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Copyright © 1973 por Ursula K.

Le Guin
Reimpressão permitida por Curtis Brown, Ltd em associação com Tassy Barham
Associates. Todos os direitos reservados.
Título original em inglês: The Ones Who Walk Away from Omelas
Direção Editorial: Victor Gomes
Coordenação Editorial e Preparação: Giovana Bomentre
Tradução: Heci Regina Candiani
Capa, projeto gráfico e diagramação: Beatriz Borges
Essa é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares, organizações e situações são
produtos da imaginação do autor ou usados como ficção. Qualquer semelhança com fato
reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, no todo ou em partes, através de
quaisquer meios. Os direitos morais do autor foram contemplados.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L52la Le Guin, Ursula K.
Aqueles que abandonam Omelas / Ursula K. Le Guin;
Tradução: Heci Regina Candiani. – São Paulo: Editora Morro Branco, 2019
ISBN: 978-85-92795-91-7
1. Literatura americana. 2. Ficção científica.
I. Candiani, Heci Regina. II. Título.
CDD 813
Todos os direitos desta edição reservados à:
EDITORA MORRO BRANCO
Alameda Campinas 1357, 8º andar
01419-908 – São Paulo, SP – Brasil
Telefone (11) 3373-8168
www.editoramorrobranco.com.br
Impresso no Brasil, 2018

eBook: Argon
Versão 1.0
URSULA K. LE GUIN
É uma das maiores autoras de ficção científica, além de
ser aclamada também por suas obras sensíveis e
poderosas de não ficção, fantasia e de ficção
contemporânea. Conhecida por abordar questões de
gênero, sistemas políticos e alteridade em suas obras,
recebeu prêmios honrosos como Hugo, Nebula, National
Book Award e muitos outros.
Traduzida no mundo todo, seus ricos universos também
inspiraram adaptações televisivas. A curva do sonho,
romance publicado pela Morro Branco em 2019, foi
transformado em filme em 1980 e 2002.
Aqueles que abandonam Omelas

Com o ressoar dos sinos que lançou as andorinhas ao voo, o


Festival de Verão chegou à cidade de Omelas, altiva e
resplandecente sobre o mar. O cordame dos barcos brilhava com
bandeiras no porto. Nas ruas, entre casas com telhados
avermelhados e paredes pintadas, entre jardins cobertos de musgo
antigo e sob caminhos arborizados, passando por grandes parques
e edifícios públicos, as procissões avançavam. Algumas eram
comportadas: pessoas mais velhas de sobretudos longos e
espessos em malva e cinza, trabalhadores sérios, calados,
mulheres sorridentes carregando seus bebês e batendo papo
enquanto caminhavam. Em outras ruas, a música tinha uma batida
mais rápida, com a tremulação do gongo e do tamborim, e as
pessoas caminhavam dançando; a procissão era um baile. Crianças
iam e vinham, seus gritos se sobrepondo à música e ao canto como
o voo das andorinhas. Todas as procissões serpenteavam para o
norte da cidade, onde, no extenso prado chamado Green Fields,
meninos e meninas nus ao ar livre e com pés, tornozelos e os
braços ágeis e compridos sujos de lama, exercitavam seus cavalos
inquietos antes da corrida. Os cavalos não usavam nenhum
equipamento, exceto um cabresto sem freio. As crinas estavam
trançadas com fitas prateadas, douradas e esverdeadas. Eles
alargavam suas narinas, empinavam-se e se exibiam uns para os
outros; estavam imensamente agitados, sendo os únicos animais
que adotaram nossas cerimônias como se fossem deles. Muito
longe, ao norte e ao oeste, as montanhas se erguiam em um
semicírculo limitando Omelas à sua baía. A atmosfera da manhã
estava tão límpida que a coroa de neve dos Eighteen Peaks ardia
em fogo branco e dourado através de quilômetros de ar ensolarado
sob o céu azul escuro. Havia vento na medida certa para fazer as
bandeiras que delimitavam a pista de corrida estalarem e
esvoaçarem de vez em quando. No silêncio dos amplos prados
verdejantes, ouvia-se a música serpenteando pelas ruas da cidade,
mais longe, mais perto, e sempre se aproximando; de tempos em
tempos, vibrava uma alegre e leve doçura no ar, que se concentrava
e irrompia em uma grande e alegre tilintar dos sinos.
