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cont COLÉGIO ESTADUAL LIRIA MICHELETO NICHELE - EFM Data: / /2020

LINGUA PORTUGUESA (PERÍODO DE QUARENTENA) Valor: 20 Kit


NOME: _______________________________ N° _____ TURMA: 1ºB Nota: 09
Professora: Sueli Oliveira
Conteúdo: Classicismo de Camões. Pronomes.

Classicismo é uma estética literária do século XVI, manifestação nas letras de um movimento cultural
amplo denominado Renascimento – houve manifestações renascentistas em diversos âmbitos da
sociedade: política, ciências, religião, artes plásticas, arquitetura, literatura. Por isso é comum alguns
teóricos denominarem o Classicismo de Renascimento ou Seiscentismo.

Enquanto movimento cultural, o Renascimento teve grande importância na sociedade europeia. No campo
das ciências, foram as inovações desse período que possibilitaram as grandes navegações. Foi também
nesse período que grandes gênios como Leonardo da Vinci inovaram no campo da arquitetura e das artes
plásticas.

Para compreender o Classicismo precisamos compreender um movimento que ocorreu antes


denominado Humanismo. Humanismo é uma corrente filosófica de valorização do homem e tudo que diz
respeito ao homem. Essa corrente, que já começa a aparecer no final do século XV, defende
o antropocentrismo (antropo = homem + centrismo) em oposição ao teocentrismo (teo = Deus). O poder da
Igreja passa a ser questionado (Reforma luterana) e o ser humano recebe maior importância (o ser
humano é criatura divina, criado como Deus idealizou). O humanismo será a base filosófica do
Renascimento e, por conseguinte, do Classicismo.

Características do Classicismo
 Humanismo – valorização do homem que é colocado no centro do pensamento filosófico
(antropocentrismo);
 Racionalismo – a capacidade de raciocinar é bastante valorizada;
 Racionalização – reflexão sobre mundo e sobre lugar do homem no mundo;
 Valorização da cultura grega (paganismo)¹ – a cultura grega passa a ser valorizada principalmente
por causa de visão que se tinha do homem;
 Hedonismo – busca por satisfação dos desejos humanos;
 Carpe diem – aproveite o dia – busca por aproveitar o dia porque a vida é efêmera (passageira);
 Efemeridade do tempo – o tempo e a vida passam rápido e devem ser aproveitados;
 Neoplatonismo – amor sensual e ao mesmo tempo platônico;
 Equilíbrio formal – utilização de poemas de formas fixas, rimas e métricas regulares.
 Doce estilo novo – gosto pelo verso decassílabo (dez sílabas métricas) em substituição a
redondilha maior (verso de sete sílabas métricas);
 Personificação – elementos da natureza personificados como deuses gregos: o amor, o tempo, etc.
 Figuras predominantes: paradoxo, antítese e personificação.

O autor mais importante desse período em Portugal foi sem dúvida Luís Vaz de Camões. Sua obra é
dividida em épico, lírico e dramático.

As epopeias de Camões narravam os grandes feitos portugueses, em especial as grandes navegações.


Trata-se de “Os lusíadas”.

O nome Os lusíadas é essencial para mergulhar na alma deste poema épico. O nome já indica que a
narração se dá em torno dos lusos. São eles que mobilizam a história a ser contada em dez cantos. Cada
um deles funciona como um capítulo de um romance. Considerado o maior poema épico da língua
portuguesa, o texto, publicado por Camões em 1572, é composto de 1102 estrofes. Utiliza estrofes em
oitava rima, inventada pelo italiano Ariosto, que consiste em estrofes de oito versos, rimadas sempre da
mesma forma (abababcc), num total de 8816 versos decassílabos. O conjunto conta a história de Portugal,
principalmente as glórias de navegadores, como Vasco da Gama, e (histórias) dos reis lusos.

A luta mitológica entre a deusa Vênus, que protege os portugueses, e Baco, que não se cansa de criar
dificuldades tem como pano de fundo a viagem de descobrimento da Índia e a glória de reis
conquistadores de África e Ásia, todos motivados pela disseminação da fé cristã. O poeta, para atingir seu
objetivo, pede inspiração às Tágides, as ninfas do rio Tejo, e dedica a epopeia a Dom Sebastião, rei de
Portugal quando o poema foi publicado. Há episódios antológicos da história portuguesa na narrativa como
os de Inês de Castro, Velho do Restelo, Gigante Adamastor e Ilha dos Amores. Na última parte, o poeta se
mostra preocupado, antevendo a decadência de Portugal.

Os lusíadas tem como base o grego Homero e o latino Virgílio, poetas grandiloquentes da Antiguidade
clássica que são paradigmas do poema épico, gênero poético narrativo desenvolvido justamente para
cantar, de maneira retumbante, a história de um povo. A Ilíada e a Odisseia, atribuídas a Homero, no
século VIII a. C, pelo relato de episódios da Guerra de Tróia, contam a história heroica do povo grego
focalizando a Guerra de Tróia, Virgílio (71 a 19 a. C.). na Eneida, a atenção recai nas aventuras do herói
Enéas para enfocar a história da fundação de Roma e as origens do povo romano. Camões se vale desse
mundo mitológico de uma maneira muito peculiar. Existe a mistura entre a mitologia greco-romana e o
catolicismo.

