impropriamente, ‘astrobiologia’ de Bruno. Muitos
outros autores distantes do rigor e da coerência do discurso cientifico galileano, é que deve ser
procurada a presença daquelas cinco idéias inovadoras ou ‘teses cosmográficas
revolucionárias’, que lovejoy indicava. A 1. a qual outros planetas do nosso sistema solar são
habitados por criaturas vivas, sencientes e racionais; 2. a demolição de muros externos do
universo medieval, quer estes se identificassem com a extrema cristalina ou com uma região
definida das estrelas fixas, e a dispersão destas estrelas nos vastos espaços, irregulares; 3. a
ideia das estrelas fixas como sóis semelhantes ao nosso, todos ou quase todos circundados por
sistemas planetários; 4. a hipótese de que também os planetas destes outros mundos fossem
por racionais; 5. a asserção da efetiva infinidade do universo do universo físico no espaçao, e
do número dos sistemas solares nele contidos. Lovejoy tendia a contrapor de maneira clara
demasi os aspectos filosóficos e culturais da Revolução Cientifica aos aspectos mais
propriamente técnicos e astronômicos. Lovejoy afirma que nenhum daquelas cinco teses
estava presente em Copérnico, e que tanto a doutrina da infinitude quanto a da pluralidade dos
mundos foram diversamente rejeitadas pelos três maiores astrônomos da época de Bruno e da
geração sucessiva: Brahe, Kepler e Galileu.
Nessa diversidade de mundos Kepler elabora a obra literária O Somnium que torna-se um
novo gênero literário . O Somnium, é uma bem dosada mistura de fantasia de realismo. Em
muitos casos, como ocorrerá três séculos mais tarde nos melhores livros de ficção cientifica a
fantasiaé refreada

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