Alegre! Como alguém pode falar sobre alegria? Como descrever
a população de Omelas?
Não eram pessoas simples, veja bem, embora fossem alegres.
Mas já não usamos muito as palavras de celebração. Todos os
sorrisos se tornaram arcaicos. Diante de uma descrição como essa,
tem-se a tendência de fazer certas suposições. Diante de uma
descrição como essa, tem-se a tendência de esperar pelo Rei,
montado em um esplêndido garanhão e cercado por seus nobres
cavaleiros, ou talvez em uma liteira dourada carregado por escravos
musculosos. Mas não havia nenhum rei. Eles não usavam espadas
ou mantinham escravos. Não eram bárbaros. Não conheço as
regras e leis de sua sociedade, mas suspeito que eram
consideravelmente poucas. Assim como passavam bem sem a
monarquia e a escravidão, iam em frente sem a bolsa de valores, a
publicidade, a polícia secreta e a bomba. Ainda assim, repito: não
eram pessoas simples, nem pastores dóceis, bons selvagens,
utópicos mansos. Não eram menos complexos do que nós. O
problema é que temos o péssimo hábito, encorajado por pessoas
pedantes e sofisticadas, de considerar a felicidade uma coisa um
tanto idiota. Apenas a dor é intelectual, apenas o mal, interessante.
Eis a traição do artista: a recusa em admitir a banalidade do mal e o
terrível fastio da dor. Se você não pode com eles, junte-se a eles. Se
doer, repita. Mas louvar o desespero é condenar o prazer, abraçar a
violência é perder o controle de todo o resto. Quase perdemos o
controle; não podemos mais descrever um homem feliz, nem
celebrar a alegria de qualquer maneira. Como posso falar sobre as
pessoas de Omelas a vocês? Elas não foram crianças ingênuas e
alegres, embora suas crianças sejam, de fato, alegres. Eram adultos
maduros, inteligentes, apaixonados cujas vidas não foram
desgraçadas.
Ah, milagre! Mas eu queria poder explicar melhor. Queria poder
convencer vocês. Nas minhas palavras, Omelas parece uma cidade
de conto de fadas: era uma vez, há muito tempo, em um lugar muito
distante… Talvez fosse melhor se vocês a imaginassem como
manda a fantasia de cada um, partindo do princípio de que isso
esteja à altura das circunstâncias, porque eu certamente não posso
satisfazer a todos vocês. Por exemplo, e quanto à tecnologia? Acho
que não haveria carros nas ruas ou helicópteros sobrevoando-as;
isso é decorrência do fato que as pessoas de Omelas são felizes. A
felicidade é baseada em um discernimento justo sobre o que é
necessário, o que não é nem necessário nem destrutivo e o que é
destrutivo. No entanto, na categoria intermediária, aquela do que
não é necessário, mas não é destrutivo, aquela do conforto, luxo,
exuberância etc., os moradores de Omelas poderiam muito bem
dispor de aquecimento central, metrô, máquinas de lavar e todos os
tipos de magníficos equipamentos ainda não inventados aqui: fontes
de luz flutuantes, energia livre de combustíveis, a cura do resfriado
comum. Ou poderiam não ter nada disso: não importa. Como vocês
quiserem. Estou inclinada a pensar que habitantes de cidades ao
longo da costa iam a Omelas durantes os dias que antecediam o
Festival em trens super velozes e bondes elétricos de dois andares
e que a estação ferroviária de Omelas é, na verdade, o edifício mais
bonito da cidade, embora mais simples do que o suntuoso mercado
agrícola. Mas, mesmo que haja trens, temo que por enquanto
Omelas pareça a alguns de vocês apenas boa. Sorrisos, sinos,
desfiles, cavalos, blábláblá. Se for o caso, por favor, acrescentem
uma orgia. Se a orgia ajudar, não titubeiem. Mas não vamos criar
