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Luís Vaz de Camões

OS LUSÍADAS
EPOPEIA

E
• O Gênero Literário mais elevado pelos
poetas da Antiguidade Clássica;

• Narrativa escrita em verso, em que são


contados os feitos de um herói num estilo
sublime e elevado;

• Os Lusíadas são um poema épico (texto


narrativo em verso), que imita os modelos
da antiguidade grego-latina (Odisseia e
Ilíada de Homero e Eneida de Virgílio)

Os Lusíadas (1572) de Luís Vaz de Camões 2


Estrutura Interna
Obedecendo as regras do gênero épico, Os Lusíadas dividem-se em quatro
partes:

• Proposições: O autor apresenta a matéria do poema (assunto e herói);


• Invocação: Pedido de inspiração às musas ou a outras divindades e entidades míticas
protetoras das artes (Invoca as Ninfas do Tejo -Tágides lhes pedindo inspiração para
escrever o poema);
• Dedicatória: O autor dedica o poema a alguém (o poema é dedicado ao rei D. Sebastião);
• Narração: A ação é narrada por ordem cronológica dos acontecimentos, mas inicia-se já no
decurso dos acontecimentos (“in medias res”), sendo a parte inicial narrada posteriormente
num processo de retrospectiva.
• Epílogo: Conclusão
Presença de Mitologia Grego-Latina: contracenando heróis mitológicos e heróis humanos.
Os Lusíadas (1572) de Luís Vaz de Camões 3
 Camões proclama cantar as
grandes vitórias e homens
ilustres;

 As conquistas e navegações no
Oriente (reinados de D. Manuel e
Proposição D. João III);

 As vitórias em Ásia e África


desde D. João e D. Emanuel

 E todos aqueles que mereceram e


merecem a “a imortalidade” nas
memórias dos homens;
Canto I
Estância I Estância II Estância III

• As armas e os barões assinalados, • E também as memórias gloriosas • Cessem do sábio Grego e do Troiano
Que da ocidental praia Lusitana, Daqueles Reis, que foram dilatando As navegações grandes que fizeram;
Por mares nunca de antes navegados, A Fé, o Império, e as terras viciosas Cale-se de Alexandro e de Trajano
Passaram ainda além da Taprobana, De África e de Ásia andaram devastando; A fama das vitórias que tiveram;
Em perigos e guerras esforçados, E aqueles, que por obras valerosas Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
Mais do que prometia a força humana, Se vão da lei da morte libertando; A quem Neptuno e Marte obedeceram:
E entre gente remota edificaram Cantando espalharei por toda parte, Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Novo Reino, que tanto sublimaram; Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Que outro valor mais alto se alevanta.

Título da apresentação 5
Título da apresentação 6
Estância IV (C. I)
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene

Invocação Que não tenham inveja às de Hipocrene.

Estância V (C. I)
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
Título da apresentação 8
Estância VI (C. I)
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,

Dedicatória
Para do mundo a Deus dar parte grande;

Estância VII (C. I)


Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
Título da apresentação 10
Estância 18 (C. I)
Mas enquanto este tempo passa lento
De regerdes os povos, que o desejam,
Dai vós favor ao novo atrevimento,
Para que estes meus versos vossos sejam;
E vereis ir cortando o salso argento
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que são vistos de vós no mar irado,

Narração E costumai-vos já a ser invocado.

Estância 19 (C. I)
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Título da apresentação Que do gado de Próteo são cortadas 11
Estrutura Externa

• Dez cantos em estrofes de oito decassílabos, que totalizam 8.816


versos;
• A estrofe em Os Lusíadas recebe o nome de estância;
• Cada verso tem dez silabas métricas-decassílabas, predominando o
decassílabo heroico (acentos na sexta e decima sílaba).
Ex.: As / ar/ mas / e os / ba / rões / a / ssi / na / la / dos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (sílaba átona)
Estrutura Externa

• Rima: O esquema do poema é fixo. A rima é cruzada nos seis primeiros


versos e emparelhadas nos dois últimos:
As Armas e os barões assinalados a
Que, da Ocidental praia Lusitana, b
Por mares nunca de antes navegados, a
Passaram ainda além da Taprobana, b Cruzadas
Em perigos e guerras esforçados a
Mais do que prometia a força humana, b
E entre gente remota edificaram c
Novo Reino, que tanto sublimaram c Emparelhadas
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Planos Narrativos
• Plano da Viagem: onde se relata a viagem de Vasco da Gama à Índia; constitui a ação
central do poema; associada ao plano mitológico.

Título da apresentação 14
Planos Narrativos

• Continuação...

• Plano Mitológico: onde intervêm os deuses mitológicos;


• Plano da História de Portugal: onde se relatam os acontecimentos da história
de Portugal;
• Plano das Considerações do Poeta: momentos de reflexão do poeta, que
surgem sobretudo no final dos cantos e constituem a visão crítica a cerca do seu
tempo.
 A narrativa organiza-se de forma anacrónica: Passado (Portugal desde as
origens até D. Manuel I), Presente (Viagem de Vasco da Gama) e futuro
(Profecias – por exemplo no Canto IV – Velho do Restelo)
Lugares em que se passam acontecimentos da
narrativa

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Concílio dos Deuses

 Plano Mitológico ( C. I – est. 19 – 41)


• Deuses (Jupiter, Vénus, Marte e Baco)

Quando os Deuses no Olimpo luminoso,


onde o governo está da humana gente,
se ajuntam em consílio glorioso,
sobre as cousas futuras do Oriente,
pisando o cristalino Céu fermoso,
vem pela Via Láctea juntamente,
convocados, da parte de Tonante,
pelo neto gentil do velho Atlante.

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Olimpo- Montes no Balcãs

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 Plano da Viagem/História de Portugal (C.

O Velho do Restelo IV – est. 83 – 89 / 94 -104)


94-Mas um velho, de aspecto venerando,
que ficava nas praias, entre a gente,
postos em nós os olhos, meneando
três vezes a cabeça, descontente,
a voz pesada um pouco alevantando,
que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
tais palavras tirou do experto peito:
95-"Ó glória de mandar, ó vã cobiça
desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
c'ua aura popular, que honra se chama!
Columbano Bordalo Pinheiro, 1904. Museu Militar de
Lisboa, Portugal Que castigo tamanho e que justiça
fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
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que crueldades nele experimentas!"
Canto X
128- Este receberá, plácido e brando,
No seu regaço os Cantos que molhados
Vêm do naufrágio triste e miserando,
Dos procelosos baxos escapados,
Das fomes, dos perigos grandes, quando
Será o injusto mando executado
Naquele cuja Lira sonorosa

Epílogo Será mais afamada que ditosa.

154- Mas eu que falo, humilde, baixo e


rudo,
de vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
que o louvor sai às vezes acabado.
Nem me falta na vida honesto estudo,
com longa experiência misturado,
nem engenho, que aqui vereis presente,
cousas que juntas se acham raramente
• MIMOSO, João Emanuel. Os Lusíadas de
Luís de Camões. Inverso. Disponível em:
https://www.inverso.pt/lusiadas/Lusiadas.ht
m

Obrigada • CAMÕES, Luís de. Lusíadas (Os). São


Paulo: Martin Claret, 2005. 287 p.
(Coleção A obra-prima de cada autor, n. 3).

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