Os lusos procuram impor aos infiéis mouros a fé cristã, mas são protegidos pela deusa grega Vênus. De
qualquer modo, os portugueses são vistos como os representantes da cultura ocidental que enfrenta a
oriental, o árabe não-cristão. A sensualidade, porém, não está ausente. Comparece no famoso episódio da
Ilha dos Amores, regido por Vênus. Curiosamente seu adversário é o deus romano Baco, associado ao
vinho e ao desregramento. Representado com chifres e rabo, remete ao demônio da igreja católica, em
mais uma prova dos ricos diálogos que Os lusíadas propõe em sua heroica jornada para contar a aventura
do povo português.

(fonte: NASCIMENTO, https://www.infoescola.com/literatura/classicismo)

Os Lusíadas de Camões Episódio O Velho do Restelo

Canto IV – Episódio O Velho do Restelo - 93


Fragmento “Nós outros sem a vista alevantarmos
Nem a mãe, nem a esposa, neste estado,
90 Por nos não magoarmos, ou mudarmos
“Qual vai dizendo: —” Ó filho, a quem eu tinha Do propósito firme começado,
Só para refrigério, e doce amparo Determinei de assim nos embarcarmos
Desta cansada já velhice minha, Sem o despedimento costumado,
Que em choro acabará, penoso e amaro, Que, posto que é de amor usança boa,
Por que me deixas, mísera e mesquinha? A quem se aparta, ou fica, mais magoa.
Por que de mim te vás, ó filho caro,
A fazer o funéreo enterramento, 94 – ( O velho do Restelo )
Onde sejas de peixes mantimento!”
“Mas um velho d’aspeito venerando,
91 Que ficava nas praias, entre a gente,
“Qual em cabelo: —”Ó doce e amado esposo, Postos em nós os olhos, meneando
Sem quem não quis Amor que viver possa, Três vezes a cabeça, descontente,
Por que eis aventurar ao mar iroso A voz pesada um pouco alevantando,
Essa vida que é minha, e não é vossa? Que nós no mar ouvimos claramente,
Como por um caminho duvidoso C’um saber só de experiências feito,
Vos esquece a afeição tão doce nossa? Tais palavras tirou do experto peito:
Nosso amor, nosso vão contentamento
Quereis que com as velas leve o vento?” — 95
— “Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
92 Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
“Nestas e outras palavras que diziam Ó fraudulento gosto, que se atiça
De amor e de piedosa humanidade, C’uma aura popular, que honra se chama!
Os velhos e os meninos os seguiam, Que castigo tamanho e que justiça
Em quem menos esforço põe a idade. Fazes no peito vão que muito te ama!
Os montes de mais perto respondiam, Que mortes, que perigos, que tormentas,
Quase movidos de alta piedade; Que crueldades neles experimentas!
A branca areia as lágrimas banhavam,
Que em multidão com elas se igualavam. 96
— “Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida 98
De fazendas, de reinos e de impérios: — “Mas ó tu, geração daquele insano,
Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Cujo pecado e desobediência,
Sendo dina de infames vitupérios; Não somente do reino soberano
Chamam-te Fama e Glória soberana, Te pôs neste desterro e triste ausência,
Nomes com quem se o povo néscio engana! Mas inda doutro estado mais que humano
Da quieta e da simples inocência,
97 Idade d’ouro, tanto te privou,
— “A que novos desastres determinas Que na de ferro e d’armas te deitou:
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas 99
Debaixo dalgum nome preminente? — “Já que nesta gostosa vaidade
Que promessas de reinos, e de minas Tanto enlevas a leve fantasia,
D’ouro, que lhe farás tão facilmente? Já que à bruta crueza e feridade
Que famas lhe prometerás? que histórias? Puseste nome esforço e valentia,
Que triunfos, que palmas, que vitórias? Já que prezas em tanta quantidades
O desprezo da vida, que devia
De ser sempre estimada, pois que já
Temeu tanto perdê-la quem a dá [...]

EXERCÍCIOS

1. Defina o que é o Classicismo.


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2. O que é uma epopeia? Dê um exemplo.

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Analise o framento do “Velho do Restelo para responder às questões de 3 a 6.

3. Em que pessoa está narrado este fragmento? Copie um exemplo.


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4. Circule TODOS OS PRONOMES do poema (exceto o pronome relativo QUE).

5. Copie 10 dos pronomes circulados e classifique-os.


 _________________________  _________________________
 _________________________  _________________________
 _________________________  _________________________
 _________________________  _________________________
 _________________________  _________________________

6. Reescreva a estrofe 99, substituindo os termos em destaque por sinônimos, sem que o sentido
seja alterado.

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7. Cite 5 características do Classicismo e comente-as.


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8. Qual é a relação entre o Classicismo e o Humanismo? Comente-a.


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9. Qual é a relação entre a mitologia greco-romana e Os Lusíadas?

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PRODUÇÃO DE TEXTO

Após a análise deste material, elabore um MAPA CONCEITUAL (ou mapa mental) complexo com as
informações a respeito de Camões e de Os Lusíadas.

Orientações:

- Usar no mínimo 3 cores (caneta, canetinha, lápis de cor, etc.);


- Citar características, exemplos, conceitos, etc.;
- Utilizar palavras-chave (palavras principais) para direcionar o mapa;
- Utilizar o verso da folha todo (tamanho grande).

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