templos de onde saiam lindos sacerdotes e sacerdotisas nus, já
parcialmente em êxtase e prontos para copular com qualquer
homem ou mulher, amante ou desconhecido, desejando unir-se à
insondável divindade do sangue, embora essa tenha sido minha
ideia inicial. Mas seria melhor que não houvesse templos em
Omelas – ao menos não templos habitados. Religião, sim; clero,
não. Certamente, as belas pessoas nuas podem simplesmente
perambular, oferecendo-se, como manjares dos deuses, à fome dos
necessitados e ao arrebatamento da carne. Que se juntem às
procissões. Que os tamborins reverberem sobre a cópula e a glória
do desejo seja proclamada pelos gongos, e (um ponto não
desprovido de importância) que os frutos desses prazerosos rituais
sejam amados e recebam o cuidado de todos. Uma coisa que sei
que não existe em Omelas é culpa. Mas o que mais poderia existir?
Pensei, em princípio, que não houvesse drogas, mas isso é
puritanismo. Para quem gosta, a doçura tênue e insistente da drooz
pode perfumar os caminhos da cidade; de início, a drooz leva
grande leveza e clareza à mente e aos membros do corpo e, depois
de algumas horas, a uma languidez onírica, por fim, a visões
maravilhosas dos arcanos e dos segredos mais profundos do
universo, além de estimular incrivelmente o prazer do sexo. E não
vicia. Para os gostos mais modestos, acho que deve haver cerveja.
O que mais, o que mais pertence à cidade jubilosa? Seguramente, a
noção de vitória, a celebração da coragem. Mas, assim como
fizemos com o clero, vamos abrir mão dos soldados. A alegria
construída sobre o massacre bem-sucedido não é o tipo correto de
alegria, não basta, é temerosa e é trivial. Um contentamento sem
amarras, generoso, um triunfo magnânimo sentido não contra algum
inimigo externo, mas em comunhão com as almas mais belas e
justas entre todos os homens de todos os lugares e o esplendor do
verão do mundo: é isto que cresce no coração das pessoas de
Omelas e a vitória que elas celebram é a da vida. Não acho, na
verdade, que muitas delas precisem tomar drooz.
A maioria das procissões chegou ao Green Fields a essa altura.
Um maravilhoso aroma de comida sai das tendas vermelhas e
azuis. Os rostos das crianças pequenas estão acolhedoramente
grudentos; na simpática barba grisalha de um homem, estão
emaranhadas algumas migalhas de massa saborosa. Os jovens e
as garotas montaram em seus cavalos e estão começando a se
agrupar ao longo da linha de partida da corrida. Uma mulher idosa,
pequena, gorda e sorridente, está distribuindo flores tiradas de um
cesto, e homens jovens e altos usam as flores dela em seus cabelos
brilhantes. Uma criança de nove ou dez anos está sentada à
margem da multidão, sozinha, tocando uma flauta de madeira. As
pessoas param para ouvir e sorriem, mas não falam com ele,
porque ele nunca para de tocar e nunca as vê; os olhos escuros
estão completamente extasiados com a doce e afinada magia da
canção.
Ele termina e lentamente abaixa as mãos que seguram a flauta
de madeira.
Como se aquele breve silêncio particular fosse um sinal, o
trompete soa imediatamente no coreto perto da linha de partida:
altivo, melancólico e pungente. Os cavalos se empinam sobre as
pernas delgadas e alguns deles relincham em resposta. Com
expressão séria, os jovens montadores acariciam os pescoços dos
cavalos e os acalmam sussurrando: “Quieto, quieto. Pronto, minha
beleza, minha esperança…”. E começam a tomar posição ao longo
da linha de partida. À margem da pista de corrida, a multidão parece
um campo gramado e florido sob o vento. Começou o Festival de
Verão.
