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Disciplina Laboratório de História e Educação I – HIS 254


Profa. Adriane Vidal Costa
2024/1
Plano de Ensino

1. Proposta

O objetivo da disciplina é apresentar recursos para o uso da literatura latino-americana do


século XX como fonte para o ensino da História na educação básica (EF e EM). O
trabalho com a literatura pode ser realizado sob diversos aspectos e abre um grande leque
de possibilidades para o ensino de história em sala de aula. A proposta para a disciplina
se divide em dois momentos, no primeiro realizar-se-á abordagens teóricas com
discussões de textos sobre o tema e, no segundo, aulas-oficina com a finalidade de
produzir material didático para o ensino básico a partir de textos literários, promovendo
o exercício de construção de saberes históricos. Portanto, a proposta alinha-se à formação
de professores a partir da relação entre História e Literatura e as possibilidades de
potencialização do processo de ensino-aprendizagem no que se refere à produção do
conhecimento histórico no ensino básico. A ideia é produzir, ao final da disciplina, um e-
book sobre o uso da literatura no ensino de história para ser disponibilizada no GT Ensino
de História das Américas da Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de
História das Américas (ANPHLAC).

2. Programa

Unidade I

Os aspectos dialógicos entre dois campos discursivos (Literatura e História) e o uso


da literatura como fonte para o ensino de história

Objetivo: compreender as possibilidades de diálogo entre literatura e história e o uso da


literatura como fonte no ensino básico

Leitura obrigatória:
A. ANDRADE, Kelly Alves; BENTIVOGLIO, Julio. História & Literatura: o uso de
obras literárias como fontes históricas. Vitória: Editora Milfontes, 2023. (LIVRO NA
ÍNTEGRA)
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B. GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo:


Companhia das Letras, 2007, p. 7-14.
C. CÂNDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. Remate de Males,
Unicamp, 1999.
D. FERREIRA, Antônio Celso. A fonte fecunda. IN: PINSKY, Carla Bassanezi; LUCA,
Tânia Regina de (orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009.
E. LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Revista Educar, Curitiba,
Especial, p. 131-150, Editora UFPR, 2006.
F. BLANCH, J. P. As fontes literárias no ensino de História, OPSIS, Goiânia, v. 13, n.
1, p. 33-42, 2013.
G. MORAES, Dislane. Literatura e história na escola: aprendizagens e desafios mútuos.
Anais do SILEL. Volume 1. Uberlândia: EDUFU, 2009.
H. PINTO, Júlio Pimentel. Ensino de História: diálogos com a literatura e a fotografia.
São Paulo: Moderna, 2012.

Leitura complementar:

BARBOSA, Raquel Lazzari, PINAZZA, Mônica Appezzato (orgs.) Modos de narrar a


vida: cinema, fotografia, literatura e educação. São Paulo: Ed. Cultura Acadêmica, 2010.

CHMIDT, Maria A.; BARCA, Isabel. Aprender história: perspectivas da Educação


Histórica. Ijuí: Unijuí, 2009.
GAY, Peter. Represálias selvagens: realidade e ficção na literatura de Charles Dickens,
Gustave Flaubert e Thomas Mann. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (Introdução
e Epílogo).

ISER, Wolfgang. O fictício e o imaginário. In: ROCHA, João Cezar de Castro (org.).
Teoria da ficção-indagações à obra de Wolfgang Iser. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1999.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e literatura: uma velha-nova história, Nuevo
Mundo Mundos Nuevos, Debates 2006. Disponível em:
http://nuevomundo.revues.org/document1560.html. Acesso em 26 de agosto de 2008.
SARAMAGO, José. A história como ficção, a ficção como história. Revista de Ciências
Humanas, Florianópolis: EDUFSC, n. 27, p. 09-17, 2000.
WHITE, H. Meta-História. A imaginação histórica do século XIX. São Paulo, Edusp,
1995.
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Unidade II

História, literatura e as vanguardas latino-americanas

Objetivo: compreender os manifestos vanguardistas em suas polêmicas sobre arte pura e


arte engajada e realizar aula-oficina a partir dos textos literários

Leitura obrigatória:
A. VERANI, Hugo J. Estrategias de la vanguardia. In: PIZARRO, Ana (org.). América
Latina: palavra, literatura e cultura. Vol. 3. São Paulo: Memorial; Campinas,
UNICAMP, 1993, p. 75-88.
B. SCHWARTZ, Jorge. Vanguardas latino-americanas: polêmicas, manifestos e textos
críticos. São Paulo: Iluminuras, 1995, p. 29-71 (Introdução).

