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PRODUÇÃO DE TEXTOS
PROF. MARCO ANTONIO MENDONÇA
É justa a presença de atletas trans no esporte? Especialista avalia o debate polêmico (Mário André Monteiro -
23/07/21)
Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 já começaram e um fato histórico tem gerado muitas discussões entre
competidores e espectadores: a presença de
atletas transgêneros nos esportes.
Em geral, não há críticas quando falamos de
homens trans disputando competições ao lado
de homens cisgênero. No entanto, quando
invertemos a situação, é onde se inicia a
polêmica. É justo mulheres trans, que nasceram
em corpos com características masculinas,
disputarem competições com mulheres cis?
É o caso da levantadora de peso Laurel
Hubbard, de 43 anos, uma das atletas da Nova
Zelândia na delegação olímpica em Tóquio 2020. Ela é transgênero e participa da competição dentro do
regulamento. Desde 2015, mudanças nas diretrizes do COI (Comitê Olímpico Internacional) permitiram que pessoas
designadas como meninos ao nascimento e que se identificam como mulheres disputem na categoria feminina,
cumprindo alguns requisitos.
O especialista Saulo Ciasca falou sobre esse debate polêmico. Ele é médico e coordenador de pós-graduação de
psiquiatria da Sanar, além de professor de Saúde LGBTQIA+ e membro da WPATH – World Professional Association
for Transgender Health.
Para Ciasca, existem argumentos técnicos que nos permitem entender o assunto. “As regras do COI citam a
exigência das mulheres trans fazerem uso de bloqueadores de testosterona, para atingir níveis abaixo de 10
nanomoles por litro por pelo menos 12 meses”, disse o médico. “Isso reduz significativamente as funções
musculares, capacidade pulmonar, quantidade de hemácias e colocam essas atletas dentro de um patamar que
torna justa a competição com mulheres cis”, explicou.
O regulamento exige ainda a declaração da identificação como mulher por um período mínimo de quatro anos.
Inclusão dos trans
A dimensão inclusiva do esporte é outro fator que precisa ser levado em consideração na visão do médico e
professor. “Pessoas trans dificilmente acessam o esporte na infância ou adolescência, justamente porque estão
passando por desafios em relação a aceitação do próprio corpo, enfrentando inclusive preconceito”, avaliou. “O
esporte precisa ser um ambiente de justiça e de inclusão, ver um atleta trans competir em um nível olímpico é uma
grande vitória, já que foi uma caminhada com muitos obstáculos a mais do que uma pessoa cis”, afirmou Saulo
Ciasca.
Estrutura corporal
Outro argumento utilizado pelas pessoas que são contrárias à participação de mulheres trans nas competições se
baseia na estrutura corporal. “De fato há uma diferença na estrutura corporal, mas essa é inerente ao esporte,
inclusive entre atletas cis. Algumas pessoas são mais altas, fortes, ou tem características físicas que facilitam o
desempenho em alguma atividade física e nem por isso são impedidas de competir”, explicou o médico
Saulo Ciasca esclareceu ainda que o uso dos hormônios em geral tem como consequência efeitos colaterais
psicológicos, que também afetam o desempenho dos atletas.
“Tóquio 2020 traz esta novidade e as pessoas precisam se permitir conhecer o assunto para superar preconceitos
e compreender como a medicina LGBTQIA+ tem atuado também neste cenário diferente”, completou.
FONTE: https://www.torcedores.com/noticias/2021/07/e-justa-a-presenca-de-atletas-trans-no-esporte-especialista-
avalia-o-debate-polemico