Vocês acreditam? Aceitam o festival, a cidade, a alegria? Não?
Então, deixem-me descrever mais uma coisa. No subsolo de um dos
belos edifícios públicos de Omelas, ou talvez no porão de uma de
suas espaçosas residências, há um recinto. Tem uma porta trancada
e nenhuma janela. Um pouco de luz se infiltra ali entre rachaduras
nas tábuas, entrando indiretamente por uma janela coberta de teias
de aranha em algum lugar do outro lado do porão. Em um canto do
minúsculo recinto, estão dois esfregões com cabeças fétidas e
endurecidas, cobertas de grumos, ao lado de um balde enferrujado.
O chão é sujo, um pouco úmido ao toque, como a sujeira dos
porões geralmente é. O espaço tem cerca de três passos de
comprimento e dois de largura: um mero armário de vassouras ou
depósito abandonado de ferramentas. Uma criança está sentada no
cômodo. Poderia ser um menino ou uma menina. Parece ter uns
seis anos, mas na verdade tem dez. É mentalmente debilitada.
Talvez tenha nascido com uma anomalia, ou talvez se tornou
limitada por causa do medo, da desnutrição e da negligência.
Cutuca o nariz e às vezes mexe vagamente nos dedos dos pés ou
nos genitais, enquanto se curva no canto mais distante do balde e
dos dois esfregões. Tem medo dos esfregões. Acha que são
terríveis. Fecha os olhos, mas sabe que estão ali, em pé; e a porta
está trancada; e não virá ninguém. A porta está sempre trancada; e
nunca vem ninguém, exceto às vezes (a criança não tem
compreensão do tempo ou de intervalos), às vezes a porta
chacoalha terrivelmente e se abre, e uma pessoa (ou várias)
aparece ali. Uma delas pode entrar e chutar a criança para fazê-la
ficar de pé. As outras nunca se aproximam, mas a espiam com
olhos assustados, enojados. A tigela de comida e a jarra de água
são enchidas com pressa, a porta é trancada, os olhos
desaparecem. As pessoas à porta nunca dizem nada, mas a
criança, que nem sempre viveu no depósito de ferramentas e
consegue se lembrar da luz do sol e da voz de sua mãe, às vezes
fala.
– Vou ser obediente – diz. – Por favor, me deixem sair. Vou ser
obediente!
As pessoas nunca respondem. A criança costumava gritar por
ajuda à noite e chorar muito, mas agora só choraminga, “eee-hmm,
eee-hmm”, e fala pouco e cada vez menos. Está tão magra que não
tem panturrilhas, a barriga é saliente; sobrevive com meia tigela de
farinha de milho e gordura por dia. Está nua. Suas nádegas e coxas
são uma massa de feridas infectas, pois se senta sobre o próprio
excremento o tempo todo.
Todos sabem que a criança está lá, todos os habitantes de
Omelas. Alguns foram vê-la, outros se contentam em saber que está
lá. Todos sabem que tem de estar lá. Alguns entendem o porquê,
alguns não, mas todos compreendem que a própria felicidade, a
beleza da cidade, a ternura de suas amizades, a saúde de suas
crianças, a sabedoria de seus acadêmicos, a habilidade de seus
artífices, mesmo a abundância de suas colheitas e os ares
agradáveis de seu céu dependem completamente da deplorável
miséria daquela criança.
Normalmente, isso é explicado às crianças quando elas têm
entre oito e doze anos, quando parecem capazes de compreender;
e a maioria das pessoas que vão ver a criança são jovens, embora,
com certa frequência, um adulto apareça ou retorne para vê-la. Não
importa o quanto o assunto seja bem explicado, esses jovens
espectadores sempre se chocam e sentem náuseas diante da visão.
Sentem repulsa, embora se considerem superiores à repulsa.