Leitura complementar:
MORAES BELUZZO, A. M. Os surtos modernistas. Modernidade: vanguardas artísticas
na América Latina. São Paulo: Memorial/ UNESP, 1990.
PAZ, O. Los hijos del limo. Del Romanticismo a la vanguardia. Barcelona: Seix Barral,
1974.
SARLO, B. Una modernidad periférica: Buenos Aires 1920-1930. Buenos Aires: Nueva
Visión, 1988.

Obras literárias e ensaísticas:


Paulicéia desvairada, Mario de Andrade (1922)
Manifesto da poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade (1924)
Estética e maquinismo, César Vallejo (1925)
Una esperanza y el mar, Magda Portal (1927)
Manifiesto Antropófago, Oswald de Andrade (1928)
España en el corazón, Pablo Neruda (1937)

Unidade III

O realismo maravilhoso e o boom da literatura latino-americana

Objetivo: compreender as principais características do realismo mágico na literatura


latino-americana e o que possibilitou o boom da literatura na década de 1960/1970 e
realizar aula-oficina a partir dos textos literários
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Leitura obrigatória:
A. CARPENTIER, Alejo. El reino de este mundo. Cuba: Letras cubanas, 1984.
(Prólogo).
B. CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso: forma e ideologia no romance hispano-
americano. São Paulo: Perspectiva, 1980.
C. LLARENA, Alicia. Un balance critico: la polemica del realismo magico y lo real
maravilloso americano (1955-1993). Anales de Literatura Hispanoamericana,
Madrid, n. 261, p. 107-117, 1997.

Leitura complementar:
ESTEVES, Antônio R.; FIGUEIREDO, Eurídice. Realismo mágico e realismo
maravilhoso. In.: FIGUEIREDO, Eurídice (org.). Conceitos de literatura e cultura. Juiz
de Fora: UFJF, 2005, p. 393-414.
MORALES, Alejandra Jaramillo. Revaloraciones del boom: uma historiografia
colonizada?. In: Representaciones, identidades y ficções: lectura crítica de las historias
de la literatura latinoamericana. ACOSTA PEÑALOZA, Carmen Elisa (Ed.)
Universidad Nacional de Colombia, 2010
LEAL, Luis. El realismo magico en la literatura hispanoamericana. Cuadernos
Americanos, Mexico, DF, v. 153, n. 4, p. 230-235, 1967.

Obras literárias:

El reino de este mundo, Alejo Carpentier (1949)


O século das luzes, Alejo Carpentier (1962)
Los recuerdos del porvenir, Elena Garro (1963)
A hora dos ruminantes, José J. Veiga (1966)
Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez (1967)
Bom dia para os defuntos, Manuel Scorza (1970)
A casa verde, Mario Vargas Llosa (1975)
O pirotécnico Zacarias, Murilo Rubião (1981)
A casa dos espíritos, Isabel Allende (1982)

Unidade IV

Literatura e revolução na América Latina

Objetivo: Compreender as relações entre literatura e revolução na literatura e seus


principais pontos no debate literário e realizar aula-oficina a partir dos textos literários
que serão indicados pelo professor
[5]

Leitura obrigatória:

A. RUFFINELLI, Jorge. Después de la ruptura: la ficción. In: PIZARRO, Ana (org.).


América Latina: palavra, literatura e cultura. Vol. 3. São Paulo: Memorial; Campinas,
UNICAMP, 1993, p. 367-391.

B. GILMAN, Claudia. Entre la pluma y el fusil: debates y dilemas del escritor


revolucionario en América Latina. Buenos Aires: Siglo XXI, 2003, p. 57-120.

