Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
"A filosofia, escrevia Bruno, nada tem a ver com problemas teológicos".
O objetivo da filosofia é conhecer a natureza em seu conjunto. Arremeteu acremente contra
todas as doutrinas da fé cristã; batalhou com grande energia pela liberdade da filosofia e da
ciência, ridicularizando mordazmente a corrupção escolástica. Bruno refutava os dogmas do
cristianismo, tais como "a santíssima trindade" e o "sacramento da comunhão". Proclamou
insistentemente a necessidade de confiscar os bens das ordens "mendicantes".
Bruno foi materialista, embora não inteiramente consequente. Falava muito de Deus e
reconhecia a animação geral da natureza. Todavia seu Deus não é outro senão o próprio
universo, que, ao mesmo tempo cria e é criado, sendo simultaneamente causa e efeito. Bruno
foi panteísta(37), porém sob base material. Não há Deus que esteja acima do mundo ditando-
lhe leis; Deus dilui-se na natureza.
Ao contrário dos escolásticos, Bruno entoa verdadeiros hinos à matéria. A matéria é uma
substância viva e ativa.
Bruno, filósofo das forças sociais progressistas e cheio de otimismo. Em sua unidade
íntegra e seu aspecto infinito, o mundo não conhece o mal nem a morte; é perfeito e
harmonioso.
Bruno foi uma das numerosas vítimas do fanatismo. Na fogueira morreram muitos
outros sábios e filósofos: o filósofo italiano Vanini, o filósofo espanhol Servet e outros. Uma
série de sábios caiu nas mãos da camarilha reacionária (o fundador da anatomia, Vesálio e
outros).
A filosofia naturalista italiana começou com juízos fantásticos sobre a natureza, do tipo
dos neoplatônicos e dos pitagóricos; mais tarde, foram desenvolvendo-se nela as ciências
experimentais, particularmente a matemática e a mecânica.
Com a ajuda do telescópio de trinta aumentos que ele próprio construiu, Galileu fez
uma série de descobertas astronômicas importantíssimas, confirmando a justeza dos pontos
de vista de Copérnico. Quando Galileu expôs algumas de suas observações no livro
"Mensageiro dos Astros", seus contemporâneos diziam maravilhados: "Colombo descobriu um
novo continente; mas Galileu descobriu um novo universo". Aconteceu que a lua não era plana
como se supunha, de acordo com a teoria aristotélica; na lua havia montanhas e vales; a via
látea revelou-se um sistema composto de corpos celestes; à volta de Júpiter descobriram-se
quatro satélites; começaram-se a ver claramente as manchas do sol. Galileu visitou com seu
telescópio a Itália, "exibindo" em toda a parte o "novo" céu.
Refutando o ponto de vista teológico (das causas finais), exige Galileu a explicação das
causas da natureza. A grandeza, a forma, o número dos corpos materiais e seu movimento,
que se realiza de acorda com as leis da mecânica; aí estão os elementos fundamentais do
mundo. Todos os fenômenos mundiais devem ser reduzidos a uma correlação e a uma relação
numérica calculada com exatidão. A ordem do universo, homogêneo por sua substância
material e por sua lei de movimento mecânico único, é expressada pela matemática. A
matemática e a mecânica são as bases de todas as ciências. O caminho da ciência é a análise,
que fixa os elementos simples do mundo corporal. A análise é substituída pela síntese que
estabelece a relação entre esses elementos.
"A natureza é um livro escrito em língua matemática, sob a forma de triângulos, círculos e
outras figuras geométricas".
"a destruição completa da propriedade privada". "Pois se ela subsistir, subsistirá sempre sobre
a maior parte da humanidade o peso amargo do sofrimento"(38).
Tudo que se produzir dentro do Estado ficará sujeito a controle; o Estado organiza a
produção, distribui a força operária pelos diferentes ramos da mesma, etc. A célula econômica
fundamental é a família. A família entrega toda a produção ao Estado. As autoridades são
eleitas. A instrução é accessível a todos os membros da sociedade.
"Nasci, dizia Campanella, para lutar contra três grandes mazelas: a tirania, a sofistica e a
hipocrisia".
Campanella, contudo, não é tão conhecido pelas suas concepções filosóficas quanto
por sua utopia social "A Cidade do Sol" (1623). Nesse livro representa uma sociedade em que
foram abolidas a propriedade privada, a família e a religião do Estado. À frente do Estado,
criado para a felicidade humana, estão os sábios. Os homens não trabalham mais de quatro
horas diárias, não passam necessidades nem privações. O desenvolvimento da ciência e do
progresso técnico é a base para concretizar tal sociedade.
"os utopistas não começam jamais uma guerra em vão e só a fazem quando obrigados a
defender suas fronteiras ou expulsar inimigos que invadam um país amigo, ou quando,
compadecidos de qualquer outro povo oprimido pela tirania, usem sua força para emancipá-lo
do jugo do tirano e da escravidão(39).