Sentem raiva, indignação, impotência, apesar de todas as
explicações. Gostariam de fazer alguma coisa pela criança. Mas não
há nada que possam fazer. Se a criança fosse trazida para cima, à
luz do sol, fora daquele lugar desprezível, se fosse limpa,
alimentada e reconfortada, de fato, isso seria algo bom; mas se
fosse feito, naquele dia e hora, toda a prosperidade, a beleza e o
prazer de Omelas feneceriam e seriam destruídos. Eram esses os
termos. Trocar todo o bem e a dádiva de cada vida de Omelas por
aquele pequeno e único benefício: jogar fora a felicidade de
milhares pela possibilidade de felicidade de um só, isso seria, sem
dúvida, deixar a culpa entrar pelas paredes.
Os termos são rigorosos e absolutos: não pode haver sequer
uma palavra afável para a criança.
Muitas vezes, quando a veem e enfrentam esse terrível
paradoxo, os jovens voltam para casa aos prantos ou em uma raiva
sem lágrimas. Podem remoer aquilo por semanas ou anos. Mas,
com o passar do tempo, começam a perceber que mesmo se a
criança pudesse ser libertada, não se beneficiaria muito de sua
liberdade: um pequeno e vago prazer com o calor e a comida,
certamente, mas pouco mais do que isso. Estava muito humilhada e
imbecilizada para reconhecer qualquer alegria verdadeira. Passou
tempo demais amedrontada para se libertar do medo. Seus hábitos
são rudes demais para reagir a um tratamento humano. De fato,
depois de tanto tempo, provavelmente se tornaria miserável sem as
paredes ao seu redor para protegê-la, a escuridão para os olhos e o
próprio excremento onde se sentar. As lágrimas diante da amarga
injustiça secavam quando começavam a perceber a terrível justiça
da realidade e a aceitá-la. Ainda assim, são suas lágrimas e raiva, a
tentativa de generosidade e de aceitação de sua impotência que
constituem, talvez, o verdadeiro manancial de esplendor de suas
vidas. A felicidade delas não é banal ou irresponsável. Elas sabem
que, como a criança, não são livres. Conhecem a compaixão. É a
existência da criança e o fato de saberem dessa existência que
torna possível a nobreza de sua arquitetura, a pungência de sua
música, a profundidade de sua ciência. É por causa da criança que
elas são tão gentis com crianças. Sabem que se aquela que foi
humilhada não estivesse lá, gemendo na escuridão, a outra,
flautista, não poderia tocar uma música alegre enquanto as
cavalgadoras se alinhavam, em sua beleza, para a corrida sob o sol
da primeira manhã de verão.
E agora, vocês acreditam neles? Não são mais verossímeis?
Mas há, ainda, mais uma coisa a dizer; e esta é bastante
inacreditável.
Às vezes, um dos meninos ou meninas adolescentes que vão
ver a criança não volta para casa para chorar ou sentir raiva, na
verdade, sequer volta para casa. Às vezes, também, um homem ou
uma mulher de muito mais idade fica em silêncio por um ou dois
dias e depois abandona sua casa. Essas pessoas saem à rua e
andam pela rua sozinhas. Continuam caminhando e abandonam a
cidade de Omelas, atravessando seus belos portões. Cada um,
rapaz ou moça, homem ou mulher, segue só. A noite cai; o viajante
precisa percorrer as ruas habitadas, em meio a casas com luz
amarela nas janelas, até a escuridão dos campos. Cada um
sozinho, vão para o oeste ou o norte, em direção às montanhas.
Continuam. Deixam Omelas para trás, seguem em frente para a
escuridão e nunca voltam. O lugar para onde vão é um lugar mais
difícil ainda de imaginar para a maioria de nós do que a cidade da
alegria. Não consigo descrevê-lo em absoluto. É possível que nem
exista. Mas eles parecem saber para onde estão indo, aqueles que
abandonam Omelas.
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gente!

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