Leitura complementar:

ANSALDI, Waldo & FUNES, Patricia. Viviendo una hora latinoamericana. Acerca de
rupturas y continuidade en el pensamiento en los años veinte e sesenta. Cuadernos del
CISH, n. 5, Universidad Nacional de La Plata, La Plata (Argentina), 2008, p. 13-75.
CROCE, Marcela (Comp.) Polémicas intelectuales en América Latina. Del “meridiano
intelectual” ao caso Padilla (1927-1971). Buenos Aires, 2006.
COSTA, Adriane Vidal. Intelectuais, política e literatura na América Latina: o
debate sobre revolução e socialismo em Cortázar, García Márquez e Vargas Llosa.
São Paulo: Alameda Editorial, 2013.
GONZÁLEZ ALEMÁN, Marianne; PALIERAKI, Eugenia (comps.). Revoluciones
imaginadas: itinerarios de la idea revolucionaria en América Latina contemporánea.
Santiago: RIL editores, 2012.
SOSNOWSKI, Saúl. La "nueva" novela hispanoamericana: ruptura y "nueva" tradición.
In: PIZARRO, Ana (org.). América Latina: palavra, literatura e cultura. Vol. 3. São Paulo:
Memorial; Campinas, UNICAMP, 1993, p. 393-413.

Obras literárias:
O livro de Manuel, Julio Cortázar (1973)
Historia da Mayta, Mario Vargas Llosa (1984)
Tempo de Arraes: a revolução sem violência, Antônio Callado (1979)
Viejos pânicos, Virgilio Piñera (1968)

Unidade V

Os romances de ditador ou as figurações do poder na América Latina

Objetivo: Compreender como a os romances na América Latina representaram os


ditadores e a ditaduras em suas narrativas e realizar aula-oficina a partir dos textos
literários
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Leitura obrigatória:
A. NAVARRO, Márcia Hoppe. Romance de um ditador: poder e história na América
Latina. São Paulo: Ícone, 1989.

B. GASPAROTO, Alessandra; PADRÓS, Enrique Serra. A ditadura civil-militar em sala


de aula: desafios e compromissos com o resgate da história recente e da memória. In:
BARROSO, Véra Lucia Macieal et. Al. Ensino de História: desafios contemporâneos.
Porto Alegre: ANPUH/RS, 2010.

C. SILVA, Maurício. Entre o real e o subjetivo: "ficção política" brasileira na ditadura


dos anos 70. In: CLAUDIANO, Leonardo; IGNÁCIO, Valéria; LACERDA, Amanda
(orgs). A captura do real e os intraduzíveis na literatura latino-americana sobre as
ditaduras. Parnamirim: Editora Biblioteca Ocidente, 2023.

Leitura complementar:

CALVINO IGLESIAS, Julio. La novela del dictador en Hispanoamerica. Madrid:


Ediciones Cultura Hispanica: Instituto de Cooperación Iberoamericana, 1985.

FIGUEIREDO, Eurídice. A literatura como arquivo da ditadura brasileira. Rio de


Janeiro: 7Letras, 2017.

TURIN, Rodrigo. A polifonia do tempo: ficção, trauma e aceleração no Brasil


contemporâneo. Artcultura, Uberlândia, v. 19, n. 35, p. 55-70, 2017.

Obras literárias:
Pessach: a travessia, Carlos Heitor Cony (1967)
Quarup (1960), Bar Don Juan (1971) e Reflexos do baile (1977), Antonio Callado
Zero, Ignácio de Loyola Brandão (1974)
Yo el supremo, Augusto Roa Bastos (1974)
O outono do patriarca, Gabriel Garcia Márquez (1975)
A festa, de Ivan Ângelo (1976)
Em câmera lenta, Renato Tapajós (1977)
En el tiempo de las Mariposas, Julia Álvarez (1994)
Lumpérica, Diamela Eltit (1983)
O dia em que a poesia derrotou um ditador, Antonio Skármeta (2011)
K - Relato de uma busca, Bernardo Kucinski (2011)
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Unidade VI

Literatura de testemunho: a crítica da retórica testemunhal e o elogio da lógica


argumentativa

Objetivo: Compreender a lógica argumentativa da literatura de testemunho na América


Latina e realizar aula-oficina a partir dos textos literários

Leitura obrigatória:

A. MARCO, Valéria de. A literatura de testemunho e a violência do Estado. Lua nova,


nº. 62, 2004.
B. FRANCO, Renato. Literatura e catástrofe no Brasil: anos 70. In: SELIGMANN-
SILVA, Márcio. História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes.
Campinas: Editora da UNICAMP, 2003, p. 31-369.
C. STREJILECIVH, Nora. Escutar a rememoração. CLAUDIANO, Leonardo;
IGNÁCIO, Valéria; LACERDA, Amanda (orgs). A captura do real e os intraduzíveis
na literatura latino-americana sobre as ditaduras. Parnamirim: Editora Biblioteca
Ocidente, 2023.
D. SELIGMANN-SILVA, Márcio. A virada testemunhal e decolonial do saber histórico.
Campias: Editora da Unicamp, 2022, p. 187-204 (O local do testemunho).

Leitura complementar:

LARCERDA, Amanda Lacerda de. Escola e ditadura: expressões da memória em


Instituto Nacional”, de Alejandro Zambra. CLAUDIANO, Leonardo; IGNÁCIO,
Valéria; LACERDA, Amanda (orgs). A captura do real e os intraduzíveis na literatura
latino-americana sobre as ditaduras. Parnamirim: Editora Biblioteca Ocidente, 2023.
NORONHA, J. M. G. (Org.). Ensaios sobre a autoficção. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2014.
SELIGMANN-SILVA, M. (Org.). História memória literatura–O testemunho na era das
catástrofes. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2003.
SELIGMANN-SILVA, M.; GINZBURG, J.; HARDMAN, F. F. (Org.). Escritas da
violência. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.

Obras literárias e testemunhos


Tejas Verdes, Hernán Valdés (1974)
La noche de Tlatelolco: testimonios de historia oral, Elena Poniatowska (1971)
[8]

Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació la conciencia, Rigoberta Menchú y Elizabeth


Burgos (1983)
El padre mío, Diamela Eltit (1989)
Formas de voltar para casa, Alejandro Zambra (2014)
Volto semana que vem, Maria Pilla (2015)
Os visitantes, Bernardo Kucinski (2016)

Unidade VII

Literatura, transculturação e heterogeneidade

Objetivo: Compreender a transculturação narrativa e os meandros da heterogeneidade na


literatura América Latina e realizar aula-oficina a partir dos textos literários

Leitura obrigatória:

A. RAMA, Angel. Transculturación narrativa en América Latina. México: Siglo XXI,


1982.
B. MIGNOLO, Walter D. El pensamiento descolonial, desprendimiento y apertura: un
manifiesto. Revista Telar, n. 6, p. 7-38, 2016.
C. CORNEJO POLAR, Antonio. O condor voa: literatura e cultura latino-americanas.
Belo Horizonte: UFMG, 2000, p. 193-211. ("O indigenismo andino").
D. WALSH, C. Interculturalidade crítica e pedagogia decolonial: in-surgir, re-existir e re-
viver. In: CANDAU, V. M. Educação intercultural na América Latina: entre concepções,
tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009. p. 12-32
E. QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER,
(org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latino-
americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 227-278.

Leitura complementar:

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas,


Florianópolis, 22(3): 320, set-dez, 2014.

MIGNOLO, W. O controle dos corpos e dos saberes. Entrevista com Walter Mignolo.
Revista IHU, São Leopoldo, jul. 2014.

RIOS, F.; LIMA, M. (orgs.). Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios,


intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
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WALSH, C.; GARCÍA LINERA, A.; MIGNOLO, W. (orgs.). Interculturalidad,


descolonización del estado y del conocimiento. Buenos Aires: Ediciones del Signo, 2006.

Obras literarias e ensaísticas:

Yawar Fiesta, José María Arguedas (1941)

Pedro Paramo, Juan Rulfo (1955)

Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus (1960)

Week-end na Guatemala, Miguel Ángel Astúrias (1971)

Becos da memória, Conceição Evaristo (2015)

3. Avaliações em grupos:

AV1 30 pontos: seminários e resenhas dos textos indicados na bibliografia obrigatória

AV2 35 pontos: organização e produção do material didático a partir da bibliografia e


fontes literárias

AV3 35 pontos: produção de texto e organização do material em e-book

4. Normas para a edição do texto final

• Tipo de fonte (TIMES NEW ROMAN), tamanho (12) e espaçamento entre linhas
(1,5)
• Número de páginas: mínimo de 10 páginas e máximo de 15 páginas, sem incluir as
referências bibliográficas
• Notas explicativas em rodapé
• Referências bibliográficas completas ao final do texto, com título de livro em itálico
sem negrito e título de periódicos em itálico
• Utilizar o modelo Chicago de citacão no texto, exemplo:
(SMITH, 1998)
(PARKER and ROY, 2001)
(FREIRE et al., 2008)
(DONIGER, 1999, p. 65)

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